Agosto é aquele tempo de festa na aldeia e noutros tempos não havia festa, se não houvesse quatro coisas: foguetes, banda da música, missa solene e procissão e bailarico.
Procissão |
Na nossa aldeia, a festa maior e a mais importante, era celebrada no mês de Setembro. Nos anos sessenta muitos malcatenhos saíram da terra e abalaram para as grandes cidades e para fora do país, sendo a França o destino mais concorrido.
Nunca fui rapaz de bailes e namoricos, era criança e brincar era o que mais gostava. Para os garotos da minha idade, a festa era quando a minha mãe me levava à barraquinha onde se vendiam as amêndoas, as pandeiretas, pistolas de brincar e que tinham uma única bala de pau que assustava quando carregava no gatilho. Fazíamos de conta que ganhávamos a batalha, porque a guerra verdadeira estava a fazer-se nas províncias ultramarinas de Portugal. Mas doce e que todas as crianças adoravam exibir dependuradas ao pescoço por um fio, era aquele “medalhão” branco, muito docinho que nunca mais se acabava para pedir outro!
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A procissão a chegar ao adro |
Ainda me lembro dos bailes que animavam a festa. O tocador da concertina sentado, numa cadeira da casa de alguém que emprestou, só começava o baile depois das cerimónias religiosas terminadas. Ao Rossio começavam a chegar os rapazes e os homens, depois iam chegando as raparigas em grupos ou na companhia das mães.
E pouco a pouco, o tocador ia abrindo mais o fole da concertina para as pessoas ouvirem melhor as modas que tocava. Quanto mais tocava, mais as mãos aqueciam e se encantavam os dedos ao carregar nos botões das notas. Sem surpresa, o tocador era rodeado pela multidão que aos poucos iniciavam a dança.
Era assim que se faziam os bailes,
muitos namoros assim começaram e também alguns regressavam a casa em lágrimas
sem gota à vista e com o orgulho ferido.
Nestes tempos das concertinas, a festa
na nossa aldeia era feita em honra ou homenagem aos Santos. Estranhamente e ao
contrário do habitual, na nossa paróquia
do lugar de Malcata, cujo padroeiro é São Barnabé, só muito recentemente a festa é realizada em seu nome. Faziam a festa à Senhora do Rosário e ao Sagrado Coração de Jesus. Mais tarde juntou-se a festa em honra de São Domingos e a festa da Senhora dos Caminhos. O São Barnabé continuou sem festa e por obra e “graça divina” passou a ser o rei da festa e assim tem sido.
do lugar de Malcata, cujo padroeiro é São Barnabé, só muito recentemente a festa é realizada em seu nome. Faziam a festa à Senhora do Rosário e ao Sagrado Coração de Jesus. Mais tarde juntou-se a festa em honra de São Domingos e a festa da Senhora dos Caminhos. O São Barnabé continuou sem festa e por obra e “graça divina” passou a ser o rei da festa e assim tem sido.
Malcata é uma aldeia relativamente
pequena e no mês de Agosto triplica o número de pessoas, por isso e por causa
das pessoas, os dias das festas são muito movimentados.
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Doces caseiros |
Para realizar um evento é necessário angariar dinheiro, que é conseguido recorrendo a peditórios entre as pessoas da terra e também junto dos que vivem fora. Também é importante encontrar patrocínios de empresas, venda de diversas coisas, rifas, refeições, que grão a grão ajudam na angariação de dinheiro.
Organizar a festa da aldeia é cá uma trabalheira! E tudo o que se faz contribui para a produção da festa, desejando todos que acabe num grande sucesso. O dinheiro não é tudo, mas um bom tesoureiro é bem necessário para garantir resultados satisfatórios.
A tarefa de exercer controlo responsável das entradas e saídas de “caixa”, seja em que actividade for, tem de ser atribuída a um dos mordomos. A escolha tem de basear-se na seriedade, na responsabilidade e plena confiança na pessoa. E quando se tem de delegar noutras pessoas, aumentar ainda mais os sistemas de controlo.
Este ano, mais uma vez Malcata vai viver a alegria da sua festa anual, em honra do seu padroeiro, São Barnabé.
Alguns dos cartazes com o programa das Festas de Malcata:


Que este dia de festa seja repleta de alegria, boas conversas e que o calor do Verão aqueça todos os corações, mesmo que a vida não esteja a ir como gostariam que fosse.
Boas festas aos da aldeia
José Nunes Martins
Boas festas aos da aldeia
José Nunes Martins