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31.8.17

O ROSSIO E AS HORTAS DO VALE DA FONTE


   

   Ao fim de 13 anos à frente da Freguesia de Malcata, tiveram mais que tempo para requalificar o centro da aldeia; mas por incompetência e falta de ideia, essa intervenção nunca foi feita. Aquilo que foi feito está bem mas soube a pouco. Refiro o arranjo do piso do Rossio, a reparação e pintura das fachadas das casas que agora são propriedade da junta de freguesia e ainda a lavagem da pedra da Torre do Relógio.
   Sendo a Praça do Rossio, que a Torrinha é parte integrante, um dos lugares com mais significado para os malcatenhos, é triste observar o seu estado actual. O que é feito daquele desenho de uma ideia para requalificar aquele espaço? Lembro-me de o ter observado no painel das informações oficiais da junta de freguesia. Desde então, tudo continua como estava e sem graça nenhuma. Bastou na altura alguém ser contra e ficou tudo na mesma. Temos na Praça do Rossio / Torrinha, a sala de visitas da aldeia, dois contentores metálicos para o lixo doméstico e outro que lá couber; um abrigo para os passageiros da camioneta que é ao mesmo tempo o único local onde existe um expositor envidraçado que tem servido para a junta de freguesia afixar todas as informações oficiais. A falta de espaço é notória, os editais sobrepõem-se aos avisos, estes ficam de lado, meio à vista meio tapados e em vez de se poder ler um documento completo, lê-se um pouco de todos e de nada serve; os tanques e a fonte da Torrinha lá se têm aguentado desde 1937, uns ferros aqui outros ali, umas colheres de cimento aqui e ali e coitada da fonte que quase passa despercebida desde que lhe ergueram aquela parede de cimento mesmo atrás das suas costas; e os emaranhados de cabos, fios e postes mais parece ser cordas de um estendal público que só serve para perturbar a vista dos ponteiros do relógio. Ah, e ainda há bancos de pedra e outro de cimento. São duros mas todos os dias neles descansam as pernas homens e mulheres de Malcata!
   Ao longo destes treze anos fizeram-se obras, umas boas e outras menos boas, porque nesta terra as obras pecam quase sempre porque são feitas em cima do joelho, ou seja, olhando para os resultados finais, algumas é bem visível a ausência de critérios, de planeamento e sem o cuidado estimativo e valor imaterial que elas merecem. Lembram-se do muro de suporte e das escadas das hortas do Vale da Fonte? Quem é o homem ou mulher que consegue subir ou descer esses degraus para ir tratar da sua horta? Algum dos arquitectos experimentou subir aquelas escadas com uma cesta de pimentos ou cenouras? As mãos seguram-nos aos ferros, levar os legumes à cabeça é certo que vão cair. Não sei como imaginaram a coisa...cá para mim estavam com as cabeças no ar e nem pensaram na utilidade das escadas. Mandaram fazer, é para fazer, mesmo que não sejam para melhorar o acesso dos donos às hortas. Que percam o medo e subam e desçam as vezes que forem precisas, pior era como estava antes...
   Bem, hoje ficamos por aqui, amanhã tratarei da barroca ali mesmo ao lado.
                                                                                                     José Martins
   
   


7.10.15

E SE MALCATA TIVESSE MELHORES PLANOS PARA O FUTURO?

 O nosso mundo é feito de mudanças. Compreendo que há formas de pensar, hábitos e modos de viver que fazem com que não seja fácil fazer mudanças rapidamente. Mas isso não quer dizer que não devemos tentar, que não tentemos fazer melhor. O envelhecimento, a emigração e migração, o desinteresse ou esquecimento por parte do Estado pelos territórios do nosso Interior são um problema que já é velho e não é assim tão recente como muitos pensam. A Europa sofre deste mesmo problema, logo o concelho do Sabugal, também.
   A boa notícia é que estamos vivos, graças a Deus e há financiamentos disponíveis da União Europeia e do Estado Português para ajudar.
   Deixem-me colocar o assunto desta forma: sempre que entramos numa igreja e assistimos à missa, ouvimos o padre dizer-nos para não pecar, para sermos boas pessoas, para vivermos em paz e harmonia. Ora, todos já sabemos, por experiência própria, que isso é difícil de levar à prática e de concretizar. Mas, apesar disso, precisamos de saber para onde vamos e como fazer para lá chegar. Compreendo que não é fácil fazer o que está certo, mas é bom saber como fazer o que está certo, mas é bom saber como fazer melhor e trabalhar para isso.
   Tudo isto precisa de tempo, não vamos mudar a situação actual, de hoje para amanhã, só porque estamos aqui reunidos. Tudo tem o seu tempo, mas com um bom planeamento e trabalho os resultados aparecerão. As pessoas têm que entender que se não fizerem nada de diferente do que foi feito até hoje, nada vai mudar no futuro.
   É muito importante e necessário que a comunidade perceba a importância do planeamento, seja ele a curto, médio ou longo prazo. Planear é uma forma importante para resolver os problemas que hoje estamos a viver. É responsabilidade das instituições públicas e privadas, de cada membro da comunidade garantir que coisas más não aconteçam. As pessoas reagem e o normal é que isso aconteça sempre que há decisões a tomar.
   Malcata é uma comunidade notável. Muitas coisas já se fizeram ao longo dos anos. Muitas outras coisas precisam de ser feitas e queremos e devemos lutar para que sejam feitas. O trabalho das várias Juntas de Freguesia está à vista de todos e há que lhes reconhecer o trabalho realizado, os projectos que não realizaram e ajudar a actual Junta de Freguesia naquilo que for preciso para o bem da comunidade.
   Eu sempre fui uma pessoa positiva e optimista. Malcata tem que continuar a criar condições para que as pessoas possam viver uma vida tranquila, com mais independência económica e com mais esperança.
   As coisas estão a melhorar e mesmo vivendo fora da aldeia, olho para ela e para esta comunidade com muito entusiasmo quanto ao seu futuro.
   Dia 17 de Outubro é um dia importante para toda a comunidade de Malcata.
   Lá estaremos para afirmar que a união faz a força!
                   “TEMOS QUE COMEÇAR A ENSINAR AS PESSOAS
                      PARA UM FUTURO QUE VAI MUDAR” escreveu Richard de Neufville
                    

8.11.10

MALCATA: O FUTURO ESTÁ NAS NOSSAS MÃOS

   No passado sábado decorreram em Malcata as primeiras jornadas micológicas. Sob a orientação do Engenheiro António Borges, chefe da Unidade de Gestão Florestal da Beira Interior Norte, os participantes iam aprender mais sobre o mundo dos fungos. Depois da saída para o campo e da apresentação dos cogumelos recolhidos houve oportunidade de provar algumas espécies e também presenciar a pisa da castanha seca com métodos "tradicionais e ecológicos", que acabaram dentro de uma panela e transformarem-se num delicioso caldudo.
   Pelo que relata o senhor José Manuel Campos, coube ao Abílio o aprimorar do caldudo que com certeza deixou muita gente bem comida e de barriga cheia.
   É um começo e estas iniciativas devem continuar a realizar-se na aldeia de Malcata e também na nossa região. O mês de Novembro está cheio destas iniciativas e de outras de não menos importância e sabores.
   O Engenheiro António Morgado, Presidente da Câmara do Sabugal, a respeito destas actividades organizadas pela Câmara e em colaboração com as Juntas de Freguesia disse à Local Visão que "É importante dinamizar o território e promover aquilo que nós temos. Nesse sentido, quer a micologia quer as castanhas, os doces e licores, as compotas, os enchidos...é tudo importantíssimo para nós valorizarmos esse aspecto do nosso território".
   Também o Presidente da Freguesia dos Fóios, professor José Manuel Campos, à mesma televisão falou de que "lamento que nós ´não nos governamos nem nos deixamos governar. Não sabemos aproveitar as nossas potencialidades e aquilo que nós temos. Eles, os espanhóis, vêm cá buscar cogumelos e depois de transformados, os portugueses vão lá comprá-los. No fundo, quem ganha o dinheiro são os espanhóis. Temos muito que aprender...".
    Sabemos que até Dezembro as actividades dos sabores e tradições vão continuar um pouco por todas as aldeias. Por vezes até realizando actividades em vários locais e no mesmo dia. Sim, as pessoas não podem estar presentes em todas, tudo bem. Concordo com o José Manuel Campos quando ele diz que "temos muito que aprender". É verdade, há que aprender a conjugar estas actividades juntamente com ofertas turísticas, ou seja, através dos cogumelos, das castanhas, dos doces, dos licores, do pão no forno a lenha, do cabrito, do bucho, dos agriões, criar programas bem elaborados e planeados conjuntamente com as unidades de alojamento e restauração de modo a oferecer uma oportunidade aos portugueses e a qualquer pessoa que tenha dinheiro, tempo e desejo de conhecer uma região que existe realmente em Portugal.
   Realmente os espanhóis já levam algum avanço. Mas em Portugal já há regiões, como por exemplo, Paredes de Coura, que já estão nesse caminho...o "micoturismo" é uma actividade com uma influência positiva na vitalidade sócio-económica das regiões rurais. Planeam-se programas com jornadas, passeios pedestres, colóquios, oficinas, provas de produtos e os participantes pagam para participarem.
   Exemplos:
   Entendem agora porque eu há dias escrevi que estas actividades não podem continuar a ser gratuitas...se temos de valorizar o "território" e é "importantíssimo" tem que ter um preço. Lembrem-se que os produtos e serviços com qualidade têm sempre saída. Apoiar é ajudar, auxiliar, amparar...não podemos continuar a oferecer almoços grátis. Esses procedimentos mais tarde acabam por serem pagos com os nossos impostos e se as pessoas que assim exercem o seu poder e aquelas organizações que aceitam trabalhar dessa forma, por vezes, acabam todos aprisionados numa teia de onde é difícil libertarem-se sem sofrimento e dor e continuar a viver com o cérebro limpo de ferro velho.
    E cá para nós, já alguém pensou na produção de cogumelos? A sua produção é rentável para os nossos vizinhos espanhóis, logo, deve ser rentável também para os portugueses! Há que descobrir os segredos e quanto mais cedo, mais depressa se ganhará dinheiro.
   Este ano Malcata viveu uma experiência nova. Foi um começo de algo que pode ser mais certo e mais rentável, para os malcatanhos, do que os mega projectos que dizem querer construir nos terrenos da aldeia.