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16.11.14

OS RUÍDOS QUE INCOMODAM E NÃO SE OUVEM

OS RUÍDOS QUE INCOMODAM E NÃO SE OUVEM

   O sobreequipamento, ou ampliação, do Parque Eólico de Penamacor 3B, fica localizado na freguesia de Malcata, concelho do Sabugal e da freguesia de Meimão, no concelho de Penamacor. Estas duas freguesias vizinhas e amigas estão actualmente rodeadas pelos moinhos eólicos. Dada a localização das duas aldeias, Malcata está muito mais próxima das torres eólicas que a população do Meimão. Tendo em conta que as 19 torres eólicas que actualmente constituem o parque eólico estão mais próximas  das habitações de Malcata, os moradores desta pataca aldeia beirã estão em polvorosa e a perder a paciência porque a empresa promotora do parque eólico quer instalar mais 6 torres eólicas, agora ainda mais perto da povoação.
E pelas notícias que me chegaram, as movimentações já começaram a sentir-se e os malcatanhos preparam-se para se oporem, cada vez mais, ao projecto do aumento do parque eólico.
   Os moradores de Malcata que se interessam e preocupam com a vida em comunidade, com a paisagem e o ambiente natural que rodeia a aldeia, que desejam continuar a viver uma vida calma e tranquila, estão a ficar indignados com o que se está a passar nos gabinetes da Agência Portuguesa do Ambiente, nos gabinetes da Câmara Municipal do Sabugal e também nos escritórios da Tecneira, através da sua Lestenergia que tanto quer expandir o negócio das energias renováveis.
   O Sobreequipamento em causa, dada a localização e a dimensão total do parque, obriga a que se faça uma Avaliação de Impacto Ambiental para obrigar a empresa a respeitar o ambiente, o ordenamento do território e que o projecto contribua para promover um desenvolvimento sustentável e equilibrado dos recursos naturais e contribua também para a qualidade de vida da população de Malcata.
   Palavras bonitas de escrever, mas que pelo que está a acontecer Malcata tem uma batalha para enfrentar. Ao contrário do que dizem e escrevem, as entidades públicas e os gabinetes de consultadoria parece que estão mais interessados em levar para a frente a continuação da destruição da paisagem e a degradação da qualidade de vida desta população humilde e muito resignada ao que os poderosos lhes mostram como a solução de um final de vida mais sereno e mais rentável. E é natural que assim pensem algumas pessoas que vivem em Malcata, pois a sua idade e a sua saúde já não lhes dá para recusar rendas que nunca sonharam receber. Mas não podemos esquecer a existência de outros cidadãos que nasceram nesta terra e escolheram livremente aqui viver. Contudo, são pessoas conscientes dos valores naturais e ambientais que rodeiam Malcata e também sabem os deveres e os direitos que têm, como os têm os outros portugueses.
   Ora, perante tamanha invasão dos territórios e da qualidade de vida os cidadãos de Malcata mostraram o seu desacordo quanto à obra da construção de mais seis torres eólicas.
   Começaram por ir ouvir os senhores espertos. Ouviram mas deram a sua opinião e assinaram para que se soubesse a real intenção das pessoas. Mas o inesperado aconteceu, pois a sua posição de considerarem negativo os efeitos na saúde das pessoas sobre  Ruído e a Paisagem, pura e simplesmente não foram considerados, porque não consideraram razões suficientes para parar o projecto.
   Ainda bem que há pessoas em Malcata que não se deixaram intimidar. Ainda bem que há pessoas em Malcata que duvidam dos estudos e dos resultados desses estudos que lhes falam como sendo bem feitos e sérios. Só quem não conhece os locais onde já instalaram as 19 torres eólicas e agora querem instalar mais seis, pode concluir que não há impactos negativos na saúde das pessoas, animais e aves e graves prejuízos no meio ambiente e na qualidade de vida das pessoas. Não acreditem, pois quem conhece Malcata sabe perfeitamente que nos estão a enganar e a deitar areia para os olhos. Mas porque tanto insistem em colocar mais eólicas onde já existe uma grande concentração? Porque não apresentam locais alternativos? Lá para Penamacor, mais próximo dos gabinetes da Lestenergia, não arranjam  terrenos para as lá colocarem? É que o Parque de Penamacor 3B está mesmo, mas mesmo instalado no limite do concelho de Penamacor, ficando a maioria das torres eólicas em terrenos do concelho do Sabugal. Ora esperto foi o autarca de Penamacor ao empurrar o parque para os limites do seu território, ali ao lado da Reserva Natural da Serra da Malcata. Mas porque existe um caminho em terra que separa este refúgio natural das torres invasoras, não desrespeita  a Rede Natura 2000, não viola as directivas comunitárias dos habitates do Lince Ibérico, do milhafre e do grifo. E se fossem pentear macacos?
   Quanto à necessidade de aumentar o actual parque eólico, pergunto se a instalação de 6 novas torres de 100m, é a única solução? Estudaram outras alternativas? Não sou perito na matéria, nem pouco mais ou menos, mas uma breve pesquisa pela internet deu para perceber que hoje em dia existem técnicas alternativas para o maior aproveitamento dos aerogeradores existentes num parque, por exemplo, recorrendo a baterias acumuladoras, modificação nas pás dos aerogeradores, etc. que permitem o sobreequipamento do parque eólico de penamacor sem a necessidade de construção de mais torres eólicas.
   A questão do ruído e da influência na saúde das pessoas também não podemos de nos interrogar sobre os estudos que fizeram ou que ainda vão fazer e que poderão continuar a fazer durante a exploração do parque. A verdade é que depois do mal feito, é mais difícil de o corrigir, pois já não há volta a dar e apenas se pode remediar.
   Os efeitos na saúde humana do ruído emitido pelos aerogeradores eólicos está devidamente estudado em Portugal? Já alguém se interessou em estudar a fundo os efeitos que estes ruídos podem provocar nas pessoas de Malcata, nos animais domésticos e nos animais selvagens que diariamente, dia e noite, têm que viver próximo do parque eólico? Dizer da boca para fora que a questão do ruído não se coloca, porque se fizeram medições em seis pontos estratégicos da povoação, só isso mesmo com apresentação de números, só isso não chega. Para começar, as medições foram efectuadas sem a presença das 6 novas torres eólicas. Ora é evidente que dessa forma os resultados só servem para registar os ruídos que se ouvem agora. Os valores reais do ruído só vão ser analisados após a instalação das 6 novas eólicas, apesar de tecnicamente poderem fazer projecções futuras. Mas que raio, depois de enterradas as eólicas, mesmo que sejam ruidosas e nefastas, mais complicado vai ser arranca-las e mandar o material para a sucata.
   Lá pela Dinamarca os autarcas decidiram não erguer mais torres eólicas até que o Governo apresente  estudos independentes sobre os efeitos na saúde das pessoas por causa do ruído das eólicas. Tudo começou porque os cidadãos dinamarqueses mostraram o seu descontentamento sobre os efeitos na saúde das pessoas.
   Em Portugal, porque é que o Governo, através dos Ministérios da Saúde e do Ambiente ,não patrocina um estudo transversal sobre os efeitos na saúde das torres eólicas?