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12.10.21

MALCATA: NÃO, NÃO FICOU TUDO IGUAL COMO ESTAVA!

   


   


Começo por falar sobre as últimas eleições, aquelas em que fui delegado pela primeira vez.

   Foram muitos os que votaram e muitos nem sequer documento de identificação apresentaram. Para esses é normal e costume não apresentar o bilhete de identidade, ou cartão de cidadão, muito menos a carta de condução. Como é uma aldeia, toda a gente se conhece e nem é preciso nada destes documentos. E como a Lei diz que se pode votar sem qualquer documento de identificação, basta que as pessoas presentes na mesa da assembleia a reconheçam como eleitor, sem confirmar nome e número de cidadão, de carta de condução ou outro...mesmo que se confunda algum nome, tudo é normal e está-se a cumprir a lei. O problema e a confusão surgem, mas sob protecção legal, logo nada atrapalha.
   A realidade que vivi é gritante e reveladora de um total desrespeito e aceitação da excepção como regra e nunca o contrário.
   Pela primeira vez participei numas eleições no papel de delegado de uma candidatura. Foi uma experiência que me enriqueceu e me fez compreender muitas situações vividas nos meios rurais. Só vos digo que foi cansativo e passei o dia a tomar notas. Descobri, ao fim de tantas eleições, que para votar basta entrar e tudo se resolve, mesmo aos que perante o pedido de identificação, respondem não ser preciso, aqueles que agarram nos boletins de voto e vão perguntar aos autarcas como fazer a cruzinha, outros que ficam zangados porque são avisados para sair depois de votar, mesmo que se trate de assuntos que têm a ver com saúde, perguntar por fulano e cicrano, etc.
   Vi muita cara conhecida por trás da máscara e sei que muitos não conheci e nem eles a mim. Outros sabiam que desta vez não podiam falar, estava lá eu para fiscalizar e as regras eram para cumprir.
   Foi uma experiência à qual voltarei a falar sobre ela. Até porque vi alguns boletins com bonecos, mensagens, recados para a assembleia de freguesia, até daqueles símbolos das Caldas havia e até com a cruz no partido que nem sequer candidatura havia, mas o eleitor acrescentou com a lapiseira e fez o quadradinho para a cruzinha no seu partido.
   
   Dos 388 inscritos no caderno eleitoral, votaram 187, ou seja, menos 50 pessoas que nas eleições autárquicas de 2017. Dos 187 eleitores que votaram nestas últimas eleições autárquicas ficaram assim distribuídos: 28 votos em branco e 17 votos nulos. Há a registar que a maior parte dos votos nulos continham “recados” que revelaram o descontentamento dos que assim votaram.

   Com estes números e sem grandes e profundas análises aos resultados, podemos concluir que metade dos malcatenhos optaram por ficar lá por casa ou lá pelas terras onde habitam e passaram a desinteressar-se pelo acto eleitoral, pois só podia haver um vencedor no que toca à Assembleia de Freguesia. E claro. Em vez de irem votar e lutar pela defesa dos seus interesses e os dos seus filhos e primos, tios, madrinhas e padrinhos, deixaram-se ficar quietos.
   Também é graças a estes eleitores de ocasião que Malcata vai continuar nos próximos quatro anos, em direcção a nenhures e rumo ao definhamento.
   Para os 142 malcatenhos está tudo bem e para os restantes também está, porque nem se atreveram a apresentar uma lista alternativa. Assim sendo, os próximos quatro anos vão ser sossegados, sem membros da oposição na assembleia de freguesia para querer saber, reclamar das ruas sujas e com buracos, das faltas de água na fonte da Torrinha ou da piscina que não pode ser utilizada...etc., etc.
    Concluindo...porque carga de água é que, agindo estas pessoas da mesma forma do costume, esperam obter resultados diferentes do costume? 


                                                                                   
                                                                                                  (Josnumar)
                                                                                                  José Nunes Martins

29.1.20

O QUE É QUE MALCATA TEM?



      O que é que a nossa aldeia tem e  que as outras aldeias não têm e gostariam de ter?

   Um ambiente tranquilo e pacato, convívios, coisas simples e naturais, ar puro e andorinhas a esvoaçar no céu?
   Isto são características que todas as aldeias do nosso concelho oferecem. Hoje toda a gente sabe que as aldeias do interior são bons carregadores de baterias, são um bálsamo para o corpo e para a alma.
   Malcata tem aquilo que tem. Mais, eu digo que hoje a aldeia já tem algumas ofertas que as outras aldeias não têm e nunca irão ter. Haja projectos e vontade de os construir, sejam eles projectos municipais e da junta de freguesia, das associações ou de investidores particulares.
   Todos são bem-vindos, porque há muito a fazer na nossa aldeia e pela nossa freguesia. E não importa que residam em Malcata ou que nela tenham cá nascido. Venham, porque serão vistos como um estímulo aos habitantes e também aos que tendo nascido cá, andam pelo mundo fora. É sabido que quem nasceu na aldeia e sempre trabalhou nas cidades ou ainda trabalha, geralmente guardam no seu coração um torrão de terra lá bem guardadinho, seja por causa dos familiares e amigos, ou das boas recordações e experiências, continuam a gostar da sua aldeia e por isso regressam.
   Eu ainda sou do tempo em que as crianças nasciam na aldeia e hoje nascem numa maternidade a uns quilómetros de distância. Também a escola e a creche estão fechadas. Obviamente que esta é uma circunstância que ninguém deseja, muito menos os casais que têm crianças na idade escolar. É um preço demasiado elevado a suportar pelo casal. Mas então como criar as melhores condições para a nossa aldeia ser querida e desejada para uma família optar em mudar-se para aqui viver, trabalhar, educar e acompanhar a vida escolar dos seus filhos? A resposta é tão óbvia que tem escapado aos nossos governantes e autarcas: apoios.  
   As mudanças, por muito pequenas que elas sejam, acarretam custos, sacrifícios, incertezas, burocracias com organismos públicos, procura de habitação, etc., etc…e sem ajudas tudo se torna ainda mais difícil.
   Malcata, como freguesia pequena e integrada num município com mais uma quarentena de aldeias como a nossa, tem sido apoiada pela Câmara Municipal em algumas obras que têm contribuído para o seu desenvolvimento e mudança da sua imagem.
   Ainda se lembram da pergunta que fiz no início desta crónica?
   Vou repetir e gostava que ousassem partilhar a vossa resposta.
    A pergunta é esta:
   O que é que a nossa aldeia tem e o que as outras aldeias não têm e gostariam de ter?


28.4.19

ACABAR COM A CORJA


  
Quem está certo?
   Nasci em Malcata, mas até poderia não ter nascido sequer, nasci no lugar onde a minha mãe vivia. Como ela vivia na aldeia de Malcata, foi lá que eu nasci. Desde os meus onze anos que abalei da aldeia para estudar, mas nem por isso me considero estrangeiro ou um estranho quando estou em Malcata. Sinto orgulho e honra de ser malcatenho, filho de gente honrada, trabalhadora, humilde e eu apesar de estar a viver há muitos anos na cidade, sempre me interessei pela aldeia onde nasci, procuro conhecer melhor as suas gentes, os seus modos de vida, os seus lugares e a história que os acompanha e procura tudo o que seja importante para a sua própria identidade, a actual, a que já foi e que em muitos momentos da minha vida eu mesmo vivi, senti e até já transmiti às minhas filhas Inês e Sara. Da história desta aldeia recordo-me de algumas vivências de infância, outras que me foram contadas pelo meu pai e pela minha mãe. Foram tempos difíceis, alguns muito difíceis mesmo e nem o frio, a chuva e o vento conseguiram até hoje fazer desaparecer o lugar onde tudo começou para mim.
   Todas estas palavras são a minha resposta a algumas pessoas, tão malcatenhos como eu ou até menos, que continuam a acreditar nas histórias que lhes contam ao ouvido, como o grupo da “Corja”, enquanto caminham por ruas e bêcos da aldeia ou se sentam na praça atentos a tudo o que mexe à sua frente, portas e janelas que abrem ou fecham e não se dão sequer ao trabalho de verificar se a história que lhes contaram é falsa ou verdadeira. Eu não tenho vergonha das minhas origens e tenho um carinho especial por Malcata, pelas gentes e os lugares. Como sou pessoa que penso e não acredito em todas as histórias que me contaram e me contam ou pelo passarinho que pousou no meu ombro, tenho mostrado o outro lado da história e muitas vezes tenho sido criticado e enxovalhado apenas por mostrar que nem todas as histórias são como as contam e até estão cheias de falsidades e omissões.
   Continuarei a mostrar o bom e o mau e a contar histórias para cada um de nós tenha a oportunidade de se questionar, de se dar ao trabalho de verificar se a história é verdadeira ou falsa.
   Não esqueço os sacrifícios que viveram os meus pais e muitos dos vossos. Tempos difíceis que eles viveram. Na aldeia não havia água canalizada, nem luz eléctrica, nem todos podiam ir para a escola a aprender a ler e a escrever, viveram uma vida inteira a assinar com o dedo indicador borrado com tinta, iam aos mercados montados em burros, tinham que semear para comer e criar animais se queriam leite, queijos, carne, estrume e dinheiro sempre que vendiam. Vivia-se numa pobreza e numa simplicidade que ainda hoje muitos de nós não conhecemos. Foi a sua resiliência e a sua fé, o trabalho onde o houvesse, acreditaram e quiseram que os seus filhos fossem para a escola e não passar a infância a guardar gado, ou tomar conta dos irmãos mais novos. Na escola aprendemos a escrever e a ler e muitos pais projectaram o seu futuro nos êxitos escolares dos filhos que hoje são médicos, engenheiros, advogados, juízes, tesoureiros, motoristas, electricistas, investigadores, gestores…que na sua grande maioria, deixaram o lugar onde tudo começou e ainda hoje lá habitam, já idosos, sozinhos ou no lar, passam os dias a olhar para o azul do céu e a ouvir a missa e o terço. Não compreendo muitos deste filhos que mal se viram com o canudo debaixo do braço, apagaram o seu passado, não querem saber das suas origens e
a aldeia já nada lhes diz ou lembra.
   Tudo isto para deixar aqui o meu testemunho, a minha história e o meu desabafo para com os que dizem que pertenço a um grupo de “corjas”.  Sou filho de família honrada, não sou ladrão nem vadio, nem desordeiro. Amo e não esqueço ou escondo as minhas origens e perdoem-me aqueles que não se revêem nos maus malcatenhos.
                                                                            José Nunes Martins
                                                                                   josnumar@gmail.com
 


 

2.3.19

MALCATA: JUNTAR PESSOAS E ÁGUA



   
Visita à aldeia de Malcata

   O concurso de ideias “Juntar água para a autossustentabilidade” é parte integrante de um projecto muito mais ambicioso conhecido pelo nome de “Malcata-Aldeia Autossustentável”, apresentado em Dezembro de 2016.

   Da autoria de José Escada Alves da Costa, presidente da AMCF ( Associação Malcata Com Futuro), homem formado em engenharia, com uma ligação de longa data com a EDP. Entre 1982 e 1995 foi quadro superior do grupo e entre 2004 e 2006 foi também adjunto do conselho de administração da EDP Produção e vogal em sete conselhos de administração de empresas participadas do grupo EDP, nomeadamente a Turbogás, a LBC tanquipor,a Soporgen, a Energin, a Enerfin, a carriço Cogeração e Centro de Biomassa para a Energia.  Licenciado em Engenharia Mecânica, pelo Instituto Superior Técnico, e mestre em Política, Economia e Planeamento Energético pelos ISEG/IST, este responsável foi ainda, entre 2011 e 2004, vogal executivo do Conselho de Administração da REN. Escada da Costa foi ainda, entre 1995 e 1996, adjunto do Secretário de Estado da Indústria e Energia do Governo de António Guterres. É desde 2015 presidente da Associação Malcata Com Futuro e tem sido nesse âmbito que continua a acreditar no futuro autossustentável para Malcata.

   Trata-se de uma ideia ambiciosa e todos sabemos que até alcançar esse objectivo teremos que vencer etapas intermédias. E uma dessas etapas é esta ideia de um concurso com a participação da secção de arquitectura da Universidade da Beira Interior e nesta primeira fase envolver os alunos do primeiro ano do curso de arquitectura. Foi o que aconteceu no passado dia 20 de Fevereiro. Com certeza que as pessoas em Malcata se aperceberam da presença de 80 jovens a visitar a aldeia. Esses jovens vieram acompanhados dos seus professores de curso e tiveram a oportunidade de ficar a conhecer a nossa aldeia e os espaços onde poderão criar um anfiteatro ao ar livre e um auditório multi-usos, tendo em conta a existência do plano de água da barragem. Foi a pensar nessa ideia que decorreu a visita pelos sítios mais significativos a nível do património material e imaterial, tendo ficado a conhecer a Praça do Rossio, a Rua da Ladeirinha, a Igreja e o Adro, o moinho de água e a barroca do Bradará, o quartel da Guarda Fiscal, a Rua do Cabeço, a Rua da Moita até ao Calvário, a Rua da Fonte e a Fonte de Mergulho, o busto de Camões, a Zona de Lazer de Malcata (praia fluvial), Senhora dos Caminhos e Capela de São Domingos.

   Esta foi a primeira visita de trabalho e os alunos levaram os seus blocos de notas os primeiros rabiscos dos locais e também algumas fotografias de cenários que lhes chamou a atenção.

   Esta iniciativa mereceu o apoio da Junta de Freguesia de Malcata. Ambas as entidades, Junta de Freguesia e Associação Malcata Com Futuro, estiveram bem representadas e à altura da importância deste evento. Tenho informação segura que o presidente da Junta de Freguesia, João Vítor, ofereceu os levantamentos topográficos e outros elementos necessários para o conhecimento dos terrenos onde os alunos irão trabalhar nos próximos seis meses. Já o presidente da Associação Malcata Com Futuro, assinou o protocolo com a Universidade da Beira Interior, tendo participado em várias reuniões na universidade para preparar as acções no terreno, preparou textos e memorandos descritivos da nossa aldeia e manteve sempre a via aberta do diálogo entre todos.

   Dada a importância desta iniciativa, ambas as entidades concordaram em partilhar os custos associados e ambas disponibilizaram os seus espaços e pessoas para que no fim da jornada, se sentissem recompensados pelo trabalho.

   A cooperação entre todas as instituições existentes em Malcata é de suma importância e crucial para que as grandes iniciativas e projectos inovadores sejam realmente realizados. Alguém um dia escreveu que “os homens passam e as instituições ficam”. Temos todos a ganhar, não se trata de cantar vitória, trata-se de celebrar o bem comum.


Recepção aos alunos da Universidade
Reforço alimentar ao meio da visita
   
                                          por   José Nunes Martins
                                           

9.7.18

MALCATA SEGURA-PESSOAS SEGURAS?





   “Aldeia Segura-Pessoas Seguras” é um programa que foi aprovado pelo governo português e está orientado para as aldeias que corram risco de incêndios florestais.
   São as Juntas de Freguesia que têm a responsabilidade de identificar os locais para servirem de abrigo ou refúgio, que é para onde as pessoas da aldeia devem ir em caso de incêndio.
   Li hoje no Boletim Municipal que no passado dia 4 de Maio, no Salão Nobre da Câmara Municipal do Sabugal, tinha sido apresentado este programa. Nessa apresentação estiveram presentes diversas individualidades a representar diversas entidades dos concelhos do Sabugal, Almeida e Guarda.
   Desde a apresentação até hoje, que eu tenha informação, não foi realizado qualquer exercício prático simulando uma situação real. E a pergunta que tenho para fazer é esta: Quem é o “Oficial de Segurança” da aldeia de Malcata? Como sabemos, a nossa aldeia é uma parte integrante da Reserva Natural da Serra da Malcata. À volta da povoação existe muita floresta, muitos terrenos com matos. Felizmente que muitos dos proprietários de terrenos florestais estão a cumprir as normas da lei e tomaram a peito a limpeza dos seus terrenos. E aqui temos que enaltecer o trabalho da equipa de sapadores florestais de Malcata, pois com as ferramentas que têm, mais não podem fazer. Sei que a Junta de Freguesia tem-se preocupado com que todos os terrenos sejam limpos. Também sei que não se têm poupado a esforços para que os donos das terras ainda por limpar que o devem fazer. Não sei se o município, para além daquela apresentação oficial do programa “Aldeia Segura” e “Pessoas Seguras” fez mais. O que eu também sei, depois de consultar na página da Câmara Municipal do Sabugal, o PMEPC (Plano Municipal Emergência e Proteção Civil, muitos dados estão desactualizados, nomeadamente os nomes dos presidentes das juntas de freguesia.
   A informação e sensibilização das pessoas deve ser bem-feita e não basta meter nas caixas de correio o folheto com conselhos. É preciso mais…para que todos saibam o que fazer numa situação de incêndio florestal e outras calamidades. Não deixem que as tragédias aconteçam por falta de prevenção, preparação, de co-responsabilidade do poder autárquico e de cada cidadão.




PMEPC do Sabugal por actualizar( pelo menos na net está!)





4.9.15

OS SONS DE MALCATA



 Quais são os sons de Malcata?
 O que se ouve na nossa aldeia quando paramos para ouvir o que se passa à nossa volta? Alguns ruídos, música e silêncio sentimos quer queiramos ou não.


  Malcata tem  património
sonoro?
  O que distingue ou distinguiu a paisagem malcatenha das outras?
   Olhamos muitas vezes para a paisagem que nos rodeia, mas raramente a escutamos.


   Hoje os sons de Malcata começam a ser outros. Antigamente, por exemplo, em Agosto, lançavam-se muitos foguetes, tocavam-se muitas vezes os sinos da igreja. Hoje em Agosto deixámos de ouvir o estoirar dos foguetes e os sinos da igreja já não tocam tantas vezes, até durante as procissões deixaram de se ouvir.
   É desejável saber ouvir a paisagem, os seus sons e os seus silêncios, as pessoas e os animais em Malcata.

 

 

29.7.12

MALCATA: CAMINHAR EM NOITE DE LUAR

Foto de acdmblogspot.com

   Sábado, a de Agosto a Associação Cultural de Desportiva de Malcata, desafia-nos para participar numa aventura diferente: uma caminhada nocturna em Malcata. O que a ACDM nos propõe é uma caminhada "aberta a todos os interessados mas com uma atenção especial à participação dos nossos emigrantes. Vamos ao encontro da lua, percorrendo os diversos caminhos, saboreando as belíssimas paisagens que iremos visualizar, com "olhos de lince", sob um requintado manto de luar. A serra, a barragem, as povoações próximas e longínquas, os sons, os silêncios, os rumores, os odores; as lendas, as estórias e os contos - são um apelo à participação e ao convívio. Com sorte, até podemos encontrar "nharros", linces e até algum lobisomem" . Foi com estas palavras que o presidente da ACDM, Rui Chamusco, explicou ao Jornal Cinco Quinas a ideia e os objectivos desta iniciativa.
   O início da caminhada vai ter lugar na sede da ACDM, na Rua da Escola Primária, pelas 21:00. Embora não haja informação, é importante levar uma lanterna, calçado confortável e água.
   Voltar a ter o prazer de ver o pôr do sol, caminhar com a lua cheia a iluminar o caminho pode ajudar a passar por uma experiência nunca vivida.

20.7.12

VELHOS SÃO OS TRAPOS


A 3ª idade: Uma força a ter contaVelhos são os trapos!...
A velhice é uma força! A 3ª idade é uma força a ter em conta. Chegar aos 65 anos menos ou mais e ser beneficiado por uma reforma de direitos adquiridos em dinheiro ou em condições, é algo muito bom e com certeza bem merecido.

A velhice é um posto! É verdade… Quantos não desejaram ou desejam chegar quanto antes à idade da reforma. Para gozarem os rendimentos, para terem mais tempo, para cuidar dos netos, para viajarem e conhecer o mundo… tantos e tantos desejos que o tempo da reforma poderá proporcionar. Os mais novos lamentam que, por este andar, quando eles chegarem a velhos, já não haverá condições para usufruírem destes benefícios. Oxalá Deus não os oiça!...A velhice é um dom! É uma etapa da vida característica, em que o sabor das recordações, a vivência de cada momento e a perspectiva do futuro se acentuam e se entrelaçam. Quem não gosta se ser velho (idoso), de contar os dias e os anos, de celebrar aniversários de 100, 105 ou mais anos? E embora as mazelas e os achaques nos atormentem, as peças da máquina já gastas ou com ferrugem precisem de ser cuidadas ou reparadas a miúdo, nada nos tira esta vontade de viver. Ninguém diga que não gosta da vida, pelo menos enquanto for possível vivê-la com alguma dignidade. Um grande amigo meu, que sabia de antemão a notícia da sua morte vitimado pela doença dos pezinhos (paramiloidose), escrevia um artigo corajoso numa revista de que era director: “Sei que vou morrer, mas tenho uma enorme vontade de viver… E quando esta vida chegar ao fim, já estamos preparados para começar uma outra. Nada se perde, tudo se transforma”.A velhice é uma força! A 3ª idade é uma força a ter em conta. Chegar aos 65 anos menos ou mais e ser beneficiado por uma reforma de direitos adquiridos em dinheiro ou em condições, é algo muito bom e com certeza bem merecido. Mas quem é que, havendo saúde, pode chegar a esta idade e ficar parado? Quanta força mental e até física não tem a maior parte dos reformados? Parados. Nunca! Há muito que fazer, há muitas coisas onde os mais velhos podem ser muito úteis. E como Sebastião da Gama escrevia numa célebre frase que circulava em postais de mensagem, a quem nos perguntar “Tens muito que fazer?” Todos podemos responder: “Tenho muito que amar!” Cada um entenda este “amar” como quiser.É reconfortante e animador constatar, a nível local, regional e nacional, os testemunhos influentes de tantos e tantos idosos que, recusando a inércia e o desalento, se entranham em actividades, associações, autarquias, organismos de interesse social. Quantos projectos e realizações, quantos grupos organizados, quantas universidades seniores!...A disponibilidade de tempo, o saber acumulado ao longo de uma vida, a vontade de partilhar e de ajudar são valores que a terceira idade tem ao dispor, em serviço da nossa sociedade. Haja quem seja sensível a esta realidade. Não para nos aproveitarmos dos idosos, mas para os integrar, apreciar, respeitar e tratar com o carinho que eles tanto merecem.Nota: Também o autor já chegou aos 65 anos, sabendo portanto daquilo que escreve.    
Por: Rui Chamusco, publicado no Cinco Quinas ( On Line )leia aqui no Cinco Quinas:http://www.cincoquinas.com/index.php?progoption=news&do=shownew&topic=3&newid=6172

13.4.11

MALCATA É RICA EM PATRIMÓNIO


As referências culturais da aldeia de Malcata são uma riqueza patrimonial que necessita de atenção especial por parte de todos os seus habitantes, em especial, a Associação Cultural ( e Desportiva ) da aldeia. Esta associação tem sabido, ao longo dos seus 25 anos de vida, transmitir aos mais novos alguns desses valores imateriais que foram passados de geração em geração. A transmissão oral tem sido um dos veículos mais usados pelas pessoas, mas à medida que se tornam mais idosos, as memórias dos saberes e as vivências correm sérios riscos de se perderem. As lendas, os mitos, as orações, as rezas, os responsos, as mezinhas caseiras são algumas das formas de cultura popular. Com as rápidas alterações da vida quotidiana de Malcata, onde o abandono dos trabalhos campestres e o desaparecimento das pessoas, elas que têm sido os verdadeiros guardadores desse património, ameaçam seriamente a cultura deste povo. A maior parte das pessoas que vivem na aldeia já são de idade avançada, não têm forças para continuar a trabalhar as terras, residem muitos deles no Lar da aldeia e a medida que vão partindo, levam com eles os saberes, os conhecimentos e as experiências adquiridas ao longo das suas vidas. Dessa forma, muitos dos lugares e rituais acabam por ser esquecidos ou mesmo extintos, porque com o desaparecimento dos seus intérpretes naturais, extingue-se também o património imaterial.


   Hoje, na aldeia já ninguém semeia centeio ou trigo. Como consequência, esqueceram-se as ceifas, as eiras desapareceram porque já não se fazem malhas, os nagalhos já não são uma preocupação para atar as faixas de palha. O mesmo aconteceu com as desfolhadas e aquelas tardes inteiras a desfolhar o milho e uns dias depois as debulhas nocturnas na varanda, com alguns jovens à procura do milho vermelho ( milho Rei). E aqueles serões à lareira, durante o Inverno ? Tanto se conversava, comia e o tempo passava num ai.
   As pessoas que ainda vivem entre nós possuem no seu interior riquezas de um valor incalculável. Há que conversar com elas e enquanto as ouvimos registar através da escrita, da gravação áudio e vídeo para memória de todos.

  À ACDM ( Associação Cultural ) lanço o desafio de iniciar essas recolhas e continuar a organizar as reposições das réplicas das cenas do campo, como aquela do "Ciclo do Pão", a "Fogueira de Natal", o cantar as "Janeiras", a sopa de castanha a quem chamamos "Caldudo", a festa de "São João" com aquele mastro coberto de rosmaninhos e enfeitado com bandeirinhas de papel...e porque não outras?
  Estas reposições servem para que as novas gerações entendam o valor destas memórias para a identidade da nossa aldeia.

24.9.09

NÃO PODEMOS ESQUECER



Eu não sei se na altura em que foram dados os nomes às ruas de Malcata houve ou não uma Comissão de Toponímia, mas o mais provável é ter havido! A verdade é que os nomes que são dados a ruas, becos, praças e largos têm sempre alguma ligação com o nome da pessoa que ali reside, com o tipo de imóvel ali existente ou com outras situações. E alguns nomes bem que necessitavam de ser alterados.
Agora acho que alguns malcatenses mereciam ter o seu nome atribuído a uma rua. Por exemplo, o caso do senhor Varandas, ( mais conhecido por Ti Varandas, que era casado com a D. Deolinda e ambos mantiveram durante muitos anos o Comécio aberto ao povo de Malcata. Para quando a homenagem a este senhor que tanto ofereceu a Malcata?