MALCATA É RICA EM PATRIMÓNIO
As referências culturais da aldeia de Malcata são uma riqueza patrimonial que necessita de atenção especial por parte de todos os seus habitantes, em especial, a Associação Cultural ( e Desportiva ) da aldeia. Esta associação tem sabido, ao longo dos seus 25 anos de vida, transmitir aos mais novos alguns desses valores imateriais que foram passados de geração em geração. A transmissão oral tem sido um dos veículos mais usados pelas pessoas, mas à medida que se tornam mais idosos, as memórias dos saberes e as vivências correm sérios riscos de se perderem. As lendas, os mitos, as orações, as rezas, os responsos, as mezinhas caseiras são algumas das formas de cultura popular. Com as rápidas alterações da vida quotidiana de Malcata, onde o abandono dos trabalhos campestres e o desaparecimento das pessoas, elas que têm sido os verdadeiros guardadores desse património, ameaçam seriamente a cultura deste povo. A maior parte das pessoas que vivem na aldeia já são de idade avançada, não têm forças para continuar a trabalhar as terras, residem muitos deles no Lar da aldeia e a medida que vão partindo, levam com eles os saberes, os conhecimentos e as experiências adquiridas ao longo das suas vidas. Dessa forma, muitos dos lugares e rituais acabam por ser esquecidos ou mesmo extintos, porque com o desaparecimento dos seus intérpretes naturais, extingue-se também o património imaterial.
Hoje, na aldeia já ninguém semeia centeio ou trigo. Como consequência, esqueceram-se as ceifas, as eiras desapareceram porque já não se fazem malhas, os nagalhos já não são uma preocupação para atar as faixas de palha. O mesmo aconteceu com as desfolhadas e aquelas tardes inteiras a desfolhar o milho e uns dias depois as debulhas nocturnas na varanda, com alguns jovens à procura do milho vermelho ( milho Rei). E aqueles serões à lareira, durante o Inverno ? Tanto se conversava, comia e o tempo passava num ai.
As pessoas que ainda vivem entre nós possuem no seu interior riquezas de um valor incalculável. Há que conversar com elas e enquanto as ouvimos registar através da escrita, da gravação áudio e vídeo para memória de todos.
À ACDM ( Associação Cultural ) lanço o desafio de iniciar essas recolhas e continuar a organizar as reposições das réplicas das cenas do campo, como aquela do "Ciclo do Pão", a "Fogueira de Natal", o cantar as "Janeiras", a sopa de castanha a quem chamamos "Caldudo", a festa de "São João" com aquele mastro coberto de rosmaninhos e enfeitado com bandeirinhas de papel...e porque não outras?
Estas reposições servem para que as novas gerações entendam o valor destas memórias para a identidade da nossa aldeia.
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