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2.2.24

MALCATA, QUE TE ESTÁ A ACONTECER?

 




                            M 1937 - Fonte das duas bicas ( Torrinha) na aldeia de Malcata há 87 anos


                                                                                  ++++++++++


      Na praça principal da freguesia existe a melhor fonte de água da aldeia. É paragem obrigatória para quem visita a terra e para os que nela vivem. Durante muitos anos foi considerada a fonte dos namoros, dos encontros ao fim do dia para encher os cântaros e as bilhas de barro. O seu aspecto foi sofrendo pequenos remendos e poucos benefícios teve desde 1937 aos nossos dias de hoje. Todos os melhoramentos que ali foram feitos não trouxeram mais fama à fonte. Sim foi importante terem substituído os antigos canos por outros novos. E sim, têm sido importantes as pequenas obras na manutenção da fonte e dos tanques, assim lá se vai mantendo a coisa a funcionar. Sejamos francos e sinceros quando falarmos da fonte da Torrinha, nome que mais é conhecida dos malcatenhos. É que quando olho para esta fonte fico um pouco nostálgico e triste. O seu aspecto actual contrasta bem com o que via há uns anos, quando ali toda a gente ia encher os cântaros de água para consumir em casa. A água nessa altura saía bem mais viva, as duas bicas tinham a sua graça mesmo com toda a simplicidade dos canos. Toda a gente bebia daquela água com toda a confiança e certeza que ficava saciada e bem alimentada, sem receio algum de “passar pelas passas do Algarve” ou soltar o desabafo “que mal fiz eu a Deus, se só bebi água da fonte”! Apesar desses indesejados sintomas de mal-estar e desarranjo intestinal se vem verificando nos meses de mais calor, muitas são as pessoas que continuam a consumir da água desta fonte. E muita gente continua a dizer que aquela água mata a sede a quantos dela beberem, seja Inverno ou Verão, mas eu já não acredito nessa verdade porque o mal-estar é muito difícil de aguentar.

   Tenho pena que nestes últimos anos se repitam perturbações  e outros sintomas graves por que sentem as pessoas logo após dois ou três dias de permanência na aldeia, sendo os meses de Verão as épocas de maior número dos casos deste tipo de ocorrências. E embora não haja provas concretas da origem do mal-estar das pessoas, muitos apontam sem duvidar, que se sentiram pessimamente depois de ingerir a água da fonte das duas bicas na Praça da Torrinha.
   Todos ou quase todos nos lembramos da ocupação do solo no lugar das Eiras, onde até há poucas décadas, eram solos exclusivamente agrícolas, sem qualquer casa de habitação. E também não me lembro da existência de avisos a informar que a água se encontrava imprópria para consumo humano!
   Hoje a nascente que fornece a água à fonte das bicas está envolta de muitas habitações e a ocupação do solo está alterada. A povoação cresceu à volta da mina das Eiras e nunca ninguém se preocupou com o futuro e da qualidade das águas subterrâneas, mesmo sabendo toda a gente e as autarquias da necessidade de se cuidar da água.
   Já lá vão 87 anos e a fonte lá continua, graças à influência e determinação das pessoas como o senhor António Nita, pessoa importante e que depois de viver fora da terra a ela regressou e presidiu à Junta de Freguesia, com coragem e persistência conseguiu obter os  gratuita, sem taxas escondidas. Infelizmente ele e outros como ele já partiram e eu interrogo-me: Malcata, que te está a acontecer?
   Sei que esta gente de antigamente eram notáveis e influentes. O que não entendo é porque os que estão no presente não conseguem suster e manter o legado que nos deixaram e, aos poucos a freguesia vai sendo privada de tudo o que resta de útil às pessoas que nela vivem.
   Enfim, oxalá que o futuro comece a ser menos ingrato para os mais novos e despertem a tempo de lembrar aos autarcas as promessas feitas quando precisaram de ser eleitos.

    Seguem-se umas imagens da Fonte das Bicas/Torrinha ao longo do tempo:

    

  


Sempre se fez assim e nunca se perguntam da razão deste procedimento, 
nem há vontade de experimentar outras soluções para obter resultados diferentes!



Um legado com 87 anos que merecia ser mais cuidado.





10.8.22

MALCATA: ÁGUA DA FONTE DAS BICAS, SÓ PARA REGAR E APAGAR INCÊNDIOS !


    

      A Junta de Freguesia de Malcata, no dia 8 de Agosto de 2022, pelas 21:57 horas, colocou um aviso na sua página das redes sociais, informando que mandou efectuar a análise microbiológica e físico-química à água da Fonte das Bicas (Fonte da Torrinha). A análise efectuada deu como relatório que a água se encontra imprópria para consumo humano.
   A autarquia aconselha e alerta a população e visitantes para restringirem ao máximo a utilização da água que ainda brota na bica do fontanário.

  

Freguesia de Malcata

 · 8 de agosto às 21:57  · 

AVISO À POPULAÇÃO

O mais recente relatório de ensaio à água do fontanário público situado na Praça do Rossio - Malcata foi considerada como "água microbiologicamente imprópria para consumo humano".

Desta forma alertamos toda a população para a não utilização desta.

A Freguesia irá reforçar a realização das análises e qualquer alteração será comunicada à população.

Freguesia de Malcata

+++

Uma nota pessoal: 
Aos que estejam interessados em conhecer e a saber mais informação sobre este fontanário,
basta clicar no link a seguir:

https://aldeiademalcata.blogspot.com/search?q=fonte+da+torrinha

                                                                         José Nunes Martins



  

                                               

2.6.22

FONTE DA TORRINHA EM PERIGO?

                    

Fonte da Torrinha(foto de 24-02-2019)

   Na nossa aldeia existem memórias que correm o sério risco de serem destruídas, alteradas e que merecem ser alvo de maior cuidado. Estas memórias são-nos oferecidas pelos testemunhos vivos que existem na freguesia e como são públicos, encontram-se em espaços públicos, mais ou menos resguardados, estando alguns ainda ao serviço de todos. E o estatuto de público significa que é usado por todos e está ao serviço de todos. Ora esta posse tão ampla vem conferir-lhes uma importância ainda maior para que se cuidem bem deles.
   E por falar em memórias e testemunhos, vou continuar a contar um pouco da história da Fonte da Torrinha, ou a Fonte das Bicas. Já sabemos que a sua água era a melhor água de todas as fontes que havia dentro do povo. Também já sabemos que a sua construção deu muitas dores de cabeça ao presidente da junta de freguesia. O senhor António Nita não tinha panos quentes para aparar as nicas da Câmara do Sabugal! Defendia os interesses da freguesia com todas as forças e estratagemas que criava, pois, só lhe satisfazia ver o povo bem servido e com os mesmos direitos que as outras terras gozavam. Mesmo o facto de à sua frente estar um presidente de Câmara, um engenheiro de obras e responsável por muitas canalizações, mesmo sendo pressionado por comandantes da Guarda Fiscal, as obras de abastecimento ao novo quartel, canos que ligavam os tubos vindos da mina para a fonte e que a Guarda Fiscal também queria receber, foram mandadas parar. O problema ficou resolvido uns tempos depois e depois de as partes assinarem um documento com as condições impostas pela Junta de Freguesia.
   A história da Fonte da Torrinha não fica toda contada. Esta é uma ínfima parte e tratou-se de avivar as nossas memórias. A história deste monumento e de outros que há na nossa aldeia, a sua importância na história do povo e de muitas pessoas que ali iam diariamente, são motivos suficientes para conservar a todo o custo estes testemunhos ainda visíveis.
  
   Nota: sendo eu malcatenho, defendo a freguesia sempre que há necessidade. Há situações
               que pela sua interferência no espaço público, à vista de toda a gente, mesmo que os
                intervenientes não tenham más intenções, sujeitam-se ao julgamento público.
                E na última vez que estive em Malcata, vi o que muitos também viram e o pequeno
                muro foi o tema mais falado nos bancos da Torrinha. Cada pessoa e cada uma das
                que vive em Malcata tem uma opinião, uma sugestão, um apontamento a escrever
                e depois esclarecer ou simplesmente não querer ver, não falar e remeter ao silêncio
                porque se fosse ele, fazia o mesmo ou até pior...
                 Vivemos em democracia, não é verdade? Se a democracia nos dá a liberdade de cada
                 um comentar, aqui vos deixo espaço para tornar pública a vossa opinião.               

17.5.22

MALCATA : A MINA

         Pá, picareta e muita força de braços foram necessários 
        para levar a água até à Torrinha!

Fonte da Torrinha 


   

 
 Em 1935, as pessoas que viviam em Malcata, iam até à Fonte de Mergulho e aí enchiam as vasilhas de água para o sustento da família e do gado. Entre 1935 e 1937, a água escasseava e a população ia aumentando. Com a escassez de água potável, a população mobilizou-se e em conjunto com a Junta de Freguesia de Malcata, presidida na altura pelo senhor António Nita, arregaçaram as mangas e construíram manualmente uma mina e o respectivo canal para o transporte da água até ao povo. Viviam-se tempos difíceis, a aldeia ainda não tinha rede de electricidade, não havia rede de esgotos, criavam-se muitos animais. A água era indispensável para a vida de todos e as culturas necessitavam dela para se desenvolver. Portanto, a água dentro da povoação existia, mas não estava devidamente aproveitada. Havia poucos poços e a água servia mais para regar a horta ou as culturas como as batatas, o milho, os feijoeiros, precisando de burras (picotas), noras e mais tarde, motores a petróleo. Daí a importância de a água na povoação ser tão necessário a construção de fontes.
   

                                                                  Amigo da Verdade - Malcata
                                         António Nabais da Cruz ( Ti António Nita ) e a história da fonte

      A construção de chafarizes e fontes foi uma das apostas do Estado Novo nos anos 40. O abastecimento de água fazia parte das obras importantes e era normal e vulgar a presença de gente do governo na inauguração de uma fonte numa das aldeias do nosso concelho. Nessa altura, o Sabugal foi daqueles que maior número de inaugurações fez no que respeita a chafarizes e fontanários. Entre 1930 e 1940 muitas foram as aldeias que ficaram com abastecimento público de água assegurado por fontes e chafarizes. A Câmara do Sabugal, sempre que podia, aproveitava a vinda das equipas de engenheiros e de técnicos a uma freguesia para executarem medidas, estudos, medidas e visitavam todas as obras, bem como a compra de materiais necessários, poupando em dinheiro e em tempo.

    O caso das obras do abastecimento de água à nossa freguesia tem alguns contornos que não são conhecidos de todos vós. A construção da mina demorou e todo o trabalho foi feito à pá e picareta. Contaram-me que quando surgiu a água, foi uma alegria e alguns pensavam que o trabalho tinha terminado. Mas isso não foi o que o senhor António Nita pensou e ainda quis continuar os trabalhos com a ideia de aumentar ainda mais o volume de água a jorrar da nascente. Não foi fácil fazê-lo parar e avançar para a abertura da vala para conduzir a água até ao povo. A distância que vai das Eiras à Torrinha não é mais do que uns 3000 metros, mas sendo o trabalho todo feito à mão, os homens tiveram que organizar-se em equipas. A forma encontrada pelo presidente da junta foi a de ir uma equipa por cada rua e durante uma semana de trabalho.
   Foram semanas duras de muito trabalho, muita terra, pedras e lama até chegar à Torrinha. A data “1937” que hoje se pode ler numa das pedras da fonte, confirma que pelo menos a Junta de Freguesia trabalhou há volta de dois anos até a obra ficar pronta. O velado (túnel) foi com certeza a parte mais difícil de construir. A fonte, feita toda em cantaria, foi desenhada com muita simplicidade, mas satisfazia as necessidades de fornecimento de água potável a toda a freguesia. A fonte é um dos ex-libris da nossa aldeia, que nem sempre tem sido bem cuidado. Foi um lugar importante durante muitos anos, um lugar que guarda inúmeras histórias de namoro, de lutas pela água do tanque, de algumas indisposições nos dias de muito calor, etc.
(continua...)

                                                     José Nunes Martins
 





14.2.16

A FONTE DOS AMORES EM MALCATA

 
Fonte dos namoros ( Fonte da Torrinha )


 Hoje em Portugal, muitos celebram o Dia dos Namorados, ou de São Valentim. O marketing comercial tomou conta desta data e de há uns dias para cá a sedução anda por todos os lugares. Dizem que é uma data especial e que celebra a união amorosa entre casais e namorados, é um dia para demonstrar ternura e afeição entre amigos.
   Noutros tempos, na aldeia de Malcata não se celebrava dia dos namorados. E era preciso ir até à Torrinha para garantir momentos românticos e de galanteio. Ali se situa a Fonte da Torrinha e era o local usado pelas raparigas e rapazes como oportunidade de namorar.
   As raparigas faziam fila para levar a água da fonte e enquanto o faziam, os rapazes apareciam ali pelo largo da Torrinha e à volta dos tanques, para vê-las passar com os cântaros de barro à cabeça e poderem dar dois dedos de conversa. E muitos namoricos ali começaram, às vezes até se esqueciam das horas e quando chegavam a casa ouviam o que não queriam ouvir.
   Outros tempos com outras histórias e outras memórias…

8.5.12

ÁGUA QUE ALIMENTA UM POVO

Todos na aldeia conhecem a Fonte da Torrinha e a água fresca, leve e saborosa que há mais de um século jorra dia e noite nas suas duas bicas. Todos concordam que na aldeia não existe água como aquela. Ainda agora,apesar de haver água canalizada nas casas, muitas pessoas continuam a ir todos os dias a esta fonte encher de água os cântaros de plástico e assim poderem beber e dar de beber desta preciosa água.

   Há uns anos não muito distantes, as cantareiras das casas estavam sempre com os cântaros de barro cheios de água desta fonte. Por comodidade e por serem mais leves, ao lado da cantareira, era costume existir uma ou duas cantarinhas, também de barro, para beber água quando havia sede ou então sempre que alguém amigo ou familiar entrava na casa.

   Ainda me lembro as filas que se faziam ao fim das tardes dos meses de calor. Vinham da Moita, domCimo da Estrada ou do Cabeço com os cântaros vazios à cabeça e enquanto aguardavam a vez para encher, conversava-se e muitos namoros ali tiveram início.
   A água da Fonte da Torrinha era escolhida por todos, ficando a água da Fonte Velha a servir apenas para regar as hortas e os outros campos. Isso explica-se porque a água da Fonte Velha provinha de uma mina mais superficial, era uma água menos saborosa e não gozava do selo de confiança que a água da Fonte da Torrinha sempre soube exibir. Ainda hoje, a água desta fonte é própria para consumo e é sujeita periodicamente a análises laboratoriais.
   A história da Fonte da Torrinha está para sempre ligada à aldeia e à vida dos seus habitantes. Bem que gostava de conhecer histórias de namoricos, cântaros partidos, raspanetes do pai ou da irmã porque o cântaro com água fresca demorava a pousar cheio na cantareira...soltem as memórias e escrevam para nós sabermos mais sobre a importância desta fonte. Vamos lá, sem medos.
 

14.7.10

MALCATA : "A FONTE" É O NOVO MINI-MERCADO

A Fonte- Minimercado

"A Fonte" foi o nome escolhido por Helena Nabais e Joaquim António para o mini-mercado que recentemente abriram em Malcata. Junto à antiga fonte, na casa onde já funcionou outro estabelecimento, está aberto já há uns meses, o novo espaço comercial. 

   "A Fonte" segundo a conversa que tive com a Helena, está associado a uma rede de distribuição alimentar do grupo GI, com êxitos a nível nacional e em quem os proprietários do novo minimercado confiam para os apoiar nesta nova etapa de empresários. De salientar que o possuir Internet ( e mail activo e a funcionar ) foi uma das exigências pedidas para abrir o estabelecimento.
   Ao estarem ligados ao GI, têm a vantagem de poder oferecer "promoções" variadas e os clientes acabam por sair beneficiados nessas compras. Para aqueles que têm internet em casa e a funcionar, aqui vai o sítio onde podem saber das promoções, visto que são comuns a todos os estabelecimentos do grupo GI.:

Tudo o que seja para poupar...é bom para os clientes.
Malcata ficou com mais um sítio onde comprar os bens essenciais. Ao Mini-Mercado Armindo, junta-se agora a "Fonte". Bons negócios para ambos!

28.8.08

MALCATA: A FONTE ESQUECIDA

As fontes foram um marco importante na vida da aldeia de Malcata. Ainda hoje as fontes de Malcata são importantes para muitas pessoas que continuam a ir lá buscar água para consumir em casa, ignorando a torneira que têm em casa. Exemplo disso é a Fonte da Torrinha, que continua a jorrar água fresca e cristalina , própria para consumo e aquela que não se bebe é armazenada nos três tanques até ser utilizada na rega dos campos.


Mas hoje vou escrever sobre outra fonte: Fonte de São Domingos.


Fonte de São Domingos(Malcata)

É debaixo destas pedras que sai a água. Limpa, transparente, leve e refrescante. É mesmo uma fonte com boa água e todos devemos preservar este local. Há que mandar analizar a qualidade da água. A verdade é que sempre lá bebemos água e nada de anormal aconteceu até agora. Mas há cuidados a ter em conta e hoje os exames da água até são mais fáceis e económicos.







Fonte de São Domingos(Malcata)


Esta foto é feita a partir do caminho que passa ali ao lado. À volta da fonte há muito mato, alguns carvalhos e freixos e claro que a erva icupa agora as antigas hortas.


Fonte de São Domingos(Malcata)


A água jorra da fonte e segue pelo rego, até à primeira presa ficando ali retida até ser usada na rega dos campos.








Fonte de São Domingos(Malcata)

A fonte vista a dois metros de distância. É pouco visível por causa das ervas altas, mas é mesmo aqui que está a Fonte de São Domingos.





Fonte de São Domingos(Malcata)
Lá para o fundo, do lado direito , ficam os campos de cultivo(o Bradará).Poucos são os que ainda estão cultivados, mas ainda há alguns.


A Fonte de São Domingos fica perto da Capela de São Domingos, num sítio a que todos chamam Bradará. Muitos sabem onde fica esta fonte, principalmente as pessoas mais velhas, que a souberam preservar até agora. A água que brota desta fonte é cristalina, fresca e tem sido ao longo de muitas gerações um local respeitado por quem ali tem passado. Para além da qualidade da água, o nome de "Fonte de São Domingos", tem contribuido para que o local seja uma expansão da influência religiosa cristã ou não estivesse ali perto a Capela de São Domingos.
A água desta fonte ainda hoje é utilizada para regar as parcelas de terreno localizadas a juzante. Noutros tempos, aos seus pés, existiam umas pequenas hortas cheias de bons pimentos, vistosos tomates e grandes cebolas. Uma delas pertencia à minha mãe e lembro-me vagamente dessas hortinhas e de ter que acompanhar a minha mãe nos dias em que lhe pertencia regar a horta e o chão do Bradará carregado de milho e feijão. O tempo que a água demorava a encher a presa e a distância que a agua tinha que percorrer pelo rego até ao chão era mesmo muito. Havia que tapar muito bem a saída da presa e com o sacho na mão, seguir atentamente a corrente da água. Ao longo de todo o rego havia que verificar se os tornadouros para os terrenos dos outros vizinhos estavam bem fechados e sempre que aparecia um buraco de rato ou toupeira tinha que o tapar bem e dessa forma permitir que a água seguisse o seu caminho até ao destino. E claro, fazer esse trabalho levava algum tempo, mas era o método mais usado e conhecido pela minha mãe para conseguir levar a água a bom moinho.


Foi neste mês de Agosto que visitei a Fonte de São Domingos. Fiquei contente por ainda saber onde se situava e quando olhei para a sua água, a minha memória reviveu outros tempos e momentos de paz e prazer. É um local longe da aldeia. O silêncio mistura-se com a frescura dos freixos e carvalhos. Olhei para cima e vi a capela de São Domingos. Voltei-me para a direita e deu para observar os terrenos cheios de erva alta, misturada com juncos. Já não vi tomates, nem milho, muito menos a rama verde dos batatais. Restou-me meter as mãos na água que saía da fonte, mesmo por baixo das pedras da parede, tentar manter a concha inventada e beber aquilo que há séculos ali nasce.

Esta fonte devia ser preservada. Ao manter e cuidar desta fonte estamos a contribuir para manter a memória do colectivo da aldeia de Malcata que merece e deve ser mantida.

15.6.07

O ROSSIO E A TORRINHA QUE FUTURO?

Eis o Rossio e a Torrinha de Malcata. Há anos que assim é conhecido o centro da aldeia.
Mesmo em frente ao automóvel, podemos ver o forno do povo reconstruido. Está outra vez operacional e o forno, aquecido a lenha, já voltou a cozer pão e cabrito.








Era no Rossio que se realizavam os bailes nas tardes de domingo, ao som da concertina do Fernando e do Coelho, excelentes tocadores que animavam e transformavam as tristezas em alegrias. Hoje os animadores são outros e com sons mais fortes ao ponto de todo o recinto vibrar.

Quando não havia dinheiro para o meio quartilho, ou para uma mini, a água da fonte era "perfeita, perfeita" e fazia parte das festas. Ainda hoje, as bicas não páram de jorrar água cristalina e fresca, mas mesmo fresca, perfeita para matar a sede num dia qualquer de Verão.


Olhem para os tanques que rodeiam a fonte. Está aqui o "ponto de água" para a aldeia usar contra algum incêndio que surja. Esse tanque, o que está logo à direita das bicas, nunca é esvaziado, mantendo-se sempre cheio para acudir a uma eventualidade de incêndio. Logo ao lado está outro tanque mais pequeno que serve(hoje já não tanto)para o gado matar a sede. Ainda quando a taberna do Ti Quim Rebino estava aberta, esse tanque muitas vezes servia de "frigorífico"para as minis, sumóis e laranjadas da Cristalina(Ah!Cristalina, que saudades!). E falta o tanque maior que tem servido para as pessoas regarem os campos(batatas, milho, feijão e tudo o que houvesse na horta). Ainda hoje a água roda por ruas e a Junta faz uns euritos por cada tanque utilizado.




Mais um pormenor da Torinha. Aqui começa a Rua de Baixo, que nos leva para a Rua do Cabeço,para a Igreja, para a Capela de S.Domingos(Moinho,parque de merendas) e também para o Cemitério da freguesia. Do lado esquerdo vemos a Torre do Relógio (é a nossa Torre dos Clérigos). Possui um relógio antigo, que funciona com a ajuda de dois pêndulos ( dois cilindros de granito pesadões) e de hora a hora o sino toca as badaladas correspondentes, dando também sinal às meias horas. Foi por este relógio e pelo som do seu sino que o meu avô se orientou durante 98 anos. Que eu recorde, sempre que ia a casa dos meus pais a comer, nunca chegava atrasado...nunca teve relógio de pulso. O sino da Torre foi o seu tic-tac e ele dizia-me que era de boa marca. A Torre, para além do relógio, possui mesmo no alto, um galo em cima de um globo servindo de catavento e orientador dos quatro pontos cardeais.



A imagem de baixo continua a mostrar a Torrinha e parte do Rossio. Hoje está mais amplo, pois houve a retirada de uma casa ao lado do Comércio do Ti Varandas (casa branca a meio, do lado esquerdo). Em primeiro plano vemos uma casa ainda em restauro (está quase pronta).
O Rossio, o largo dos bailaricos, do Forno, está bastante escondido com esta casa. Lamento imenso que as entidades responsáveis não tenham conseguido aproveitar a oportunidade de Malcata passar a ter uma Praça com mais encanto e mais espaço. Parece que a Junta esforçou-se por obter esse alargamento por todos desejado. Mas como se pode observar tal não aconteceu. Tenho pena que ninguém tivesse feito algo mais. A aldeia ficaria com uma praça que ia valorizar imenso esta zona e assim vai continuar a pracinha.




Mas, amigos, olhemos para o futuro. O passado foi ontem e já passou. Gostava que os malcatenses olhassem para este local e sonhassem um pouco com uma praça mais fresca, mais harmoniosa, principalmente o seu piso. Imaginem umas tílias, por exemplo, porque, sombra é coisa que não existe( sombra de árvores) quase parece a Av.dos Aliados, no Porto, temos muitos paralelos e algum cimento, fazendo companhia a uns bancos de granito. O espaço devia ter árvores e algum equipamento que tornasse o espaço mais aprazível.
Mas se a casa que já referi não foi como muitos sonhavam, olhem para as que estão ao lado da Torre do Relógio. Olhem, observem e imaginem como ficaria a praça sem essas casas e com a Torre como elemento ainda mais em destaque.
Claro está, isto sou eu a pensar e a imaginar coisas que hoje não existem. Mas é com sonhos que as coisas acontecem, se o sonhador conseguir pôr esses sonhos em prática.
Malcatenses, sonhem, sonhem, porque o sonho ainda não paga imposto, é gratuito e ninguém nos pode impedir de sonhar.
Um dia destes vou contar-vos outro sonho.