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13.2.24

AI ENTRUDO AI ENTRUDO

 

   O Entrudo é sinal de alegria, muita diversão e borga até às tantas. É uma festa de origem pagã e comemora-se sempre numa terça-feira, 47 dias antes do Domingo de Páscoa. No dia do Entrudo havia vários momentos de cariz comunitário e toda a gente assinalava o fim do Inverno e a chegada da Primavera. Mas depois, a religião veio mudar algumas coisas e uma delas foi encurtar os dias de festa.  Contudo, nunca conseguiu acabar com o Entrudo porque o povo o festeja antes do início da Quaresma. Assim o Entrudo festeja-se até à Quarta-Feira de Cinzas.


É uma alegria quando os entrudos entram no lar da aldeia.

   - Olha que entrudos! Ai mãe do céu, mas que acareios! 
   - Ó Maria, hoje é entrudo. Canta e ri, porque esta vida são três duas e o entrudo dois! 
   - Tens razão Manel Zé! Ai se fosse noutros tempos...quando eu era mais rapariga, 
      o entrudo era para a borga…

   A conversa foi interrompida pelos entrudos que entraram na sala. 
   - Olhem estes, quem são estes entrudos?
     
   Era assim o entrudo na nossa aldeia. Um dia de trapalhadas e trapalhões, o que procuravam era a alegria, a boa disposição, esquecer as amarguras do dia a dia e andar na farra até cansar.
   Nestes últimos anos lá vão aparecendo alguns mascarados, que combinam entre si o que vão fazer no dia de Entrudo. Um ou dois homens e meia dúzia de percorrem as ruas da aldeia, entram no lar de idosos e a alegria sente-se nas pessoas. 
   Tempos houve que neste dia a associação cultural e desportiva preparava um desfile de entrudo e durante a tarde animavam as ruas, os cafés e o lar da aldeia.  
   Agora, o entrudo mudou-se para a cidade do Sabugal e Malcata nunca mais sentiu o Carnaval! Desde que a Câmara Municipal propôs atribuir um subsídio às associações que participarem no desfile do Carnaval do Sabugal, o entrudo morreu e está praticamente desaparecido das tradições populares.
  
                           
                                                
   

  
  

18.9.23

MALCATA PRECISA DE LIMPAR O QUE ESTA SUJO

 

   Espero que esta minha carta vos chegue à caixa do vosso correio cerebral. Eu fico bem, graças a Deus. Tenho a necessidade de desabafar convosco e espero ajudar a interpretar os acontecimentos que se passaram durante o mês de Agosto na nossa aldeia. Então lá vai:

   Muitas vezes quando uma festa corre mal, o povo procura encontrar uma espécie de válvula de escape para acabar com a insatisfação do povo. Noutras épocas e noutras terras o pau servia de arma de arremesso e varriam os impuros da sua terra. Mas para isso acontecer havia que primeiro encontrar o tal “bode”.
   É um pouco assim que eu descrevo o que se tem passado na aldeia onde nasci. Será que assim se consegue perceber as contas da festa? É um mordomo culpado de tudo?
Sim e a mordoma e o povo. E porquê o povo? E eu expondo: porquê a mordoma?
   Hoje estamos a acusar uma pessoa, amanhã estaremos a acusar outras pessoas, porque tem de haver sempre quem deve ser culpado de não ter chegado o dinheiro para pagar as despesas da festa. Encontrado o “bode expiatório” há que o condenar e depressa, não pode continuar sem castigo. E pensamos nós que se não for assim, mais aumenta a insatisfação e mais vingança pedimos. E com tanto ruído, acabamos a compreender mal o que se está a passar e ainda contribuímos para abrir mais a ferida, esquecendo-nos de que cada um de nós também tem a sua quota-parte da culpa e do estado a que se chegou. O mordomo que todos querem encontrar frente a frente acaba por ser o único que praticou os crimes, os abusos, os acordos com os fornecedores de bebidas, de espectáculos, de receber ofertas e deitá-las no mesmo saco preto e opaco.
Todos nós nos transformamos em juízes e rimos à farta uns com os outros daquele mordomo que já não tem uma casa na aldeia para se esconder e cheio de medo desaparece para longe da vista porque quer continuar a viver.
   É difícil provar a inocência e quanto mais tempo demorar a explicar, mais culpa as pessoas lhe atribuem. Eu interrogo-me porque deixaram o maquinista continuar a levar o comboio sozinho até esbarrar na última estação? Durante a viagem ainda alguns se mostraram insatisfeitos e na ausência de mudanças da linha, avisaram o maquinista que se ia esbarrar na última estação, mas a fé e o saber fazer, convenceu o maquinista que conseguia chegar ao destino e depois, direitinho para férias…Não foi assim que aconteceu e ainda hoje se desconhecem os verdadeiros motivos de faltar tanto dinheiro para pagar as contas da festa que bastava entrar o valor que havia a receber e pagavam a festa, porque a partir daí, seria só lucro. Estas foram as palavras que me lembro, de ter lido em Abril deste ano na página Mordomos 2023.
   E agora como vai a freguesia lavar a cara?
                                                        José Nunes Martins

8.9.23

MALCATA: À ESPERA DA PROVA DOS NOVE

  

Banda da música na Festa da aldeia de Malcata,
quando ia a casa dos mordomos dar as boas vindas.
(Carvalhão, dois mordomos ali viviam)

   

   Então como foi a festa?
   A resposta é tão variada e tão geral que se resume a uma frase:
   "Fala-se que...olha, não quero saber disso"!
   Até agora, a Comissão de Mordomos de 2023, passados estes dias todos, ainda não apresentou todas as contas relativas à festa em honra de São Barnabé (foi assim que o arraial foi divulgado como podemos ler no cartaz).
   A falha na apresentação das contas, dar conhecimento do que se fez com o dinheiro da comunidade, está a ser um erro grande. É que o dinheiro existente na conta e o que entretanto foi angariado, não pertence à Comissão de Mordomos e muito menos é uma bolsa de crédito ao dispor dos membros da  comissão de mordomos. Todos sabem que, o dinheiro está à guarda dos mordomos e que eles(as), aceitaram voluntariamente a missão de organizar uma festa, contando para isso com o dinheiro. O que se espera das comissões de mordomos, é que tenham e exerçam uma gestão responsável, na forma como usam o dinheiro,  o destino que lhe vão dando. É por isso que, é de suma importância uma constante prestação de contas e das actividades que se vão desenvolvendo nos meses anteriores à festa, dando a saber e publicar os diversos movimentos de dinheiro. E como existe muita gente que vive fora da aldeia, é ainda mais importante e necessário explicar como se está a usar!  chegando mesmo ao mundo das redes sociais, para informar. Todos têm o direito a essas informações periódicas, porque quem vive na aldeia e ainda mais os que vivem fora, ao perceberem  como os mordomos vão gastando o dinheiro, como é o meu caso, que vivo muito distante daqui, se tiver acesso a informação séria e actualizada, acabamos por nos sentir mais parte da comunidade, sentimo-nos acarinhados e sensibilizados por,  mesmo longe, contam connosco. A falta de prestação de contas tem como consequência o aparecimento de falatórios e de criticas negativas, arrastam sentimentos de desconfiança e incertezas, aumentando o desânimo na aldeia.
   Ver as contas, não é sempre sinal de transparência e mesmo quando não há contas apresentadas, aumentam as desconfianças, vêm os desânimos e cada vez maiores.
   Quando há dinheiro envolvido, seja muito ou pouco, a atitude a ter é, que se trata de dinheiro da comunidade,  um recurso que os mordomos precisam de usar  respeitando os valores da transparência e responsabilidade. É que não há outra forma de organizar uma festa e no fim ter êxito. Fazer as coisas com transparência e não esquecendo as obrigações legais quanto aos contratos de bens e serviços. Dando periodicamente informação, mesmo quando não a pedem, é assunto que interessa a todos, porque agindo nestes moldes tudo é mais fácil de controlar e ao mesmo tempo estamos a fazer as contas aos poucos e com controlo apertado. Gerir bem o dinheiro é não ter medo de apresentar as contas, nada para esconder, porque é tudo claro, assinado e conferido. E sempre que surgem dúvidas, alertas e avisos, é necessário parar para pensar e antes de continuar a ignorar, com o intuito de no fim esclarecer, procurar deixar tudo claro, com o conhecimento de toda a equipa. Ficar calado e não dizer nada, ou, fazer de conta e ficar à espera da próxima escorregadela, é no meu entender, atitude irresponsável, porque o erro, ou a falha, quanto mais depressa se anular, melhor.
   Viver o espírito de mordomo é trabalhar em equipa.
   Ora pensem comigo um pouco:
   Uma Comissão de Festas organiza um baile, procura apoios e encontra. Tudo pronto, divulga o programa, os preços e os objectivos que quer alcançar. Para chamar gente, contratam quem anime e quem cozinhe. Há trabalho, há mesas prontas e espaço preparado para receber os convidados pagantes, pois o fim do baile é angariar dinheiro para pagar a festa mais lá para a frente.
   A festa/baile/caminhada/encontro ou o que lhe queiram chamar, acontece e decorre no local indicado e na data anunciada. Nunca mais se ouviu falar do baile, do dinheiro que conseguiram angariar…quanto dinheiro fizeram??? Só depois de alguns “ais” e “diz-se que…fala-se que” e aparecem as contas, fica-se a saber que a organização, apesar das ajudas dadas, tiveram prejuízos. O que vai pensar o povo dessa freguesia?
   A resposta é simples: “Assim, não vamos a lado nenhum”
   As coisas aconteceram e todos se calaram. Porque se calaram todos? Quem percebeu que tinha havido má gestão, porque não pediram a apresentação das contas?
   Este foi o início do que mais tarde viria a repetir-se?
   O risco de assim acontecer, era enorme! Só não viu quem não quis e nunca quis saber, salvando-se aqueles valentes e corajosos mordomos que bateram a tempo com a porta e saíram.
   Há valores na vida humana que nunca devemos abdicar deles. E agora Malcata?

    

                            José Nunes Martins


16.8.23

MALCATA : ESTAR DENTRO DA FESTA OU FICAR DE FORA?

                             ACTUALIZAÇÃO DE VISITAS A ESTA PUBLICAÇÃO :

               Tantas pessoas que por aqui passam e não há uma única resposta às perguntas feitas!!!
                        As perguntas são estas:
                   
1- Como foi a festa deste ano?
                         2-  Qual o verdadeiro sentido da Festa em Honra de S. Barnabé?
                             3-  Se fosse mordomo o que propunha para a festa?

   Hoje, uns dias depois do fim da festa deste ano,  dou comigo a recordar com alguma saudade as vivências do dia de festa na minha aldeia. Era dia de festa, de alvorada com foguetes e “banda da música” ou filarmónica. Neste dia a minha mãe preparava roupa nova, mesmo a estrear e havia mesa farta ao almoço. Para este dia de festa o meu pai alegrava-se com a vinda de todos os da família, havia sempre lugar para eles. Não era boa altura para receber amigos, ele não tinha tempo livre nestes dias. A responsabilidade que assumira de ser mordomo, estava sempre primeiro que tudo o resto. Ele e os outros mordomos fartavam-se de trabalhar para que toda a festa corresse bem. Uma das preocupações que os mordomos tinham era como ia estar o tempo no domingo. Qualquer nuvem no céu lhes trazia preocupações e mesmo com as coisas preparadas para a eventualidade da chuva, nem sempre as prevenções resultavam na sua totalidade. A Missa e as procissões, o fogo, a música e o ramo concentravam toda a atenção dos mordomos. Nesses primeiros anos, as receitas da festa eram obtidas com peditórios à volta do povo, algum ou outro baile e muita contenção nas despesas do fogo, que era onde eles podiam cortar alguma coisa. Depois havia um apoio das famílias dos mordomos para abastecer o Ramo com bolos caseiros, coelhos, cabritos, presuntos, chouriças, garrafas de bebidas…coisas feitas com muito amor e suor durante a semana anterior ao dia da festa. E todas estas ofertas iam parar ao Ramo da festa, o autêntico dinamizador dos apoios da festa, era no Ramo que os mordomos apostavam para angariar dinheiro. Só mais tarde veio a exploração do bar durante a festa.
   Enfim, quando recordo estas coisas, sinto o medo que eu tinha aos foguetes lançados muito próximo das pessoas, ali na varanda da casa dos meus pais, enquanto tocava a banda da música e os mordomos distribuíam nas bandejas os copos de vinho e doces.
   No fim da missa do domingo a seguir à festa, na altura dos avisos, os mordomos entregavam ao padre um papel com as contas da festa e a lista dos próximos mordomos. E durante uns dias era o tema mais falado na aldeia.
   A festa tinha acabado.
  
Nota: dois dias após a festa deste ano ter terminado gostava de perguntar:
           1-Como foi a festa deste ano?
           2-Qual o verdadeiro sentido da festa de Agosto, em Malcata, continuar a ser em
                Honra de São Barnabé?
           3- Se fosse mordomo(a) o que propunha para uma Festa em Malcata?
          
   Vamos então falar sobre as festas e como elas se enfarinham na vida de todos nós.
   Esvaziar as nossas cabeças e dar tempo e tolerância é o que estamos a precisar. Agradeço todos os contributos e respostas. 
                                                        José Nunes Martins
   
           


24.6.23

MALCATA: SÃO JOÃO É NA MOITA

   

Festejar para não esquecer

 

   

   Recordo-me dos meus tempos de garoto na aldeia, onde se celebrava o São João, popular santo e que o povo gostava de festejar. Nesses anos sessenta, na aldeia sentia-se e vivia-se aquele espírito de “povo unido” e pronto para festa ou trabalho. Talvez por esses motivos as festas eram tão alegres e divertidas.
   E o São João, esse popular festivaleiro, punha toda a aldeia em alvoroço durante pelo menos um mês antes de 23 de Junho. As noites eram para cada rua juntar os seus moradores e fazerem os arcos mais bonitos e mais vistosos para a festa. O empenho era muito e todo o trabalho era feito em segredo, isto para que as outras ruas não copiassem as ideias da nossa! Noite após noite, à luz das candeias e dos candeeiros, entre montes de papeis coloridos, tesouras e cordões, a sala ou lá onde fosse, transformava-se num atelier de costura e artesanato de papel. Era preciso muitos cuidados na Confecção e principalmente no enrolar dos arcos. Um mal enrolado podia resultar num arco partido, emaranhado e tirava a pessoa do sério quando andava a enfeitar a rua.
   E no dia da festa, todos apareciam no Rossio para dar um pé de dança ao som do tocador de concertina!  

 

   São João para ver as moças
   Fez uma fonte de prata
   As moças não vão a ela
   São João todo se mata.

                                             José Nunes Martins

7.9.22

VÃO COM DEUS E ATÉ PARA O ANO!

    

   


   Depois de passarem o mês de Agosto na aldeia e a festa terminada, os emigrantes regressam aos países onde trabalham. Para trás deixam a aldeia mais vazia e abalam de coração apertado e com o pensamento na contagem decrescente do número de dias para voltar ao seu cantinho beirão.
   Os preparativos da viagem de regresso são momentos difíceis e as malas não têm espaços livres para acomodar a saudade. Alguns já estão habituados a partir de malas feitas, mas dizem que a melhor estrada é aquela que os traz de Paris a Malcata ( Martine Martins, em declarações à SIC). 
   Uma reportagem que passou há dias no programa "Casa Feliz", emitido pela SIC, uma nossa conterrânea, que também se encontra a trabalhar em Paris, de forma sublime e sentida, partilhou com os telespectadores os seus sentimentos e os seus afazeres na preparação da viagem de regresso a França. Martine Martins foi a estrela da reportagem e aproveitou a oportunidade para revelar o seu apego e carinho pelos malcatenhos, pela aldeia e por tudo aquilo que as pessoas podem encontrar na terra do seu coração. A partida é sempre difícil e desta vez, pela video chamada que houve em directo, ficámos a saber que a viagem de regresso correu bem. 
   "Vai com Deus e até para o ano"!
   
 Vejam o link aqui:

  https://sic.pt/programas/casafeliz/casa-feliz-2-de-setembro-parte-1/?fbclid=IwAR0uOG17Zi-sR6dmo81ill7L5LHmvuZrWHoKTgtnj_nDJgx-zWHvlIGBKRc

 




      O desejo da Martine Martins foi realizado:  estar em Malcata e participar na festa! E um agradecimento merecido a uma outra malcatenha, que não perde uma oportunidade para promover a aldeia de todos nós: Raquel Jorge, elemento da Redação "Casa Feliz".

31.8.22

SE É BOM É PARA SE VER E CONHECER

    

   
Promessas levadas pelos ventos. Pergunto mas ninguém me diz...

 

   O mês que muitos de nós gostamos está a acabar. Termina a época dedicada às festas populares e as aldeias vão voltar ao seu ritmo normal de vida.
   A festa do mês de Agosto, no segundo domingo, é a festa grande, é a festa que a maioria dos malcatenhos gostam de marcar presença. Lembro-me da alvorada logo de manhã cedo e que me fazia saltar da cama. Chegada a banda da música, as crianças corriam até ao cimo da estrada e acompanhavam os músicos pelas ruas da aldeia e de vez enquando, desapareciam a correr tapadas abaixo e acima à procura das canas dos foguetes. Voltavam a juntar-se ao desfile da banda exibindo com cara de vencedores a molhada de canas. Terminada a volta às casas dos mordomos e à aldeia, a banda mantinha-se em descanso até à hora da procissão com os santos nos andores e seguido de missa cantada por alguns elementos da “música” e acompanhadas as vozes com alguns instrumentos musicais tocados pelos músicos.
   Pois a festa já foi e consequentemente acabou também a enchente de gente nos locais mais emblemáticos da nossa terra. Este ano, ainda por causa da pandemia que nos atacou a todos, houve festa, um pouco mais contida e menos dias de folia, graças aos mordomos e aos muitos voluntários malcatenhos, tudo correu bem. Foi importante o apoio oferecido pela Junta de Freguesia durante a preparação do recinto da festa e dos eventos realizados na Praça do Rossio, que vieram engrandecer e dignificar os festejos: apresentação do livro “A Borboleta Que Não Tinha Nome”, da autoria de uma nossa conterrânea, enfermeira Manuela Vidal, tendo aceitado o convite feito pela Junta de Freguesia para este evento; também a realização da Feira de produtos artesanais animou durante duas noites o arraial.
  Lamentavelmente alguns dos locais de interesse na freguesia, partes importantes do património público, mantiveram-se encerrados ao público todo o Verão. Existem só que não são utilizados nem os damos a conhecer a quem nos visita e gostava de usufruir. Por exemplo, a Torre do Relógio, o Forno Comunitário, o Moinho, a albufeira da barragem é mais do que a Zona de Lazer e uma estrutura que flutuava na água, que deixou de atrair os banhistas que se habituaram a vê-la em pleno serviço de apoio aquele magnífico recanto de lazer. Para desgraça dos malcatenhos, as belezas naturais são desaproveitadas e por falta de ambição da nossa comunidade e falta de visão, a longo prazo, dos responsáveis do poder local, estamos como estamos porque assim aceitam que deve Malcata estar. Um céu muito negro e carregado de incertezas costuma ser revelador de maus dias...afastamento e reorientação de rumo apoiado na experiência e no conhecimento, se Malcata quer chegar a um porto seguro.
   A festa do mês de Agosto, no segundo domingo, é a festa grande, é a festa que a maioria dos malcatenhos gostam de marcar presença. Lembro-me da alvorada logo de manhã cedo e que me fazia saltar da cama. Chegada a banda da música, as crianças corriam até ao cimo da estrada e acompanhavam os músicos pelas ruas da aldeia e de vez enquando, desapareciam a correr tapadas abaixo e acima à procura das canas dos foguetes. Voltavam a juntar-se ao desfile da banda exibindo com cara de vencedores a molhada de canas. Terminada a volta às casas dos mordomos e à aldeia, a banda mantinha-se em descanso até à hora da procissão com os santos nos andores e seguido de missa cantada por alguns elementos da “música” e acompanhadas as vozes com alguns instrumentos musicais tocados pelos músicos.
   Pois a festa já foi e consequentemente acabou também a enchente de gente nos locais mais emblemáticos da nossa terra. Este ano, ainda por causa da pandemia que nos atacou a todos, houve festa, um pouco mais contida e menos dias de folia, graças aos mordomos e aos muitos voluntários malcatenhos, tudo correu bem. Foi importante o apoio oferecido pela Junta de Freguesia durante a preparação do recinto da festa e dos eventos realizados na Praça do Rossio, que vieram engrandecer e dignificar os festejos: apresentação do livro “A Borboleta Que Não Tinha Nome”, da autoria de uma nossa conterrânea, enfermeira Manuela Vidal, tendo aceitado o convite feito pela Junta de Freguesia para este evento; também a realização da Feira de produtos artesanais animou durante duas noites o arraial.
  Lamentavelmente alguns dos locais de interesse na freguesia, partes importantes do património público, mantiveram-se encerrados ao público todo o Verão. Existem só que não são utilizados nem os damos a conhecer a quem nos visita e gostava de usufruir. Por exemplo, a Torre do Relógio, o Forno Comunitário, o Moinho, a albufeira da barragem é mais do que a Zona de Lazer e uma estrutura que flutuava na água, que deixou de atrair os banhistas que se habituaram a vê-la em pleno serviço de apoio aquele magnífico recanto de lazer. Para desgraça dos malcatenhos, as belezas naturais são desaproveitadas e por falta de ambição da nossa comunidade e falta de visão, a longo prazo, dos responsáveis do poder local, estamos como estamos porque assim aceitam que deve Malcata estar. Um céu muito negro e carregado de incertezas costuma ser revelador de maus dias...afastamento e reorientação de rumo apoiado na experiência e no conhecimento, se Malcata quer chegar a um porto seguro.

                                                                 José Nunes Martins

28.8.22

FESTAS DE MALCATA: FOGUETES, BANDA DA MÚSICA, MISSA E PROCISÃO E BAILE ATÉ ÀS TANTAS!

 

A banda da música na casa do mordomo da festa
                                                       


                                                             FOGUETES DE LÁGRIMAS


   Quando eu era criança, a festa era assim: no dia da festa, domingo, havia a missa cantada com sermão, procissão antes e depois da missa e à tarde dançavam ao som das músicas tocadas pela banda de música e pelo tocador de concertina e ao mesmo tempo que uns dançavam ou bebiam no bar, decorria o ramo das oferendas.
   À noite, no fim da pregação na igreja, ninguém saía do adro até serem lançados os “foguetes de lágrimas”, cujo fim era anunciado com o morteiro. As pessoas subiam as ruas e a festa continuava no Rossio.
                                                       
José Nunes Martins

13.8.22

BORBOLETAS, FEIRINHA, BAILARICO = FESTA EM MALCATA

 



   


   Durante este fim de semana Malcata fervilha e divertem-se até quase o sol acordar. A presença dos emigrantes, viraram a aldeia de pernas para o ar e rumam todos até ao Rossio, o ponto mais importante da festa. É fácil sentir a presença dos jovens luso-franceses que não precisam da companhia dos pais para “se divertirem à grande e à francesa”, ou seja, com asas para voar por onde desejam, porque na nossa aldeia ainda é seguro para todos. Aos emigrantes unem-se todos os malcatenhos que estão este mês de férias e que trabalham fora da aldeia. Estes chegaram mais rápido e menos cansados da viagem. Os que vêm lá de Paris e arredores, têm de conduzir muitos quilómetros com a regueifa nas mãos e as paragens deviam ser obrigatórias, mas há quem tenha pressa de chegar...

   No momento em que escrevo estas linhas, já aconteceu um dos momentos surpresa da festa deste ano. Refiro-me á Sessão de Apresentação de um livro. Manuela Vidal é a autora do livro “A História de Uma Borboleta Que Não Tinha Nome”.  Joana, filha de Manuela Vidal, gosta de fazer passeios pelos caminhos da pequena aldeia dos avós maternos, juntos, mãe e filha, sempre que estão aos pés da Serra da Malcata, partem à descoberta e à aventura. Assim e com mais uns pozinhos como de uma poção mágica se tratasse, nasceu a linda história da borboleta que ainda não tinha um nome...A apresentação decorreu hoje, 13 de Agosto, ao meio da tarde, no largo do Rossio. A Junta de Freguesia de Malcata está de parabéns e sim, mostra que quando quer, sabe oferecer programas que valorizam, enaltecem e educam as pessoas, oferecendo cultura e alternativas para se viver feliz.
   Termino com uma palavra de apreço a todos os malcatenhos que se encontram em Malcata, um louvor à Junta de Freguesia que patrocina a Festa e aos mordomos que também andam animados e tudo estão a fazer para que a Festa seja fantástica.
   Por fim, uma saudação carinhosa e especial para a Manuela e a Joana e ao marido e pai Rui.

                                                                José Nunes Martins

24.6.21

MALCATA: FESTA DE SÃO JOÃO SINGULAR

   










   Hoje é Dia de São João, um homem que é santo, milagreiro e muito popular em Portugal. E sendo tão popular, o povo arranjou muitas maneiras de o celebrar. E na freguesia de Malcata, todos os anos, o dia 24 de Junho se festeja o santo. Esta festa popular levava algum tempo a preparar e por isso, algumas semanas antes deste dia, a rapaziada iam procurar o pinheiro que tivesse a altura e grossura que precisavam para dele fazerem o “mastro” para a festa. Lembro-me de olhar lá bem para cima do mastro, que se erguia direitinho até ao céu, ali no Rossio.       Com esta coisa da pandemia do Covid 19 não tem havido folia são-joanina. Resta-nos ficar pelas lembranças de festas passadas, cheias de memórias que também nos ajudam a compreender e a perpetuar as tradições populares da nossa gente. Aqui deixo algumas imagens que retratam algumas das festas de São João na nossa aldeia, dia de diversão e alegria.
                                                                        José Martins

PS: Se as imagens que publico incomodarem alguma das pessoas em causa, agradeço que enviem essa informação.




                                                                Fotos:


   




14.8.19

MALCATA: Associação Cultural e Desportiva em dia de FESTA


  
ACDM-Sede
   A sede da Associação Cultural e Desportiva de Malcata, na freguesia de Malcata, melhorou as condições das instalações. Das obras que no próximo dia 15 de Agosto vão ser inauguradas, fazem parte os estores eléctricos nas janelas, fechou-se o pátio traseiro e ali nasceu uma foi construída uma chaminé com uma imponente lareira, onde o granito se faz salientar. O telhado também foi reparado.
   Esta cerimónia da inauguração esteve programada para o dia 7 de Abril, mas por motivos alheios à direcção da associação, só agora serão inauguradas.
   Como todos os sócios sabem, a sede da ACDM está a funcionar no edifício da antiga escola primária e é também o Salão da Junta de Freguesia de Malcata. A sala possui um palco de reduzidas dimensões e não tem uma cortina que é fechada para mudança de cenários, tempo ou final da apresentação. O espaço funciona como “multiusos”, ou seja, naquela sala tem sido possível servir almoços, jantares, jogar às cartas, ouvir cantar o fado, orientar workshops, ver filmes, bailes e festas de fim de ano, etc.,etc.    
    Ao longo dos anos os sócios lá se têm acomodado e pouco ligam, por exemplo, às condições de conforto ou de ambiente. Felizmente não é o único local da nossa aldeia onde as pessoas se encontram, por exemplo, para tomar um café, apesar de alguns estabelecimentos comerciais terem encerrado, ainda permanecem abertos quatro cafés e um minimercado. O meu receio é que, depois destas obras na sede da ACDM e outras que já se fizeram iguais noutras associações, para além de uma boa lareira, pouco mais interessou melhorar.    
  As obras ao que me disseram tiveram a ajuda da Câmara Municipal do Sabugal, tendo em conta a importância que a ACDM tem para a freguesia e da sua importância como ponto de união da aldeia.
 Ora sendo aquele espaço também da junta de freguesia, com mais cuidado e visão estratégica se deve ter nos momentos de ali fazer obras.
   Lembro que este ano é ano de eleições e que a prudência na propaganda de promessas de obra, inaugurações e soluções há muito aguardadas, devem fazer reflectir aqueles que exercem cargos públicos.
   Não contesto as obras feitas e os atrasos, porque uma casa sem telhado não serve, uma sala de espectáculos sem um palco, sem luz e escuridão, sem uma plateia bem instalada em cadeiras confortáveis leva ao afastamento das pessoas, razão da existência das associações e dos artistas e todos os profissionais e divulgadores culturais.
   Em vésperas de inauguração e da Festa do Sócio, venho lembrar que tenham também presente a necessidade da existência naquele espaço dos equipamentos de segurança e protecção individual em casos de catástrofes naturais, de incêndio ou outros e que esses mesmos equipamentos ajudem efectivamente a proteger e a salvar a vida humana.
   Costumamos ouvir dizer que “o seguro morreu de velho” e tendo presente algumas tragédias em espaços como o que ocupa a ACDM, deixo aqui estes alertas.
   Viva Malcata.
                                                 José Nunes Martins
  











4.8.18

A UMA SEMANA DA FESTA EM MALCATA


   Com a festa de Malcata a aproximar-se a aldeia enche-se de gente vinda de todos os sítios e em especial de França. O sagrado volta a juntar-se ao profano, enfeitam-se os andores que vão ser levados em ombros pelas ruas da nossa aldeia, enfeita-se a igreja com flores e roupas novas para que no domingo a celebração da eucaristia e todas as outras cerimónias religiosas sejam muito participadas e apreciadas.
   Como já vem sendo hábito, a celebração religiosa da festa resume-se a um dia, o domingo, que as mordomias continuam a incluir nos seus programas festivos. Os outros dias estão preenchidos com jogos tradicionais, como o jogo da petanca, torneio da arraiola, torneio de sueca, torneio de malha, garraiada, feira do artesanato, matraquilhos humanos, jogos de água, festa da cor para crianças e insufláveis, caminhada, aula de zumba e os dias terminam com baile animado por grupos musicais e mesmo para arrebentar, abre a discoteca ao ar livre.
   Durante estes dias e noites contem com balcão-bar para beber e comer.
   É disto que o povo gosta. Haja festa, foguetes, música , muita música e bebida também. Lá diz o povo que “tristezas não pagam dívidas” e “penas têm as galinhas” ou que “a vida são três dias e este…”.
   Bem-vindo a Malcata quem vier por bem.
   Divirta-se!
                                                                                                                              Josnumar

12.8.17

QUE PORREIRA ESTÁ A FESTA!

 Fotografias de Manuel Castilho
   A aldeia está em festa, tocam os sinos na torre da igreja, preparam-se os santos e os andores, a cada momento chegam flores e mais flores. Todos trabalham para que amanhã à hora combinada esteja tudo bem composto e alinhado.
   Esta semana a aldeia transforma-se num festival de Verão. As pessoas andam para cá e para lá, é normal encontrar grupos de pessoas a conversar no meio das ruas que apesar do aumento da circulação de veículos motorizados de duas e quatro rodas, ninguém vive com a preocupação de procurar outros espaços, mesmo até as crianças brincam ali à volta dos pais numa despreocupação tal que nas ruas das cidades não seria imaginável.
   Com tanta azáfama e movimento nas ruas, cafés e as filas de espera no único comércio, agora chama-lhe "Armindo - Mini-Mercado", não afastam os clientes que pacientemente aguardam a sua vez.
   Festa é festa e as pessoas em Malcata ainda  reservam o segundo domingo do mês de Agosto para passar pela aldeia. Durante a semana anterior à festa e até ao domingo da festa propriamente dito, abundam actividades recreativas, desportivas, bailes e discotecas ao luar. Uns jogam as cartas no Rossio, outros entram num campo de plástico e transformam-se em matraquilhos humanos durante o tempo de jogo. À volta correm e saltam as crianças de cara pintada e a alegria é tanta que entre os gritos dos golos e das crianças, as badaladas do relógio da torre nem se ouvem. Os mórdomas e mórdomas ainda não tiveram tempo para se sentarem um pouco que fosse e descansar. A clientela está sempre a aparecer, há pratos de tremoços para colocar em cima do balcão, garrafas de minis para abrir, copos de sumo para servir, gelo para refrescar as bebidas, frangos, febras, salsichas e entremeadas para virar e não deixar queimar nas brasas do carvão. E nem as meninas da barraca das rifas têm descanso, é um desenrolar de papeis e verificar os prémios que não deixa descansar quem tem de enrolar novas rifas.
   Olhem que quem assim trabalha durante uma semana, aquela semana de férias, digo-vos que depois destes dias seguidos de muito trabalho e pouco sono, rebentam o mais forte dos malcatenhos!
   Estou em crer que durante estes dois dias, o sábado e o domingo da festa, o assunto e tema de conversas são os de sempre, ou seja, como está o tempo, como vai estar nestes dias, o baile ontem esteve bem composto, o grupo soube animar a gente e diversão é o que se quer, vamos ver como vai ser amanhã, agora não há foguetes e já não se apanham as canas, como eu gostava de ir às canas!!!!
    Viva a festa, viva a vida dos malcatenhos alegres e contentes com o padroeiro Barnabé!
                                                                                                            José Martins                                                                                                         

                                                                                                                   
                                                                                                                      

31.12.16

O DIA DE ANO NOVO EM MALCATA



    Quem ainda se lembra dos tiros de caçadeira ou rebentamento de bombas com que os malcatenhos matavam o Ano Velho?
    E as borgas para festejar a entrada do ANO NOVO ?
    José Rei, no seu livro "Malcata e a Serra", aviva-nos essas tradições de outros tempos:
 

O Dia de Ano Novo em Malcata

   Tenham um BOM ANO e que para o ano corra pelo mesmo cano.