PODE UM MALCATENHO DEIXAR DE O SER?
Nasci em Malcata, mais precisamente em casa, num dia de Outubro. E de Malcata, guardo memórias de infância marcantes e boas: tinha uma rua para brincar e hoje é uma coisa que já não existe. Ia a pé para a escola, vinha jantar a casa a pé e voltava a ir até às três ou quatro da tarde. Cresci perto dos meus avós maternos que me marcaram para a vida. Também tive sempre a minha mãe, o meu pai emigrou para a França no ano em que nasci. Para mim, Malcata é o meu mundo de brincar, de aprender a ler e escrever e é a minha aldeia, a minha princesa de estimação. Estou triste relativamente ao que se passa na minha terra natal. Malcata é mais uma terra sem rei nem roque, é um território desaproveitado e nem sabe ganhar com as vantagens que a natureza oferece há séculos. A freguesia tem uma mancha florestal extensa, há espaço para quase tudo, mas está de costas voltada para o céu, não beneficia com a água da albufeira, não aproveita a pastorícia, os percursos pelos cami...