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13.2.24

AI ENTRUDO AI ENTRUDO

 

   O Entrudo é sinal de alegria, muita diversão e borga até às tantas. É uma festa de origem pagã e comemora-se sempre numa terça-feira, 47 dias antes do Domingo de Páscoa. No dia do Entrudo havia vários momentos de cariz comunitário e toda a gente assinalava o fim do Inverno e a chegada da Primavera. Mas depois, a religião veio mudar algumas coisas e uma delas foi encurtar os dias de festa.  Contudo, nunca conseguiu acabar com o Entrudo porque o povo o festeja antes do início da Quaresma. Assim o Entrudo festeja-se até à Quarta-Feira de Cinzas.


É uma alegria quando os entrudos entram no lar da aldeia.

   - Olha que entrudos! Ai mãe do céu, mas que acareios! 
   - Ó Maria, hoje é entrudo. Canta e ri, porque esta vida são três duas e o entrudo dois! 
   - Tens razão Manel Zé! Ai se fosse noutros tempos...quando eu era mais rapariga, 
      o entrudo era para a borga…

   A conversa foi interrompida pelos entrudos que entraram na sala. 
   - Olhem estes, quem são estes entrudos?
     
   Era assim o entrudo na nossa aldeia. Um dia de trapalhadas e trapalhões, o que procuravam era a alegria, a boa disposição, esquecer as amarguras do dia a dia e andar na farra até cansar.
   Nestes últimos anos lá vão aparecendo alguns mascarados, que combinam entre si o que vão fazer no dia de Entrudo. Um ou dois homens e meia dúzia de percorrem as ruas da aldeia, entram no lar de idosos e a alegria sente-se nas pessoas. 
   Tempos houve que neste dia a associação cultural e desportiva preparava um desfile de entrudo e durante a tarde animavam as ruas, os cafés e o lar da aldeia.  
   Agora, o entrudo mudou-se para a cidade do Sabugal e Malcata nunca mais sentiu o Carnaval! Desde que a Câmara Municipal propôs atribuir um subsídio às associações que participarem no desfile do Carnaval do Sabugal, o entrudo morreu e está praticamente desaparecido das tradições populares.
  
                           
                                                
   

  
  

9.3.11

O ENTRUDO NA ALDEIA

  
 O CÂNTARO E AS BUGALHAS
Atirar um cântaro de barro para dentro da casa da moçoila nada diz para um qualquer grupo de jovens desta "geração à rasca".
   Mas nos anos 50, 60 os rapazes da raia, na região do Sabugal, curtiam à brava e era uma das brincadeiras preferidas da juventude da "geração emigração". E aquilo até não tinha grande dificuldade em levar a cabo. Tratava-se de pegar num cântaro de barro inutilizado, encher com bugalhas secas e escolher a vítima. Em grupo a brincadeira tinha outro sabor e por isso na noite vespertina da terça feira do entrudo ( carnaval ), juntavam-se e com o(s) cântaros preparados, escolhiam as casas das vítimas e tinham preferência por aquelas onde havia raparigas em idade de namorar. Depois de anoitecer, protegidos pela escuridão da noite e apenas com a luz da lua, iam até à primeira casa a visitar. O grupo escondia-se debaixo da varanda da casa. No momento certo, um elemento subia com muito cuidado as escaleras ( escadas ), seguia-o um segundo rapaz carregado com o cântaro de barro. Ao primeiro competia abrir com cuidado a porta da casa e ao segundo, assim que a porta abria lançava com toda a força o cântaro para o soalho da casa. Imediatamente fugiam juntamente com os outros elementos do grupo.
   O estrondo do cântaro ao bater no chão é tal que os donos da casa ficam assustados. A conversa à lareira foi abruptamente interrompida e apesar de rapidamente se levantarem dos bancos, deparam-se com muitas bugalhas e alguns cacos de barro espalhados por todo o soalho que lhes dificulta a perseguição aos atrevidos rapazes. Resta-lhes limparem o chão e depois de tentativas falhadas em saber quem teria sido, riam e voltavam a sentar-se junto à lareira.
   Mas havia famílias que reagiam "mal" a estas brincadeiras...e não gostavam de ficar sem resposta ripostando mais tarde.

OUTRAS PARTIDAS DO ENTRUDO




   No entrudo, para além da brincadeira do cântaro de barro e as bugalhas secas dos carvalhos, os rapazes divertiam-se também a assaltar as lojas e sem o dono dar conta, levavam a vaca, o burro, a cabra ou o que lá houvesse e escondiam noutra loja até ao amanhecer. Na manhã de terça-feira, os rapazes mascaravam-se e montados nos burros, percorriam as ruas de Malcata. Até ao desfile da burraria ninguém sabia onde eles se encontravam escondidos. Com os outros animais, cada dono teria que procurar nas lojas dos outros vizinhos e o remédio era depois de encontrar voltar a levar para a loja devida.
   Era entrudo, era Carnaval e ninguém levava a mal.