07/12/2024

NATAL NA MINHA ALDEIA _ MALCATA

    


   As ruas da minha aldeia continuam tristes nesta época de festa. Vem aí mais um Natal e o presépio. Lembro-me de em criança ir aos musgos e paus velhos cobertos de uma espécie de musgo e uma ida ao pinhal procurar o pinheirinho mais perfeito de todos, com ramos verdes e bem composto.
   Actualmente o Natal é mais plástico que imita o que antes era natural. Já são muito poucos que ainda se juntam e de cesta na mão, vão aos musgos para depois fazer o presépio, com aquelas figuras de barro, pontes, casas, moinhos…um mundo de faz de conta em barro.
   O Natal é um delírio comercial e político vestido de carneiro manso e mãos largas. Desde Outubro que andam a enviar para publicação as compras que vão fazendo para fazer a festa de Natal. Como são poucos, falta quem ligue as luzes de Natal, monte todo o circo, pense e dê vida às ideias dos colaboradores incumbidos de montar todo o evento natalício.
   Como nesta época do ano os dias têm menos luz solar, a noite chega mais cedo e é muito bonito andar pelas ruas com tantas luzinhas a piscar. A entrada da nossa aldeia está toda iluminada, com a Senhora dos Caminhos em destaque, não precisava de tantas luzes, porque as árvores estão iluminadas e o recinto deixou de estar às escuras como sempre está no resto do ano. Aqui há a luz que não existe  
nas ruas da aldeia que, por falta de não sei de quê, não mereceram ficar enfeitadas, por razões que desconheço e alguém sabe porque enfeitam a entrada da aldeia, a Torre do Relógio e a Sede da autarquia. A magia das luzes de Natal nas ruas deixam as pessoas mais alegres, mais convidativas a sair de casa.
   Noutros tempos, para iluminar as igrejas, acendiam-se velas, enquanto cá fora, a escuridão escondia os rostos de quem por necessidade caminhava nas ruas. Com a chegada da luz eléctrica, tudo mudou, mas depois destes anos todos, talvez uns 52 anos, as ruas da aldeia continuam às escuras no Natal. Vivem e encolhem os ombros, aceitando e não resmungando, não perguntando, pensam que se a aldeia está às escuras, é porque ninguém as iluminou!
    A aldeia é a que os seus habitantes desejam que seja, é onde as pessoas vivem com o que têm.  Há que ganhar coragem de encarar a realidade e questionarem-se uns aos outros se alguma coisa podem fazer para mudar, mesmo que seja cada casa ficar iluminada durante este mês de Dezembro.


                    Luzes e música em Matosinhos:



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