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17.4.22

AINDA ONTEM...LHE SORRI!

 

   Hoje quero lembrar-me do Tó ( António), um primo ainda que de forma afastada, pertence aos membros da minha família. É que ao lembrar-me dele, lembro-me também do seu filho, o rapaz com quem me divertia e que na igreja ajudávamos o padre Lourenço a limpar os dedos das mãos e no fim de tudo, pegar na cana e ir de altar em altar, de vela em vela para as apagar, deixando que a luz da lua entrasse pelos vidros dos caixilhos das janelas.
   O pai do meu amigo foi homem de trabalho, de ir para o campo e levar com ele o burro e as cabras. Há uma imagem que me ficou gravada e um dia até registei para memória das minhas paixões de andar com máquina de fotografias. Aquela terra foi tantas vezes cavada, lavrada, tractorada e ali passou muito do tempo da sua vida de agricultor.
   Quando me encontrava na rua da Fonte, dirigia-me sempre a palavra:
   - Então João, como andas tu? Bem, não é? 
Olha, o Augusto lá anda pela França! Ele assim quis...a vida...não é aquilo que muitas vezes pensamos, mas foi o que ele quis! O mal foi dele... 
     
  As gentes da aldeia conheciam bem este ser humano, simplório, trabalhador e que durante anos agarrou as rédeas deste povo. Como presidente de junta não lhe conheço grandes obras, não porque não tenha feito nada, mas simplesmente por eu estudar longe, naqueles anos era tudo mais distante e as notícias não havia tantas como há agora.

  
  O Ti Tó Peneira, assim foi conhecido na aldeia,  ontem, foi ter com o Augusto Afonso, o seu filho mais velho. Este homem, coisa que nunca teve foi "peneiras", foi o pai do rapaz aventureiro e sonhador que andou por onde foi mandado ir e por lugares que ele escolheu. 
   É dia de Páscoa, sim é verdade. Sei o que as pessoas pensam do Natal e outras festas religiosas, como esta da Páscoa. Depois dos acontecimentos deste ano, a Páscoa passa a ser sentida de forma diferente, assim como aconteceu comigo naquele Natal de 2018. Mãe e filho sabem melhor que eu como é importante continuar a viver.
   Aleluia!



   
   
    
  

   

1.11.18

CEMITÉRIOS: UM DIA DIFÍCIL DE PASSAR



  

   Dia 1 de Novembro 2018
   Dia de todos os santos.
   Por conveniência, também se costuma ir aos cemitérios lembrar os “fiéis defuntos”. Na aldeia de Malcata, os mortos serão lembrados hoje com a celebração de uma missa pelas 11.30, seguida de romagem ao cemitério.

  
As tradições vão mudando um pouco ao sabor das mudanças e das conveniências da Igreja e os fiéis não têm outro remédio que aceitar.
   Eu, por princípio, não gosto de nada feito por obrigação, ir porque os outros também vão ou ir para depois não ter que explicar porque não fui, não é a minha maneira de agir. Ir ao cemitério, apenas neste dia, vir para casa com a ideia de dever cumprido e talvez com uma “selfie” para mostrar aos amigos que estive lá,
mesmo que a mente tivesse ido passear para bem longe daquele lugar cheio de corpos sem vida. Tenho saudades e muitas da minha mãe e de outras pessoas que passaram pela minha vida e com elas vou mantendo diálogos ao longo da minha vida.
   Cada um de nós deve é tratar bem dos vivos enquanto vivem e não sentir a obrigação de enfeitar aquele espaço com flores de plástico e velas, com cores bonitas mas sem cheiro, sem o cheiro da cera e que em vida, tanto eles apreciaram. E o momento é agora, porque amanhã pode já ser tarde!

                                                   José Nunes Martins
  
                                             

  

10.1.16

SOMOS COMO SOMOS



Há acontecimentos
na nossa vida que nos deixam sem palavras, que nos fazem pensar um pouco e que até nos causa alguma revolta interior.
A vida é como é e nunca vivemos a pensar que pessoas mais jovens deixem aos pais um dos trabalhos mais difíceis de iniciar e acabar: arrumar o quarto e todas as coisas que foram pertença de um filho.
A vida é mesmo uma lotaria e nunca ninguém sabe quando chega esse dia que ninguém deseja que seja a vez dele.
Porquê morrer na primavera da vida?
Porquê?


14.12.14

PERGUNTAS DIFÍCEIS


PORQUÊ?

Na aldeia e por muitos outros lugares há pessoas que levaram as mãos à cara e fizeram a temida pergunta: porquê? Porquê ela e assim como foi? Porquê?
Porquê três funerais numa semana? 
Grande mistério que mesmo vivendo longe e afastado me faz pensar na morte de tanta gente querida e que partiu. 
É difícil esquecer e não pensar na morte. A verdade é que a filha da mãe leva as pessoas amigas e aquelas que nasceram no mesmo lugar que eu e muitas vezes nem nos avisa, nem uma simples sms, apesar de ser gratuito e rápido. Valha-nos os amigos que nos avisam pelo facebook!
Há coisas na vida que a minha inteligência não me consegue explicar.
Disseram-me tantas vezes que Deus é Amor!
Tão difícil acreditar quando é Ele que decide tudo.
Apetece gritar e perguntar: Porquê? Ainda tinha tanto para viver, ainda tanto tempo para servir a comunidade paroquial...mas não adianta. É mesmo verdade o que aconteceu na minha terra que parece ter sido escolhida para não fazer mais nada que passar o tempo a andar o caminho que ninguém deseja já, logo, amanhã ou depois do Natal. Que distraídos andamos a maioria de nós! Um dia...será mesmo e não adianta escapar.
Por favor, vós que chegastes primeiro, dai um beijinho à minha mãe!

31.10.12

A MORTE É CERTA


  

 “O culto aos mortos deve ser controlado, para não exceder a nossa capacidade emocional e não ficarmos prisioneiros das emoções. A vida é bonita e complexa porque tem no seu âmago ternura, amor, recordações, mas, principalmente, tem muito de imprevisível e inesperado que nos choca, entristece, deslumbra, fazendo-nos sucumbir ante tanto sofrimento. São as frustrações e o sofrimento, consequentes da vida. Por isso, temos que saber viver com sobriedade, gerindo inteligentemente essas emoções.
   Não devemos ficar deslumbrados e desnorteados com as alegrias ou com as dores, como a borboleta perante a luz.   O homem tem a tentação de ser guloso da vida, pensando que será permanentemente adoçado com o torrão de mel que, de vez em quando, a vida lhe proporciona. O ser humano tem de aceitar que terá de suportar dor e amargura, constantes da vida.   No cemitério devemos privilegiar o respeito e a meditação para nos tornarmos melhores, ante as memórias benditas que os entes queridos nos legaram.   O ódio e o rancor são desperdícios que, infelizmente, só mais tarde sentimos. Estes sentimentos positivos são como depósitos numa conta bancária que somos nós próprios, a débito, porque só os fazem mal. Já os sentimentos positivos são créditos nessa conta e se aí efectuarmos muitos depósitos de paz, compreensão, perdão, alegria, auto-estima, seremos enormes capitalistas da vida.”

   Autor deste texto:  Manuel Martins Fernandes
                                no livro "Memórias de Infância...Raízes do Coração"


1.11.11

VIDA E MORTE

Eis a questão:
É ou não é a morte o fim de tudo?

"Se é o fim, assume o carácter de uma terrível mutilação; se não é, a nossa morte adquire uma dimensão extremamente nova.
Um sereno confronto com a morte - esse momento crítico da nossa vida que teremos de enfrentar sozinhos - situa-nos perante tudo ou nada, perante o sentido ou sem sentido da nossa existência. Ou Deus ou o vazio infinito. O segredo da vida e da morte coincide com o mistério de Deus. Assim como o meu "eu" pessoal, único, irrepetível não encontra qualquer explicação satisfatória na Física, na Química ou na Biologia, assim também não encontro uma resposta sobre Deus com o método das Ciências Naturais. Só temos nas mãos uma coisa: a esperança. A esperança que, até ao nosso último alento, nos dá a alegria de viver".

Autor: Phil Bosmans, no livro AMAR, editado pela EPS, Porto.

19.11.09

HÁ COGUMELOS QUE MATAM


   OS COGUMELOS SILVESTRES MATAM
   Continuando a escrever sobre cogumelos, hoje o Jornal de Notícias publica a opinião do Dr.Linhares Furtado e podemos ficar a saber que segundo ele que "os cogumelos venenosos podem provocar uma hepatite aguda, que dá origem a uma insuficiência hepática de tal modo grave que, por vezes, é impossível salvar os doentes. Ou há a oportunidade de transplantar imediatamente as vítimas - o que não é assim tão fácil, porque não há dadores de fígado ao dobrar da esquina e as compatibilidades dificultam ainda mais os transplantes - ou elas morrem. Apesar de tudo, ainda há muitos doentes que escapam com vida apenas com tratamentos médicos.
   É por isso que eu só como cogumelos de cultivo e nunca silvestres. Não arrisco, porque sei que os cogumelos venenosos não só danificam o fígado, como, por vezes, danificam de forma tragicamente irreverssível, todos os orgãos que estão à volta. As pessoas têm de ser mais responsáveis, mais ponderadas e não devem dar tiros no escuro".

   Ora aqui temos um bom conselho. Se o senhor António Pires, de 80 anos e a sua mulher Maria tivessem tido mais cuidado com os cogumelos silvestres que foram apanhar e os cozinharam para comer no sábado ao jantar, talvez eles e família evitassem o sofrimento e a morte.
   "Os meus pais sempre comeram cogumelos, desta vez alguma coisa correu mal"
   "O tacho ainda estava em cima da mesa" 
   Foi assim que o filho deste casal comentou o trágico desfecho dos seus pais. E a minha mãe, que todos os anos ia apanhar cogumelos e com tanto cuidado e carinho os arranjava para quando eu fosse à aldeia os trazer para a minha casa. De facto são saborosos, são algo de especial...mas acho que agora vou seguir o conselho do doutor Linhares Furtado.

1.11.09

TODOS SOMOS MORTAIS



NOVEMBRO
Estes dois dias a morte anda vestida de flores. Os mortos e os vivos reunidos, por alguns momentos, no mesmo lugar. Procuram-se, pensam uns nos outros, mas não podem abraçarem-se. A angústia da morte arruína a alegria de viver. A morte estraga todos os sentimentos de prazer, de convívio, a morte destrói todas as certezas e obstrui o órgão que me faz aspirar o gozo da existência. Ninguém sabe como tratar a morte. Não se fala dela, esquecemo-la. Depois do funeral, a vida segue em frente. Não devemos desviar das nossas mentes os nossos pensamentos sobre a morte. Isso seria utilizarmos a técnica da avestruz. Melhor é nós nos interrogarmos e fazermos esta pergunta:
- A morte é ou não o fim de tudo?
   Se a morte é o fim, assume o carácter de uma mutilação terrível. Se não é o fim, a morte, a minha morte adquire uma dimensão extraordinariamente nova. Uma serena confrontação com a morte, esse momento crítico da minha vida que eu deverei afrontar sozinho, coloca-me diante do tudo ou nada, do sentido ou do sem sentido. O segredo da vida e da morte coincide com o mistério de Deus. Da mesma forma que o meu “eu” pessoal, único, irrepetível, não encontra nenhuma explicação satisfatória na física, na química ou na biologia, eu não encontro uma resposta sobre Deus, com o método das ciências naturais. Tenho entre as mãos só uma coisa: a esperança. A esperança que, até ao último alento, me dá a alegria de viver.




7.11.08

JORGE DEIXOU O BENFICA MAIS TRISTE

O Jorge acompanhado da sua família

Faz hoje oito dias. Não deu ainda para esquecer. É ou não a morte o fim de tudo?

A vida do homem é mesmo assim. Os anos vão passando e o corpo humano vai ficando mais frágil, mais fraco e às vezes, por várias razões, os orgãos vitais adoecem e deixam de funcionar normalmente. Não adiantam tratamentos à base de radiações, comprimidos, vacinas...o mal não desaparece do corpo. Foi o que aconteceu ao Jorge. Vivia em França com a Pascale e os seus dois rebentos. Agora, descansa no cemitério de Gesteira, ao lado de Soure.

O Jorge era benfiquista e sócio da Casa do Benfica de Soure. É de louvar a presença da bandeira da águia, solenemente transportada por um elemento da Casa do Benfica, durante toda a cerimónia fúnebre.

Como disse o padre de Gesteira, "Deus não deseja a morte do homem.Os orgãos humanos adoecem e não resistem à doença e deixam de executar as suas tarefas vitais, interrompendo a continuação da vida. Mas há outra Vida para além desta que conhecemos".

31.10.08

PORQUÊ?




"Acabava de lhe levar uma chávena de café com leite.

Já estava melhor! Mas quando voltei à enfermaria, já tinha morrido"- disse o auxiliar de acção médica.

Porquê? Ainda era tão novo!

Cada dia, a cada momento, há pesoas que, no hospital, mergulhadas em profundo desespero, levam as mãos à cara e choram por um sofrimento inesquecível; choram, impotentes e desesperados, a morte inexorável.

Porquê o sofrimento?

Porquê a paralisia parcial ou total?

Porquê o cancro?

Porquê esse acidente que me vai impedir de voltar a andar?

Porquê morrer na primavera da vida?

Porquê?

Porquê? Quem me responde?

Quando penso nos mortos, na minha própria morte, nosofrimento dos inocentes, sinto-me envolvido pelo mistério.Posso intentar não pensar nisso, mentir aos outros ou a mim próprio.

Enquanto tiver cérebro e coração, este mistério há-de perseguir-me.

Quando chegar a minha hora e eu próprio penetrar na noite do sofrimento e da morte, que me restará?

Espero poder rezar então,gritando a Deus:


"Porque apagaste os sóis que Tú próprio acendeste?"


Sei que, com o coração, entenderei coisas que a minha

inteligência não me pode explicar.


Deus é amor.


Ele ama-me. Apoia-me.

Morrerei para viver para sempre num amor imortal.


Texto adaptado do livro "Amar", de Phil Bosmans, Ed.Perpétuo Socorro.

1.11.07

NOVEMBRO


Por estes dias os cemitérios ficam engalanados com flores. Reunem-se os vivos aos mortos no mesmo lugar. Passam algumas horas a pensar uns nos outros, mas não se podem encontrar fisicamente. A morte separaram-nos e a alegria de viver dos vivos ficou destruida. A morte aparece como um desmancha prazeres que estraga qualquer sentimento de satisfação, destrói as nossas certezas. O pior de tudo, é que nem eu nem ninguém sabe como tratar a morte.


Hoje não se fala na morte em casa. As pessoas morrem cada vez mais no hospital e cada vez menos nas suas casas.Tentamos esquecer que a morte é dolorosa e as lágrimas são prova de amor.


Porquê?


"Acabei de lhe dar o lanche. Comeu bem, ficou bem! Mas quando agora entrei na enfermaria, já tinha morrido"- disse o Auxiliar de Acção Médica ao Enfermeiro.


Ainda esta semana, no serviço de internamento onde trabalho como auxiliar, morreram dois jovens de oitenta e tal anos. A morte vem e muitas vezes vem pela calada da noite e ninguém dá conta.


É ou não a morte o fim de tudo?


Se é o fim, assume o carácter de uma terrível mutilação; se não é, a minha morte adquire uma dimensão extraordinariamente nova.


Só tenho nas mãos uma coisa: a esperança.