As ruas da minha
aldeia continuam tristes nesta época de festa. Vem aí mais um Natal e o presépio.
Lembro-me de em criança ir aos musgos e paus velhos cobertos de uma espécie de
musgo e uma ida ao pinhal procurar o pinheirinho mais perfeito de todos, com
ramos verdes e bem composto.
Actualmente o Natal é mais plástico
que imita o que antes era natural. Já são muito poucos que ainda se juntam e de
cesta na mão, vão aos musgos para depois fazer o presépio, com aquelas figuras
de barro, pontes, casas, moinhos…um mundo de faz de conta em barro.
O Natal é um delírio comercial e
político vestido de carneiro manso e mãos largas. Desde Outubro que andam a
enviar para publicação as compras que vão fazendo para fazer a festa de Natal.
Como são poucos, falta quem ligue as luzes de Natal, monte todo o circo, pense
e dê vida às ideias dos colaboradores incumbidos de montar todo o evento
natalício.
Como nesta época do ano os dias têm
menos luz solar, a noite chega mais cedo e é muito bonito andar pelas ruas com
tantas luzinhas a piscar. A entrada da nossa aldeia está toda iluminada, com a
Senhora dos Caminhos em destaque, não precisava de tantas luzes, porque as
árvores estão iluminadas e o recinto deixou de estar às escuras como sempre
está no resto do ano. Aqui há a luz que não existe
nas ruas da aldeia que, por falta de não sei de quê, não mereceram ficar
enfeitadas, por razões que desconheço e alguém sabe porque enfeitam a entrada
da aldeia, a Torre do Relógio e a Sede da autarquia. A magia das luzes de Natal
nas ruas deixam as pessoas mais alegres, mais convidativas a sair de casa.
Noutros tempos, para iluminar as
igrejas, acendiam-se velas, enquanto cá fora, a escuridão escondia os rostos de
quem por necessidade caminhava nas ruas. Com a chegada da luz eléctrica, tudo
mudou, mas depois destes anos todos, talvez uns 52 anos, as ruas da aldeia
continuam às escuras no Natal. Vivem e encolhem os ombros, aceitando e não
resmungando, não perguntando, pensam que se a aldeia está às escuras, é porque
ninguém as iluminou!
A aldeia é a que os seus habitantes desejam
que seja, é onde as pessoas vivem com o que têm. Há que ganhar coragem de encarar a realidade
e questionarem-se uns aos outros se alguma coisa podem fazer para mudar, mesmo
que seja cada casa ficar iluminada durante este mês de Dezembro.