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7.2.20

A MELHOR VINGANÇA É A NÃO VINGANÇA



   Sentados na mesa da esplanada do Café Lince, tinham acabado de servir-nos o nosso café enquanto planeávamos o que íamos fazer nesse dia, quando se abeirou da nossa mesa. Cumprimentou e logo iniciou uma conversa que tinha a ver com as obras que mandou fazer no logradouro da sua casa da aldeia, sobre as quais eu sempre mostrei discordância e disso mesmo dei a conhecer aos leitores do meu blog, que desde 2006 mantenho na internet. Desta abordagem sobraram algumas palavras e alguns desacordos. Pelo meio, a intromissão totalmente descabida e sem sentido por parte da esposa que, contrariamente ao seu marido, estava visivelmente exaltada, se intrometeu na conversa que estávamos a ter, falando de assuntos que nada tinham a ver com o
tema da nossa conversa, originando um aumento do tom de voz, em autêntica gritaria e proferindo palavras em frases sem sentido, criticando os meus gostos pela fotografia, lançando para o ar em alto e bom som, afirmações e juízos falsos sobre a minha vida privada, pessoal e profissional. Perante as injúrias, a minha esposa pediu para terminar a conversa, pedido que ignorou, levando a que a minha esposa abandonasse o local justificando essa atitude dizendo que não tinha ido ao café para ouvir e assistir aquelas coisas, mas que apenas queria tomar café e estar em sossego. A dita mulher e aos gritos e só parou com a chegada do seu cunhado que, após ter sido atendido no interior do café, dali saiu e veio na minha direcção, com gestos e palavras muito duras e cheias de impropérios, como se estivesse a ser atacado por um cão raivoso, proferindo ameaças de morte e esforçando-se para me agredir fisicamente. A  agressão física só não aconteceu porque foi barrado e imobilizado pelos seus familiares presentes.Teve a intenção clara e consciente de me agredir e provocar, para que eu respondesse também com recurso à violência e ameaças.

 Eu mantive a calma e a serenidade suficiente e não reagi, nem por palavras ou actos.   O homem agressivo acabou por ser levado para a rua pelos seus familiares, que nada satisfeitos com o acontecido, a mulher olhou para mim gritando que eu não conhecia mas que um dia ainda ia ficar a saber a família dos ….e do que são capazes.
  Ali permaneci sozinho, sentado na cadeira onde sempre estive enquanto tomava o café da manhã, como era meu costume. Levantei-me quando vi passar na rua o carro da patrulha da GNR e fui ao seu encontro porque sentia necessidade de dar conhecimento dos factos ocorridos minutos antes e a gravidade assim o exigia. 
   Uns tempos depois, fui notificado pelas autoridades dando-me um determinado período para tomar uma decisão. E desde esse dia, apesar dos conselhos e apoios que recebi e dos apelos para que eu não deixe que o caso seja esquecido, que não devo ter receio de avançar com o caso, ainda nada decidi sobre o futuro.
   O povo costuma dizer que a justiça de Deus não é a justiça dos homens. Na nossa sociedade a justiça dos homens, tem prazos a cumprir e a respeitar, os incumprimentos dos prazos são constantes, o que parecia um simples processo é muitas vezes transformado num muito maior, os erros ou omissões são motivos para fazer justiça e quem tiver conhecimentos do funcionamento do sistema judicial e no interior do sistema, leva a muitas idas e vindas e nada fica decidido, apenas prolonga o sentimento de ansiedade e mal-estar e sempre a pensar numa absolvição ou num arquivamento.
   Ainda acredito que tenho liberdade para viver, acredito que gozo de liberdade de expressão, de pensar por mim e de sentir que é neste mundo que, como ser humano, quero viver feliz, alegre e essa aldeia do interior também faz parte do meu mundo.
   Tenho a consciência de ser uma pessoa de bem e que deseja o bem para o próximo. O bom nome dos meus pais e familiares, aliado à minha vontade de ajudar a construir um mundo melhor, com pessoas mais felizes, leva-me a pensar que também o posso conseguir através das minhas tomadas de posição, das minhas ideias e das minhas acções e ambições, apesar de pensar de forma diferente das outras pessoas, mas com a certeza que o faço com o sentido de responsabilidade de querer ajudar.
   Para mim, a vingança comparo-a aos remédios que o médico me receita: ele receita um remédio, mesmo em pequenas doses,  mas se eu o tomar em grandes quantidades, pode causar-me consequências muito graves para a minha saúde, pode até causar a morte.
   Quem me dera ter a força de responder como uma pessoa minha amiga que, às vezes, em certas situações como esta que se passou comigo, se sai com esta de dizer que
 “o pobre pode ir sem esmola, mas não vai sem resposta”!
                                                                 José Nunes Martins