31.7.10

MALCATA: NASCEM MAIS EÓLICAS E MENOS CRIANÇAS



Há dias, o Parlamento da Catalunha, aprovou uma proposta assinada por 180 mil pessoas que proíbe as touradas naquela região a partir de Janeiro de 2012. Touradas em Espanha são uma tradição secular, mas que aos poucos vai tendo gente que pensa de forma diferente.  E a votação do Parlamento foi o resultado de uma petição levada ao Parlamento por um grupo de cidadãos liderados pela plataforma Prou. A principal praça de touros de Barcelona, uma das mais antigas de Espanha, vai ficar vazia, uma vez que o apoio à petição ganhou tanta força que marcou a diferença. O movimento de cidadania ( não de pessoas irresponsáveis ), foi determinante na mudança da lei, como o também podia ser o movimento "Vamos Salvar Sortelha" caso houvesse mais vontade das autoridades em aceitar que por vezes erram nas suas decisões.
Esta decisão tomada pelo Parlamento da Catalunha é um exemplo para que "todos os cidadãos que acreditam e lutam que vale a pena exercer o direito de apresentar, individual ou colectivamente, aos  orgãos  de soberania. aos orgãos da nossa região ou a quaisquer outras autoridades petições, representações, reclamações ou queixas para a defesa dos seus direitos, da Constituição, das leis ou do interesse geral e, bem assim, o direito de serem informados, em prazo razoável, sobre o resultado da respectiva apreciação".-Artº52º(Direito de Petição e Direito de acção popular).
O movimento cívico "Vamos Salvar Sortelha" continua com uma petição online, tendo até este momento recolhido 1122 assinaturas, todas com o intuito de impedir a destruição da envolvente paisagística e histórica de Sortelha. As obras do parque eólico nas imediações da Aldeia Histórica de Sortelha estão a avançar a um ritmo assustador e têm recorrido ao uso de explosivos para destruir o meio ambiente, mesmo que de rochas se tratem. Não é uma obra no litoral algarvio, porque aí todos os lobbys do turismo sairiam em defesa dos seus hotéis, condomínios luxuosos ou montes paradisíacos dado que iriam afastar os turistas. Mas, Sortelha fica no interior, não há interesses a defender e fiados nas ilusões dos investidores baixam os braços e aceitam umas notas de euros para que os terrenos rendam já que o trabalho dá muita canseira.
Em Sortelha, pelos caminhos que servem as eólicas, o Presidente da Câmara do Sabugal, engenheiro, já rabiscou um projecto de por exemplo, cito frase da entrevista dada ao Capeiaarraiana:"para um centro interpretativo da energia ao longo da história".Fim de citação.

E que pensa fazer com os outros caminhos dos outros parques eólicos de Malcata, Aldeia Velha, Fóios...as aldeias estão a entrar num autêntico campeonato para ver quem consegue exibir mais torres eólicas!!! Nestes últimos tempos tenho visto nascer à volta das serras do concelho do Sabugal mais torres eólicas do que crianças nas maternidades da região. É duro, é triste, mas a realidade é mesmo esta. E eu não sou contra as energias renováveis. Eu sou contra a forma como estão a aparecer os parques eólicos, escondidos nos sub-parques, fugindo assim, a muitas condicionantes que reprovariam a construção dos mesmos. O pior é que as autoridades sabem destas jogadas e aprovam com pareceres favoráveis. O preço destas irresponsabilidades e destas "engenharias" vai ser muito caro e além do impacto visual e ambiental, a região poucos benefícios directos da energia eólica irá beneficiar. São os consumidores das grandes cidades do litoral, que são os grandes consumidores de energia, que beneficiarão, mas são as pessoas do interior a aguentar e a suportar os estragos. Infelizmente, muitas pessoas do interior, muitas pessoas das nossas aldeias beirãs, continuam a acreditar que o desenvolvimento está em ter barragens, auto-estradas, centros comerciais, parques eólicos. Aqueles que vivem no interior vivem demasiado concentrados a compararem-se com os que vivem no litoral. As pessoas do interior deviam era lutar pela vida, pelo aumento da natalidade, porque sem pessoas de nada serve tudo o que nos rodeia. Deviam lutar pela melhoria das estradas nacionais, por exemplo, a Nac.233(Sabugal-Guarda) e outras, pela coesão do concelho, pelo desenvolvimento das estruturas já existentes. O turismo é uma das alavancas para salvar a nossa região. Apoiar os empresários da nossa região, acarinhar e incentivar aqueles que diariamente trabalham para que as pessoas que nos visitam se sintam bem recebidas, comam e levem as nossas tradições, a nossa cultura e voltem mais vezes, simplesmente porque foram amados.
A região já tem as barragens e os parques eólicos suficientes. Abandonem esse campeonato de ser a aldeia que mais eólicas tem na sua terra. Preservem a paisagem, as culturas, as tradições e a história.
Mas será mesmo isso que todos queremos?

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