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19.4.22

MALCATA: PROCURAM-SE NOVOS PASTORES

 

   Há 50 anos havia vários rebanhos na nossa aldeia e eram uma fonte de rendimento para as famílias.   
  Hoje já não há pastores e também já não há praticamente quem tenha cabras. Conheço três famílias que possuem algumas ovelhas e nenhuma delas vive exclusivamente desse trabalho.
   As cabras e as ovelhas ajudaram a manter os terrenos limpos à volta da nossa freguesia. O pastor saía todos os dias com o rebanho e os animais percorriam montes e vales, alimentando-se das muitas espécies que existiam. Sem que as pessoas se dessem conta, estes ruminantes ajudaram a manter os terrenos limpos, mesmo naqueles lugares mais difíceis para o homem, estes animais trepavam para todos barrancos porque lá havia boa comida.
   Nesses tempos, os pastores saíam de manhã cedinho e regressavam ao fim da tarde aos bardos.   Depois de muitos quilómetros percorridos, tinham de arranjar forças para tratar das ordenhas, das cabras prenhas e dos seus cabritos. Era uma actividade muito cansativa e tinha que ser realizada todos os dias, mesmo naqueles que a vontade não era nenhuma.
   O pastor era muito respeitado na aldeia e o seu trabalho foi sempre valorizado, mas nunca recompensado economicamente. Ser pastor era trabalhar sem horários, sem férias, sem folgas ou sem pausas para café. O pastor contentava-se com o bornal e a borracha espanhola, pão e vinho para todo o dia.
   A família tinha as cabras e a obrigação era tratar do rebanho, aproveitar o leite, vender algum cabrito ou cabra e conservar as peles para depois as vender no dia em que o comprador aparecesse lá em casa.
   Penso que é esta a imagem que as pessoas de Malcata mantêm nas suas memórias e que ser pastor é mesmo assim.
   Que dirão os mais velhos quando ouvirem falar de jovens engenheiros zootécnicos, biólogos ou com outros cursos universitários, que querem dedicar-se ao pastoreio de animais nas nossas serras? Já pensaram quem e como se vai desenvolver o rebanho de cabras que a junta de freguesia anda já a construir? É urgente e importante sensibilizar toda a população para o que está a nascer. A instalação daquele rebanho não é um passatempo, não é uma brincadeira e só fará sentido se for feito para criar novos postos de trabalho, novas fontes de rendimento económico, se desenvolver o próprio turismo rural, no fundo, o rebanho ser uma das alavancas do desenvolvimento económico e social da freguesia, aumentando o bem-estar e a felicidade dos malcatenhos, como comunidade e povo unido e não apenas a alimentação de egos pessoais. A freguesia tem nas mãos uma forma de mostrar ao mundo e aos senhores doutores de gabinetes que os malcatenhos aprenderam a investir, a produzir e a acreditar no futuro.

                                                                          
José Nunes Martins


24.4.12

O GUARDADOR DE CABRAS

   Ti Horácio, pastor de cabras


A Primavera traz aos campos da aldeia de Malcata as cores das papoilas, das giestas, do rosmaninho, mas não consegue esconder o mal feito por um Inverno frio e seco.
   O sol já quase abalou, está um vento frio e Ti Horácio deita os olhares para a pequena capela de São Domingos, ao mesmo tempo que a mão direita tira a boina da cabeça que uns segundos depois volta a tapar-lhe a cabeça. Continua a sua vida e olha para a nuvem de poeira provocada pelas cabras que regressam do Ozival para casa, depois de um dia inteiro a pastar.
   - Nem no Verão elas levantam tanta poeirada! Nem no Verão isto está tão seco! Desabafa o Ti Horácio, um pouco irritado.
   As cabras andaram desde manhã nos campos e nos caminhos à cata de mato e pequenas ervas. Mas nem as mais novas tiveram grande sorte e o pastor lança mais um desabafo:
   - Ouve João, por esta altura do ano, era para andarem aos saltos além pela serra, a encher o bandulho. Mas este ano, a falta da água é tanta, que não há comida suficiente.
   Quando o rebanho chega à Rua de Baixo, apressam mais o andar e não se enganam quando passam pela Torrinha, pois tal como se tivessem um GPS incorporado no corpo, iniciam a descida da Rua do Carvalhão e só param na loja do dono. Entram aos empurrões e atropelam-se umas às outras para apanhar o feno e a ração que a Ti Ana momentos antes já tinha espalhado pelo chão. Vêm com fome e comem até que começa a ordenha. De balde na mão e tendo já a primeira cabra pronta, inicia a tarefa de encher a vasilha de leite. E sem parar diz-me:
   - Este ano não estou a ver como vou continuar a alimentar o gado. O feno que guardei do ano passado já acabou. Cada fardo custa-me quatro euros, quando o normal é custar dois euros e meio. O leite cada vez é mais despesas e menos leite! Como é que posso acordar de cabeça erguida? Eu já disse à minha mulher que mais valia vender as cabras. Afinal, já não há quem queira ajudar, estas são uma raça boa, da charnequeira, mas como as coisas estão, não sei se as vou manter durante mais tempo.
    E foi mesmo o que aconteceu, vendeu-as ao Ramalhas, proprietário da quinta ali à entrada da aldeia.
 

29.9.11

UM BOM PASTOR





Tantas e tantas expressões, nos diversos povos, em diferentes línguas, por nós bem conhecidas: gracias em espanhol, grazia tanta em italiano, merci bien em francês, thank you em inglês, danke schon em alemão, kanimambo em dialecto africano, etc…etc.

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A gratidão é uma atitude que dignifica o ser humano. Agradecer a quem nos fez ou faz bem é um dever, uma obrigação. Em português assumimos bem este sentimento e até dizemos “obrigado”. Tantas e tantas expressões, nos diversos povos, em diferentes línguas, por nós bem conhecidas: gracias em espanhol, grazia tanta em italiano, merci bien em francês, thank you em inglês, danke schon em alemão, kanimambo em dialecto africano, et…etc… A nossa expressão “bem haja” é o epílogo deste sentir.
Possuídos deste nobre sentimento o povo de Malcata prestou uma sincera homenagem ao Padre António Morgado, pároco de Malcata durante cinco anos e que este ano celebra os cinquenta anos de sacerdócio. Teve lugar no dia 28 de Setembro, a partir das 16.00 horas, com a celebração da eucaristia, onde a fé, as palavras e a música foram a expressão de uma vivência forte e emocionante deste ato.



 Pode continuar a ler a notícia escrita pelo nosso conterrâneo Rui Chamusco aqui:

http://www.cincoquinas.com/index.php?progoption=news&do=shownew&topic=3&newid=5054