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19.10.24

O MELHOR CABRITO É DE MALCATA

 


   Foi com satisfação que vi a nossa freguesia de braços abertos a receber a iniciativa da Confraria do Cabrito na Brasa do Sabugal. O pretexto é a realização do IV Capítulo da Confraria, com sede no Sabugal e que hoje, 19 de Outubro, tem Malcata como cenário.
   Ora é conhecido por muitos da nossa região que na freguesia de Malcata o cabrito sempre foi afamado e considerado como o melhor cabrito da região. Não é de estranhar que nas conversas entre os confrades que hoje estão em Malcata, contem várias histórias com cabritos que vinham comprar aos taberneiros da terra. Havia cabras e cabritos em abundância e satisfaziam a procura, principalmente nas épocas festivas do Natal, Páscoa e os meses de férias dos emigrantes. E como era famosa a iguaria, todo o ano se vendia.
   Quando era ainda garoto, aos sábados era cena habitual ver pessoas a chegar à Taberna do Ti Joaquim Ruvino e iam acomodar-se lá ao fundo do corredor, onde a Ti Benvinda com a ajuda das filhas ultimavam os preparativos para a refeição dos visitantes. Nunca vi ou ouvi anúncios a publicitar este lugar, eu admirava-me como é que as pessoas apareciam ali, entravam e todos dali iam satisfeitos, bem-dispostos e não se poupavam aos elogios aos donos da taberna. Mais tarde entendi que o sítio era conhecido por todo o país como um dos lugares de excelência para degustar um cabrito assado à maneira e
o segredo ia-se passando de boca em boca. Estes prazeres ainda demoraram uns bons anos, muitos repetiram a visita, outros levavam para casa, também levavam para oferecer a um amigo, ao seu doutor do hospital ou a quem arranjou trabalho a um familiar.
   E na aldeia não faltava onde comprar carne de cabrito. Lembro-me do Ti Apolinário e mais tarde do seu filho Fernando que também muito cabrito eles criaram e venderam. Os pastores também faziam os seus negócios e muitas das vezes, levavam o animal ao Ti Joaquim Ruvino para que o preparasse e deixasse limpo de maneira a ser levado pelo comprador.
   Há uns tempos e a propósito do cabrito assado na brasa ou cozinhar carne nas panelas de ferro, dizia-me uma das filhas do Ti Joaquim Ruvino que não esqueceu os ensinamentos da mãe nos tempos em que o lume e as brasas produziam toda a energia necessária para cozinhar. Com os olhar dirigido para as grelhas e as mãos a colocar pratos, talheres e copos sobre a mesa, sem parar graças à dedicação e entrega que mãe e filhas sempre punham naquelas ocasiões de bem servir.
   Gostava de continuar a escrever, mas vou ficar por aqui. Apetece ainda dizer que em relação à carne de cabrito criado em Malcata, só posso ter esperança que algo de bom aconteça e depois ouvir as pessoas a dizer de boca em boca que “o melhor cabrito é o de Malcata. Souberam manter o legado e a qualidade é excelente”.
   Que este dia 19 de Outubro seja histórico para a História Gastronómica de Malcata.