23.4.21

MALCATA: O PROBLEMA DA ÁGUA CONTINUA

Água que apetece beber todo o ano



                                           
   Há muitos anos que a água da rede pública não chega a todas as habitações da nossa freguesia. Malcata tem um problema chamado “falta de água” nas torneiras. A falta de água é mais grave para as pessoas que habitam as zonas mais altas da freguesia, mas não só, a seca também acontece nas outras áreas da aldeia, principalmente durante os meses de mais calor. Antes da chegada da água da rede pública água havia-a à farta e não havia qualquer entrave ao consumo. Com a chegada da rede de água, as pessoas acostumaram-se a moderar os gastos e a maioria deixou de ir com o cântaro buscar água à fonte. O que alguns residentes não contavam era estar tantos anos sem água da rede em casa. Valeu-lhes as economias e a abertura de um furo para captação de água. Resolveram o seu problema e por desconhecimento, contribuíram para algumas fontes ficarem sem força na veia, quase secas com a moda dos furos artesianos.

  Lembro-me dos meses de Agosto e dos problemas que a falta de água causava e continua a causar. Com a presença dos imigrantes o número de consumidores também aumenta e a rede pública é incapaz de dar resposta às necessidades. Mas como os imigrantes, embora sempre bem-vindos e bem acolhidos, não têm peso político, as Juntas de Freguesia, todas, limitaram-se a remendar a falta de água e a enviar alguns ofícios para a Câmara Municipal do Sabugal. É preciso dizer que a água ao domicílio é um direito que todo o residente da nossa freguesia tem.
                  José N. Martins

11.4.21

RONDA PELA FREGUESIA DE MALCATA

 

  

Nora na Fonte Velha


   Tudo o que nasce morre, diz o ditado.
   Nós às vezes esquecemos que as aldeias também envelhecem. Estou a referir-me ao seu património, ao seu mobiliário urbano, ao seu edificado...casas que já foram habitadas, nelas se criaram os filhos e hoje essas habitações são um monte de pedras ou para lá caminham. Paredes com “barrigas” que podem romper a qualquer momento, janelas sem vidros, carvalhos e sabugueiros nascem entre as paredes, enfim, um dó de alma olhar para aquilo.
   Vesti a roupagem de um turista e dei uma volta pela nossa aldeia. Cheguei à Fonte Velha, ali reparo na nora, uma relíquia de antigamente, arrepio-me ao ver tanta ferrugem e tanta degradação. Olho para as paredes e a tinta onde ela já vai. Disse para mim mesmo: “Valha-me Santa Engrácia! Então não seria possível arranjar a nora e pintar as paredes?” Aqui deixo o pedido, como malcatenho, a quem de direito, que devolva a beleza e a dignidade que aquela fonte merece.
   Mas as coisas não acabaram, há mais para contar. Na Rua da Moita há muitas casas desabitadas e abandonadas à sua sorte. Não tenho palavras para descrever o estado de abandono que vi naquela rua. A Junta de Freguesia devia continuar a seguir o mesmo critério que já aplicou noutras casas abandonadas ou em ruínas existentes noutras ruas. Quando um proprietário não quer saber da casa para nada, quem olha pela segurança do transeunte ou mesmo os residentes que por necessidade, têm que passar naquela rua? Não basta chamar a Autoridade da Protecção Civil Municipal, estender uma fita vermelha e branca e lavar as mãos se ocorrer um acidente!
   Hoje vou ficar por aqui. As duas situações são gritantes e merecem ser
motivo de maior atenção por parte da Junta de Freguesia, pois penso que dinheiro e soluções existem. E há que resolvê-las para não acontecer uma desgraça a alguém que passe no local errado e à hora errada!!!!  
   
                                        Josnumar
                                       (José Nunes Martins)
  

9.4.21

ALCUNHAS EM MALCATA

                                                                                              Foto in JN


                                   LISTA DE ALCUNHAS USADAS EM MALCATA

                                   

   Quando não estamos na presença de determinada pessoa, facilmente identificamos a quem nos estamos a referir usando a alcunha ou apelido. E na nossa aldeia as alcunhas são diariamente utilizadas para identificar determinada pessoa, mesmo sem dizer o seu nome próprio. A utilização das alcunhas ajuda a conhecer a forma de pensar da nossa comunidade assim como ela realmente é:
os seus valores, a sua maneira de viver, as ocupações que tem, os costumes e as tradições. É também um meio que facilita a identificação e a comunicação.
   Algumas alcunhas por vezes são a forma mais rápida de identificar uma família, porque na aldeia essas pessoas conhecem-se pelos apelidos mais do que pelo nome de baptismo.
   Na nossa freguesia desconheço a existência, até ao momento, de algum trabalho de recolha das alcunhas. Seria importante fazer uma recolha das alcunhas usadas na nossa aldeia. Um apelido ou alcunha constitui uma marca, um sinal com que instantaneamente se pode identificar determinada pessoa de um determinado lugar, comunidade ou família. Quem ri dos outros e com os outros pouco liga quando o chamam pela sua alcunha. E também há quem fique melindrado se tal acontecer à sua frente. Por isto acontecer, sei que também na nossa aldeia há pessoas que detestam ser conhecidas por uma alcunha. Dado o número elevado de alcunhas conhecidas na nossa aldeia e como contactar a todos é uma tarefa muito difícil, diria mesmo impossível de alcançar, pensei na alternativa possível para avançar com a elaboração desta lista de alcunhas. E a minha ideia foi a de publicar as alcunhas que conheço, estando aberto à vossa colaboração para aumentar a recolha, a melhor forma de o fazer seria escrever as alcunhas, mas com o cuidado de não referir a pessoa ou família em concreto. Será uma maneira de evitar ofensas e mal-entendidos.  Esta lista das alcunhas deve ser entendida como parte importante da identidade do nosso povo, dos nossos costumes e nunca se deve confundir com qualquer intenção de ofensa. As alcunhas são registos importantes nas memórias da nossa terra e não ser motivo de chacota ou ataque ofensivo.
   Portanto, eu vou iniciar esta Lista de Alcunhas e se mais alguém se lembrar de mais algumas, por favor envie, tendo sempre o cuidado de não referir pessoas ou famílias em concreto.
LISTA DE ALCUNHAS EM MALCATA:
A- Albardeiro, Alfaiate
B- Bica,Bico,Borrachão,Barroco
C-Caldudo,Coxo,Cuco,Cagão,Canino
D-
E- Estrelado,
F- Fachó, Farrusco, Forneira, Faifai
G- Galo, Gaio, Galinho, Gravanço
H-
I-
J-
L-
M- Moleiro, Moedas
N- Nita
O-
P-Padre, Poleiro, Peneira
R- Rainho, Raninha
S- Sapateiro
T- Torto, Triste



8.4.21

MALCATA: É PRECISO ABRIR A JANELA


                    MALCATA: É PRECISO ABRIR A JANELA

   A página oficial da Junta de Freguesia de Malcata, ver aqui:
https://www.freguesiamalcata.pt/ tem estado desaparecida.  
   Graças a Deus hoje voltou a estar visível e assim como desapareceu voltou a aparecer, igualzinha a ela própria: muito pobre!
       Ontem o município do Sabugal apresentou a sua nova imagem digital
https://www.cm-sabugal.pt/municipio-do-sabugal-apresenta-nova-identidade/

e pensei que talvez, quem sabe, a página de Malcata também tenha sido renovada. Mas não, não aconteceu nada, por motivos que desconheço, andou desaparecida das autoestradas digitais.
   Para que serve uma página ( site ) assim? Informação incompleta e desactualizada, pois a última notícia no separador NOTÍCIAS, é de Setembro de 2019! Pasmem-se, onde estamos nós hoje!
   A acreditar no site, em Malcata não pode visitar a Fonte de Mergulho, não existe nenhuma associação e não aconteceu nada de relevante.
   Já não me refiro à publicação de documentos do executivo e da assembleia de freguesia, nunca o fizeram. Será que aguardam a aquisição do sistema de gravação sonoras das reuniões para mais tarde serem transcritas para texto e posterior publicação no site?
   E a mesma miséria acontece com a página oficial no Facebook.
   Aqui: https://www.facebook.com/freguesiademalcata
 Quem quiser ficar a conhecer as actividades da Câmara Municipal, ainda encontra o que fazem e o que dizem que vão fazer. O resto, seja na freguesia ou no interesse da freguesia, mesmo acontecendo não querem que apareça, apesar de existir e de o presidente do executivo participar.
   Para que serve uma ferramenta que não querem aprender a utilizar? E se o que interessa é propagandear as actividades do município e não os da Junta de Freguesia, afinal para que serve uma Junta de Freguesia assim? Qual o valor acrescentado pelas páginas que a freguesia tem neste momento?
   E porque razão isso tem acontecido?
   Se é para isto que têm a página na internet, mais vale poupar os malcatenhos a esse trabalho e deixar de fazer uma má promoção da freguesia.

5.4.21

MALCATA JUNTA É MAIS FORTE

                                              

"Temos todos de pensar
uns nos outros". 
                   Rui Nabeiro

 



   Hoje, o primeiro dia a seguir á Páscoa, em muitas localidades é guardado para estar com a família e divertir-se, passear, comer ou receber a cruz.

    Mas estes dois últimos anos, por causa da pandemia do Covid 19, não se realizaram os rituais religiosos habituais.
    Cá para o norte, dada a falta de padres e seminaristas, são homens e mulheres, enquanto leigos, que fazem a Visita Pascal. É uma tradição já muito antiga. As famílias abrem as portas de suas casas ao compasso para assim receber a bênção. A cruz entra e todos os que estão em casa a beijam. Abençoam a casa ungindo-a com água benta. As pessoas sentavam-se à mesa que costumava ter amêndoas, doces da Páscoa, licores e vinho para oferecer aos membros do compasso.
   Na época da Páscoa, havia o costume de fazer limpeza à casa, caiá-la e deixar tudo arrumado.
      
   Mas, afinal o que nos está a acontecer?
   Porque aconteceu?
   Para onde nos estão a levar?
  
   Como povo, como comunidade e como cidadãos responsáveis, temos que continuar a proteger-nos a nós mesmos, porque esta é a forma de proteger também os outros. Estamos fartos das máscaras na cara, estamos cansados de não andar livremente. Temos que tomar consciência da importância do nosso comportamento e da responsabilidade das acções que levamos a cabo no nosso dia a dia e no espaço da nossa freguesia. Lembro que juntos somos mais fortes e pensar no próximo é pensar no outro e o outro pensar em nós.
  
   Hoje, 5 de abril, segunda-feira de Páscoa, começou a segunda fase do plano de desconfinamento, com a reabertura das escolas do 2.º e 3.º ciclos, esplanadas, feiras, mercados e lojas até 200 m2 com porta para a rua, mas é proibido sair do concelho de residência.

   Com certeza que as esplanadas em Malcata também abriram.
   Como foi o regresso?                    

              Josnumar   
        (José Nunes Martins



2.4.21

MALCATA: MEMÓRIAS E RAÍZES

  

 

 

                 MALCATA:  MEMÓRIAS E RAÍZES DA IDENTIDADE

  




   A Sexta Feira Santa era a noite mais triste do ano em Malcata. Ao princípio da noite todos iam ao enterro de Jesus Cristo. Lá dentro da igreja o ambiente ficava muito pesado, altares tapados de um tecido roxo,
sacrário aberto e vazio, um enorme caixão de madeira, em cima do altar era o foco central. Lá dentro jazia o corpo de Cristo, aquele que estava o ano todo no altar-mor da nossa igreja, nesta noite de Sexta-feira Santa, retiravam-no da cruz e era depositado dentro do caixão que seria transportado em procissão pelas ruas da aldeia. A procissão saía da igreja e entrava na Rua da Ladeirinha, seguia pela Rua da Moita, descia pela Rua da Tapadinha e ao chegar à Rua da Fonte, voltavam em direcção à Torrinha, Rua de Baixo e entravam na igreja. Tudo nestas cerimónias eram muito tristes, as mulheres vestiam-se de roupas escuras, pretas mesmo, cobriam a cabeça com lenços e até os cânticos eram de morrer.
   Penso que a procissão parava duas ou três vezes para marcar alguns passos desta cerimónia. Numas escadas ao início da Rua da Moita, paravam o enterro e acontecia aquele doloroso encontro entre uma Mãe que vê o Filho a caminho do túmulo. Tudo era difícil e o povo sentia piedosamente aquela trágica e incompreensível morte, os homens que transportavam o caixão, tinham que descansar várias vezes com a ajuda de umas galhas de pau, dado o peso que levavam aos ombros.
   Neste dia não há missa, não se tocam os sinos. As pessoas foram avisadas pelas matracas tocadas três vezes à volta do povo.
   As pessoas saíam da igreja num silêncio assustador e sem grandes conversas recolhiam às suas casas. Ele morreu e há que respeitar!
   Em Malcata, uma aldeia muito religiosa e tradicional, obedecia piamente às orientações do senhor prior.