A CULTURA MAL TRATADA NA GUARDA

O concerto "Naturalismos" do passado dia 27 de Junho de 2010 vai ficar para a história cultural da Guarda. A Fundação Borboleta Azul de certo que não estava à espera que a sua iniciativa fosse boicotada da maneira como foi. Como dizia a publicidade, se todos tocássemos as vuvuzelas, ouvir-se-iam na África do Sul. O assunto é demasiado sério para deixar cair no ridículo e  no esquecimento.
A cultura na Guarda pode regredir aos tempos dos regedores e dos  políticos pós 25 de Abril, que mudam de partido conforme as circunstâncias lhes são mais favoráveis.
O Teatro Municipal da Guarda, festejou o seu 5º aniversário há pouco tempo. Nestes cinco anos o TMG, sob a direcção do senhor Américo Rodrigues, conseguiu abrir portas e janelas, criando espaços aos criadores. Hoje, a Guarda é falada, lida e visitada por gente que deseja conhecer os trabalhos apresentados no TMG.
Manuel Poppe, escreveu ontem, no Jornal de Notícias, uma crónica a que deu o título "A GUARDA EM PERIGO". Vale a pena lê-la:


 A GUARDA EM PERIGO

"O Teatro Municipal da Guarda festejou, há dois meses, o seu quinto aniversário. O TMG é o pulmão da cidade. A referência. A garantia de um futuro emancipador, a soltá-la do velho reaccionarismo. O TMG, pela mão de Américo Rodrigues, trouxe à Guarda o que de melhor tem a Cultura – música, bailado, pintura, teatro. Organizou seminários, encontros. Abriu portas e espaços a quantos buscam avançar, ir além, sair da rotina castradora. Atraiu a juventude, facultou-lhe meios de que jamais pudera usufruir. Se a riqueza de um burgo depende da riqueza da identidade, o TMG é, no dinamismo, a garantia do perfil corajosamente ambicioso da Guarda. Eis que o presidente de uma das freguesias do distrito - Aldeia Viçosa  - , que já reagira violentamente contra um concerto organizado pela Fundação Borboleta Azul, situada na sua “jurisdição”, eis que o homem, alérgico a toda a cultura além da vuvuzela, traz, à Assembleia Municipal, a proposta de reduzir, em 20% (30%, em 2011), exclusivamente o subsídio do TMG. Américo Rodrigues assistiu ao referido concerto e insurgiu-se contra a atitude do exaltado de Aldeia Viçosa. Explicará isso a proposta e aceitação? A verdade é que ela foi seguida. A Assembleia, onde o PS detém a maioria, não só aceitou considerar a proposta descabida, como a aprovou, apesar de socialista a Câmara que atribuiu ao TMG a verba em discussão. Na Assembleia Municipal, aprovou-se, uma “recomendação”, dado que só o Presidente da Câmara pode decidir nessa matéria; mas, e é gravíssimo, a atitude traduz o pouco ou nenhum respeito pela acção importantíssima do TMG. A crise não se resolve engavetando a Cultura".
Autor: Manuel Poppe, in Jornal de Notícias, de 04/07/2010

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