Mostrar mensagens com a etiqueta saudade. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta saudade. Mostrar todas as mensagens

29 março, 2025

AMIGOS PARA SEMPRE

 


Ter amigos é bom,
vê-los partir faz sofrer.

   A vida é o que é e muitas pessoas já esqueceram que, há cinco anos atrás, o mundo andava de pernas para o ar por causa do COVID-19. Muitas pessoas adoeceram, muitas delas morreram, outras ainda hoje sentem sequelas e vivem com a saúde afectada. Eu não me esqueci, faz hoje 5 anos perdi este ser humano da foto! Um riso único e que marcou a minha forma de viver, de compreender a vida. Foi sempre expressivo e os seus gestos e atitudes eram o reflexo verdadeiro do seu sentir e do seu relacionamento com os outros. Partiu em circunstâncias terríveis para ele e para a família. Foi ele e muitos outros, penso que nunca tinha havido tantos funerais na nossa aldeia e com tantas regras proibitivas. Este acontecimento deixou-me muito triste, nunca me passou pela cabeça que os acontecimentos seriam da forma que foram. 
   Bem tento fazer do presente o melhor que posso. Continua a ser difícil e ainda não ultrapassei aqueles dias do fim de Março, dois meses antes do seu aniversário. Mas a vida é o que é. Ou melhor, o que foi. Os amigos também já partiram e por cá, há muitas saudades. 
                                          José Nunes Martins





                                        

21 março, 2025

MALCATA: SEXTA-FEIRA DE SAUDADE

  
Rua do Carvalhão em 1994

   Só quem mora longe do lugar
que sempre gostou, é que sente saudades. Quem está fora continua a levar a sua vida da forma que melhor é capaz. E andamos meses e semanas a pensar naquele dia em que, faça chuva ou sol, rumamos em direcção ao nosso pequeno mundo secreto e ao qual pertencemos. Foi nesse pequeno cantinho do mundo, longe do mar e perto da floresta, que a nossa vida começou. É nessa pequena aldeia serrana, protegida dia e noite dos ventos que sopram do lado da Espanha, que por amor,
pela água fresca, pela liberdade que se vivia, muito afastados das preocupações que muitas famílias tinham que ultrapassar, sempre com todos os cuidados e cumprindo todas as leis do regime, que as frágeis árvores que nós eramos, se agarraram à terra e cujas raízes nos mantêm
para sempre ligados e agradecidos.

Os meus dois amigos fieis


    Vivemos com essa ideia de chegar aquele dia em que nós regressaremos. E o que parece fácil e rápido de resolver, demora anos a concretizar esse desejo. E de todas as dores que uma pessoa pode sentir, as da alma são aquelas que custa mais a passar. Não sei se convosco acontece o mesmo, comigo é duro e difícil. E talvez seja por sentir o que sinto que guardo em casa tudo o que se identificar com a aldeia onde nasci e que cada vez estou a visitar menos.

  




Rua da Moita

  Eu sei que é uma aldeia igual ou pelo menos, com muitas parecenças a outras aldeias do nosso país, do nosso concelho.

   A vida é feita de mudanças. E o nosso mundo responde e abre as suas janelas para sermos criativos, trabalhadores e ainda arranjar tempo para contemplação. Esse cantinho da aldeia, na rua com carvalhos gigantes e figueiras de figos lambões, numa casa sem electricidade, sem água nem torneiras, com uma loja cheia de vivo e dois porcos no cortelho por baixo das escaleras, nasci eu, João, na Rua do Carvalhão e um mês depois registado com nome de José. Um dia conto esta história de fio a pavio. Sei que há estórias bem piores!!!

  

 

    Saúdo todos aqueles que, tal como eu, optaram por conhecer mais mundo, caminham por estradas e céus bem distantes e que às vezes apanham uma ensaboadela por terem vergonha de se apresentar e revelar as suas origens. O trabalho, a resistência e algumas réstias de brutalidade beirã, que vem e faz parte das características dos beirões, inconscientemente, funcionam muitas vezes como os códigos de barras ou dos dados biométricos e não vale a pena esconder. Somos malcatenhos. 

                                                                  José Nunes Martins

    

 

 

 

 


22 janeiro, 2010

MÃE








O Teu Rosto Mãe

O teu rosto, mãe, dava-me Esperança
O teu rosto, mãe, era de uma Santa.
Ainda que o espaço nos separe,
Ainda que a vida se acabou ...
O teu rosto, mãe, é harmonia
O teu rosto, mãe, dá-me alegria.
Ainda que de ti me afastei,
Ainda que o perigo me persiga...
És mãe, sempre mãe, és mãe, minha mãe...