30.4.22

CONTRATOS E COMPETÊNCIAS PARA A FREGUESIA DE MALCATA

 


     NEM TUDO O QUE NOS OFERECEM É O MELHOR

 

    É na Assembleia Municipal que se aprova o que se deve fazer no Concelho, consequentemente, nas freguesias do concelho.
   Nestas reuniões da Assembleia Municipal, as Juntas de Freguesia podem propor muita coisa para discutir, aprovar ou rejeitar. E são os representantes presentes na Assembleia Municipal que aprovam ou rejeitam. As coisas não se podem fazer se não forem aprovadas nas reuniões da Assembleia Municipal.
   Saberão os cidadãos da nossa freguesia disto? Pois é aqui que se vê a importância de eleger uma Junta de Freguesia que, nas Assembleias Municipais, transmitam e façam fazer valer os interesses da nossa freguesia.

   A Assembleia de Freguesia de Malcata é composta por um único partido político, portanto o Executivo não tem oposição. O cenário da Assembleia Municipal com maioria PSD, a oposição não tem força suficiente para alterar o sentido de voto.
   E a verdade é que nestes dois órgãos políticos do poder local reside o poder de decisão que marcará inevitavelmente o futuro do nosso concelho e claro, das freguesias, marcará o futuro das próximas gerações.

   E todos sabem que para muitos dos membros das assembleias de freguesias está tudo bem, se a Câmara e a Junta concordam, há que deixar andar...só que às vezes o deixar andar e tudo fazer, resulta em acordos enganadores, isto é, a ausência de discordância e de verdadeira discussão do conteúdo do acordo, acaba por se assinar um documento aceitando o que a Câmara deseja e quer e não o que a freguesia reclama ser mais importante e necessário.
   E quando se discutem propostas é porque os intervenientes se mostram responsáveis e conscientes. Cada uma das partes defenderá o melhor para o seu prato da balança e não será motivo para se zangarem uns com os outros.
   Trabalho é trabalho, conhaque é conhaque. Cada representante autárquico tem de ter capacidade de saber distinguir filiação política, amizade política da vida particular de cada interveniente. Fazer contratos, assinar acordos de execução ou interadministrativos é um trabalho complicado e ingrato. Mas a política tem estas dificuldades e há que aprender a ultrapassá-las.

   Fico por aqui com mais estas palavras, que são mais uma pequena reflexão pessoal de um cidadão que continua a acreditar num amanhã melhor para a nossa freguesia.

                                           José Nunes Martins



 

27.4.22

ASSEMBLEIA DE FREGUESIA? Até quando?

  



     Está marcada para o próximo dia 30 de Abril uma sessão ordinária da Assembleia de Freguesia de Malcata.

   Já alguma vez imaginaram a nossa aldeia sem Assembleia de Freguesia?
   Pois se não lhes passou pela cabeça talvez esteja muito perto de a junta de freguesia contar com uma assembleia de cidadãos, em substituição da Assembleia de Freguesia! Fixem o número 150 e depois digam lá se o número das pessoas que votam efectivamente, em todas as eleições, tem andado muito próximo deste número que marca a linha vermelha e mandar constituir uma assembleia de cidadãos.
   A nossa freguesia corre esse risco. E porque está isso a acontecer ou em risco de acontecer? Porque cada vez há menos eleitores e os que votam, no dia seguinte às eleições nunca mais querem saber de coisa alguma no que respeita ao trabalho da autarquia. E o que têm feito as diversas juntas de freguesia e assembleias de freguesia para alterar este alheamento político? O mínimo, ou seja, anunciar através de Edital a convocação da Assembleia de Freguesia.
   Pergunto a quem me saiba responder, porque será que os cidadãos residentes na nossa freguesia e também aqueles que vivem e trabalham longe, não são merecedores de umas linhas respeitantes aos assuntos apresentados e debatidos, apresentados e aprovados ou reprovados pelos membros da Assembleia de Freguesia quando se reúnem? Uma palavra que fosse publicada na página oficial da freguesia que diz ter na internet e ser uma ferramenta para fortalecer as boas relações entre a junta e os seus cidadãos, por breve que fosse, mostrava e sensibilizava para a importância de participar na vida e nas decisões importantes para quem vive na aldeia. Custa dizer isto, mas a afixação de editais não basta e se não alterarem a forma de agir, não vai demorar muito para a freguesia ficar sem Assembleia de Freguesia...
   Para que isso seja só um receio meu, sugiro que, conjuntamente com todos os membros da actual assembleia de freguesia, o senhor Presidente da Mesa da Assembleia apresente ou faça o que achar que deve fazer para que a Junta de Freguesia inicie a gravação das sessões da Assembleia de Freguesia e das Reuniões da Junta. Depois, aprovadas que sejam as respectivas actas, ou minutas, que sejam publicadas na página oficial que a Junta de Freguesia dispõe na internet.
  A segunda sugestão é a de propor a alteração da Ordem de Trabalhos das Assembleias de Freguesia, nomeadamente e de modo particular, a intervenção do público, que devia ser colocado na parte de Antes da Ordem do Dia.  Se esta alteração fosse proposta e aprovada, estava-se a dar a palavra ao povo (público) no início das assembleias, tentando desta forma atrair o maior número de cidadãos a participar nas reuniões, pois como passavam a ser ouvidos no início e uma vez que durante o outro tempo e assuntos que os membros da assembleia têm obrigação de discutir, aprovar, suspender, reprovar, adiar, aprovar por unanimidade, etc., aqueles cidadãos que estivessem nas assembleias ganhavam mais vontade e mais interesse em participar e não abandonar a sala mudos e calados, porque quando chegar a sua vez de expor as dúvidas e perguntas, todos estão cansados e com pressa de terminar a assembleia o mais rápido possível. Quando se coloca o povo, o eleitor, no seu devido lugar e com o destaque que todo o cidadão(público)merece, estamos todos a construir uma comunidade mais democrática e mais participativa.
   Penso que me fiz entender quanto à importância das Assembleias de Freguesia e o quão importante é a participação e interesse dos residentes na freguesia.
    Vão pensar e informar sobre este assunto? Aguardo então por notícias brevemente.



19.4.22

MALCATA: PROCURAM-SE NOVOS PASTORES

 

   Há 50 anos havia vários rebanhos na nossa aldeia e eram uma fonte de rendimento para as famílias.   
  Hoje já não há pastores e também já não há praticamente quem tenha cabras. Conheço três famílias que possuem algumas ovelhas e nenhuma delas vive exclusivamente desse trabalho.
   As cabras e as ovelhas ajudaram a manter os terrenos limpos à volta da nossa freguesia. O pastor saía todos os dias com o rebanho e os animais percorriam montes e vales, alimentando-se das muitas espécies que existiam. Sem que as pessoas se dessem conta, estes ruminantes ajudaram a manter os terrenos limpos, mesmo naqueles lugares mais difíceis para o homem, estes animais trepavam para todos barrancos porque lá havia boa comida.
   Nesses tempos, os pastores saíam de manhã cedinho e regressavam ao fim da tarde aos bardos.   Depois de muitos quilómetros percorridos, tinham de arranjar forças para tratar das ordenhas, das cabras prenhas e dos seus cabritos. Era uma actividade muito cansativa e tinha que ser realizada todos os dias, mesmo naqueles que a vontade não era nenhuma.
   O pastor era muito respeitado na aldeia e o seu trabalho foi sempre valorizado, mas nunca recompensado economicamente. Ser pastor era trabalhar sem horários, sem férias, sem folgas ou sem pausas para café. O pastor contentava-se com o bornal e a borracha espanhola, pão e vinho para todo o dia.
   A família tinha as cabras e a obrigação era tratar do rebanho, aproveitar o leite, vender algum cabrito ou cabra e conservar as peles para depois as vender no dia em que o comprador aparecesse lá em casa.
   Penso que é esta a imagem que as pessoas de Malcata mantêm nas suas memórias e que ser pastor é mesmo assim.
   Que dirão os mais velhos quando ouvirem falar de jovens engenheiros zootécnicos, biólogos ou com outros cursos universitários, que querem dedicar-se ao pastoreio de animais nas nossas serras? Já pensaram quem e como se vai desenvolver o rebanho de cabras que a junta de freguesia anda já a construir? É urgente e importante sensibilizar toda a população para o que está a nascer. A instalação daquele rebanho não é um passatempo, não é uma brincadeira e só fará sentido se for feito para criar novos postos de trabalho, novas fontes de rendimento económico, se desenvolver o próprio turismo rural, no fundo, o rebanho ser uma das alavancas do desenvolvimento económico e social da freguesia, aumentando o bem-estar e a felicidade dos malcatenhos, como comunidade e povo unido e não apenas a alimentação de egos pessoais. A freguesia tem nas mãos uma forma de mostrar ao mundo e aos senhores doutores de gabinetes que os malcatenhos aprenderam a investir, a produzir e a acreditar no futuro.

                                                                          
José Nunes Martins


18.4.22

O QUE VAI ACONTECER AQUI?

  

Perigo para pessoas e bens
                                         

Caso 1- Não há aviso nenhum para alertar os condutores do perigo que ali existe. Nas duas vezes que estive na aldeia vi o que se passa na Rua Braz de Carvalhão. Quando comentei com um conterrâneo a situação, fiquei informado que «só vão arranjar aquilo quando deixarem de passar os camiões com materiais para as obras lá para cima»!
    «Aquilo são pedras soltas da calçada e areia e já toda a gente sabe que está assim»! - atalhou outra pessoa que ali descia a rua, contornando o perigo.
   Para mim, a situação está clara e mostra a forma como a autarquia trata destas questões. Não haverá uns sinais que usam nas obras ou nas vias públicas para alertar o cidadão e os motoristas que passam ali? Os autarcas até podem pensar que só um maluco passa de forma a calcar os paralelos soltos, a sua obrigação é desviar-se e continuar viagem como se nada fosse. A verdade é que se trata de uma via pública, sendo dever da junta manter a rua em total segurança. A junta de freguesia tem a obrigação de resolver aquela situação perigosa, quanto mais rápido melhor, nem que deixe para mais tarde a atribuição e responsabilização dos custos da intervenção.

                                                                       +++


Caso 2 - Porquê a pedra e naquele sítio?
     Será para impedir uma ida do automóvel a banhos,
nas águas desaconselhadas para os veraneantes?
   
Numa situação de socorro e emergência, quem vier socorrer ainda vai ter que
 partir a pedra ou pedir ajuda para a arrastar? 





     Caso 3 - A falta de informação quando se começa uma obra é uma prática generalizada. Claro que qualquer pessoa percebe que andam a fazer obras na freguesia, porque vemos máquinas, ferramentas e materiais de construção que os operários precisam para trabalhar.   Onde está o painel de informações relativas às obras em curso?
 Esburacar ruas, colocar uma ou outra barreira metálica e sinais de informação de obra na via pública não chega. Eu tenho a certeza que a autarquia sabe que em todas as obras têm que ser respeitadas e cumpridas as normas de segurança, higiene e em todas deve ser colocado em local visível ao cidadão, um painel informativo sobre a obra em causa.

Mas esta falta de informação encontro-a pelo concelho todo. Dá para perguntar, se a mentalidade dos políticos e dos construtores pode ser posta em causa? Informação à vista, sem necessidade de perguntar mas apenas encontrar e ler, saber o objecto da obra, o preço que vai custar, os prazos de execução que foram acordados para acabar a obra, etc. . . .
E se aos particulares obrigam a colocar avisos com informação sobre a obra, sendo de lei, também as obras públicas devem respeitar.
   Termino como comecei: a informação nas obras é útil e faz falta ao cidadão. Senão vejamos estes três exemplos onde a falta de informação (AVISO) está em falta:




Foto A - Obra da Estrutura Caprina ?



Foto B - Obras de pintura? 




Foto C - Escritório para promotora de obra?

    Será que eu sou a única pessoa que fica escandalizado com a pouca-vergonha de algumas construções e obras no nosso concelho, em especial na nossa freguesia? A falta de informação quando começa uma obra é uma prática generalizada e como isso se repete em muitas das obras, o cidadão comum acha normal e nem se dá ao trabalho de saber de informações a que tem direito e até para o caso de ter necessidade de intervir na defesa da coisa pública ou pessoal.
   Eu estive lá e vi que nestes casos estava em falta informação relevante. Parabéns ao dono da obra particular que está devidamente avisada!
   O que vai acontecer aqui?
           
                             
    José Nunes Martins

17.4.22

AINDA ONTEM...LHE SORRI!

 

   Hoje quero lembrar-me do Tó ( António), um primo ainda que de forma afastada, pertence aos membros da minha família. É que ao lembrar-me dele, lembro-me também do seu filho, o rapaz com quem me divertia e que na igreja ajudávamos o padre Lourenço a limpar os dedos das mãos e no fim de tudo, pegar na cana e ir de altar em altar, de vela em vela para as apagar, deixando que a luz da lua entrasse pelos vidros dos caixilhos das janelas.
   O pai do meu amigo foi homem de trabalho, de ir para o campo e levar com ele o burro e as cabras. Há uma imagem que me ficou gravada e um dia até registei para memória das minhas paixões de andar com máquina de fotografias. Aquela terra foi tantas vezes cavada, lavrada, tractorada e ali passou muito do tempo da sua vida de agricultor.
   Quando me encontrava na rua da Fonte, dirigia-me sempre a palavra:
   - Então João, como andas tu? Bem, não é? 
Olha, o Augusto lá anda pela França! Ele assim quis...a vida...não é aquilo que muitas vezes pensamos, mas foi o que ele quis! O mal foi dele... 
     
  As gentes da aldeia conheciam bem este ser humano, simplório, trabalhador e que durante anos agarrou as rédeas deste povo. Como presidente de junta não lhe conheço grandes obras, não porque não tenha feito nada, mas simplesmente por eu estudar longe, naqueles anos era tudo mais distante e as notícias não havia tantas como há agora.

  
  O Ti Tó Peneira, assim foi conhecido na aldeia,  ontem, foi ter com o Augusto Afonso, o seu filho mais velho. Este homem, coisa que nunca teve foi "peneiras", foi o pai do rapaz aventureiro e sonhador que andou por onde foi mandado ir e por lugares que ele escolheu. 
   É dia de Páscoa, sim é verdade. Sei o que as pessoas pensam do Natal e outras festas religiosas, como esta da Páscoa. Depois dos acontecimentos deste ano, a Páscoa passa a ser sentida de forma diferente, assim como aconteceu comigo naquele Natal de 2018. Mãe e filho sabem melhor que eu como é importante continuar a viver.
   Aleluia!



   
   
    
  

   

15.4.22

A PÁSCOA E AS TRADIÇÕES

   SONS DA PÁSCOA

   A Semana Santa está cheia de sinais e sons que ainda hoje alguns nos fazem arrepios. Esta é uma semana carregada de simbologia, de sofrimentos e de penitência. Em tempos não muito longínquos, a Igreja Católica pegou numa série de símbolos e sinais que remetia os fiéis para momentos incríveis e até com alguns medos. E as matracas, que substituíam o tocar dos sinos, faziam-se ouvir pelas ruas da aldeia. Som estranho, som incómodo quando o sacristão passava na minha rua.
    Em sinal de luto, não se tocavam os sinos e todos os altares da igreja eram tapados com panos roxos, dando ainda mais uma imagem triste, sombria, mesmo de terror.
   Pelas ruas da nossa aldeia o sacristão chamava as pessoas para as cerimónias que iam decorrer na igreja e à volta do povo. Não dava para esconder o ambiente pesado e macambúzio que se vivia na aldeia até ao Sábado de Aleluia. Eram rostos de tristeza e pesar que se viam pelas ruas da povoação e quando a noite se aproximava na sexta-feira, o momento de ir "fazer o enterro do Senhor" arrepiava qualquer criança. A igreja ficava diferente, para além de serem tapadas as imagens dos altares, o Cristo do altar Mor era (e ainda hoje) retirado da cruz e colocado num enorme e pesado caixão de madeira que se coloca em cima do altar e depois percorre as ruas da aldeia num cortejo fúnebre, como se tratasse de um funeral de verdade.

O sacristão a tocar as matracas

  


3.4.22

IMAGENS DO PASSADO E DO PRESENTE

 

Escadaria de acesso à sede da junta de freguesia
(Foto Josnumar)


   Aldeia serrana, rural, com muita água à sua volta. É nos chãos que a maior parte dos habitantes se ocupa desde o nascer ao pôr do sol. Aqui vive gente simples, humilde e trabalhadora.
   As imagens parecem todas iguais e sobre a aldeia já vimos milhares de fotografias. Eu que gosto de recolher imagens, encontro neste meu hobby algo mais do que simples cliques feitos com a máquina que levo aos ombros. Para mim todas as imagens que publico tem mensagens que lhes acrescentam mais algum valor e lhes dão sentido. Podem parecer iguais a outras imagens, mas para mim têm um valor especial e tento sempre cativar a atenção de quem as observa. E claro, a imagem também tem voz e consequências que eu próprio não tenho como as conhecer porque as pessoas nem sempre as dão a conhecer.
   E como se costuma dizer, a imagem vale mais que muitas palavras, seguem-se algumas que eu aprecio:
 

Borboleta





Medronheira



                                                               Espaço Coworking



Amora silvestre




        Rua Braz de Carvalhão



                                                Nicho Sra.dos Caminhos

                                                            

      Estas são imagens que nos fazem revisitar o nosso passado e o nosso presente. Todas elas têm uma história para contar e uma mensagem a ter em conta. 
     Que vos dizem estas fotografias?

                                                       José Nunes Martins