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18.9.23

MALCATA PRECISA DE LIMPAR O QUE ESTA SUJO

 

   Espero que esta minha carta vos chegue à caixa do vosso correio cerebral. Eu fico bem, graças a Deus. Tenho a necessidade de desabafar convosco e espero ajudar a interpretar os acontecimentos que se passaram durante o mês de Agosto na nossa aldeia. Então lá vai:

   Muitas vezes quando uma festa corre mal, o povo procura encontrar uma espécie de válvula de escape para acabar com a insatisfação do povo. Noutras épocas e noutras terras o pau servia de arma de arremesso e varriam os impuros da sua terra. Mas para isso acontecer havia que primeiro encontrar o tal “bode”.
   É um pouco assim que eu descrevo o que se tem passado na aldeia onde nasci. Será que assim se consegue perceber as contas da festa? É um mordomo culpado de tudo?
Sim e a mordoma e o povo. E porquê o povo? E eu expondo: porquê a mordoma?
   Hoje estamos a acusar uma pessoa, amanhã estaremos a acusar outras pessoas, porque tem de haver sempre quem deve ser culpado de não ter chegado o dinheiro para pagar as despesas da festa. Encontrado o “bode expiatório” há que o condenar e depressa, não pode continuar sem castigo. E pensamos nós que se não for assim, mais aumenta a insatisfação e mais vingança pedimos. E com tanto ruído, acabamos a compreender mal o que se está a passar e ainda contribuímos para abrir mais a ferida, esquecendo-nos de que cada um de nós também tem a sua quota-parte da culpa e do estado a que se chegou. O mordomo que todos querem encontrar frente a frente acaba por ser o único que praticou os crimes, os abusos, os acordos com os fornecedores de bebidas, de espectáculos, de receber ofertas e deitá-las no mesmo saco preto e opaco.
Todos nós nos transformamos em juízes e rimos à farta uns com os outros daquele mordomo que já não tem uma casa na aldeia para se esconder e cheio de medo desaparece para longe da vista porque quer continuar a viver.
   É difícil provar a inocência e quanto mais tempo demorar a explicar, mais culpa as pessoas lhe atribuem. Eu interrogo-me porque deixaram o maquinista continuar a levar o comboio sozinho até esbarrar na última estação? Durante a viagem ainda alguns se mostraram insatisfeitos e na ausência de mudanças da linha, avisaram o maquinista que se ia esbarrar na última estação, mas a fé e o saber fazer, convenceu o maquinista que conseguia chegar ao destino e depois, direitinho para férias…Não foi assim que aconteceu e ainda hoje se desconhecem os verdadeiros motivos de faltar tanto dinheiro para pagar as contas da festa que bastava entrar o valor que havia a receber e pagavam a festa, porque a partir daí, seria só lucro. Estas foram as palavras que me lembro, de ter lido em Abril deste ano na página Mordomos 2023.
   E agora como vai a freguesia lavar a cara?
                                                        José Nunes Martins

5.8.16

PARA LÁ DA FESTA,HÁ MAIS VIDA EM MALCATA



 
As Festas da Malcata estão quase, quase a começar. De 8 a 14 de Agosto Malcata tem motivos para andar feliz e contente. A começar pelo futebol, depois os jogos tradicionais e uma Caça ao Tesouro, quem quiser e gostar vai à garraiada ao meio da tarde que se realiza no campo de futebol. E os eventos continuam com o torneio de petanca, a pesca à linha, enquanto as crianças se disfarçam com rostos de princesas e índios ou outros sonhos. Os jogos de cartas também vão fazer beber umas minis e a umas boas batidas em cima da mesa, dando sinais de boa vazada. Sem novidade é o baile e discoteca na Praça do Rossio, com início na sexta-feira e fim de festa na noite de domingo.
   Este ano, a Junta de Freguesia e a ACDM vai voltar a organizar a “Feira de Artesanato e Sabores”, vai na sua 3ª edição e promete ser mais um êxito.
   Vão ser dias de muita euforia, muita animação. Talvez os assuntos menos agradáveis sejam esquecidos e muitos problemas sejam deixados para trás, apesar de sérios e importantes para a vida da comunidade.
   A semana das Festas da Malcata vão servir de cortina de fumo e vão ajudar a esconder a dimensão de alguns problemas com que os malcatenhos estão confrontados. A Festa, o futuro da Festa de Malcata é um desses problemas. Nestes dois últimos anos, por falta de acordo entre as partes, as Festas de Malcata e a Fábrica da Igreja organizam a programação festiva cada qual por si, separadamente, ou seja, as cerimónias religiosas estão a cargo da paróquia e a programação … passa a ser da inteira responsabilidade da comissão das Festas da Malcata.
   Esta falta de acordo e de coordenação esconde desacordos muito mais profundos e sérios que as pessoas mais humildes podem pensar. São conflitos de mentalidades, são conceitos de organização e de hierarquia de valores que estão na base desta diferente forma de festejar. Pelo segundo ano consecutivo Malcata festeja e ao mesmo tempo há quem não viva a alegria da festa. Uns porque defendem o novo figurino da festa e reclamam para os mordomos todas as responsabilidades e todas as decisões relativas ao programa das festas. Outros porque viveram as festas como os seus antepassados, ou seja, em sintonia com as suas crenças religiosas e cuja centralidade dos festejos estava nas cerimónias religiosas. Nelas depositavam os melhores momentos e todos os outros eventos que venham a acontecer, desde que corram bem e o povo goste, transformam a festa numa grande festa e deixa alma e corpo feliz.
   Quando a festa acabar a aldeia regressará à sua normalidade e quem sabe, as pessoas arranjem tempo para debater publicamente as festas de Malcata. Sugiro que organizem um debate público, onde com ordem e educação todos tenham oportunidade de expor as suas ideias, ouvir as ideias dos outros, aproveitar para apresentar sugestões pensadas e orientadas para o bem de toda a comunidade que vive na nossa aldeia, respeitando sempre, os seus usos, costumes e tradições. Se assim acontecer, as festas de Malcata ressurgirão com mais alegria, com mais harmonia e continuarão a ser o grande momento festejado por todos os malcatenhos e que uns dias de Agosto os une na sua terra natal.
   Aos malcatenhos e a quem os acompanha, bem como todos os que nos visitam nesta altura do ano,
bem-vindos a Malcata.


4.3.16

AS FESTAS DE MALCATA

Cartazes das Festas em Malcata

  AS FESTAS DE MALCATA
 As Festas de Malcata ainda estão a uns meses de se realizar. Os últimos anos trouxeram muitas mudanças e actualmente, são bem diferentes o que não quer dizer que o povo deixou de participar e de se divertir. Mas que estão diferentes isso é reconhecido por toda a gente. Estão mais sofisticadas, mais animadas e talvez menos sentidas religiosamente. Penso que estão a desaparecer alguns valores tradicionais, culturais e religiosos.
  Quanto às Festas de Malcata, no meu entender, têm a sua tradição e o seu valor cultural e até patrimonial um pouco comprometido e parte disto devia ser considerado no plano de acção da Junta de Freguesia, da actual e das que se seguirem.
   Considero que a Junta de Freguesia de Malcata devia ser a responsável pela elaboração e organização das Festas de Malcata, com o desejado cuidado de preservar e garantir a sustentabilidade das festas, das suas tradições e demais referências festivas e culturais, mediante um processo de valorização, renovando, animando, melhorando os recursos festivos e culturais, não só para os malcatenhos, mas também para todos os que nessa altura nos visitam.

18.8.15

TUDO TEM UMA PRIMEIRA VEZ

A festa acabou e a porta fechou
 

Foi com alguma espectativa que este ano fui à festa de Malcata. A novidade era a separação da festa religiosa e a festa pagã. Toda a gente sabia que os mordomos e a igreja não tinham chegado a um acordo e que este ano as coisas seriam mesmo organizadas separadamente.
   As cerimónias religiosas tiveram lugar no domingo, 9 de Agosto, com Missa Solene e depois a procissão dos santos. As cerimónias tiveram início às 10 horas com a celebração da Eucaristia celebrada pelo pároco, padre Eduardo. O grupo coral dirigido pelo Rui Chamusco, que também tocou órgão, acompanhado pela jovem violinista------,filha de Isabel Varandas. Este ano registo a ausência da banda da música a quem era atribuída a responsabilidade de animar a Missa e depois a procissão. Pela mesma razão de ausência, a procissão decorreu sem música, mas animada pelo padre Eduardo. Também saíram menos andores do que é habitual, pois foram três os santos que deram a volta ao povo, a saber: Senhora da Conceição, Sagrado Coração de Jesus e o de São Barnabé.
   Os festejos paralelos, ou seja, a festa organizada pelos mordomos da festa “Malcata 2015” decorreram um pouco por toda a aldeia, com bastante participação popular. Notei que o cartaz da divulgação da festa deste ano destacava o título “Malcata 2015” e seu respectivo programa para cada dia. E este ano foi assim: houve pessoas que participaram na festa em honra a São Barnabé e outras pessoas que escolheram apenas participar nos festejos populares dos jogos, garraiada, artesanato e eventos musicais, sem esquecer o habitual Ramo da festa. Enquanto decorreu o Ramo, ouviu-se Banda da Musica de Carvalhal Redondo, que chegou à nossa aldeia às 14 horas, para uma actuação que terminou às seis da tarde. Sempre animou o pessoal que se juntou na Praça do Rossio e o mesmo aconteceu com as danças e cantares do grupo de folclore vindo de Amarante. É claro que às noites houve animação musical e à medida que o dia da festa se ia aproximando, a qualidade dos grupos musicais também ia aumentando.
   Ora então tivemos este ano uma festa um pouco diferente, com cada uma das partes a trabalhar para que as coisas corressem bem. E para bem de todos, assim aconteceu.
   Como sabem a festa de Malcata sempre foram um acontecimento agregador para os malcatenhos e nesta altura do ano muitos naturais de Malcata, mesmo os que durante o ano não residem na terra, aproveitam essa data para regressarem e rever a família, os amigos e participar nos festejos.
   Esta festa deu trabalho a preparar e tenho a certeza que as duas partes colocaram o seu melhor e alegria para que o povo vivesse bem estes dias. Parabéns porque alcançaram esse objectivo.
   A festa acabou.
   E que opinião tem cada malcatenho acerca da festa deste ano?
   A festa de Malcata vai continuar a ser realizada com duas partes, a religiosa e a profana, ou voltamos ao modelo mais tradicional?
   Qual o verdadeiro sentido da festa de Agosto em Malcata?
   A festa chegou ao ponto em que está porque as pessoas assim o quiseram. Não julgo ninguém mas tenho a minha opinião e respeito a dos outros.
  
   

18.10.14

OS MORDOMOS

   

Durante as festas de Malcata, José Manuel já tinha dado a entender que ia propor o Jorge para ser mordomo. E não é que o senhor prior ao anunciar os novos mordomos falou no Jorge!       Todos os novos mordomos foram saudados com uma forte salva de palmas. Logo depois da missa, o grupo dos novos mordomos reuniram no adro e contentes abraçaram-se e gritaram em uníssono: somos mordomos! Viva Malcata! Viva a Sra.dos Caminhos!
   Todos juntos iriam fazer uma festa em grande, pois ideias não iriam faltar, nem uma enorme vontade de trabalhar. Seria uma festa religiosa e profana que ficaria na memória de todos na aldeia, essa era a grande vontade do Jorge.
   E depois de receberem os parabéns de amigos e familiares, bem como de muitos desconhecidos, lá foram em grupo pela rua acima. Que alegres eles partiram…...de repente toca o despertador do rádio-relógio. Abri o olho direito e eram as 6H30 da manhã. Ufa, mas afinal onde me encontro eu? Que raio de sonho!


14.10.14

FESTA SEM PESSOAS NÃO É FESTA

Procissão dos Santos

   A verdade é que as coisas não vão nada bem entre os mordomos para a festa de 2015 e o padre Eduardo. Este ano caíram mal algumas ideias do pároco e a comissão de mordomos deste ano, e bem, conseguiu ultrapassar as situações e a festa realizou-se sem problemas.
   Ser mordomo(a) é servir e trabalhar honradamente para louvar a Deus e alegrar o povo da nossa aldeia. Até este ano, as festas de Malcata têm coabitado com o religioso e o profano. O ponto alto da festa é a Missa Solene, depois da procissão com todos os Santos da igreja Matriz, ou quase todos. Pessoalmente tenho a testemunhar que estes últimos anos, por exemplo, as procissões, reina uma pequena desorganização e falta de ordem por algumas pessoas que participam nestas cerimónias religiosas. Mas, todos também sabemos que não é com vinagre que se caçam moscas!
   Caiu mal aquela ideia de arranjar espaço dentro da igreja, mmesmo que para isso se levem os andores para o adro da igreja, enquanto se celebra a Missa Solene. As pessoas não entenderam essa ideia, apesar de noutras terras isso ser até uma tradição, bem como noutras se mudou a forma de levar os andores, que de um ano para o outro os tractores substituíram os braços e os ombros humanos. Claro, uns gostaram e outros detestaram!
   A festa é tempo de alegria, tempo de partilha, tempo de orar e de diversão. As tradições têm que se manter, mas também é importante ter presente que até este ano, a festa de Malcata tem um carácter religioso e profano e sempre se soube organizar uma festa onde todos participam. E as festas religiosas/profanas têm como finalidade "promover o louvor a Deus e o exemplo e a intercessão dos Santos, aprofundar a comunhão das pessoas entre si e as relações sociais, concorrendo também para isso as actividades culturais e o são divertimento". É isto o que nos diz no Regulamento das Festas Religiosas e que a Diocese da Guarda quer que se pratique.
   Todos somos importantes, somos tão senhores da nossa verdade e de tudo, que gerimos tudo tão de acordo com os nossos preconceitos e o nosso conforto, que em grande parte dos momentos da nossa vida, nos esquecemos que trazemos Deus no nosso coração. Vamos simplificar as coisas, vamos simplificar a festa, o encontro de gerações e de tradições abrindo o coração aos outros e deixar de sermos o centro do mundo. A culpa não está na lei ou regulamento. A culpa não é só do padre Eduardo, está também em cada um de nós.
   O bem deve prevalecer sobre o mal. A comunhão deve prevalecer sobre a divisão, o rancor e o ódio.
   No passado dia 26 de Setembro realizou-se uma reunião com todas as comissões de mordomos das paróquias que o padre Eduardo tem a seu cargo. Nessa reunião esteve também D.Manuel Felício, Bispo da Diocese e o Padre Eduardo. O tema foi sobre as festas e o regulamento que a Diocese tem em vigor e a que chamou "Regulamento das Festas".
   A Comissão de Mordomos .de Malcata decidiu não aceitar as regras da Diocese e sendo assim e segundo o tal regulamento das festas religiosas/profanas, não terão qualquer celebração religiosa no 2ºDomingo de Agosto, ficando a igreja com a incumbência de oportunamente realizar as cerimónias religiosas.
   Queira Deus que eu me engane, mas sem querer ser pessimista, não antevejo nada de bom para a festa do próximo ano. E deixo estas perguntas: porquê a festa civil no 2ºDomingo de Agosto e não no 1ºDomingo, ou no 3º ? A tradição sempre foi uma festa religiosa/profana, o dinheiro sobrante da festa sempre foi
bem dividido e porque não continuar assim ?
   Penso que ainda há tempo para enterrar o machado de guerra e tudo voltar à normalidade, mesmo que isso implique cedências mútuas e perdão sem rancor.
   P.S. : endereço os parabéns a todos quantos já foram mordomos das festas de Malcata.

9.10.14

ESCLARECIMENTOS SOBRE A FESTA DE MALCATA

Alguns esclarecimentos dos mordomos sobre as festas de Malcata deste ano:
"Agora que há muitos ressentimentos e incertezas ligados aos anúncios do padre, e para completar o que foi dito na igreja e para ser o mais transparente possível, decidimos fazer um comunicado sobre a atribuição dos fundos.
Primeiro façamos um ponto da situação. A festa foi integralmente financiada pelos habitantes de Malcata. Hoje, a maioria dos fundos (75%) provêm de França e maioritariamente de pessoas com idades entre os 45 e os 70 anos. Por outro lado, mesmo se há algumas pessoas entre 30 e 45 anos para quem a festa tem importância. Infelizmente, podemos constatar que uma vez que as pessoas entre os 45 e 70 anos tenham partido, a maioria do financiamento estará perdido.
Além do mais, ficamos admirados por ver que havia muito poucas coisas nos locais destinados à festa (pouca loiça, falta de arranjo, falta de ferramentas, de instalações elétricas…).
Isto leva-nos a uma constante, se o financiamento e a organização da festa não mudarem, daqui a alguns anos não haverá fundos para o seu financiamento.
Foi partindo desta constante que organizamos a festa de 2014. Tivemos por ambição três coisas:
·         Abranger todas as idades
Atividades propostas para todas as idades
Passagens pelo Lar sempre que possível
Criação de um site facebook dedicado à festa, utilização das redes sociais
·         Sustentar a festa
Compra e recuperação de materiais de decoração que fiquem para o futuro
Criação de um quadro elétrico que fique para o futuro
Compra e recuperação de ferramentas que fiquem para o futuro
Compra e recuperação de loiça que fique para o futuro
Recuperação de numerosos materiais elétricos que fiquem para o futuro
Criação de um lavatório que fique para o futuro
Substituição de balcões do bar
Procura de patrocinadores (doação em dinheiro ou em material)
Procura de novos modos de financiamento
Criação de um dossier completo sobre a nossa festa (contabilidade detalhada, inventário, moradas úteis, contatos úteis, ...) entregue aos próximos membros da comissão de festas de 2015
·         Ser digno e respeitador do dinheiro dado pelos habitantes de Malcata
Nenhuma das nossas refeições foi paga com o dinheiro da comissão de festas
Todos os km percorridos em França foram feitos voluntariamente (mais de 8.000 km) sem pagamento de gasolina com dinheiro da festa
Investimento dos mordomos
Respeito da palavra dos habitantes na escolha de não dar nada à igreja para além dos santos comprados para o presépio de natal
Doação ao Lar ou à Associação dos excedentes de bebidas
A festa de 2014 custou cerca de 37.500 €
Uma vez pagas todas as faturas, beneficiamos de cerca de 2.650 € (em relação ao ano passado em que recebemos 1.230 €)
Decidimos repartir o dinheiro da seguinte maneira:
·         1.000 € dada à Junta de Freguesia de Malcata, unicamente para a compra das casas atualmente utilizadas para a festa
·         O restante será integralmente dado aos organizadores da festa 2015

A compra e a renovação destas casas é um meio eficaz de manter a festa e é uma coisa que nos é querida. Se a compra destas casas não se faz por este preço, será então em benefício dos mordomos de 2015 ".

Este esclarecimento foi retirado da página que a comissão de festas de 2014 teve e tem ainda, no Facebook, cujo link é este:
https://www.facebook.com/malcata.malcata?fref=nf

21.9.14

OS PREÇOS DA FESTA







  A festa de Malcata tem que ser forte e melhor que a do ano anterior. E festa não é festa sem banda de música, sem  procissão seguida de Missa Solene, Ramo e bailarico.
   Todos os anos os mordomos querem superar a comissão do ano passado. Para isso procuram apresentar programas diferentes, com realizações surpresa e não se poupam em realizar peditórios rua a rua, porta a porta, seja na aldeia ou nos arredores de Paris.
   O mês de Agosto ainda é o mês em que os emigrantes vêm à festa da sua terra. Eles vivem e trabalham lá longe, mas a vinda a Malcata, só o fazem com a condição que no segundo domingo de Agosto, haja festa.
   Hoje ser mordomo é uma demonstração de maturidade, de vitória e também de algum poder. Qualquer mordomia sabe que a participação dos emigrantes nas comissões de festas, pode significar o êxito da festa que vai organizar. E os emigrantes também sabem que é assim mesmo, sem a participação deles, a festa não tem dimensão e espectacularidade para encher o olho às pessoas.
   É por isso, pela importância que têm, que os emigrantes vêm todos os anos à festa.
   Mas, já alguém se perguntou qual o preço da festa de Malcata? E o programa da festa como é pensado? A componente religiosa não há muito a pensar, pois todos os anos se repete o mesmo. No Domingo da festa, antes da Missa Solene, sai a procissão com os santos da igreja. Cada um vai no seu andor e cada andor é levado com devoção e como testemunho público da religiosidade e fé cristã.
   Mas será que as pessoas vêm à festa só pela procissão e pela missa? Vêm de tão distante para durante uma semana mostrarem que ainda são religiosos, que vão à igreja e vivem os valores cristãos?
   Quanto aos emigrantes podemos distinguir dois grupos: aqueles que foram para França nos anos 60 e 70 e aqueles que lá nasceram ou chegaram nos anos 80 e 90. Os emigrantes do primeiro grupo são constituídos por pessoas que partiram para França para ganhar dinheiro, muito mais dinheiro. Partiram e voltam sempre. Não abandonaram a aldeia, simplesmente sentiram necessidade de partir em busca de melhor vida, uns até foram para fugir à chamada para a guerra colonial e ao regime político então em vigor.
   Outras razões e outras formas de ver a vida tiveram aqueles que partiram nos anos 80 e 90. Vivem em França, têm as suas próprias moradias, ao contrário dos seus pais ou familiares, que habitaram nos bairros de lata que rodeavam Paris. Muitos já têm filhos e casaram com pessoas francesas ou portuguesas, mas nascidas noutras terras que não Malcata. E por França irão permanecer até que os filhos terminem os estudos e acabem por lá ficar a trabalhar.
   É deste segundo grupo que agora estão a sair os mordomos. A festa serve, então, para deixar pais e mães cheias de orgulho e é um testemunho da passagem das tradições e costumes que noutros tempos também os seus avós partilharam.
   A festa de Malcata sempre teve cariz religioso, aliado a outras manifestações populares, como sejam os bailes, as bandas de música, as animações de rua, os jogos tradicionais e nestes últimos anos acaba com lanche/jantar de porco para todo o povo.
   Alguém imagina como era a vida em Malcata há 30 ou 40 anos? Estamos a recuar até 1974…1994! Lembram-se das queixas das pessoas quando a luz eléctrica ia abaixo? E o tempo era preciso esperar até os electricistas chegavam do Sabugal a Malcata, para abrirem a cabine da luz, na Fonte Velha e com um simples fio de cobre bem colocado no porta fusíveis voltava a música, as luzes do arraial e os conjuntos reiniciavam as actuações. Parece muito estranho, mas não aconteceu assim há tantos anos. Hoje graças ao reforço da rede eléctrica, essas situações são raras e no Rossio há electricidade para aguentar qualquer aparelhagem de som.
   Hoje como no passado, a festa continua a ser festa e o povo é disso que gosta. E hoje como no passado, ainda não houve mordomia que apresentasse as contas em suporte escrito ou digital, indo para além do aviso feito pelo pároco da nossa comunidade. Até quando?

14.9.14

MALCATA 2014 - A FESTA




Há certos acontecimentos nas nossas vidas que, por serem demasiado marcantes, devem servir de exemplo e de reflexão para todos e cada um de nós.
   As Festas de verão em Malcata é um desses casos. Trata-se de um acontecimento que pela sua importância e o impacto que causa nas pessoas, ficam a fazer parte da história de Malcata.
   Tenho a certeza que já ocorreram factos durante as Festas de Malcata que marcaram quem os protagonizou e aqueles que assistiram ao seu desenvolvimento. Já sabemos, que até à década de sessenta, as festas tinham lugar na igreja e no adro. E no ano em que os mordomos decidiram mudar para o Rossio, padre e alguns paroquianos, não ficaram agradados e terá havido ali alguns desentendimentos de parte a parte.
   Há uns anos atrás, lembro-me das conversas dos mordomos acerca dos bailes e dos conjuntos de música e da recomendação que o padre Lourenço lhes fazia: os bailaricos e tudo o que não fosse de caracter religioso só podia começar no fim das pregações na igreja. Os mordomos cumpriam essa ordem do padre e o povo também acatava, apesar de alguns não gostarem lá muito, pois, muitas vezes, as cerimónias demoravam mais tempo do que o previsto e o recinto das festas estava sem ninguém, o bar não fazia dinheiro, etc.etc.
   Para que não fique dúvida nenhuma, desejo aqui deixar bem claro que este meu apontamento não visa, de forma nenhuma, atingir, maliciosa ou injustamente, o pároco actual, o Pe.Eduardo. Não é meu propósito denegrir quem quer que seja, mesmo que supostamente pudessem haver razões para tanto. O meu objectivo é tão somente levar as pessoas de Malcata, incluindo os mordomos, a uma reflexão sobre as Festas de Malcata.
   A verdade é que o senhor padre este ano tomou algumas atitudes menos correctas. Foi um erro, mas que lhe pode custar caro e que ele começou já a pagar ao ser desprezado por alguns mordomos e outras pessoas do povo. Dirão que essas pessoas que confrontaram o padre Eduardo não têm esse direito e deviam seguir o que ele lhes dizia para fazer, que a festa é da igreja, que quem manda na igreja é o padre, etc.,etc. Sejamos razoáveis e coloquemo-nos cada qual no seu lugar. Conta-se que na véspera da festa, portanto no sábado, o padre apareceu na igreja e falou com os mordomos dando indicações acerca da organização da procissão com os santos e na forma ordenada que os participantes deveriam ter em conta, ou seja, participarem na procissão caminhando em duas filas, uma de cada lado da rua, em silêncio e não junto aos andores. Outra indicação que receberam os mordomos nesse mesmo momento terá sido um pedido também feito pelo senhor padre que consistia em colocar os santos no adro da igreja enquanto decorreria a Missa Solene, obtendo mais espaço no interior do templo para permitir que mais pessoas entrassem para participar nas cerimónias. Ora este movimentar dos andores nunca se faz em Malcata e foi difícil ouvir e acatar essa ideia do padre. Se o ambiente estava crispado, piorou quando os mordomos ouviram as palavras do padre dando a entender que os santos que estavam nos andores não eram mais do que umas estátuas de madeira. Caiu o Carmo e a Trindade, entornou-se o caldo por completo. E parece que para ajudar à “missa” alguns elementos da Fábrica da Igreja apoiavam a atitude do padre Eduardo. Lá se entenderam, ou pelo que sei, os santos participaram, como sempre participaram. Ninguém os retirou da igreja para o adro, a igreja e o adro encheram-se de pessoas.

   Estamos no século XXI, dizem que vivemos num regime democrático e livre. Voltando, por instantes, aos anos 50 e 60, época da ditadura. Na nossa aldeia e nas outras, para além da ditadura, a Igreja tinha um peso enorme e isso sentia-se nas pessoas. Muitas vezes, os padres ditavam ordens, em forma de avisos, muitas vezes no final das missas dominicais, que as pessoas eram forçadas a acatar. E caso não o fizessem, eram apontadas como “rebeldes” e poderiam vir a sofrer severas penalizações impostas pelo regime político que detinha o poder e aquelas ameaças de irem para o inferno, caso desobedecessem. Viviam num ambiente do “mando, posso e quero”.
   Os mais velhos recordam que, salvo raras excepções, a Igreja Católica portuguesa, no tempo do Cardeal Cerejeira, amigo de Salazar, andava de mãos dadas com o seu Governo. Por isso, nada de surpreendente, o facto de alguns padres terem praticado excessos, cometeram certos abusos. E em Malcata, onde a maioria trabalhava na agricultura e vivia dela. Sabe Deus como, porque as dificuldades eram muitas e o trabalho era mais manual, mais à custa da força humana.
   Mas a verdade é que, apesar de pobres e por vezes passando menos bem, o povo de Malcata sempre gostou de festejos. Malcata era um povo pobre, mas alegre. Podiam as pessoas sentir-se cansadas do trabalho nos campos e mal comidas, mas as festas tinham que ser feitas. À festa de verão, novos, velhos e as crianças, não podiam faltar.
   Nesses tempos, a festa da aldeia era algo de muito importante. Hoje é difícil explicar esse sentimento aos mais novos. Apesar deles ainda virem a Malcata por altura da festa, antigamente era o maior encontro do povo. Era quase uma “obrigação” dos malcatanhos que vivem fora de Malcata virem à terra para marcar presença na festa. Tal como no passado, também hoje todos se divertem e confraternizam com os amigos e família. Ainda continua a ser o evento que mais gente traz à aldeia. No passado, vinha mais gente das aldeias mais próximas como aquelas que vinham do Meimão, das Alagoas ou da Aldeia de Santo António. Todos procuravam a diversão e conviviam uns com os outros. Reparem que nessa época as diversões eram poucas, a televisão ainda era a preto e branco e Malcata só teve luz eléctrica a partir de 1965.
   Voltando às festas de Malcata, depois da mudança do adro da igreja para o Rossio, dado o êxito obtido, os mordomos não arrepiaram caminho e o adro ficou completamente apagado das festas.  Apesar da oposição de alguns e dos avisos do Pe.Lourenço para que houvesse respeito pelas cerimónias religiosas e a constante chamada de atenção aos mordomos para que a festa no Rossio só tivesse início depois das pregações, os festejos ainda hoje lá continuam.
   Escusado será dizer que a festa deste ano correu bem. O dia amanheceu, houve a tradicional procissão com os santos à volta do povo, celebrou-se a Missa Solene e a tarde foi animada pelo Ramo, Banda de Música e à noite baile animado.

8.9.14

A FESTA DO VERÃO


A “Festa Grande” é a principal festa de Malcata. Escrevo este texto depois desta se ter realizado. Para  mim e para muitos malcatanhos e muitas outras pessoas, emigrantes em França ou noutro país qualquer e imigrantes numa qualquer região portuguesa, participar nesta Festa Grande tornou-se num ritual e num dos momentos mais esperados por todos.
É uma festa que já se realiza há muitos anos e eu tenho o orgulho de pertencer a uma das famílias que durante anos, aceitaram a missão de organizar a Festa Grande de Malcata.
Desde 1959 que o relógio da torre marca o tempo, ali na Praça do Rossio ou na Torrinha, como também é conhecida. Os ponteiros por vezes imobilizam-se e até que se arranje a avaria, o povo de Malcata deixa de ouvir o badalar das horas e mesmo vendo que as horas no relógio não passam, o Tempo corre e não volta para trás. O nosso mundo continua a movimentar-se e passam as horas e os anos e todos ficam mais velhos. O mundo está sempre em mudança, incluindo festas e mordomos. Mas a vida continua e as festas também.

José Rei, nosso conterrâneo, filho de gente séria e humilde, dotado de rara inteligência e com conhecimentos de história, deixou-nos um testemunho escrito sobre a Festa Grande de Malcata, a festa do mês de Agosto como muitos lhe chamam também. Para ajudar a compreender o presente, conhecer o passado e o modo como os nossos antepassados  viviam a Festa é necessário recuarmos no tempo das nossas memórias e dessa forma ficamos mais informados para compreender as festas de hoje.

No seu livro, Malcata e a Serra, José Rei escreve assim acerca da Festa Grande de Malcata:

“Actualmente…entende-se a Festa como dos emigrantes. Ainda que a festividade mantenha uma componente religiosa, a vertente profana é, sem dúvida, muito mais expressiva. É o momento e pretexto para regressar à Terra e reencontrar amigos e familiares. Constitui um ponto de referência para a marcação das férias daqueles que trabalham e vivem nas grandes cidades ou noutros países.
Até às alterações introduzidas pela emigração, a Festa assumia um papel cimeiro nas manifestações da religiosidade e da vivência profana. Era também o momento certo para mostrar as roupas novas. A premência de estrear roupas era tal que muitas raparigas mostravam uma roupa nas cerimónias religiosas, outra no baile da tarde e uma terceira no baile da noite. Muitos rapazes não dormiam na noite anterior. Tinham por hábito esperar acordados a chegada da Música. Porque só havia música no dia da Festa, a sua chegada era aguardada por todos com grande ansiedade, sendo por isso a sua chegada anunciada com o rebentamento de três foguetes morteiros ( cada um só com uma bomba ). E seguia-se a alvorada, momento de especial encanto, em que eram lançados centenas de foguetes de diversos tipos. A Alvorada determinava desde logo a qualidade da festa. Fogo forte e abundante  era garantia de festa valente. Terminada a alvorada, a Música começava a tocar em passo marcado, pelas ruas da aldeia, parando em casa dos mordomos, onde lhes eram servidas bebidas e petiscos, doces e salgados. Enquanto estrelejavam foguetes no ar…À frente da Música seguiam os mordomos e o fogueteiro. A comitiva integrava também os miúdos e alguns moços com canas de foguetes já apanhadas nos campos . Abundava o fumo e o barulho, misturados com a azáfama própria e o som melodioso da música”.
José Rei, retirado do livro "Malcata e a Serra"

Continua...


TESTEMUNHOS SOBRE A FESTA



   Ainda sobre a festa deste ano e para que haja um pouco mais de compreensão de todos, considero importante dar a conhecer dois testemunhos. O primeiro é escrito por um dos mordomos da comissão de festas deste ano, Gael Metayer. O segundo foi escrito por Evelyne Martins, mordoma para 2015, que será em honra da Senhora dos Caminhos. Ambos os testemunhos foram copiados do Facebook e penso que  é importante divulgá-los :

Gael Metayer:" Não sendo de Malcata, não queria preocupar-me. Mas tendo feito parte dos organizadores da Festa deste ano, e quando vejo a dimensão deste facto, tenho que me exprimir. O padre não tem direito sobre o dinheiro da festa para além do que os mordomos queiram dar-lhe. Para que toda a gente esteja ao corrente pagámos as imagens do presépio de Natal no valor de 556€. Esta decisão e este pagamento são muito anteriores a todas estas histórias actuais ( Novembro de 2013 ). Nós não demos rigorosamente mais e por duas razões. Primeiro, o padre começou a "matraquear-nos" três semanas antes da Festa com estas alterações e com uma série de coisas que nos disse. A segunda razão é o  respeito pela palavra da maioria dos habitantes que nos pediam para nada lhe dar, e isto é o que mais conta. Para terminar, diria que é tempo de apaziguar o debate. É preciso ser construtivo! Se nós nos tivéssemos encarregado da festa do ano passado neste clima, que poderíamos ter feito este ano???
É preciso confiar nos mordomos para 2015 porque agora é a sua vez de gerir e são eles os representantes de Malcata. E sobretudo, sobretudo, é necessário continuar a apoiá-los e não boicotar a festa do ano que vem. Sandrine, sois todos bem vindos a casa e será com prazer que contribuirei para a vossa festa e penso, sinceramente, que é o que nós todos deveríamos fazer. Mais uma vez, confiança e apoio aos mordomos de 2015".



Evelyne Matins:"Tenho pena das proporções que isto leva. Não estamos aqui para nos dividir mas, pelo contrário, para nos apoiar. A Festa de Malcata é a altura do ano em que todos nós nos podemos reencontrar, quer estejamos em França, em Portugal, na Madeira, no Canadá, na Suiça...
Reencontrar os nossos familiares, os nossos amigos. É um momento de partilha e de alegria e todos nos sentimos felizes por nela participar. Como Sandrine e Michel, somos mordomos para 2015 e sentimo-nos orgulhosos de tal! O nosso desejo, é perpectuar as tradições. O meu pai tinha tanto apego a isso que nos fez crescer partilhando este orgulho de ser malcatanho, de participar nesta festa. Para os emigrantes, é a concretização de um ano passado ,longe dos seus, da nossa casa e da nossa terra...
Faremos a nossa festa de Nossa Senhora dos Caminhos 2015, aonteça o que acontecer, tentando respeitar ao máximo as nossas tradições, os nossos valores.Peço-vos apenas para não a boicotar e para nos apoiar. A nossa vontade é continuar a mantê-la viva. Emigrantes ou residentes de Malcata, fazemos todos parte da mesma aldeia, contribuímos todos para a economia e a evolução da nossa aldeia e temos todos uma palavra a dizer. Não é um padre que nos vai dividir e tudo mudar. Nós, nós somos todos malcatanhos, é a nossa aldeia, compete-nos a todos unir-nos, para continuar".



4.9.14

HÁ FESTA SEM MORDOMOS?

 

As festas religiosas são para manter, para promover e para estimular. As festas religiosas são uma forma de os fiéis mostrarem publicamente a sua fé, quando esta é autêntica e verdadeira.
   Um dos objectivos fundamentais das festas religiosas é festejar com Deus e os Santos e com as pessoas da nossa comunidade paroquial.
   Estas são as razões da realização das festas religiosas em Malcata. Claro que para além destas razões as festas de Agosto em Malcata são uma ocasião privilegiada para as pessoas se encontrarem, as famílias se reunirem, de acolher os amigos e visitantes. É a oportunidade que temos para promover a fraternidade, a união, a alegria e a nossa aldeia.
   Para haver festa é necessário pessoas que a organizem, que trabalhem e se empenham para que as actividades corram todas bem e que sejam do agrado da maioria. Os mordomos devem sentir-se como colaboradores escolhidos e estarem ao serviço da comunidade paroquial, sabendo que estão a desempenhar uma missão que lhes foi confiada.
   Está claro que o principal objectivo das festas religiosas de Malcata, sejam em honra de que santo ou santa for, é louvar a Deus, agradecer a Deus a vida, o bem, a sã alegria, a fraternidade, a união, a confraternização de todos quantos participam na festa.
   Quem pode ser mordomo?
   Com que critérios se escolhem os mordomos?
   Qualquer pessoa pode ser mordomo?
 
   Na nossa aldeia, há uns anos atrás, os mordomos durante muitos anos foram sempre as mesmas pessoas. Havia duas comissões de festas: os mordomos da Senhora do Rosário e os mordomos do Sagrado Coração de Jesus. Com a evolução dos tempos e como a idade destas pessoas nunca parou no tempo, vieram lentamente novos elementos. Ao mesmo tempo, a sociedade também sofreu mudanças importantes, a democracia instalou-se no nosso país e as mudanças também chegaram a Malcata e alteraram o modo de organizar as festas religiosas. No meu entender, a religiosidade foi absorvida pela profanidade e outras realizações e eventos festivos.
   E agora como são nomeados os mordomos? Pelo que sei, a comissão deste ano, por exemplo, nomeou a lista de pessoas para as festas de S.Domingos, seguindo a tradição dos últimos anos.
   Mas algo se passou na véspera da grande festa e ainda falta esclarecer muita coisa.
   A responsabilidade das mordomias tem abrangido todos os aspectos da festa: os religiosos e os profanos. Para evitar, a tempo, as confusões que aconteceram e os mal entendidos, será que se realizaram previamente reuniões preparatórias com o padre, com a Fábrica da Igreja e a comissão de mordomos? É que nessas reuniões acertariam toda a programação da festa e assim as actividades decorreriam normalmente. Eu acredito que se tenham reunido. Já não digo é que todos tenham apresentado claramente as suas ideias quanto às festas e ao seu futuro.
   Nos tempos que correm, disponibilizar-se para organizar uma festa, trabalhar um ou dois anos sem ganhar, ser mal compreendido, não é nada fácil. Aos mordomos o que lhes custa mais é a falta de reconhecimento por parte da comunidade e dos seus pastores, mesmo que tenham dado o seu melhor.
   E como vão ser as festas de Malcata no futuro próximo?
   Criar uma Comissão de Festas, fixa, com prémio indexado ao lucro obtido?
   Envolver a Junta de Freguesia na organização da festa ( parte não religiosa ) e a Fábrica da Igreja organizar a componente religiosa?
   Que outras sugestões?

Nota: Por motivos profissionais não estive nas festas deste ano.
          Um louvor e um agradecimento a todas as mulheres e homens que fizeram parte da Comissão
           das festas em honra do Sagrado Coração de Jesus.

2.9.14

AS FESTA DOS SANTOS

Procissão dos Santos(Foto de Júlio Cruz)
 
 Malcata é uma aldeia do enorme concelho que é o Sabugal. Freguesia com Junta e Assembleia, que para já, continuam a representar o poder político e administrativo do Estado.
A aldeia é também paróquia, integrada na Diocese da Guarda e sob o seu Bispo, é ao padre que cabe a responsabilidade de orientar esta comunidade de fiéis.
Tanto a Junta de Freguesia como a Paróquia são duas instituições que ao longo dos tempos servem de pilar da vida das pessoas que aqui nasceram e  vivem.
Ambas têm prestado um serviço ímpar e têm sido o elo de ligação deste povo.
   Os fregueses de Malcata são então membros de duas grandes instituições: a Junta de Freguesia e a Paróquia. A primeira faz parte do poder político e administrativo do nosso país e é a legítima representante do Estado. Os seus membros directivos são escolhidos pelo povo, através de eleições que se realizam de quatro em quatro anos. Já o mesmo não acontece com a escolha do pároco da comunidade religiosa de Malcata. É escolhido pelo Bispo Diocesano e sem haver consulta ao povo.
   Parece que somos um rebanho sem pastor…o novo padre é senhor de uma personalidade autoritária e está a ter dificuldade em manter o seu rebanho no seu curral uma vez que as ovelhas parecem renitentes em serem domesticadas, como por exemplo, quando vão nas procissões e o pastor lhes pede para formarem duas filas bem alinhadas e não caminharem todos juntos, atrás do andor do seu santo devoto, parecendo mais um rebanho de carneiros. Essa foi uma das dificuldades sentidas pelo padre , pois está a ser difícil manter o equilíbrio na balança de forças e sobretudo em conter os sentimentos reprimidos de alguns paroquianos.
   Para além da ordem na procissão vem ainda a ordem de durante a missa festiva levar os andores para o adro da igreja e dessa forma as pessoas poderem ocupar esses espaços até então ocupados pelos andores e participarem mais activamente nas cerimónias religiosas.
   Aparecer com esta ideia no sábado, véspera do dia da festa e sem que tenha existido um diálogo prévio, só poderia ter o desfecho que teve e as cerimónias ocorreram como nos outros anos. No dia da festa a igreja é realmente pequena e muitas pessoas ficam no exterior ocupando o adro, os degraus das escadas de acesso ao coro e ao campanário e até a sacristia fica superlotada.
   Tal como noutras aldeias, os habitantes de Malcata têm um forte apego e identificação cultural e religioso com a sua terra. Nas conversas de rua ou de café, sobressai o enorme apego, amor e identificação com Malcata, um certo sentimento de necessidade e até emocional de reviver o passado, o qual se torna mais visível nas festas do mês de Agosto. 
   Um acontecimento donde se pode concluir e medir as diferenças nas vivências e significados da religiosidade é a festa de Malcata. Enquanto no passado e até aos anos oitenta a festa, organizada rotativamente pelos mordomos do Sagrado Coração de Jesus e de Nossa Senhora do Rosário, representava o momento auge da vivência religiosa da aldeia e as manifestações “profanas” eram muito poucas, pois para além da arrematação das oferendas ( Ramo ) e do baile animado pela banda filarmónica e tocador de acordeão, hoje estas são bem diversas e mais prolongadas no tempo. E hoje as colaborações que antigamente eram em bens alimentares agora são entregues em dinheiro. As festas de Malcata eram pagas com as contribuições de cada família e das quotas das Irmandades.  De  um dia de festa, que era o domingo, os gastos religiosos eram os dos padres que durante três dias vinham pregar à comunidade e no domingo da festa o pregador fazia o seu eloquente sermão, seguia-se o arranjo dos andores e da igreja, a banda da música filarmónica e os foguetes. Agora os gastos multiplicaram-se e a festa transformou-se numa competição e numa manifestação de prestígio, êxitos e poder que cada grupo de mordomos quer alcançar.      De um dia de festa, agora festejam-se  até 5 dias, com jogos populares, jantaradas, bandas musicais, discotecas móveis, festas da espuma e das pipocas, reconstituições medievais, acrobacias desportivas…levando o povo a embebedar-se de tanta festa. Ou seja, a festa religiosa continua cada vez mais engolida pela festa profana e nota-se uma certa sobre macia do laico sobre o religioso.
A aldeia de Malcata sofreu nestes últimos anos profundas mudanças e as repercussões reflectem-se na organização da freguesia e da paróquia, o que abrange a vida política, social e religiosa dos malcatanhos. A emigração, a Associação Cultural e Desportiva de Malcata, as próprias relações entre os residentes na terra e os que fora dela trabalham levou também a uma mudança e a uma maior influência da aldeia ao que se passa no mundo.
   Em Malcata, o poder está mudado e é disputado entre as várias forças existentes, estando o poder religioso a perder cada vez mais influência, surgindo sinais de discordância sobre quem deve ou não deter o poder sobre os espaços, os equipamentos, as festas e dinheiros que elas geram. E há muitos que querem o poder de poder sem pensarem que exercer  bem o poder é servir bem o povo.