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5.7.10

A CULTURA MAL TRATADA NA GUARDA

O concerto "Naturalismos" do passado dia 27 de Junho de 2010 vai ficar para a história cultural da Guarda. A Fundação Borboleta Azul de certo que não estava à espera que a sua iniciativa fosse boicotada da maneira como foi. Como dizia a publicidade, se todos tocássemos as vuvuzelas, ouvir-se-iam na África do Sul. O assunto é demasiado sério para deixar cair no ridículo e  no esquecimento.
A cultura na Guarda pode regredir aos tempos dos regedores e dos  políticos pós 25 de Abril, que mudam de partido conforme as circunstâncias lhes são mais favoráveis.
O Teatro Municipal da Guarda, festejou o seu 5º aniversário há pouco tempo. Nestes cinco anos o TMG, sob a direcção do senhor Américo Rodrigues, conseguiu abrir portas e janelas, criando espaços aos criadores. Hoje, a Guarda é falada, lida e visitada por gente que deseja conhecer os trabalhos apresentados no TMG.
Manuel Poppe, escreveu ontem, no Jornal de Notícias, uma crónica a que deu o título "A GUARDA EM PERIGO". Vale a pena lê-la:


 A GUARDA EM PERIGO

"O Teatro Municipal da Guarda festejou, há dois meses, o seu quinto aniversário. O TMG é o pulmão da cidade. A referência. A garantia de um futuro emancipador, a soltá-la do velho reaccionarismo. O TMG, pela mão de Américo Rodrigues, trouxe à Guarda o que de melhor tem a Cultura – música, bailado, pintura, teatro. Organizou seminários, encontros. Abriu portas e espaços a quantos buscam avançar, ir além, sair da rotina castradora. Atraiu a juventude, facultou-lhe meios de que jamais pudera usufruir. Se a riqueza de um burgo depende da riqueza da identidade, o TMG é, no dinamismo, a garantia do perfil corajosamente ambicioso da Guarda. Eis que o presidente de uma das freguesias do distrito - Aldeia Viçosa  - , que já reagira violentamente contra um concerto organizado pela Fundação Borboleta Azul, situada na sua “jurisdição”, eis que o homem, alérgico a toda a cultura além da vuvuzela, traz, à Assembleia Municipal, a proposta de reduzir, em 20% (30%, em 2011), exclusivamente o subsídio do TMG. Américo Rodrigues assistiu ao referido concerto e insurgiu-se contra a atitude do exaltado de Aldeia Viçosa. Explicará isso a proposta e aceitação? A verdade é que ela foi seguida. A Assembleia, onde o PS detém a maioria, não só aceitou considerar a proposta descabida, como a aprovou, apesar de socialista a Câmara que atribuiu ao TMG a verba em discussão. Na Assembleia Municipal, aprovou-se, uma “recomendação”, dado que só o Presidente da Câmara pode decidir nessa matéria; mas, e é gravíssimo, a atitude traduz o pouco ou nenhum respeito pela acção importantíssima do TMG. A crise não se resolve engavetando a Cultura".
Autor: Manuel Poppe, in Jornal de Notícias, de 04/07/2010

4.5.08

O PAÍS ESQUECIDO


"Quando iniciei a subida para a Beira, aconteceu o milagre: redescobrir a vida. Soltava-me, libertava-me. À minha volta, o mundo reanimava-se. Havia árvores, espaços, silêncios, intimidade.
...Trazia comigo todas as infecções e defeitos da "civilização". Claro que revi o afortunado Jacinto (o do Eça), a subir a serra e a exclamar: "Que beleza!". Mas eu ia de automóvel e vinha poluido. Não merecia. Arriscava-me a estragar tudo e a espalhar por ali infames, implacáveis, o betão e os centros comerciais e soltar por montes e vales as filas deprimidas, escanzeladas, cinzentas, destruídas, a massa desolada dos que constróem o "progresso"- o cortejo resignado dos novos
escravos.

E no entanto, eu atravessava o Interior abandonado, o tal Portugal que o poder esqueceu.
Ora, em vez de o lamentar, pensei, pensei isso!, que a Beira deveria proclamar, urgentemente, a independência, estabelecer mais do que uma fronteira, um cordão sanitário - e salvar o que resta. A partir daquilo que o "progresso" desprezou- a vida à medida da vida - recriar quanto falta ao "progresso" monstruoso, obras dos contabilistas e cabos de esquadra, do nosso país ofendido - salvar a Cultura. Depois, pensei que era ao país que cabia, urgentemente, redeclarar a independência - atirar borda fora os iluminados ( e refastelados ) neoliberalistas, neoeconomicistas e novos Calistos Elóis, que nos entortam a vida e
endireitam a deles.
Certamente, milhares e milhares se livrariam da grilheta que lhes tolhe o movimento e os obriga a conhecerem - e só - o caminho da manjedoura, onde os donos lhes servem, parcimoniosa e essencialmente, a comidinha necessária para os manter vivos e úteis ( produtivos ).
E, certamente, o Portugal desertificado se repovoaria. Sem campos de golfe - porque era o meu terror: adiante, logo a seguir à curva, esbarrar com um campo de golfe.


Aconteceu isto quando resolvi ir à Guarda festejar o que quase já não se festeja: o 25 de Abril. Esperava-me ( sabia-o ) um precioso "núcleo de resistência": o Teatro Municipal da Guarda

Teatro Municipal da Guarda(TMG)



TMG-Pequeno auditório(164 lugares)




TMG-Grande Auditório(626 lugares)





TMG-Galeria de Arte


- um pólo cultural, que ultrapassa a Beira. Num ano, 334 iniciativas, 109 mil visitantes. E no TMG, ouvi Carlos do Carmo cantar, admiravelmente, e sublinhar a inestimável importância da Cultura. Reconfortou-me. Consolou-me. Talvez a recuperação do país nas lonas já tenha começado ali."
Autor deste texto publicado pelo J.N.de 4/5/2008: Manuel Poppe







Mais dados sobre o Teatro Municipal da Guarda





Números apresentados pelo Director do TMG, Américo Rodrigues:
No último ano, assistira às 339 sessões do TMG 45014 pessoas. Somando a este número os participantes em actividades organizadas por outras entidades ( 2906 ) e os utilizadores do Café Concerto (61413), as actividades do TMG chegaram a mais de 109 mil pessoas, durante o terceiro ano de funcionamento do teatro.
O TMG promoveu numerosos ciclos e festivais, como o Ciclo Vozes de Outro Mundo, o 1ºFestival Internacional de Guitarra da Guarda, o Acto Seguinte-Festival de Teatro da Guarda, o Festival Y#5, o Outonal-Festival Música da Guarda, o Síntese-Ciclo de Música Contemporânea da Guarda, o Ciclo Campainhas e C@mpanhia Ilimitada e o InBlues-Festival de Blues da Guarda. Na programação do último ano actuaram no TMG artistas, bandas e companhias de Portugal, Espanha, França, Reino Unido, Roménia, EUA, República de Tuva, Noruega, Canadá, Rússia, Bélgica, Argentina e México.