16.3.13

A ALDEIA DO SOSSEGO E DO VAGAR


   Há lugares neste país em que ficamos com a sensação que o tempo anda a uma velocidade mais lenta. Quando deixo a confusão da cidade e ando pelos campos e caminhos da aldeia, fico convencido que em Malcata os ponteiros do relógio andam mais devagar, as horas parecem mais longas e os dias nunca mais acabam.

   
Pequenos jardins, onde ouvimos o vento e os pássaros, levam-nos a olhar para as águas calmas da albufeira e dou comigo a olhar e não vejo senão água e mais água e mais água. Ó Senhora dos Caminhos, para onde estamos a caminhar?

 

   Na aldeia é assim o trânsito nas ruas. E cada vez passam menos e o silêncio perdura durante horas e horas e raramente se ouvem as campainhas das cabras a descer a rua e aqueles inúmeros "caraços pretos de azeitona", mas que até nem eram assim tão mal cheirosos.


Os caminhos vêm da serra e vão para a serra. São caminhos ideais para esquecer os problemas e admirar paisagens de cortar a respiração. Lá do alto da Machoca, em dias claros e azuis celeste, os olhos conseguem alcançar a outra serra, a Serra da Estrela, a aldeia de Quadrazais, imaginamos os Fóios e as terras de Espanha e pensamos se por lá, as montanhas se encheram de ventoínhas que com a ajuda do vento fabricam electricidade. E até com sorte conseguimos ver a torre do Castelo de Cinco Quinas que há muitos séculos defende a história deste povo raiano.
   
   Olhando para a imagem nem parece que é o que é. Ah meu povo, olhai para esta magnífica paisagem e digam lá se nos enche a alma! Claro que sim. Hoje Malcata proporciona estas maravilhas e muitas outras.

9.3.13

OS ESPAÇOS DA ALDEIA


O ESPAÇO PÚBLICO NA ALDEIA DE MALCATA


Que espaços públicos existem na aldeia?
Como é que eles se  encontram  hoje organizados e que transformações sofreram ao longo do tempo?

Qual a importância desses espaços  públicos  e a sua configuração, da sua envolvente e da sua adaptação às
novas necessidades das pessoas?

Quais as principais características que os espaços públicos devem possuir, de forma a responder eficazmente e com qualidade aos novos e futuros desafios de Malcata?

A PRAÇA DO ROSSIO

(Torrinha)



  A Praça do Rossio, também conhecida pela Torrinha, foi e ainda continua a ser o espaço público mais concorrido da aldeia. Desta praça partem, ou confluem, cinco das ruas principais da aldeia: Rua da Fonte, Rua do Carvalhão, Rua de Baixo, Rua da Ladeirinha e a Rua da Moita.



Início da Rua do Carvalhão

 Rua da Ladeirinha, ao fundo, para a direita e
Rua da Moita para a esquerda

 Rua da Fonte



Rua de Baixo



Praça do Rossio ( Torrinha )



 Fonte e tanques

 Torre do Relógio


 A Torre do Relógio

   A Praça do Rossio, sendo o espaço público com maior importância na povoação, não deve ser descurado, pois tem representado um modo de vida dos nossos conterrâneos ao longo de séculos.
   Este espaço tem funcionado como o local de festas, bailes, mostras gastronómicas, etc. E quem não se lembra dos encontros e das cartadas que se jogaram nesta praça? Este lugar ainda hoje continua a ser um lugar de encontros, de convívios. A presença da Torre do Relógio, a fonte e a água sempre fresca, os comércios do Ti Tó ( casado com a Ti Rosa ), o outro comércio, do Ti Varandas ( casado com a Ti Deolinda ), muitos anos serviu como Posto dos Correios e até de posto de "enfermagem" que muitos nunca esquecem os saberes e os dons do Ti Varandas. Também nesta praça existiu a taberna mais conhecida da aldeia e não só, onde eu em garoto, via televisão, os adultos bebiam os quartilhos ou traçados, tendo sido mais tarde, o primeiro sítio a servir café expresso, muitos chamavam "bica". Esta taberna do Ti Joaquim "Rebino" e da Ti "Benbinda" muito contribuíram para que este local fosse o centro da terra.
   Era nesta praça que os homens se encontravam. Então aos domingos, no fim das missa, todos paravam por aqui e por aqui ficavam na conversa, bebiam uns copitos e as mulheres juntavam-se nas bancas dos vendedores que apareciam por aqui com as carrinhas a vender frutas, calçado, roupas, às vezes lá aparecia um latoeiro e quem tivesse caldeiros rotos ou quisesse comprar um novo, ou comprar uma almotelia para o azeite, ou comprar uma candeia nova, era de aproveitar.
   Hoje, já não é a mesma coisa.
   E tanto mais que eu tinha para escrever sobre a praça do Rossio, a fonte, o forno do pão. É por isso inquestionável a necessidade de olhar para este espaço público e estudar a forma de manter, preservar e melhorar este mesmo local continuando como sítio de encontro de pessoas.
   Olhando para o espaço da praça, observando as construções que rodeiam o Rossio e a Torrinha, que vos parece? Está bem como está? As casas e a sua conservação contribuem para valorizar este espaço público, ou pelo contrário, está a necessitar de intervenção urgente?