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27.11.13

CASTANHAS






  Na aldeia o tempo passa lentamente e quem comanda a vida das pessoas é o dia, a noite, a chuva, a neve, o vento, o sol e a lua. Aqui os minutos e os segundos pouco importam e quase não têm sentido.
   Pelo Outono de outros tempos, apareciam as primeiras castanhas e com elas apareciam os magustos um pouco por todo o lado. Também na escola primária o magusto não era esquecido. As professoras pediam às crianças para irem aos pinhais próximos apanhar caruma e trazê-la até à escola para depois fazerem o magusto.
   Os castanheiros sempre existiram em Malcata e quase todas as famílias tinham castanha de boa qualidade. A doença da tinta varreu a maior parte destas árvores e as pessoas começaram a desinteressar-se     pela renovação da espécie   mantendo apenas os castamheiros que já existiam.   A castanha era apanhada manualmente para umas cestas de verga e despejadas nas sacas para depois serem levadas para casa do lavrador. Comiam-se assadas, cozidas e também eram incluídas no caldudo. Os assadores eram feitos de caldeiros velhos a que se furavam dos lados e no fundo e depois eram despejadas as castanhas no interior e eram pendurados nas cadeias em ferro e ali permaneciam a apanhar o calor do lume até as castanhas ficarem assadas.

  Para secar as castanhas, deitavam-se nos caniços e ali permaneciam duas a três semanas a apanhar calor e fumo. O caniço era uma espécie de estrado feito de varas ou ripas em madeira, separadas ligeiramente entre si, de forma a entrar o calor e sem deixar as castanhas cair.                                                                                                                                                             
Depois de secarem, eram recolhidas para dentro de um cesto de verga e os homens calçavam um par de tamancos próprios para  pisarem a castanha e retirarem as duas camadas de casca. Esses tamancos, uma espécie de sapatos com o peito do pé em couro e a base em madeira,  cravada de pregos em ferro que com o peso da pessoa e os pregos, de tanto pisarem as  castanhas, acabavam por lhes retirar a casca e deixá-las piladas. Era com as castanhas piladas que se fazia o caldudo, que é uma sopa forte e um prato bastante cozinhado durante o Inverno.
Com a emigração ocorrida na segunda metade do séc. XX e consequente alteração dos hábitos alimentares, o consumo de castanha quase que desapareceu. Esta tendência está, contudo, a inverter-se e o caldudo parece sobreviver. Trata-se afinal de um prato rústico, muito nutritivo e de sabor incomparável, seja ele consumido quente ou frio. 

RECEITA DE CALDUDO:
 1. Cozer bem, em panela de ferro, as castanhas secas previamente 
 2. Esmagar, a garfo, as castanhas.
 3. Juntar açúcar e/leite a gosto.

Bom proveito.









20.10.10

NÃO AOS CALDUDOS GRATUITOS

   O mês de Novembro não tarda muito e já aí está. Este ano a Câmara Municipal do Sabugal em parceria com as Juntas de Freguesia baptizou o mês de Novembro como "Mês da Tradição e dos Sabores".
   E com este lema, durante todo o mês realizam-se várias actividades que vão desde as Feiras de Sabores, Feiras de São Martinho, Mega Magustos da Raia, Provas de Água Pé e de Vinhos, Matanças de Porco, degustação de cogumelos, mostra de doces e compotas locais...ou seja, as aldeias do concelho vão viver uns dias de folia, talvez para esquecer as amarguras da vida e do mau momento que o país atravessa.
   Malcata também vai ter o seu dia de festa. Ou vão ser dois? É que ao ler a AGENDA MUNICIPAL, editada pela Câmara do Sabugal, nos dias 6 e 7 de Novembro, na Aldeia de Malcata, vai ter lugar as Jornadas Micológicas, como se pode ler aqui na foto dessa mesma agenda:
Recorte da AGENDA MUNICIPAL
   
   Agora se formos consultar o sítio da Câmara Municipal do Sabugal, e observarmos atentamente o cartaz deste evento, ficamos informados que a Jornada Micológica de Malcata e a sopa de castanha -CALDUDO, se vai realizar no dia 6 de Novembro, ou sou eu que leio mal?
Cartaz oficial da C.M.Sabugal
   E  agora se lermos o folheto informativo deparamo-nos com este programa:
   E afinal, quem são os parceiros desta jornada em Malcata? Na agenda Municipal dizem que é a ACDM (Associação Cultural e Desportiva de Malcata). Mas no cartaz oficial da Câmara o parceiro passa a ser a Junta de Freguesia de Malcata. Claro, eu sei que estas coisas são pormenores, o importante é que as Jornadas se realizem, o caldudo seja apreciado por quem o comer. Fico é a pensar no real interesse que os organizadores têm e na atenção que dão à preparação destas actividades. 
   Todas as actividades são gratuitas para os participantes? Todos sabemos que hoje, nada é gratuito, nem almoços...tudo tem um preço. A Câmara e as Juntas de Freguesia têm dinheiro para pagar? É bom para quem participa, mas que raio, tudo sem pagar também é demais. Aqui, como nas auto-estradas, devia prevalecer a regra de "participante" logo "pagante", mesmo que pouco fosse. Sei de autarquias que o fazem. Porque não faz o mesmo a Câmara do Sabugal?