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12.11.20

MALCATA: TERRA DA BOA CASTANHA


    

     Esta é a altura do ano onde o cheiro a castanhas anda no ar pelas ruas das cidades, vilas e aldeias. Estamos no Outono, altura das castanhas e jeropiga. Adoro castanha assada e não sou fã quando são simplesmente cozidas. Existem diversas receitas em que a castanha pode fazer parte dos ingredientes. Elas são tantas que decidi reunir algumas. Não as conheço e algumas delas foram escolhidas pela sua apresentação fotográfica e o interesse visual.

   Sabiam que no concelho do Sabugal existem cerca de 600 hectares de soutos?
  A Câmara Municipal, desde 1998 que tem um protocolo com a Direcção Regional da Agricultura da Beira Interior disponibilizando terrenos para a instalação de um Campo Experimental e de Produção de Material Vegetativo, situado na Colónia Agrícola de Martim Rei. Aqui está instalado um viveiro de castanheiros com 800 árvores da variedade martaínha, 500 da espécie judia e 400 da variedade longal. Também em 2016 foi criada a
Castcôa-Associação de Produtores de Castanha do Côa.
  Eu gosto bastante de castanhas assadas, mas não posso negar que é maçador descascá-las, especialmente retirar a pelezinha que às vezes fica agarrada, fico com os meus dedos sujos e doridos depois de descascar algumas castanhas. 
  A castanha tem potencial para se transformar num produto importante para a economia local, da nossa freguesia.

  Se alguém tiver alguma técnica que facilite a retirada dessa pelezinha, agradeço a dica!
                                                                                                  
                                                                                                                 José Nunes Martins



7.2.19

MALCATA: UM BÊCO SEM SAÍDA?



     


  A ideia foi apresentada à entidade parceira. Com ela pretendia-se que naquele dia fosse uma excelente oportunidade de negócio para quem os tem. A nossa aldeia necessita de vida, de visitantes, de iniciativas que tragam e acrescentem valor. Quando se planeia um projecto para a nossa aldeia, que vai envolver cerca de 80 pessoas, jovens estudantes universitários e seus professores, que vêm pela primeira vez conhecer o espaço e tudo aquilo que pode ser incluído no “trabalho universitário” e que contribua para uma nota de excelência, nós, os que nos dizemos malcatenhos, só temos de recebê-los bem, como se cada um desses jovens fosse à casa de cada um de nós. Mostrar alegria, convidá-lo para a mesa, conversar um pouco enquanto se vai comendo.
Sendo os malcatenhos bons anfitriões, sei que logisticamente falando, ía ser uma trabalheira para todos serem bem recebidos nas casas. Por isso, pensámos noutra ideia mais leve e mais vantajosa, principalmente para o comércio local da nossa aldeia. E a ideia do José foi-me revelada e com ela concordei, vindo até a enriquecê-la com umas achegas. O plano estava definido e apenas estava a faltar a aprovação por parte da outra entidade, com quem estava acordado, previamente e atempadamente, o seu apoio incondicional ao evento.
  Então qual era a ideia que tanto gostei de ouvir? Ora bem, fizemos uma análise ao que temos na aldeia e a conclusão foi que não há restaurante para dar de comer a tanta gente. Ora sabendo nós que existe um espaço com condições para a refeição, outras vezes já utilizado para almoços, jantares e outros convívios, o salão da freguesia ( e sede da ACDM) era uma boa escolha. Quanto à refeição propriamente dita, acordávamos com os comerciantes locais a forma de eles serem os fornecedores da comida, bebidas, sobremesas, cafés…num dia, trabalhando em rede, ganhávamos todos alguma coisa, principalmente os proprietários dos cafés e mini-mercado. Que bom, pensei eu para mim, isto é a “economia circular” a funcionar! Vamos então ao trabalho e dar corda aos sapatos para que tudo esteja pronto na data que for. Até o mês de Fevereiro já tínhamos apontado como o ideal para alunos e professores, ficou apenas o dia por confirmar pela universidade e os parceiros de Malcata encarregar-se-iam do transporte e toda a logística necessária (comes e bebes…).
  Que vos parece esta nossa ideia? Tem ou não pernas para andar? Tem ou não vantagens?
 
                                                                                  José Nunes Martins
                                                                                                                                         (josnumar@gmail.com)




3.1.15

A IMPORTÂNCIA DA PAISAGEM QUE RODEIA MALCATA

Parque Eólico

O movimento Malcata Pró-Futuro defende o ambiente e a paisagem que rodeia a aldeia de Malcata.E cada vez mais nos damos conta que outros também defenderam e defendem o mesmo.
Eis um "recorte" de um estudo elaborado em 2013 e publicado na Revista Crítica de Ciências Sociais:

Ambiente, paisagem, património e economia:
Os conflitos em torno de parques  eólicos  em Portugal

Referência eletrônica
Ana Delicado, Luís Silva, Luís Junqueira, Ana Horta, Susana Fonseca e Mónica Truninger, « Ambiente, paisagem,
património e economia: Os conflitos em torno de parques eólicos em Portugal », Revista Crítica de Ciências
Sociais [Online], 100 | 2013, colocado online no dia 28 Outubro 2013, criado a 30 Outubro 2013. URL : http://
rccs.revues.org/5198 ; DOI : 10.4000/rccs.5198
Editor: Centro de Estudos Sociais
http://rccs.revues.org
http://www.revues.org
Documento acessível online em: http://rccs.revues.org/5198
Este documento é o fac-símile da edição em papel.
© CES
“Nos últimos anos temse assistido em Portugal ao crescimento exponencial do número de parques eólicos, respondendo as pressões  politicas e económicas para atingir metas ambiciosas no que concerne a produção de energia através de fontes renováveis.
A nível geral, este desenvolvimento temse pautado por discursos consensuais – mitigação das alterações climáticas, diminuição da dependência energética face ao exterior –, mas ao nível local e situado os conflitos tornamse visíveis (destruição visual da paisagem, impactes nocivos nos ecossistemas rurais, nas actividades turísticas, na saúde).
Não obstante os reflexos positivos associados aos parques eólicos, tendencialmente ligados a benefícios no combate às alterações climáticas, à redução da poluição, à diminuição da dependência energética de Portugal em relação ao exterior e aos proveitos económicos daí decorrentes, o aumento significativo do número e dimensão das infra-estruturas necessárias ao aproveitamento da energia eólica não passou despercebido. Controvérsias em torno das modificações introduzidas na paisagem, o seu impacte nas espécies naturais, nas actividades turísticas e até sobre a saúde, associadas a uma progressiva cobertura mediática com um forte enfoque nos custos associados à produção de energias renováveis (nomeadamente no peso que tal implica no custo mensal da eletricidade), contrabalançam o pendor aparentemente positivo do discurso em torno do tema.

Enquadramento teórico


   As questões energéticas constituem um desafio ambiental urgente. A ameaça
das alterações climáticas e a escassez de fontes de energia convencional têm
levado os países a investir crescentemente em fontes de energia alternativas
e renováveis. Ao contrário de outras tecnologias de produção energética
(como a nuclear ou os combustíveis fósseis, mas também os biocombustíveis
e as barragens), a energia solar e a energia eólica são geralmente percepcionadas como “limpas”, “verdes” ou “amigas do ambiente”, uma extensão de tecnologias tradicionais como os moinhos de vento (Nadaï e Van der Horst, 2010).
   E, no entanto, este é um domínio onde também têm surgido controvérsias
(no sentido de desacordo entre vários atores sociais, eminentemente
discursivo) e mesmo conflitos, designadamente movimentos de resistência
à implantação de parques eólicos em determinada localização, encabeçados
geralmente  por residentes, autoridades locais ou organizações não
governamentais  (de ambiente, de defesa do património, etc.). De acordo
com  Dietz et al. (1989), a literatura sobre conflitos ambientais tende a
caracterizar estes conflitos em quatro dimensões: como um problema
de conhecimento diferencial (concepção do público como ignorante), ou de
interesses diferenciais (o que suscita questões de justiça), ou de diferença
de valores (agravada em contextos de incerteza), ou ainda de desconfiança
face ao conhecimento dos peritos (suspeitos de parcialidade). Como abaixo
se verá, são estas três últimas dimensões que estão em causa no caso dos
parques eólicos.
   Na acepção de Warren et al. (2005), a energia eólica tende a suscitar controvérsias“verde contra verde” (“green on green”), uma vez que alguns dos
argumentos em oposição se sustentam em valores ambientais contraditórios:
a defesa de fontes de energia não poluente e mitigadora das alterações
climáticas opõese à proteção da paisagem natural e dos ecossistemas. Põese aqui também um problema de escala: benefícios ambientais globais são
obtidos à conta de impactes locais (Warren et al., 2005; Nadaï e Van der Host, 2010; Haggett e Futák­Campbell, 2011; Hall et al., 2013). Isto, porém, pode também ser visto pela perspetiva inversa, quando as necessidades de desenvolvimento económico local colidem com necessidades globais de proteção da natureza (Figueiredo, 2008).
   Estão amplamente documentados casos de oposição à instalação de parques
eólicos no Reino Unido (Woods, 2003; Bell et al., 2005; DevineWright e Howes, 2010), França (Nadaï, 2007), Alemanha (Zoellner et al., 2008), Holanda (Breukers e Wolsink, 2007; Wolsink, 2007a), ou Grécia (Kaldellis, 2005). Esta resistência tem sido motivada pela preocupação com questões como o ruído
ou a poluição sonora (Woods, 2003; Toke, 2005; Hall et al., 2013), os efeitos sobre a saúde (Woods, 2003; Barry et al., 2008; Hall et al., 2013), os impactes
mas também com a percepção de que os aerogeradores arruínam as paisagens
rurais e ameaçam o património natural e cultural (Woods, 2003; Toke, 2005;
Bell et al., 2005; Zoellner et al., 2008; Cowell, 2010; Hall et al., 2013), tendo
consequências não só simbólicas mas também económicas sobre o turismo
e o valor das propriedades (Woods, 2003; Warren et al., 2005; Toke, 2005;
Barry et al., 2008; Clarke, 2009; Nadaï e Van der Horst, 2010; DevineWright
e Howes, 2010; Hall et al., 2013).”