As festas em geral
são eventos que as pessoas gostam de vivenciar e divertir. Mas o facto de as
pessoas gostarem de se divertir, em nada estão impedidas de, perante os números
até agora apresentados pela Comissão de Mordomos, de acharem que a festa não
correu bem. Aliás, o achar que não correu bem peca por defeito. A festa de
Malcata foi muito participada pelo povo da aldeia. O que os mordomos não
conseguiram foi alcançar resultados positivos. E esses resultados positivos
seriam alcançados se no mínimo tivessem dinheiro para pagar todas as despesas
que a festa custou.
Este ano a mordomia não pode
justificar os resultados negativos com a falta de adesão das pessoas e das
contribuições que muitos ofereceram. Estou a escrever tendo por base um
prejuízo na ordem de oito mil e tal euros que tanta falta fazem nas contas.
Tratando-se de um valor considerável, maior se torna quando se trata da festa
numa aldeia rural como é o caso da nossa. O valor da dívida até pode vir a ser
reduzida, mas estes números que apresentaram no fim da festa, provam que nem
tudo correu bem e ao contrário daquilo que as pessoas observaram durante os
dias da festa, aconteceram situações que merecem ser esclarecidas pelos
mordomos.
E a falta de dinheiro para o pagamento
das despesas fez acordar aqueles que andaram a dormir durante meses. Deixaram a
coisa andar e nunca se mostraram descontentes com a caminhada dos mordomos.
Depois da festa e do atraso da apresentação das contas, é que muitos se
aperceberam que alguma coisa má estava para ser anunciada.
Para surpresa da comunidade os Mordomos de 2023 divulgaram um comunicado, que eu li nas redes sociais, pedindo ajuda financeira para poderem pagar a todos os fornecedores. Ao fazer o apelo à ajuda antes da apresentação das contas veio agravar ainda mais a situação pela qual estavam a passar. Se a esta decisão adicionarmos as contas provisórias, feriram de morte o crédito e o apoio de muita gente, incluindo pessoas amigas ou ligadas por laços de convivência.
Em qualquer terra as festas são uma forma de promover a dita freguesia, que as tradições e os costumes ajudam a alcançar esse fim. E quando a festa apresenta contas limpas, transparentes, fundamentadas com documentos, movimentos de dinheiro justificados e verificados, toda a gente aplaude e encerram-se as contas. Não fosse um desvio tão elevado entre receita e despesa se calhar não se falava tanto ou se apontavam as causas desse desvio. Mas o errado não está no prejuízo que há, mas as causas que levaram a que isso acontecesse. Quem anda à chuva corre o risco de se molhar, mas se eu sair à rua e estiver a chover, faço-o com o guarda-chuva aberto! Isto só para dizer que a prevenção pode ser boa conselheira.
E quem nunca errou que atire a primeira crítica! Todos já falhámos e nas nossas vidas há momentos menos felizes. O que temos a fazer é aprender com o erro e mudar a nossa actuação para não repetirmos os mesmos erros.
Aplicando esta minha teoria aos Mordomos 2023, quem vier a seguir tem que trabalhar, delegar, responsabilizar, organizar e confiar uns nos outros. Vejam o trabalho realizado por uma equipa da F1 e interroguem-se sobre as razões de tanto êxito. É graças ao trabalho em equipa que os pilotos ganham as corridas. Cada elemento da equipa sabe a função que deve executar e tem a consciência que um erro vai afectar o bom desempenho da marca do carro. Na equipa a confiança, a responsabilidade e a entrega resulta numa festa na pista.
Os mordomos de 2023, convocaram o povo para o dia 16 de Setembro, pelas 17 horas, na sede da Junta de Freguesia. Dizem nessa convocatória que ali vão apresentar todas as contas e todos os documentos que têm sobre a festa.
Muitas pessoas mostraram interesse em estar presentes. Desejo que quem estiver presente tenha a capacidade e paciência de distinguir o essencial e importante que aconteceu na festa e esquecer o acessório. Defender aquilo que não tem defesa, não vale a pena estar a perder tempo, porque o povo sempre gostou da festa e da música, do baile e da procissão. Detesta é ser enganado e enxovalhado.
José Nunes Martins