MALCATA: O ENTERRO DE J.N.R.J.
Que memórias tenho da Sexta-feira Santa em Malcata? As minhas são as de um jovem, nascido nos anos 60, que até aos 11 anos vivia na comunidade malcatenha. Nesses tempos, a religião católica é que determinava e orientava os comportamentos dos aldeões, pessoas trabalhadoras, respeitadoras das leis da Igreja e dos políticos que mandavam no nosso país. Quem sabia escrever e ler, por vezes entendia a vida de modos diferentes da maioria, por eles não saber ler e escrever. O povo era muito crente e muito devoto. A igreja, aos domingos e nas festas religiosas, enchia-se de fiéis, rezavam, cantavam, iam às procissões e às confissões. Eram tempos bem diferentes! E na Sexta-Feira Santa, tudo era escuro e triste. Os adultos cumpriam os preceitos decretados pela Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana, mesmo os mais ricos, que não se importavam de pagar a bula e assim ter carne na mesa. Já nessa época, o pobre obedecia e o rico buscava forma de mostrar quem mandava na vid