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24.6.21

MALCATA: FESTA DE SÃO JOÃO SINGULAR

   










   Hoje é Dia de São João, um homem que é santo, milagreiro e muito popular em Portugal. E sendo tão popular, o povo arranjou muitas maneiras de o celebrar. E na freguesia de Malcata, todos os anos, o dia 24 de Junho se festeja o santo. Esta festa popular levava algum tempo a preparar e por isso, algumas semanas antes deste dia, a rapaziada iam procurar o pinheiro que tivesse a altura e grossura que precisavam para dele fazerem o “mastro” para a festa. Lembro-me de olhar lá bem para cima do mastro, que se erguia direitinho até ao céu, ali no Rossio.       Com esta coisa da pandemia do Covid 19 não tem havido folia são-joanina. Resta-nos ficar pelas lembranças de festas passadas, cheias de memórias que também nos ajudam a compreender e a perpetuar as tradições populares da nossa gente. Aqui deixo algumas imagens que retratam algumas das festas de São João na nossa aldeia, dia de diversão e alegria.
                                                                        José Martins

PS: Se as imagens que publico incomodarem alguma das pessoas em causa, agradeço que enviem essa informação.




                                                                Fotos:


   




12.4.18

CIRCULAR É VIVER

Aparelhos para actividade física ao ar livre, Viana Castelo

   Numa  visita recente aos meus familiares, em Viana do Castelo, num passeio à beira-rio, reparei num conjunto de aparelhos em ferro, todos bem pintados e alinhados. Soube depois que se trata de um circuito ao ar livre para as pessoas fazerem exercícios físicos quando ali passarem nas suas rotinas de actividade física.
   Chegado a casa, depois de descansar um pouco da viagem, dei comigo a pensar naquelas máquinas de ginástica ao ar livre e gratuitas. Qualidade de vida, exercício físico, caminhar, nadar é ter vida saudável.
   Para promover a qualidade de vida dos idosos é importante oferecer actividades físicas a essas pessoas. O andar, as caminhadas, os exercícios físicos recorrendo a aparelhos para esse fim, são formas de puxar pelos músculos, aumentando a força muscular e ao mesmo tempo consegue-se que os idosos melhorem a coordenação das pernas e braços.
   Os lares de idosos sentem com certeza a necessidade de arranjar maneira de combater o sedentarismo dos seus utentes. Sempre que entro numa sala de um lar encontro um grupo de homens e mulheres a dormitar no cadeirão ou até numa cadeira de rodas, um ou outro idoso vai passando as horas a olhar para o que a televisão apresenta e todos vivem à espera que o tempo ande e depressa.
   Ora porque não criar nos lares um espaço dedicado às actividades físicas?
   Chamem-lhe ginásio, sala da ginástica ou circuito geriátrico. O que é necessário é espaço, máquinas e um profissional habilitado. Tem eu ser um espaço confortável, seguro e adaptado para o frio e o calor. A colocação de algumas máquinas, adaptadas e apropriadas para serem utilizadas por pessoas com mais de 65 anos são peças imprescindíveis, bem como a presença permanente de um profissional da área.
   Se além das máquinas e da sala interior houver possibilidade de criar um circuito no exterior, espaço onde os idosos do lar e até da aldeia, pudessem fazer também actividades físicas ao ar livre, sempre que o estado do tempo for favorável…seria fantástico.
   Tenho quase a certeza que os funcionários do lar seriam os primeiros a aperceberem-se dos bons resultados e das melhorias quanto à mobilidade dos idosos. E os próprios utentes acabam por sentir que afinal ainda têm mais forças e capacidades  do que julgavam ter. Outra conquista que a actividade física, aliada ao espaço, às máquinas e a um bom profissional, as suas conversas e relações também  acabam por melhorar, desencadeando neles boa disposição, sorrisos, mais mobilidade e ao mesmo tempo cria-se mais um espaço de convívio e partilha de momentos alegres e descontraídos, fazendo esquecer o conforto do sofá ou cadeirão aquecido.
   Quem é que deseja participar na felicidade dos idosos?
   Todos temos que colaborar neste desafio que é tornar cada dia um dia alegre, bem passado, passar a mensagem aos idosos que viver feliz, tranquilo e em comunidade está nas mãos deles e também em todos e cada um de nós.

12.8.17

QUE PORREIRA ESTÁ A FESTA!

 Fotografias de Manuel Castilho
   A aldeia está em festa, tocam os sinos na torre da igreja, preparam-se os santos e os andores, a cada momento chegam flores e mais flores. Todos trabalham para que amanhã à hora combinada esteja tudo bem composto e alinhado.
   Esta semana a aldeia transforma-se num festival de Verão. As pessoas andam para cá e para lá, é normal encontrar grupos de pessoas a conversar no meio das ruas que apesar do aumento da circulação de veículos motorizados de duas e quatro rodas, ninguém vive com a preocupação de procurar outros espaços, mesmo até as crianças brincam ali à volta dos pais numa despreocupação tal que nas ruas das cidades não seria imaginável.
   Com tanta azáfama e movimento nas ruas, cafés e as filas de espera no único comércio, agora chama-lhe "Armindo - Mini-Mercado", não afastam os clientes que pacientemente aguardam a sua vez.
   Festa é festa e as pessoas em Malcata ainda  reservam o segundo domingo do mês de Agosto para passar pela aldeia. Durante a semana anterior à festa e até ao domingo da festa propriamente dito, abundam actividades recreativas, desportivas, bailes e discotecas ao luar. Uns jogam as cartas no Rossio, outros entram num campo de plástico e transformam-se em matraquilhos humanos durante o tempo de jogo. À volta correm e saltam as crianças de cara pintada e a alegria é tanta que entre os gritos dos golos e das crianças, as badaladas do relógio da torre nem se ouvem. Os mórdomas e mórdomas ainda não tiveram tempo para se sentarem um pouco que fosse e descansar. A clientela está sempre a aparecer, há pratos de tremoços para colocar em cima do balcão, garrafas de minis para abrir, copos de sumo para servir, gelo para refrescar as bebidas, frangos, febras, salsichas e entremeadas para virar e não deixar queimar nas brasas do carvão. E nem as meninas da barraca das rifas têm descanso, é um desenrolar de papeis e verificar os prémios que não deixa descansar quem tem de enrolar novas rifas.
   Olhem que quem assim trabalha durante uma semana, aquela semana de férias, digo-vos que depois destes dias seguidos de muito trabalho e pouco sono, rebentam o mais forte dos malcatenhos!
   Estou em crer que durante estes dois dias, o sábado e o domingo da festa, o assunto e tema de conversas são os de sempre, ou seja, como está o tempo, como vai estar nestes dias, o baile ontem esteve bem composto, o grupo soube animar a gente e diversão é o que se quer, vamos ver como vai ser amanhã, agora não há foguetes e já não se apanham as canas, como eu gostava de ir às canas!!!!
    Viva a festa, viva a vida dos malcatenhos alegres e contentes com o padroeiro Barnabé!
                                                                                                            José Martins                                                                                                         

                                                                                                                   
                                                                                                                      

5.8.16

PARA LÁ DA FESTA,HÁ MAIS VIDA EM MALCATA



 
As Festas da Malcata estão quase, quase a começar. De 8 a 14 de Agosto Malcata tem motivos para andar feliz e contente. A começar pelo futebol, depois os jogos tradicionais e uma Caça ao Tesouro, quem quiser e gostar vai à garraiada ao meio da tarde que se realiza no campo de futebol. E os eventos continuam com o torneio de petanca, a pesca à linha, enquanto as crianças se disfarçam com rostos de princesas e índios ou outros sonhos. Os jogos de cartas também vão fazer beber umas minis e a umas boas batidas em cima da mesa, dando sinais de boa vazada. Sem novidade é o baile e discoteca na Praça do Rossio, com início na sexta-feira e fim de festa na noite de domingo.
   Este ano, a Junta de Freguesia e a ACDM vai voltar a organizar a “Feira de Artesanato e Sabores”, vai na sua 3ª edição e promete ser mais um êxito.
   Vão ser dias de muita euforia, muita animação. Talvez os assuntos menos agradáveis sejam esquecidos e muitos problemas sejam deixados para trás, apesar de sérios e importantes para a vida da comunidade.
   A semana das Festas da Malcata vão servir de cortina de fumo e vão ajudar a esconder a dimensão de alguns problemas com que os malcatenhos estão confrontados. A Festa, o futuro da Festa de Malcata é um desses problemas. Nestes dois últimos anos, por falta de acordo entre as partes, as Festas de Malcata e a Fábrica da Igreja organizam a programação festiva cada qual por si, separadamente, ou seja, as cerimónias religiosas estão a cargo da paróquia e a programação … passa a ser da inteira responsabilidade da comissão das Festas da Malcata.
   Esta falta de acordo e de coordenação esconde desacordos muito mais profundos e sérios que as pessoas mais humildes podem pensar. São conflitos de mentalidades, são conceitos de organização e de hierarquia de valores que estão na base desta diferente forma de festejar. Pelo segundo ano consecutivo Malcata festeja e ao mesmo tempo há quem não viva a alegria da festa. Uns porque defendem o novo figurino da festa e reclamam para os mordomos todas as responsabilidades e todas as decisões relativas ao programa das festas. Outros porque viveram as festas como os seus antepassados, ou seja, em sintonia com as suas crenças religiosas e cuja centralidade dos festejos estava nas cerimónias religiosas. Nelas depositavam os melhores momentos e todos os outros eventos que venham a acontecer, desde que corram bem e o povo goste, transformam a festa numa grande festa e deixa alma e corpo feliz.
   Quando a festa acabar a aldeia regressará à sua normalidade e quem sabe, as pessoas arranjem tempo para debater publicamente as festas de Malcata. Sugiro que organizem um debate público, onde com ordem e educação todos tenham oportunidade de expor as suas ideias, ouvir as ideias dos outros, aproveitar para apresentar sugestões pensadas e orientadas para o bem de toda a comunidade que vive na nossa aldeia, respeitando sempre, os seus usos, costumes e tradições. Se assim acontecer, as festas de Malcata ressurgirão com mais alegria, com mais harmonia e continuarão a ser o grande momento festejado por todos os malcatenhos e que uns dias de Agosto os une na sua terra natal.
   Aos malcatenhos e a quem os acompanha, bem como todos os que nos visitam nesta altura do ano,
bem-vindos a Malcata.


22.6.14

O SÃO JOÃO EM MALCATA


 O São João e o São Pedro são dois dos santos mais populares celebrados pelos portugueses. Em Malcata o São João continua a festejar-se e no dia 24 de Junho o Rossio volta a ser o centro da festa.
 “Com algumas semanas de antecedência, os rapazes sinalizavam nos pinhais da freguesia o pinheiro suficientemente alto, direito e grosso, com muitas galhas, adequado para fazer o mastro.” 
                     in Malcata e a Serra, da autoria de José Rei
   Era assim no tempo passado, mas hoje as coisas fazem-se com menos tempo e mais depressa. Com tantos cabos e fios no Rossio, o mastro não pode ser demasiado alto e hoje um fio de nylon faz as vezes das galhas em carvalho que antigamente os rapazes seguravam no tronco do pinheiro que por ser uma madeira mais resistente, ofereciam maior segurança aos que subiam ao cimo do mastro para lá deixarem a boneca de trapos e iam descendo vestindo de rosmaninhos e enfeitando com bandeirinhas. 
   O Rossio ficava todo engalanado, como ontem ficou. Ontem, os mordomos andavam tão entretidos com o vestir do mastro, prender e esticar os arcos coloridos de tiras de papel e com o pendurar dos balões em papel colorido que se esqueceram de convidar o tocador da concertina para lhes dar mais ânimo. Noutros tempos, a música do acordeão nunca faltava. Como em todas as festas populares em Malcata, os rapazes faziam a “ronda” percorrendo as ruas principais da aldeia e iam pedindo ajuda para as despesas da festa. As raparigas não participavam, pois não se misturavam com os moços e tinham que contar com a companhia da mãe ou tia que tomavam conta delas enquanto durasse o baile que à noite se realizava à volta do mastro.
   “Depois de deitar o fogo ao mastro, quase sempre a meia-noite, o arraial era desfeito e acabava a festa.
   O queimar do mastro lançava no ar um cheiro a rosmaninho, convidativo à magia. Por esse facto, era hábito as raparigas, madrugada dentro, irem tomar banho ao rio Côa. Faziam-no antes do sol nascer e devidamente tapadas com a combinação, não fossem alguns rapazes mais atrevidos observarem o que não deviam.
   Também era hábito as moças colocarem um ovo escarchado à orvalhada, a fim de, quais adivinhas, interpretarem as formas que a gema e a clara adoptavam. Diziam que a forma de capela indicava namoro e casamento próximos. Caso a forma fosse um caixão, a morte podia ocorrer brevemente.
   Os mais velhos, na noite de São João, aproveitavam para adivinharem e estabelecerem o ano meteorológico. O local  de reunião era normalmente o sítio da Rasa. E então concluíam coisas do género:
pelo S.Miguel vai chover; pelo S.Francisco haverá castanhas como cisco; grande seca grande molha, ou Verão seco, Inverno molhado; lua com auréola amarela, ano muito húmido; nascer do sol alaranjado, ano seco(…).”
in “Malcata e a Serra”, da autoria do José Rei

   Estas são algumas das memórias que ajudam a compreender e a perpetuar as festas populares da nossa aldeia. Este ano, como já o tem sido nestes últimos anos, um grupo de homens e mulheres que não querem deixar morrer as suas memórias e a dos seus antepassados, por carolice e sã diversão, voltaram a unir esforços e vontades e organizaram as festas de São João. Ainda bem e só lhes posso desejar uns momentos alegres e que todos se divirtam até ao nascer do sol.
    

E para memória futura, aqui vos deixo estas fotografias dos preparativos da festa de São João deste ano, deixando ainda a informação que vão ser três dias de alegria, com música, com jogos populares, com sardinhas assadas e porco assado no espeto. Apareçam e divirtam-se.