21.4.24

É URGENTE ACABAR COM AS PODAS DRÁSTICAS EM MALCATA

 

Cuidar das pessoas é tratar bem os seres vivos
                                        

   Já alguém reparou o estado em que deixaram as três árvores junto à entrada do cemitério?
   Para mim é gritante a falta de respeito pelas árvores e até diria que estamos perante um crime ambiental. Não há um único ramo digno desse nome e não há sombra que refresque nos dias de calor. É uma tristeza e um mau exemplo para uma freguesia que se quer afirmar Malcata, Naturalmente!
   Qualquer pessoa sabe que as árvores são seres com vida, dão sombra, abrigo e ajudam a purificar o ar. Tratar das árvores é cuidar delas. Não se cortam ramos das árvores de forma tão drástica. Onde está a copa e porque insistem nestas podas assassinas? Há erros que acontecem e compreendemos que todos erramos. Mas no que diz respeito a estes erros de podar árvores nos espaços públicos da nossa aldeia, repetem-se e ninguém se manifesta. Esta prática e esta tão “carinhosa” forma de cuidar do património comum, tem de acabar! Será que pensam que lhes estão a dar força e saúde ao tratá-las assim? Estes procedimentos só podem ser mandados executar por gente fraca, egoísta, sem coração e irresponsável. Podem até pensar que as árvores não deviam estar naquele local, ou que não embelezavam a entrada do cemitério, que tinham interferência no bom funcionamento dos portões de ferro. São três árvores públicas e fazem parte do património público, logo posso chamar-lhe um crime contra o património da freguesia e um crime ambiental. Acabaram por destruir um bem que tinha a função de colorir aquele local onde estão muitas saudades escondidas. Já aconteceu a mesma tragédia com o chorão verde do jardim da ponte. Lá continuam os cotos secos e com os cabos eléctricos a abraçá-los. Será por uma questão de ódio às árvores e os malcatenhos não temos direito a usufruir das árvores no espaço público?
   Deitar árvores abaixo é o que se tem feito. É um trabalho fácil e rápido e está à vista de todos e passando aquela ideia de se estar a fazer obra que se veja!
   Malditos homens das motoserras!
   Foi assim que encontrei as três árvores:






20.4.24

MALCATA: JÁ NÃO HÁ PACIÊNCIA

 

   Esta semana tive de vir à aldeia e tenho aproveitado para arrumar a casa onde viveram os meus pais. Como tenho uma carrinha tenho mais facilidade de tratar dos assuntos pessoais fora da freguesia. E é natural passar por vários caminhos e às vezes mais do que uma vez durante o dia.
   Desta vez encontro demasiadas coisas que me estão a perturbar a mente e não tenho memória de tanta desgraça!
    Atribuir responsabilidades das situações à oposição política está descartada logo à partida, porque não há oposição. Muito território e muitas estruturas para manter minimamente em bom estado de conservação e utilização e sem força humana capaz de responder às necessidades . Mas caros conterrâneos, que viveis durante o ano na aldeia, as situações anormais encontram-se à vista de toda a gente e não as devem avaliar como normais, naturalmente são tudo menos isso.
   Ora, perante as situações que já vi e algumas sendo em vias públicas e que pode causar perigo a pessoas e bens, tirei fotografias para ilustrar o que acabei de afirmar e deixar um aviso às pessoas para pressionar a autarquia a tomar medidas urgentes que resolvam estas perturbações.

  

























6.4.24

MALCATA ANTES DE ABRIL DE 1974

Merece uma visita.

 


   Este mês comemoramos 50 anos da Revolução de Abril que tem marcado a História dos portugueses quer vivam no país ou fora. É uma celebração da libertação do nosso país de um regime ditatorial para uma democracia participativa. Estes anos que passaram muitos de nós ainda têm dificuldade em compreender o que aconteceu e alguns ainda têm saudades dos tempos da “outra senhora”, principalmente do professor Marcelo Cetano.
   Quem se lembra como era a nossa freguesia de Malcata antes do 25 de Abril de 1974?
   Imaginem que são realizadores de cinema e a Junta de Freguesia escolheu-vos para escreverem uma redacção com o título:
“Como era a minha aldeia até 25 de Abril de 1974?”
   Algum de vós aceita o desafio de relatar a vida nas aldeias portuguesas, como viviam, como eram as casas, as ruas, o medo das autoridades, o que podiam fazer e o que o Estado proibia…a alimentação, o vestuário, a educação, a escola primária…a emigração,
as guerras nas Províncias Ultramarinas, etc…e terminar a redação com as mudanças que o 25 de Abril trouxe à nossa terra nestes 50 anos.

30.3.24

A LÓGICA DA FÉ DE MARIA

 


   O que aconteceu também acontece connosco quando passamos por momentos de sofrimento e de perda. Vemos e não queremos ver, as pessoas andam demasiado agitadas e a realidade de tudo o que está a acontecer parece um sonho, é como se não estivéssemos a participar. Sabemos que o levaram para um lugar escuro e descansados porque a chuva nem os cabelos pode molhar, continua o seu sono profundo. Muitas mulheres ficam com os lenços de pano completamente encharcados, menos molhados os lenços dos homens, convencidos que para ser homem não podem chorar.  Depois da cerimónia fúnebre todos regressam às suas casas, aos seus afazeres do costume. 
   O dia e a noite deste sábado custa a passar. E a impaciência vai ser tanta que as amigas de Maria combinam ir ao cemitério verificar se nada foi mexido ou derrubado.
   Viram a pedra da sepultura desviada para o lado, sinal que alguém entrou e apoderou-se de alguma coisa que no dia anterior lá foi deixada. A certeza é que a pedra foi retirada do seu sítio e qualquer pessoa entrava e saía. As mulheres entraram e viram que o morto desaparecera durante a noite. Mas que mistério…fugiram e correram como nunca tinham conseguido correr até à casa da mãe de Jesus.
- Maria, ó Maria anda cá depressa!
- Ó Maria, despacha-te e vem depressa!
   A Maria levantou o testo da panela e voltou a deixá-lo de maneira a sair os vapores da água do caldo que já estava quase prontinho. O que quererão aquelas mulheres de mim? O que terá pensado Maria enquanto desapertava o avental e abria a porta de casa?
   - Levaram o teu filho!
   - Ai mulher, só tu para nos acalmar, estamos todas aqui num nervosinho e tão aflitas,
e tu está aí tão tranquila! Vem com nós, levaram Jesus, não o encontrámos no túmulo!
   - Minhas queridas, onde estais com a cabeça? Porque estais assim tão aflitas e surpreendidas? Lembrai-vos das conversas destes últimos dias e ficareis tranquilas como eu estou. Olhai para mim, a comida está ao lume e espero por Jesus para nos sentarmos à mesa do costume para comer. Ide mas é à vossa vida, ide amanhar as vossas casas e tratar dos vossos homens e filhos. Se eu não acreditasse no meu filho,
quem vai acreditar? Sempre achei que era especial e ide porque eu ainda tenho mais coisas a preparar para a ceia. De qualquer forma, obrigadas pela vossa preocupação.
   - Madalena, deixa-a em paz e na companhia das panelas e alguidares, vamos cada qual para sua casa e logo pensamos o que fazer.
    Maria acenou com a mão direita e sorriu, voltou para a cozinha e as mulheres cada uma para sua casa.
  
   Nota: esta história é ficção, mas ajudou-me a esclarecer a importância de acreditar, de viver a fé. Esta é a explicação que tenho para justificar a decisão de Maria e não acompanhar as outras mulheres a verificar o sepulcro. Ela sabia e acreditava que Jesus regressaria a casa, não sabia como ou quando. 
    
   A vida é mesmo uma surpresa!
   
 

29.3.24

NINGUÉM SE SALVA SOZINHO

            Viver  a  vida  a  pensar  nos  outros


   O entardecer volta a cobrir a minha vida e recordo-me das trevas e do silêncio ensurdecedor, um vazio dentro de mim que não me deixava olhar sequer para o céu e isso ninguém viu porque estavam todos fechados nas suas casas porque a tempestade
era demasiado forte, inesperada e furibunda. Desorientei-me, as lágrimas não me deixavam ver o caminho e à porta do cemitério eramos cinco à espera de uma pessoa que não aguentou mais tempo confinado ao seu quarto, sem visitas, só entrava quem cuidava do seu corpo, porque a alma já a tinha oferecido aos que o amavam.
   Sempre respeitei a sua autonomia e a sua liberdade. Não lhe impus aquilo que eu pensava que seria o mais adequado para ele. Mas os decretos do Governo definiram que quem tivesse atendimento hospitalar e lá passasse a noite, regressava e tinha que ficar isolado dos outros utentes do lar. Nesse mês de Março de 2020, as missas eram proibidas e os funerais obedeciam a regras nunca antes decretadas. Os senhores da política até decretaram o número máximo de pessoas que podiam acompanhar os cortejos fúnebres e entrar nos cemitérios. Tudo porque não se podia fazer ajuntamentos de muitas pessoas. Como as missas estavam proibidas, os velórios deixaram de se realizar. As empresas funerárias encarregavam-se de todos os procedimentos necessários, cumprindo as determinações da Direcção Geral de Saúde.
Tinham o trabalho de ir aos hospitais e transportavam as urnas bem seladas directamente para o cemitério, onde os familiares mais chegados (máximo de 10) aguardavam a chegada, mantendo entre eles a distância que as autoridades aconselhavam. Sem grandes cerimónias, o Pe. Eduardo depois das orações e de umas breves palavras de aconchego, foi apressado para outro cemitério.
   Vivíamos todos em estado de emergência. Todos corriam o risco de ser apanhados de surpresa pelo vírus. A vida e a sociedade não estava preparada para tanto, ninguém estava habituado a sentir medo do presente e dos dias a seguir.
   Cada um penso que cumpriu o seu dever, mesmo aqueles que lhes foi imposto. E assim ajudámos o nosso país a levantar a cabeça. O mundo que quase parou, voltou ao seu habitual.
   Hoje, 29 de Março de 2024, estamos novamente a reflectir na morte de Jesus Cristo.
   Estamos todos no mesmo barco e a nossa fragilidade mostra-nos a falta das palavras do Mestre da embarcação “Não tenhais medo”. Somos chamados a remar juntos e confiar no nosso mestre para chegar a porto seguro.

José Augusto Martins
                 Hoje sinto que a vida começa a ficar mais normal, sem me sentir o único responsável pelo que aconteceu nos dias que antecederam o dia 29 de Março de 2020.
   A vida continua.
                                 Santa Páscoa a todos desejo.                                   
                                                                                               
   



17.3.24

CÁ ESPERO PELAS NOVIDADES


Uma árvore mimosa em Malcata


 
   O povo, diz a canção, é quem mais ordena. Em Malcata o povo vive cada vez mais resignado, adormecido e desconfiado. Se cheirar a mudança, o povo deixa-se estar no mesmo lugar e não se importa por continuar como está. Cada um preocupa-se consigo mesmo e quem está ao leme da Freguesia é que tem a incumbência para mudar as coisas públicas e o senhor prior as coisas que dizem respeito à igreja, ao religioso.
   O povo já não quer saber dos baldios, nem sequer perguntar como vai a vida na comunidade. Basta ir à aldeia num dia de sessão da Assembleia de Compartes ou da Assembleia de Freguesia e sentar-me nos lugares destinados ao público. Posso escolher sentar mais longe ou mais perto da porta do edifício onde está a decorrer a reunião. As vezes que o fiz, o público era só eu e mais ninguém. Onde estão as outras pessoas que habitam e vivem na aldeia? Devia comparecer e preencher todos os lugares destinados ao público,  para  ouvir o que de mais importante anda a acontecer na aldeia e  ainda têm a oportunidade de intervir e interpelar a mesa da assembleia.
   O falar nas ruas e na mesa dos cafés não é o mesmo que levantar do assento e depois da autorização do senhor presidente da Assembleia  dar consentimento já pode falar claramente o que tem a dizer. Depois de falar, é esperar pelas respostas, mesmo que alguém tenha ficado incomodado com o assunto. E meus caros conterrâneos, ali não existem pessoas más e violentas, são gente adulta, civilizada, sabem que estão ao serviço do povo, não têm porque se sentir incomodados, ou maniatados por quem quer que seja. Querem ficar a saber quanto renderam os pinhos nos baldios? Ou querem saber o que se está a passar com as cabras que não se veem nos baldios? Precisam de saber se podem acender o lume em casa com lenha dos baldios? Vão à reunião e perguntem que vão responder. E o mesmo digo a respeito da situação em que está a freguesia, apareçam nas reuniões da Freguesia e ouçam, perguntem e digam  o que vos está a atrofiar a vista! 
   Penso que eu não serei o único refilão na nossa aldeia! Vivo longe, bem longe daí e ainda tenho interesse por andar minimamente informado acerca da vida comunitária
na nossa aldeia. E lembrem-se disto:
   “Eu até não sou mau rapaz
   Com maneiras até sou bem mandado
   Mas para que lado é que me viro, pra que lado.”
   Envio esta mensagem e espero que enviem novidades. Vou aí em Abril para a EDP mudar o contador
da luz lá da casa número seis.
    Já não tenho mais para escrever. Cumprimentos e abraços.

    José Nunes Martins

   
  
  
   Próxima Assembleia de Compartes da Freguesia de Malcata:



 

12.3.24

MALCATA: CHEGA GANHOU AO PSD(AD)

          ELEIÇÕES PARA A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA
      PS ganha - Chega salta para segundo e AD desce para terceiro!
         


Resultados das eleições 2024 para a AR na freguesia de Malcata



               Resultados comparativos das eleições para a AR em 2024 e 2022 na freguesia de Malcata


  As eleições para a nova composição da Assembleia da República já passaram, embora haja ainda resultados por oficializar. Eu lá me dirigi à minha secção de voto do costume para exercer um dos direitos que há 50 anos (ou quase) se decretou neste jardim à beira-mar. 
   Entrei quando me foi dado autorização para o fazer. Foi tudo muito sequencial e dois a três minutos depois já estava de saída da sala. E logo entrou outro eleitor, ficando mais dois a aguardar a sua vez à porta da sala da escola, estabelecimento de ensino onde havia 49 secções como a 44, que foi onde votei.
   Por aqui as coisas funcionam seguindo as regras da Comissão Nacional de Eleições e os eleitores só entram quando são autorizados a fazê-lo, saindo logo após realizados todos os passos para votar. Na sala não há pessoas a mais, somente as que ditam as leis eleitorais e também não existem balcões de atendimento aos fregueses, pois nas escolas esses assuntos resolvem-se nas secretarias e nas eleições,
pedem-se informações a quem ocupa o "balcão" devidamente identificado, bem afastado das sessões de voto, cumprindo a sua função de ajudar os que precisam. Como vêm não tem nada a ver com os métodos e as regras que presenciei na nossa freguesia, onde estive no papel de delegado para fiscalizar e garantir o cumprimento da lei eleitoral, lei essa muito desconhecida por muitos eleitores e como isso se repetiu várias vezes e nunca os elementos da mesa se pronunciavam, quando eu intervinha o ambiente ficava azedo e sarcástico por estar a alterar os costumes de muitos eleitores. A sorte deles foi não ter ido mais além e chamar as autoridades que têm poder de impor a ordem e a legalidade. Mas, adiante que isso já são águas passadas e em Malcata já não há moinhos e os burros estão em vias de extinção. No domingo passado, dia das eleições, não sei se choveu ou se fez sol durante o dia em Malcata. Das eleições, sei apenas o que vi na internet e na televisão sobre as eleições no Continente e nas Ilhas, porque o Ultramar já passou à história. Como é costume aí de Malcata é raro chegarem notícias frescas e importantes, ao contrário de reportagens sobre convívios e almoços, dando a sensação que por essas bandas só importa dar notícias cor de rosa ou de apreciadores de boa comida e bebida.
  Já olharam e leram os resultados destas eleições, com principal atenção aos números que se verificaram na nossa freguesia? Mais uma vez, o Partido Socialista venceu as eleições em Malcata! A surpresa das surpresas foi a subida do Chega que ultrapassou o PSD(AD) e ainda os que votaram ADN.
Como é que calcaram tanto os laranjas, os que foram heróis quando ganharam as eleições autárquicas?
Porque é que nas legislativas ganha o PS e o PSD perde? Será que só o PSD sabe governar uma junta de freguesia? Que é caso de estudo, lá disso não tenho dúvidas. 
  Há outra "temática" política que ando a tentar compreender. É relativa à constituição da mesa de voto. A este propósito a Comissão Nacional de Eleições, na sua página da internet, esclarece que:
-"As mesas de voto são compostas por cidadãos indicados por todos os partidos ou coligações que concorrem às eleições".
- "A CNE intervém sempre que tenha conhecimento de situações em que não esteja garantida a pluralidade na composição das mesas de voto".
   
Nestas eleições para a Assembleia da República foi ou não devidamente composta a mesa de voto na nossa freguesia? A dita mesa foi assim constituída:

   
   


É bom lembrar que até o Salazar defendeu e viveu numa República! Também nesse tempo já havia eleitores, com uma particularidade que fazia toda a diferença, que era a de os eleitores serem chefes de família e tinham de saber ler e escrever! E as mulheres também tinham deveres, mas não podiam votar.

Fica este pequeno registo e voltarei ao assunto mais daqui a uns dias.




10.3.24

O FUTURO DA ÁGUA EM MALCATA

Há que fazer alguma coisa para a água vir à tona
                         

   A forma de utilizarmos a água na nossa aldeia vai ter que mudar e deve ser uma das prioridades da autarquia melhorar o abastecimento de água para consumo humano à nossa freguesia, bem como a sua utilização na agricultura e nos espaços verdes da freguesia.
   Na nossa aldeia estamos acostumados à abundância deste recurso natural, mesmo durante os meses de mais calor não tem havido constrangimentos para ninguém.
   Mas os tempos são outros e o clima está a mudar. No que diz respeito à água para consumo humano, é do conhecimento de todos que os bombeiros voluntários têm transportado a água num camião-cisterna para encher o reservatório de água para a rede de abastecimento público
da nossa terra. Houve já necessidade de efectuar esse reforço duas vezes por semana. As causas da escassez da água estão relacionadas com as altas temperaturas e a falta de chuva que estão a secar as nascentes naturais.
   Na nossa freguesia há falta de planos para reaproveitar a água, para armazenar os milhões de litros que saem nas duas bicas da fonte, deixando fugir a água ruas abaixo. Podem dizer que não tem havido desperdício, que a água vai acabar por chegar à albufeira. Eu pergunto aos malcatenhos porque deixamos a água correr para a barragem em vez de a armazenarmos em reservatórios para futura utilização pela freguesia, pelos que necessitam dela para as regas?
   Já bastou a obra da barragem do Sabugal que sem dó nem piedade nos deixaram sem rio Côa!
   Não há nada que nos pague esse bem e esse recurso, como era o rio e as terras que o acompanhavam. Lembrem-se que na nossa região só existe água doce e investimentos para aproveitar a água do mar está fora de questão. Ora isso dá-nos argumentos para olharmos para a água que até é natural, de nascentes e também merecemos ajudas financeiras para manter
este recurso tão importante.
   Estes dias li que o concelho do Sabugal fazia parte dos municípios que mais desperdiçava água nas redes de abastecimento público. Os números estão escritos num relatório da entidade que regula a água em Portugal. Chama-se ERSAR e neste documento relatório da ERSAR ficamos a saber que o concelho do Sabugal desperdiçava, em 2022, 70,2% da água. Trata-se de água que existe e que não chega ao consumidor e por diversas razões: rupturas, avarias e desvios. Ora se há dois anos mais de metade da água era desaproveitada, logo não rendia um cêntimo, diz-nos que há muito trabalho a realizar.
   Então como será o futuro da água em Malcata?
   Será que a APAL-SIM (Águas Públicas em Altitude – Serviços Intermunicipalizados) vai resolver os problemas no concelho do Sabugal?
   Deixar de fazer alguma coisa não é opção! Pagar e continuar a pagar a água que se utiliza na rega? É uma possibilidade e sabemos que quem rega com a água dos tanques da Fonte da Torrinha, paga-se uma taxa por cada vez que se esvazia o tanque grande. E está certo que assim seja, pois eu não acredito que haja alguém que se recuse a pagar. Com certeza que na nossa freguesia não vamos brincar aos transvases para outras terras. Por curiosidade, li que os agricultores da Cova da Beira, que regam com a água da barragem do Sabugal, vão este ano pagar mais caro a água para rega! E em Fevereiro houve escaramuças e tubos cortados por desentendimentos por causa da água.
    Deixo aqui um alerta: olhem para as vossas próximas facturas da água e vejam o volume de água consumido e leiam também a segunda página. Digam o que viram e o que pensam.
   Obrigado


    

De 1937-2024 sem parar de deitar água





Ler a factura da água segundo a Deco
      

   

Trabalhos na nascente em Malcata 


                                        
                   Foto CMGuarda -Assinatura da constituição da Apal-Sim

    Saiba mais sobre a nova entidade das águas e saneamento:

   https://capeiaarraiana.pt/2024/02/19/sabugal-integra-sistema-intermunicipal-de-gestao-da-agua/


9.3.24

A NEVE BRANCA E FOFA EM MALCATA



Malcata já andou vestida de branco!
(Pequeno vídeo com neve na aldeia)

    No Inverno a chuva, o frio, o vento, o granizo, a geada e outros fenómenos meteorológicos eram normais em Malcata. E as pessoas da aldeia preparavam-se para estas condições adversas alterando as suas rotinas diárias. Quem ditava as regras do trabalho era o tempo. E que remédio havia se não aceitar trabalhar ao sabor do tempo. 
   A nossa região sempre foi chuvosa no Inverno e muito fria. A neve já caiu muito mais que actualmente. Nevão digno de muita neve há muitos anos que não se sentem nem veem na nossa aldeia.

Lembro-me dos grandes nevões na minha infância, tão grandes que chegavam a aguentar a neve durante semanas. Muita coisa ficava por arranjar, por fazer, não por não quererem trabalhar, mas porque a neve não permitia. A vida na aldeia levava uma reviravolta e só depois da neve derreter é que a normalidade regressava. Já se imaginaram a aguentar um Inverno rigoroso, com muita chuva, vento e neve ou geada ? Aguentar o frio e a chuva numa terra sem luz eléctrica, sem água nas casas, com algumas ruas em terra batida e as águas pluviais a correr valeta abaixo?! A neve chegava aos 50 cm de um dia para o outro. Alguns telhados abatiam com o peso da neve, o gado tinha que ficar encerrado e alimentava-se com feno seco, beterraba, nabos, botelhas...porque não havia condições para ir buscar alimento aos campos. 
                                             
Gelo na pia do chafariz na Rua da Moita.
Onde há água e frio, aparece naturalmente gelo.

   O gelo é um dos grandes contratempos na aldeia. Um descuido e os acidentes acontecem. E escorregar no gelo é perigoso para pequenos e graúdos e qualquer animal. 
   Depois de nevar durante toda a noite a aldeia acordava vestida com um manto branco de neve. Os telhados, as árvores, as ruas transformavam o espírito humano e toda a gente aceitava a situação. Era normal, estávamos no Inverno!
   Como mudou o clima! Continua a chover e a fazer muito frio, mas há muitos anos que em Malcata a neve se tornou mesmo passageira e leve, tão leve que não dá para brincar. Já a geada e o gelo continua a justificar os avisos para se ter cuidado ao sair de casa, ao conduzir viaturas na estrada...porque uma escorregadela em cima de gelo, é meio caminho para uma pessoa se partir todinha!
   Tantas são as memórias de nevões! 

   



3.3.24

MALCATA: AS TRADIÇÕES NA QUARESMA

 


   Estamos na Quaresma, tempo que antecede a celebração da Páscoa.
   São 40 dias de jejum e penitência que os cristãos iniciam na Quarta-Feira de Cinzas e termina na quarta-feira da Semana Santa.
   Durante a Quaresma era proibido realizar bailes e outras actividades que provocassem muito barulho, quem não respeitava estes preceitos, estava a pecar, era apontado como pecador e se não parasse, o seu destino final estava traçado, ia para o inferno ou purgatório. Para o céu estava fora de questão…
   Eu ainda gostava de compreender como viviam a Quaresma antigamente. Há na nossa aldeia gente que se recorda dos costumes nesta quadra carregada de enorme paixão, dor e sofrimento. O que vos marcou mais? Têm saudades desses dias e dias de jejum, só a pão e água? Antigamente, durante a Quaresma, a minha mãe pedia para ir às cruzes, rezar as 14 Estações da Via Sacra. Para mim o ter que ouvir por 14 vezes, o mesmo rosário, numa igreja escura e iluminada só com as luzes das velas de cera, as pessoas vestidas da cabeça aos pés, com roupas negras, lenços pretos nas cabeças, xailes pretos pelas costas, dava mais para chorar que rezar…
   Dos tempos, em que a nossa aldeia pertencia ao Concelho de Sortelha, já não há quem possa testemunhar como passava a Quaresma. Talvez as rezas e orações passassem de geração em geração e é certo que em Malcata, como na maioria das outras terras, a Quaresma celebrava-se mais ou menos da mesma maneira. Seria bom que alguém partilhasse aqui as suas “Quaresmas”, os rituais em que ainda participaram. Não só os costumes e rituais religiosos, mas também os outros costumes, como não podia realizar-se o baile ao Rossio, alguma coisa faziam para passar o tempo!
   Alguém se lembra como era a encomendação das almas? Quem podia ir?
   E que cerimónias mais ficavam marcadas?
   Já quanto aos párocos (senhor prior) do Padre José Miguel não tenho qualquer memória. Seguiu-se o Pe. Lourenço que acompanhei até falecer, pois paroquiou
a paróquia de São Barnabé de Malcata durante a minha infância e juventude, tenho recordações dos rituais quaresmais e outros. Uma tradição muito enraizada nas paróquias do Norte do país e que nunca presenciei em Malcata, foi a Visita Pascal.
   Mesmo depois de terem passado muitos anos, mesmo que o que se faz hoje já nada tem a ver com as tradições antigas, mesmo assim, seria bom reunir estas coisas e tradições, que durante muitos anos foi o orgulho dos nossos antepassados, dos nossos avós e pais. É que se não se fizer nada, lá se vão as tradições para o cemitério e daqui a alguns anos já ninguém se lembra de nada disto. Há coisas que importa preservar, mesmo que seja para arquivo e memória futura, pois devemos continuar a guardar o legado que nos foi transmitido.





 

COMPADRES À CONVERSA

 

Adro da igreja de Malcata

- Então, compadre, donde vens a esta hora?!
- Donde hei-de vir?! Da igreja! Então estamos na Quaresma…e fui cumprir o meu dever, estou a preparar-me para a festa da Páscoa.
- Ui ui, mas ainda falta tantos dias, ainda tens tempo para pensares nessas coisas.
- Pois, tens razão, compadre, mas eu gosto de fazer as coisas com tempo e sem pressas!
- Olha quem anda numa roda-viva e sem paranças, são os políticos. Eles podem dizer o que quiserem, mas o que eles dizem eu nem perco tempo! Somos todos iguais e todos querem o mesmo, tachos, poleiro é onde querem estar, nem que para o conseguir, se apresentem no domingo à missa.
- Esses já eu conheço. De católicos têm pouco, são uns fingidos.
- Assim estamos, compadre. E se quer que lhe diga, estou-me marimbando para o circo que montaram. A minha missa é outra!
- Compadre, mas que diferente está agora o mundo! Até a Quaresma mudou e hoje riem de quem faz jejum. O senhor prior bem se farta de dizer para nos preparamos. Mas qual quê?! Ao menos o compadre ainda respeita a tradição.
- Tantas renúncias que a gente pode fazer, mas tá quieto! Sacrifícios, mais ainda…
- É verdade compadre!
- Bem, vamos à vida, porque a morte é certa.
- Então, até logo, se Deus quiser!

13.2.24

REABILITAÇÃO DE COLECTOR DE SANEAMENTO EM MALCATA

 

                        MALCATA: ESTÁ DIFÍCIL GOSTAR DISTO!

      

      Pensava eu que a Câmara Municipal do Sabugal já se preocupava mais com a sua população e a sua qualidade de vida. Mudou o executivo, mudou o deliberativo e não mudaram os empreiteiros que nos vão fazendo sofrer cada vez que executam obras públicas nas freguesias do concelho do Sabugal. Eu até desculpava e compreendia que assim se continuasse a fazer as coisas como até aqui. O problema é os acidentes inesperados, que podem surpreender toda a gente, até os senhores empresários que dão trabalho a muitas pessoas e assim, não precisam de abalar para fora do concelho do Sabugal a fim de ganhar a vida.
   Será que a Câmara Municipal não tem nos seus quadros de pessoal as pessoas que fiscalizam as obras, mesmo que sejam empreitadas pagas pela Câmara? Há ou não regras obrigatórias que devem ser implementadas pelas empresas que executam as ditas obras públicas? Para que escrevem os Cadernos de Encargos, os Planos de Segurança, Saúde e Higiene e até a obrigação de afixar, em local visível, o Aviso referente à obra em causa com a informação do dono da obra, valor que vai custar, prazo de execução, empresa responsável dos trabalhos, etc.?
   É para mim uma autêntica falta de respeito aquilo que se está a passar na nossa freguesia. E as imagens que se seguem, levam-me a perguntar por que razão a Câmara Municipal não se preocupa com o bem-estar da nossa população e nem sequer pensa nas pessoas que nos visitam. Então ocorreu um inesperado colapso de um colector de saneamento na Rua Vale da Fonte e não se tomaram as medidas necessárias para avisar as pessoas que era perigoso passar ou circular por essa rua? As obras de restauro do colector estão a decorrer durante o horário normal de trabalho. O colector está situado quase no eixo da via, com terra, lama e água a envolver a área, andando as máquinas e trabalhadores atarefados em realizar bem os trabalhos. Tudo isto parece normal e sabemos todos que uma obra traz sempre transtornos a quem por elas tem de passar. O que já não é normal é a ausência de sinalização das obras e dos constrangimentos que provocam. Pior e mais grave é quando a rua tem dois sentidos e em nenhum deles existem avisos ou sinais de obras. Na nossa aldeia ouvi estes dias alguns desabafos e houve até quem fosse falar com os senhores da Câmara e lhes chamasse à atenção para o que estava a ocorrer na tal rua do colector de saneamento.
   Há quatro anos também ocorreu ali uma inesperada obra, por sinal, por causa do tal colector e dos tubos que não tiveram capacidade para aguentar tanta água, lixo e areia. Vi abrir uma vala e andaram a mexer nos canos e a fazer obras à volta do colector, com reposição de materiais ao seu redor e colocação da calçada. Desconheço o valor pago por esses trabalhos de há quatro anos, mas sei que vão ser pagos 16.000 euros pelas que agora estão a executar.

Alerta enviado em 2020


   Infelizmente pelo que me vou apercebendo, a falta de informação e avisos grassa por quase todas as obras e ninguém se preocupa nem protesta com os responsáveis.
   É obrigação do cidadão lutar contra este estado de coisas, pois um dia poderemos acordar dentro de um grande buraco porque não sabíamos que a fita vermelha e branca ou uns ferros foram lá postos para avisar.
    Seguem as imagens da obra:  

        



Imagem da documentação da CMS






Qual foi a principal causa do colapso inesperado do colector de saneamento na nossa freguesia?








   


AI ENTRUDO AI ENTRUDO

 

   O Entrudo é sinal de alegria, muita diversão e borga até às tantas. É uma festa de origem pagã e comemora-se sempre numa terça-feira, 47 dias antes do Domingo de Páscoa. No dia do Entrudo havia vários momentos de cariz comunitário e toda a gente assinalava o fim do Inverno e a chegada da Primavera. Mas depois, a religião veio mudar algumas coisas e uma delas foi encurtar os dias de festa.  Contudo, nunca conseguiu acabar com o Entrudo porque o povo o festeja antes do início da Quaresma. Assim o Entrudo festeja-se até à Quarta-Feira de Cinzas.


É uma alegria quando os entrudos entram no lar da aldeia.

   - Olha que entrudos! Ai mãe do céu, mas que acareios! 
   - Ó Maria, hoje é entrudo. Canta e ri, porque esta vida são três duas e o entrudo dois! 
   - Tens razão Manel Zé! Ai se fosse noutros tempos...quando eu era mais rapariga, 
      o entrudo era para a borga…

   A conversa foi interrompida pelos entrudos que entraram na sala. 
   - Olhem estes, quem são estes entrudos?
     
   Era assim o entrudo na nossa aldeia. Um dia de trapalhadas e trapalhões, o que procuravam era a alegria, a boa disposição, esquecer as amarguras do dia a dia e andar na farra até cansar.
   Nestes últimos anos lá vão aparecendo alguns mascarados, que combinam entre si o que vão fazer no dia de Entrudo. Um ou dois homens e meia dúzia de percorrem as ruas da aldeia, entram no lar de idosos e a alegria sente-se nas pessoas. 
   Tempos houve que neste dia a associação cultural e desportiva preparava um desfile de entrudo e durante a tarde animavam as ruas, os cafés e o lar da aldeia.  
   Agora, o entrudo mudou-se para a cidade do Sabugal e Malcata nunca mais sentiu o Carnaval! Desde que a Câmara Municipal propôs atribuir um subsídio às associações que participarem no desfile do Carnaval do Sabugal, o entrudo morreu e está praticamente desaparecido das tradições populares.
  
                           
                                                
   

  
  

2.2.24

MALCATA, QUE TE ESTÁ A ACONTECER?

 




                            M 1937 - Fonte das duas bicas ( Torrinha) na aldeia de Malcata há 87 anos


                                                                                  ++++++++++


      Na praça principal da freguesia existe a melhor fonte de água da aldeia. É paragem obrigatória para quem visita a terra e para os que nela vivem. Durante muitos anos foi considerada a fonte dos namoros, dos encontros ao fim do dia para encher os cântaros e as bilhas de barro. O seu aspecto foi sofrendo pequenos remendos e poucos benefícios teve desde 1937 aos nossos dias de hoje. Todos os melhoramentos que ali foram feitos não trouxeram mais fama à fonte. Sim foi importante terem substituído os antigos canos por outros novos. E sim, têm sido importantes as pequenas obras na manutenção da fonte e dos tanques, assim lá se vai mantendo a coisa a funcionar. Sejamos francos e sinceros quando falarmos da fonte da Torrinha, nome que mais é conhecida dos malcatenhos. É que quando olho para esta fonte fico um pouco nostálgico e triste. O seu aspecto actual contrasta bem com o que via há uns anos, quando ali toda a gente ia encher os cântaros de água para consumir em casa. A água nessa altura saía bem mais viva, as duas bicas tinham a sua graça mesmo com toda a simplicidade dos canos. Toda a gente bebia daquela água com toda a confiança e certeza que ficava saciada e bem alimentada, sem receio algum de “passar pelas passas do Algarve” ou soltar o desabafo “que mal fiz eu a Deus, se só bebi água da fonte”! Apesar desses indesejados sintomas de mal-estar e desarranjo intestinal se vem verificando nos meses de mais calor, muitas são as pessoas que continuam a consumir da água desta fonte. E muita gente continua a dizer que aquela água mata a sede a quantos dela beberem, seja Inverno ou Verão, mas eu já não acredito nessa verdade porque o mal-estar é muito difícil de aguentar.

   Tenho pena que nestes últimos anos se repitam perturbações  e outros sintomas graves por que sentem as pessoas logo após dois ou três dias de permanência na aldeia, sendo os meses de Verão as épocas de maior número dos casos deste tipo de ocorrências. E embora não haja provas concretas da origem do mal-estar das pessoas, muitos apontam sem duvidar, que se sentiram pessimamente depois de ingerir a água da fonte das duas bicas na Praça da Torrinha.
   Todos ou quase todos nos lembramos da ocupação do solo no lugar das Eiras, onde até há poucas décadas, eram solos exclusivamente agrícolas, sem qualquer casa de habitação. E também não me lembro da existência de avisos a informar que a água se encontrava imprópria para consumo humano!
   Hoje a nascente que fornece a água à fonte das bicas está envolta de muitas habitações e a ocupação do solo está alterada. A povoação cresceu à volta da mina das Eiras e nunca ninguém se preocupou com o futuro e da qualidade das águas subterrâneas, mesmo sabendo toda a gente e as autarquias da necessidade de se cuidar da água.
   Já lá vão 87 anos e a fonte lá continua, graças à influência e determinação das pessoas como o senhor António Nita, pessoa importante e que depois de viver fora da terra a ela regressou e presidiu à Junta de Freguesia, com coragem e persistência conseguiu obter os  gratuita, sem taxas escondidas. Infelizmente ele e outros como ele já partiram e eu interrogo-me: Malcata, que te está a acontecer?
   Sei que esta gente de antigamente eram notáveis e influentes. O que não entendo é porque os que estão no presente não conseguem suster e manter o legado que nos deixaram e, aos poucos a freguesia vai sendo privada de tudo o que resta de útil às pessoas que nela vivem.
   Enfim, oxalá que o futuro comece a ser menos ingrato para os mais novos e despertem a tempo de lembrar aos autarcas as promessas feitas quando precisaram de ser eleitos.

    Seguem-se umas imagens da Fonte das Bicas/Torrinha ao longo do tempo:

    

  


Sempre se fez assim e nunca se perguntam da razão deste procedimento, 
nem há vontade de experimentar outras soluções para obter resultados diferentes!



Um legado com 87 anos que merecia ser mais cuidado.





27.1.24

MALCATA: QUANTOS PROPRIETÁRIOS RURAIS TEM O CONDOMÍNIO DE ALDEIA?

 




   A freguesia de Malcata tem nas mãos um projecto chamado “Condomínio de Aldeia”, um programa em conjunto com a freguesia do Meimão, com um valor de 90 mil euros.
   No Jornal Cinco Quinas, João Vítor na entrevista que deu ao jornal e publicada no passado dia 22 de Janeiro, deu a sua opinião sobre esta ideia de “Condomínio de Aldeia “e as vantagens que as aldeias irão beneficiar.
   À pergunta do Cinco Quinas sobre que “vantagens traz para a freguesia? “referiu que “pretende contrariar o abandono dos terrenos, como resultado, essencialmente, do despovoamento que se verifica na aldeia e do envelhecimento da população, deixando assim os terrenos com características benéficas para a agricultura, ou para as actividades pastorícia, sem qualquer utilização, e que na actualidade se verificam a prevalência de matos.”
   O projecto será para ser concretizado nos terrenos que envolvem a freguesia. Pretende-se que se limpem os matos, algumas árvores e retornar a ocupá-los com outras árvores autóctones e mantendo os terrenos limpos.
   Quando o Jornal Cinco Quinas perguntou se era também uma maneira de proteger a floresta na ápoca do calor e dos incêndios, o presidente da Junta disse que “Sim. Salientam-se como vantagens para a freguesia, a concretização de um território mais resiliente, assumindo uma enorme importância para a defesa do aglomerado populacional, bem como para a Reserva Natural da Serra da Malcata”.

   O Condomínio de Aldeia que estamos a falar diz respeito a uma candidatura ao Programa de Apoio às Aldeias Localizadas em Territórios de Floresta. Essa candidatura foi aprovada em Novembro, 2023, segundo li aqui: https://rcb-radiocovadabeira.pt/condominio-da-aldeia-para-meimao-e-malcata/. O prazo máximo para conclusão da implementação no terreno das tipologias de intervenção aprovadas é de 18 meses, contado a partir da data de assinatura do Termo de Aceitação, não podendo, em caso algum, ultrapassar o dia 30 de Setembro de 2025.
   Quanto a prazos e designadamente a datas de início da implementação do projecto, à pergunta do Cinco Quinas,  o presidente de junta deu uma resposta vaga e sem qualquer data, limitando-se a dizer que “a freguesia tem todo o interesse que o projecto seja implementado o mais breve possível, e preferencialmente antes da próxima época crítica de incêndios florestais”.
   A entrevista a que me refiro pode ser consultada e lida aqui: https://www.jornalcincoquinas.pt/projeto-do-condominio-de-aldeia-a-espera-de-ser-implementado/.
    Noto que nestes últimos tempos muito se tem falado sobre as florestas e sobre a existência de programas de apoio do Estado aos proprietários rurais. E na nossa freguesia já temos vários projectos falados no povo. Lembram-se da AIGP-Terras do Lince Malcata? Bupi? E agora “Condomínio de Aldeia”?  Todos parecem iguais, mas são diferentes. Este projecto Condomínios de Aldeia, visa, dentro do que é a faixa de protecção da nossa aldeia e do Meimão, substituir o solo florestal por solo agrícola, para uma maior protecção. A ideia é que, em vez das pessoas terem os pinheiros e matos de giestas, poderem ter outro tipo de árvores e que também possam ter rendimento…” 
   O que é preciso fazer para que este condomínio avance? Apostar nas sessões de esclarecimentos, de informar com toda a paciência os proprietários dos terrenos abrangidos, trabalhar na empatia com as gentes de Malcata e explicar bem o programa, mostrar as vantagens de aderir e aceitar, mostrar que se o dono do terreno aderir, o resto é simples e basta depositar confiança, porque não é preciso qualquer despesa por parte do proprietário, pelo contrário, pode obter rendimento. Claro que os proprietários têm de assumir a manutenção dos terrenos garantindo a sua limpeza. Agora, é tempo de explicar e incentivar.