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4.10.21

MALCATA: COMO ESTAMOS DE ÁGUA ?

Fonte da Torrinha em Malcata

    SERÁ VERDADE QUE A ÁGUA DA FONTE DA TORRINHA
    PODE SER UM PERIGO PARA A SAÚDE PÚBLICA ?


   A água da fonte da torrinha, onde praticamente toda a população da nossa aldeia recolhe água para beber, pode estar contaminada e a Junta de Freguesia pode vir a ter que colocar um aviso na fonte a avisar as pessoas da possível contaminação.
   A verdade é que as pessoas da aldeia ignoram os perigos que correm, o papel das análises lá continua à vista de todos e nele se diz que a água é boa para beber, ou seja, as pessoas e quem visita a aldeia e por ali passa, continuam a abastecer-se e a consumir aquela água.
   O consumo da água não causa problemas imediatos, mas com um consumo continuado, pode causar problemas reais de saúde, por exemplo, aumento das quantidades de ferro, lesões em alguns dos órgãos internos, etc. Esta é uma fonte com 84 anos e ao longo de décadas foi a maior fonte de abastecimento da nossa freguesia e de muitas pessoas de outros lugares.
   A água da Fonte da Torrinha sempre foi apreciada por todos, era uma água cristalina, pura e fresca. Ainda agora, depois da instalação da rede de abastecimento público de água ao domicílio, há quem continue todos os dias a vir buscar água para beber.
   Quase ninguém liga aos constantes enchimentos da mina das Eiras com água da rede pública, chegando a ser feito 1 vez por semana. Até parece que fazem um milagre, porque de cada vez que lhe injectam a água com a mangueira, assim que o ar sair (eu diria que quando o poço das Eiras encher) sai água com fartura. Sim, sai tanta água que deixa alegres e felizes os crentes. Eu sabendo da “fórmula milagrosa” para fazer sair água nas bicas, registo e sigo o meu caminho, convencido de que vou ter que continuar a comprar a água para beber.
   Sei que a água é periodicamente analisada e a Junta de Freguesia, e bem, afixa os resultados no espaço destinado a isso. Ora as últimas foram realizadas em Julho de 2021. Não contesto os resultados expressos no papel. Hoje, esses podem não estar certos e as características da água estarem diferentes. Basta ter em conta as vezes que os senhores da Junta de Freguesia já encheram o   das Eiras (mina) com água da rede pública para eu ter receio e deixar de beber dessa água, que deixa de ser água cristalina, pura e fresca, como aquela boa, cristalina e fresca de 1937 e anos seguintes.
   É urgente uma tomada de decisão séria e duradoura, por parte da Junta de Freguesia de Malcata. Saber que, a água que hoje sai daquelas bicas, é ou pode ser, água imprópria para beber ou consumir sem ferver, que me pode originar graves problemas de saúde, porque a consumo há muitos anos, é razão mais que suficiente para as entidades tomem medidas e resolvam de uma vez por todas o problema desta fonte, cuja idade e finalidade de dar de beber a quem tem sede, é a razão de ali continuar a existir, contribuindo para o bem-estar dos fregueses.
   Daqui lanço o alerta para se tomarem medidas urgentes e também para que a população ande atenta a qualquer sinal de alerta.
                                                                   José Martins

 

2.6.22

FONTE DA TORRINHA EM PERIGO?

                    

Fonte da Torrinha(foto de 24-02-2019)

   Na nossa aldeia existem memórias que correm o sério risco de serem destruídas, alteradas e que merecem ser alvo de maior cuidado. Estas memórias são-nos oferecidas pelos testemunhos vivos que existem na freguesia e como são públicos, encontram-se em espaços públicos, mais ou menos resguardados, estando alguns ainda ao serviço de todos. E o estatuto de público significa que é usado por todos e está ao serviço de todos. Ora esta posse tão ampla vem conferir-lhes uma importância ainda maior para que se cuidem bem deles.
   E por falar em memórias e testemunhos, vou continuar a contar um pouco da história da Fonte da Torrinha, ou a Fonte das Bicas. Já sabemos que a sua água era a melhor água de todas as fontes que havia dentro do povo. Também já sabemos que a sua construção deu muitas dores de cabeça ao presidente da junta de freguesia. O senhor António Nita não tinha panos quentes para aparar as nicas da Câmara do Sabugal! Defendia os interesses da freguesia com todas as forças e estratagemas que criava, pois, só lhe satisfazia ver o povo bem servido e com os mesmos direitos que as outras terras gozavam. Mesmo o facto de à sua frente estar um presidente de Câmara, um engenheiro de obras e responsável por muitas canalizações, mesmo sendo pressionado por comandantes da Guarda Fiscal, as obras de abastecimento ao novo quartel, canos que ligavam os tubos vindos da mina para a fonte e que a Guarda Fiscal também queria receber, foram mandadas parar. O problema ficou resolvido uns tempos depois e depois de as partes assinarem um documento com as condições impostas pela Junta de Freguesia.
   A história da Fonte da Torrinha não fica toda contada. Esta é uma ínfima parte e tratou-se de avivar as nossas memórias. A história deste monumento e de outros que há na nossa aldeia, a sua importância na história do povo e de muitas pessoas que ali iam diariamente, são motivos suficientes para conservar a todo o custo estes testemunhos ainda visíveis.
  
   Nota: sendo eu malcatenho, defendo a freguesia sempre que há necessidade. Há situações
               que pela sua interferência no espaço público, à vista de toda a gente, mesmo que os
                intervenientes não tenham más intenções, sujeitam-se ao julgamento público.
                E na última vez que estive em Malcata, vi o que muitos também viram e o pequeno
                muro foi o tema mais falado nos bancos da Torrinha. Cada pessoa e cada uma das
                que vive em Malcata tem uma opinião, uma sugestão, um apontamento a escrever
                e depois esclarecer ou simplesmente não querer ver, não falar e remeter ao silêncio
                porque se fosse ele, fazia o mesmo ou até pior...
                 Vivemos em democracia, não é verdade? Se a democracia nos dá a liberdade de cada
                 um comentar, aqui vos deixo espaço para tornar pública a vossa opinião.               

8.5.12

ÁGUA QUE ALIMENTA UM POVO

Todos na aldeia conhecem a Fonte da Torrinha e a água fresca, leve e saborosa que há mais de um século jorra dia e noite nas suas duas bicas. Todos concordam que na aldeia não existe água como aquela. Ainda agora,apesar de haver água canalizada nas casas, muitas pessoas continuam a ir todos os dias a esta fonte encher de água os cântaros de plástico e assim poderem beber e dar de beber desta preciosa água.

   Há uns anos não muito distantes, as cantareiras das casas estavam sempre com os cântaros de barro cheios de água desta fonte. Por comodidade e por serem mais leves, ao lado da cantareira, era costume existir uma ou duas cantarinhas, também de barro, para beber água quando havia sede ou então sempre que alguém amigo ou familiar entrava na casa.

   Ainda me lembro as filas que se faziam ao fim das tardes dos meses de calor. Vinham da Moita, domCimo da Estrada ou do Cabeço com os cântaros vazios à cabeça e enquanto aguardavam a vez para encher, conversava-se e muitos namoros ali tiveram início.
   A água da Fonte da Torrinha era escolhida por todos, ficando a água da Fonte Velha a servir apenas para regar as hortas e os outros campos. Isso explica-se porque a água da Fonte Velha provinha de uma mina mais superficial, era uma água menos saborosa e não gozava do selo de confiança que a água da Fonte da Torrinha sempre soube exibir. Ainda hoje, a água desta fonte é própria para consumo e é sujeita periodicamente a análises laboratoriais.
   A história da Fonte da Torrinha está para sempre ligada à aldeia e à vida dos seus habitantes. Bem que gostava de conhecer histórias de namoricos, cântaros partidos, raspanetes do pai ou da irmã porque o cântaro com água fresca demorava a pousar cheio na cantareira...soltem as memórias e escrevam para nós sabermos mais sobre a importância desta fonte. Vamos lá, sem medos.
 

2.2.24

MALCATA, QUE TE ESTÁ A ACONTECER?

 




                            M 1937 - Fonte das duas bicas ( Torrinha) na aldeia de Malcata há 87 anos


                                                                                  ++++++++++


      Na praça principal da freguesia existe a melhor fonte de água da aldeia. É paragem obrigatória para quem visita a terra e para os que nela vivem. Durante muitos anos foi considerada a fonte dos namoros, dos encontros ao fim do dia para encher os cântaros e as bilhas de barro. O seu aspecto foi sofrendo pequenos remendos e poucos benefícios teve desde 1937 aos nossos dias de hoje. Todos os melhoramentos que ali foram feitos não trouxeram mais fama à fonte. Sim foi importante terem substituído os antigos canos por outros novos. E sim, têm sido importantes as pequenas obras na manutenção da fonte e dos tanques, assim lá se vai mantendo a coisa a funcionar. Sejamos francos e sinceros quando falarmos da fonte da Torrinha, nome que mais é conhecida dos malcatenhos. É que quando olho para esta fonte fico um pouco nostálgico e triste. O seu aspecto actual contrasta bem com o que via há uns anos, quando ali toda a gente ia encher os cântaros de água para consumir em casa. A água nessa altura saía bem mais viva, as duas bicas tinham a sua graça mesmo com toda a simplicidade dos canos. Toda a gente bebia daquela água com toda a confiança e certeza que ficava saciada e bem alimentada, sem receio algum de “passar pelas passas do Algarve” ou soltar o desabafo “que mal fiz eu a Deus, se só bebi água da fonte”! Apesar desses indesejados sintomas de mal-estar e desarranjo intestinal se vem verificando nos meses de mais calor, muitas são as pessoas que continuam a consumir da água desta fonte. E muita gente continua a dizer que aquela água mata a sede a quantos dela beberem, seja Inverno ou Verão, mas eu já não acredito nessa verdade porque o mal-estar é muito difícil de aguentar.

   Tenho pena que nestes últimos anos se repitam perturbações  e outros sintomas graves por que sentem as pessoas logo após dois ou três dias de permanência na aldeia, sendo os meses de Verão as épocas de maior número dos casos deste tipo de ocorrências. E embora não haja provas concretas da origem do mal-estar das pessoas, muitos apontam sem duvidar, que se sentiram pessimamente depois de ingerir a água da fonte das duas bicas na Praça da Torrinha.
   Todos ou quase todos nos lembramos da ocupação do solo no lugar das Eiras, onde até há poucas décadas, eram solos exclusivamente agrícolas, sem qualquer casa de habitação. E também não me lembro da existência de avisos a informar que a água se encontrava imprópria para consumo humano!
   Hoje a nascente que fornece a água à fonte das bicas está envolta de muitas habitações e a ocupação do solo está alterada. A povoação cresceu à volta da mina das Eiras e nunca ninguém se preocupou com o futuro e da qualidade das águas subterrâneas, mesmo sabendo toda a gente e as autarquias da necessidade de se cuidar da água.
   Já lá vão 87 anos e a fonte lá continua, graças à influência e determinação das pessoas como o senhor António Nita, pessoa importante e que depois de viver fora da terra a ela regressou e presidiu à Junta de Freguesia, com coragem e persistência conseguiu obter os  gratuita, sem taxas escondidas. Infelizmente ele e outros como ele já partiram e eu interrogo-me: Malcata, que te está a acontecer?
   Sei que esta gente de antigamente eram notáveis e influentes. O que não entendo é porque os que estão no presente não conseguem suster e manter o legado que nos deixaram e, aos poucos a freguesia vai sendo privada de tudo o que resta de útil às pessoas que nela vivem.
   Enfim, oxalá que o futuro comece a ser menos ingrato para os mais novos e despertem a tempo de lembrar aos autarcas as promessas feitas quando precisaram de ser eleitos.

    Seguem-se umas imagens da Fonte das Bicas/Torrinha ao longo do tempo:

    

  


Sempre se fez assim e nunca se perguntam da razão deste procedimento, 
nem há vontade de experimentar outras soluções para obter resultados diferentes!



Um legado com 87 anos que merecia ser mais cuidado.





28.8.08

MALCATA: A FONTE ESQUECIDA

As fontes foram um marco importante na vida da aldeia de Malcata. Ainda hoje as fontes de Malcata são importantes para muitas pessoas que continuam a ir lá buscar água para consumir em casa, ignorando a torneira que têm em casa. Exemplo disso é a Fonte da Torrinha, que continua a jorrar água fresca e cristalina , própria para consumo e aquela que não se bebe é armazenada nos três tanques até ser utilizada na rega dos campos.


Mas hoje vou escrever sobre outra fonte: Fonte de São Domingos.


Fonte de São Domingos(Malcata)

É debaixo destas pedras que sai a água. Limpa, transparente, leve e refrescante. É mesmo uma fonte com boa água e todos devemos preservar este local. Há que mandar analizar a qualidade da água. A verdade é que sempre lá bebemos água e nada de anormal aconteceu até agora. Mas há cuidados a ter em conta e hoje os exames da água até são mais fáceis e económicos.







Fonte de São Domingos(Malcata)


Esta foto é feita a partir do caminho que passa ali ao lado. À volta da fonte há muito mato, alguns carvalhos e freixos e claro que a erva icupa agora as antigas hortas.


Fonte de São Domingos(Malcata)


A água jorra da fonte e segue pelo rego, até à primeira presa ficando ali retida até ser usada na rega dos campos.








Fonte de São Domingos(Malcata)

A fonte vista a dois metros de distância. É pouco visível por causa das ervas altas, mas é mesmo aqui que está a Fonte de São Domingos.





Fonte de São Domingos(Malcata)
Lá para o fundo, do lado direito , ficam os campos de cultivo(o Bradará).Poucos são os que ainda estão cultivados, mas ainda há alguns.


A Fonte de São Domingos fica perto da Capela de São Domingos, num sítio a que todos chamam Bradará. Muitos sabem onde fica esta fonte, principalmente as pessoas mais velhas, que a souberam preservar até agora. A água que brota desta fonte é cristalina, fresca e tem sido ao longo de muitas gerações um local respeitado por quem ali tem passado. Para além da qualidade da água, o nome de "Fonte de São Domingos", tem contribuido para que o local seja uma expansão da influência religiosa cristã ou não estivesse ali perto a Capela de São Domingos.
A água desta fonte ainda hoje é utilizada para regar as parcelas de terreno localizadas a juzante. Noutros tempos, aos seus pés, existiam umas pequenas hortas cheias de bons pimentos, vistosos tomates e grandes cebolas. Uma delas pertencia à minha mãe e lembro-me vagamente dessas hortinhas e de ter que acompanhar a minha mãe nos dias em que lhe pertencia regar a horta e o chão do Bradará carregado de milho e feijão. O tempo que a água demorava a encher a presa e a distância que a agua tinha que percorrer pelo rego até ao chão era mesmo muito. Havia que tapar muito bem a saída da presa e com o sacho na mão, seguir atentamente a corrente da água. Ao longo de todo o rego havia que verificar se os tornadouros para os terrenos dos outros vizinhos estavam bem fechados e sempre que aparecia um buraco de rato ou toupeira tinha que o tapar bem e dessa forma permitir que a água seguisse o seu caminho até ao destino. E claro, fazer esse trabalho levava algum tempo, mas era o método mais usado e conhecido pela minha mãe para conseguir levar a água a bom moinho.


Foi neste mês de Agosto que visitei a Fonte de São Domingos. Fiquei contente por ainda saber onde se situava e quando olhei para a sua água, a minha memória reviveu outros tempos e momentos de paz e prazer. É um local longe da aldeia. O silêncio mistura-se com a frescura dos freixos e carvalhos. Olhei para cima e vi a capela de São Domingos. Voltei-me para a direita e deu para observar os terrenos cheios de erva alta, misturada com juncos. Já não vi tomates, nem milho, muito menos a rama verde dos batatais. Restou-me meter as mãos na água que saía da fonte, mesmo por baixo das pedras da parede, tentar manter a concha inventada e beber aquilo que há séculos ali nasce.

Esta fonte devia ser preservada. Ao manter e cuidar desta fonte estamos a contribuir para manter a memória do colectivo da aldeia de Malcata que merece e deve ser mantida.

29.4.15

FONTES E NASCENTES



FONTES E NASCENTES 
Antes de 1937 onde iam as pessoas de Malcata buscar a água para beber, para a sua higiene pessoal, para cozinhar e para alimentar o gado?
Bem, antes da construção da Fonte da Torrinha em 1937, a algum lado as pessoas deviam ir. Talvez fossem encher os cântaros de barro à Fonte Velha, na Rua da Fonte e que é uma fonte de mergulho que já existia. Ou então, na Fonte das Fontainhas, muito perto das casas da Moita.
A Fonte da Torrinha é de construção em granito, sem grandes floreados, muito simples e funcional. Possui duas saídas de água e que cai num pequeno tanque, passando depois para outros três tanques maiores. A Fonte da Torrinha é um dos monumentos emblemáticos da aldeia. A água sempre foi fresca e de boa qualidade. Os que vivem em Malcata e aqueles que já lá viveram, sabemos que antes da existência do sistema de água ao domicílio, a água que se bebia em casa ou que se dava aos animais, vinha desta fonte. Ia-se buscar a água nos cântaros que eram colocados na cantareira. A água que se bebia vinha directamente desses cântaros, retirada com a ajuda de um copo, um copo usado por toda a gente, que depois era pousado sempre no mesmo sítio para usar quando necessário.
Hoje em dia, com a chegada da água canalizada e das torneiras, desapareceram as cantareiras das casas e vão ficando esquecidas as memórias desses objectos e dessa forma de consumir a água. Quando era necessária água para o gado, iam encher  os caldeiros de lata ao tanque pequeno, pois toda a gente sabia que era aí que o gado bebia quando ali passava nas idas ou vindas do campo.
Porque não recordar estes tempos?
Porque não recordar as fontes e as nascentes esquecidas?
Outrora, eram locais onde muitos namoros se iniciaram. Eram locais de encontros e grandes conversas. Mas hoje em dia, as fontes e nascentes ou fontaínhas, pouco dizem à maioria das pessoas porque já nasceram no tempo em que basta abrir uma torneira para beber água ou tomar um banho de água quente.

17.5.22

MALCATA : A MINA

         Pá, picareta e muita força de braços foram necessários 
        para levar a água até à Torrinha!

Fonte da Torrinha 


   

 
 Em 1935, as pessoas que viviam em Malcata, iam até à Fonte de Mergulho e aí enchiam as vasilhas de água para o sustento da família e do gado. Entre 1935 e 1937, a água escasseava e a população ia aumentando. Com a escassez de água potável, a população mobilizou-se e em conjunto com a Junta de Freguesia de Malcata, presidida na altura pelo senhor António Nita, arregaçaram as mangas e construíram manualmente uma mina e o respectivo canal para o transporte da água até ao povo. Viviam-se tempos difíceis, a aldeia ainda não tinha rede de electricidade, não havia rede de esgotos, criavam-se muitos animais. A água era indispensável para a vida de todos e as culturas necessitavam dela para se desenvolver. Portanto, a água dentro da povoação existia, mas não estava devidamente aproveitada. Havia poucos poços e a água servia mais para regar a horta ou as culturas como as batatas, o milho, os feijoeiros, precisando de burras (picotas), noras e mais tarde, motores a petróleo. Daí a importância de a água na povoação ser tão necessário a construção de fontes.
   

                                                                  Amigo da Verdade - Malcata
                                         António Nabais da Cruz ( Ti António Nita ) e a história da fonte

      A construção de chafarizes e fontes foi uma das apostas do Estado Novo nos anos 40. O abastecimento de água fazia parte das obras importantes e era normal e vulgar a presença de gente do governo na inauguração de uma fonte numa das aldeias do nosso concelho. Nessa altura, o Sabugal foi daqueles que maior número de inaugurações fez no que respeita a chafarizes e fontanários. Entre 1930 e 1940 muitas foram as aldeias que ficaram com abastecimento público de água assegurado por fontes e chafarizes. A Câmara do Sabugal, sempre que podia, aproveitava a vinda das equipas de engenheiros e de técnicos a uma freguesia para executarem medidas, estudos, medidas e visitavam todas as obras, bem como a compra de materiais necessários, poupando em dinheiro e em tempo.

    O caso das obras do abastecimento de água à nossa freguesia tem alguns contornos que não são conhecidos de todos vós. A construção da mina demorou e todo o trabalho foi feito à pá e picareta. Contaram-me que quando surgiu a água, foi uma alegria e alguns pensavam que o trabalho tinha terminado. Mas isso não foi o que o senhor António Nita pensou e ainda quis continuar os trabalhos com a ideia de aumentar ainda mais o volume de água a jorrar da nascente. Não foi fácil fazê-lo parar e avançar para a abertura da vala para conduzir a água até ao povo. A distância que vai das Eiras à Torrinha não é mais do que uns 3000 metros, mas sendo o trabalho todo feito à mão, os homens tiveram que organizar-se em equipas. A forma encontrada pelo presidente da junta foi a de ir uma equipa por cada rua e durante uma semana de trabalho.
   Foram semanas duras de muito trabalho, muita terra, pedras e lama até chegar à Torrinha. A data “1937” que hoje se pode ler numa das pedras da fonte, confirma que pelo menos a Junta de Freguesia trabalhou há volta de dois anos até a obra ficar pronta. O velado (túnel) foi com certeza a parte mais difícil de construir. A fonte, feita toda em cantaria, foi desenhada com muita simplicidade, mas satisfazia as necessidades de fornecimento de água potável a toda a freguesia. A fonte é um dos ex-libris da nossa aldeia, que nem sempre tem sido bem cuidado. Foi um lugar importante durante muitos anos, um lugar que guarda inúmeras histórias de namoro, de lutas pela água do tanque, de algumas indisposições nos dias de muito calor, etc.
(continua...)

                                                     José Nunes Martins
 





11.5.22

MALCATA: CONTRIBUTO PARA A SUA HISTÓRIA

 


Data das obras levadas a cabo
pela Câmara Municipal do Sabugal, em Malcata



       A Fonte da Torrinha (das Bicas)


   Poucos serão (infelizmente) aqueles que, não sendo naturais ou não residam em Malcata, conheçam a Fonte da Torrinha (Fonte das Bicas ).
   É uma fonte que merece ser visitada e conhecer um pouco a sua história, que começou antes de 1937.
   Como curiosidade, e para a história desta fonte, existem documentos em arquivo que registam que esta fonte foi assunto discutido em várias reuniões da Comissão Administrativa da Câmara Municipal do Concelho do Sabugal, realizadas em 1935, 1936 e 1937.
   A inscrição “1937” que ostenta um das pedras de granito  é, no meu entender, referente ao ano civil de início da entrada em serviço de abastecimento público de água potável à freguesia, isto tendo presente que, a obra da fonte fez parte dos assuntos tratados em anos anteriores pela Comissão Administrativa da Câmara Municipal do Sabugal, que nos dá alguma informação do decorrer da obra. Ver cópia da acta de 1935:
   




Livro de actas da CMS em 1935
                                                                                +++
+
       As fontes noutros tempos tinham enorme importância na vida quotidiana das pessoas, particularmente as populações das nossas aldeias. E em Malcata essa forma de olhar para uma fonte grande ou fontinha bem mais pequena, permitiram garantir o abastecimento de água às pessoas e aos animais que com eles trabalhavam. 
       Na nossa freguesia a água é tão importante como ter boa saúde. E apesar desta importância que têm por este recurso natural, permanecem alguns maus hábitos no seu uso, caindo algumas vezes em atitudes contrárias ao respeito que este escasso recurso merece.
       Porque a água é indispensável, cada vez mais escassa, devemos ver  nas fontes, nas torneiras e nas diversas estruturas que conduzem a água até onde precisamos dela, bem como aqueles locais emblemáticos e tão característicos da nossa aldeia, onde sabe bem beber um copo de água fresca e limpa, com respeito e tudo fazer para os manter e preservar, procurando dessa forma dar continuidade às coisas boas que nos legaram aqueles que nos antecederam e que, por necessidade e amor à coisa pública, tanto trabalharam gratuitamente.
PS: Tema a continuar com ... António Nita e a sua luta pela água ao povo!
        Não deixe de ler!

  

Quem tiver mais informações que o diga!
   

                                                      José Nunes Martins


14.2.16

A FONTE DOS AMORES EM MALCATA

 
Fonte dos namoros ( Fonte da Torrinha )


 Hoje em Portugal, muitos celebram o Dia dos Namorados, ou de São Valentim. O marketing comercial tomou conta desta data e de há uns dias para cá a sedução anda por todos os lugares. Dizem que é uma data especial e que celebra a união amorosa entre casais e namorados, é um dia para demonstrar ternura e afeição entre amigos.
   Noutros tempos, na aldeia de Malcata não se celebrava dia dos namorados. E era preciso ir até à Torrinha para garantir momentos românticos e de galanteio. Ali se situa a Fonte da Torrinha e era o local usado pelas raparigas e rapazes como oportunidade de namorar.
   As raparigas faziam fila para levar a água da fonte e enquanto o faziam, os rapazes apareciam ali pelo largo da Torrinha e à volta dos tanques, para vê-las passar com os cântaros de barro à cabeça e poderem dar dois dedos de conversa. E muitos namoricos ali começaram, às vezes até se esqueciam das horas e quando chegavam a casa ouviam o que não queriam ouvir.
   Outros tempos com outras histórias e outras memórias…

9.3.13

OS ESPAÇOS DA ALDEIA


O ESPAÇO PÚBLICO NA ALDEIA DE MALCATA


Que espaços públicos existem na aldeia?
Como é que eles se  encontram  hoje organizados e que transformações sofreram ao longo do tempo?

Qual a importância desses espaços  públicos  e a sua configuração, da sua envolvente e da sua adaptação às
novas necessidades das pessoas?

Quais as principais características que os espaços públicos devem possuir, de forma a responder eficazmente e com qualidade aos novos e futuros desafios de Malcata?

A PRAÇA DO ROSSIO

(Torrinha)



  A Praça do Rossio, também conhecida pela Torrinha, foi e ainda continua a ser o espaço público mais concorrido da aldeia. Desta praça partem, ou confluem, cinco das ruas principais da aldeia: Rua da Fonte, Rua do Carvalhão, Rua de Baixo, Rua da Ladeirinha e a Rua da Moita.



Início da Rua do Carvalhão

 Rua da Ladeirinha, ao fundo, para a direita e
Rua da Moita para a esquerda

 Rua da Fonte



Rua de Baixo



Praça do Rossio ( Torrinha )



 Fonte e tanques

 Torre do Relógio


 A Torre do Relógio

   A Praça do Rossio, sendo o espaço público com maior importância na povoação, não deve ser descurado, pois tem representado um modo de vida dos nossos conterrâneos ao longo de séculos.
   Este espaço tem funcionado como o local de festas, bailes, mostras gastronómicas, etc. E quem não se lembra dos encontros e das cartadas que se jogaram nesta praça? Este lugar ainda hoje continua a ser um lugar de encontros, de convívios. A presença da Torre do Relógio, a fonte e a água sempre fresca, os comércios do Ti Tó ( casado com a Ti Rosa ), o outro comércio, do Ti Varandas ( casado com a Ti Deolinda ), muitos anos serviu como Posto dos Correios e até de posto de "enfermagem" que muitos nunca esquecem os saberes e os dons do Ti Varandas. Também nesta praça existiu a taberna mais conhecida da aldeia e não só, onde eu em garoto, via televisão, os adultos bebiam os quartilhos ou traçados, tendo sido mais tarde, o primeiro sítio a servir café expresso, muitos chamavam "bica". Esta taberna do Ti Joaquim "Rebino" e da Ti "Benbinda" muito contribuíram para que este local fosse o centro da terra.
   Era nesta praça que os homens se encontravam. Então aos domingos, no fim das missa, todos paravam por aqui e por aqui ficavam na conversa, bebiam uns copitos e as mulheres juntavam-se nas bancas dos vendedores que apareciam por aqui com as carrinhas a vender frutas, calçado, roupas, às vezes lá aparecia um latoeiro e quem tivesse caldeiros rotos ou quisesse comprar um novo, ou comprar uma almotelia para o azeite, ou comprar uma candeia nova, era de aproveitar.
   Hoje, já não é a mesma coisa.
   E tanto mais que eu tinha para escrever sobre a praça do Rossio, a fonte, o forno do pão. É por isso inquestionável a necessidade de olhar para este espaço público e estudar a forma de manter, preservar e melhorar este mesmo local continuando como sítio de encontro de pessoas.
   Olhando para o espaço da praça, observando as construções que rodeiam o Rossio e a Torrinha, que vos parece? Está bem como está? As casas e a sua conservação contribuem para valorizar este espaço público, ou pelo contrário, está a necessitar de intervenção urgente?

 
   




11.4.18

CONHECER A ALDEIA DE MALCATA

Busto de Camões


   Quem visitar a aldeia de Malcata saiba que há alguns lugares e monumentos que vale a pena conhecer. Logo à entrada da aldeia deparamos com o Busto de Luís Vaz de Camões. Foi inaugurado em Setembro de 1965, pelo padre Lourenço, pároco da paróquia nessa época e ao seu lado encontrava-se o casal Corceiro, mecenas desta obra. Continuando pela Rua da Fonte, escondida pela calçada, encontramos a Fonte de Mergulho que recentemente foi recuperada. No fim desta mesma rua deparamo-nos com a Praça do Rossio, também conhecida pela Torrinha, pois neste local, em 1959, foi construída uma torre, toda ela feita em pedra de granito, exibindo nas alturas e virado para o largo um enorme relógio. Durante muitos anos este relógio, que funcionava com o sistema de dois pêndulos, ditou as horas dos malcatenhos que aqui viviam e graças à altura da torre e às badaladas do sino que se ouviam por toda a aldeia. Quando visitar a nossa aldeia arranje tempo para uma subida ao varandim desta torre, pois é um dos miradouros mais vistosos sobre a povoação e a sua envolvente.
   Depois de conhecer a Torre do Relógio, ande uns passitos até ao Rossio e entre no Forno Comunitário. Para além do antigo forno a lenha, no seu primeiro andar encontramos uma sala onde está permanentemente uma mostra de vários artefactos antigos e relacionados com os usos, costumes e tradições de Malcata.
   Seguindo para a parte mais antiga da aldeia, podemos descer a Rua de Baixo até à Igreja Matriz. Também merece uma visita dada a sua boa conservação e não esqueçamos de subir as escadas do campanário e admirar a serra da Malcata e avistar a Capela de São Domingos.
   Depois de conhecer a igreja há que subir a Rua da Ladeirinha e admirar o património edificado em pedra de xisto e granito. Nesta rua e na Rua do Meio existem ainda muitas casas de habitação antigas, pequenas e baixas, com um só piso em terra. Os telhados são cada vez menos os que estão cobertos com telha de um canal, fabricadas em barro e que com o passar dos anos e muitos invernos ficaram mais escuras, cheias de musgos negros, não dá para esconder a idade. Há nesta Rua do Meio uma singularidade única e que merece atenção. Algumas paredes das casas assentam em grandes blocos de pedra, visíveis a olho nu, no exterior das paredes. É também nesta Rua do Meio que se encontra a Queijaria Tradicional da aldeia e nela já se fabricaram excelentes queijos.
   E chegados novamente à Praça do Rossio, ou à Torrinha, há que dar de beber à dor e nada mais fresco que ir beber água às bicas da fonte, olhar para a água armazenada nos tanques e se for o momento certo, olhar para a torre reflectida na água do tanque mais pequeno, ou a lua se for noite clara e serena.
   Para tomar uma boa refeição, infelizmente não há porta aberta com esse serviço, apesar de na aldeia existirem 4 estabelecimentos, ou cafés se assim lhe quiserem chamar. É uma área de negócio pouco considerada, mas que em boa verdade já se justificava a aposta num pequeno restaurante.
   Quanto a alojamento, felizmente a aldeia dispõe da Casa das Camélias, empreendimento particular inserido na rede do turismo rural, que oferece todas as condições e comodidades e a um preço acessível, ao aconchego de um casal, uma família ou grupo de amigos até máximo de seis pessoas.
   Hoje andámos um pouco pelo núcleo antigo de Malcata. Dei a conhecer alguns tesouros da aldeia, mas há mais e igualmente importantes. Voltarei ao assunto. Vejam as fotos:
  





Fonte de Mergulho

Torre do Relógio

Forno Comunitário

Rua do Meio

Fonte da Torrinha

31.8.17

O ROSSIO E AS HORTAS DO VALE DA FONTE


   

   Ao fim de 13 anos à frente da Freguesia de Malcata, tiveram mais que tempo para requalificar o centro da aldeia; mas por incompetência e falta de ideia, essa intervenção nunca foi feita. Aquilo que foi feito está bem mas soube a pouco. Refiro o arranjo do piso do Rossio, a reparação e pintura das fachadas das casas que agora são propriedade da junta de freguesia e ainda a lavagem da pedra da Torre do Relógio.
   Sendo a Praça do Rossio, que a Torrinha é parte integrante, um dos lugares com mais significado para os malcatenhos, é triste observar o seu estado actual. O que é feito daquele desenho de uma ideia para requalificar aquele espaço? Lembro-me de o ter observado no painel das informações oficiais da junta de freguesia. Desde então, tudo continua como estava e sem graça nenhuma. Bastou na altura alguém ser contra e ficou tudo na mesma. Temos na Praça do Rossio / Torrinha, a sala de visitas da aldeia, dois contentores metálicos para o lixo doméstico e outro que lá couber; um abrigo para os passageiros da camioneta que é ao mesmo tempo o único local onde existe um expositor envidraçado que tem servido para a junta de freguesia afixar todas as informações oficiais. A falta de espaço é notória, os editais sobrepõem-se aos avisos, estes ficam de lado, meio à vista meio tapados e em vez de se poder ler um documento completo, lê-se um pouco de todos e de nada serve; os tanques e a fonte da Torrinha lá se têm aguentado desde 1937, uns ferros aqui outros ali, umas colheres de cimento aqui e ali e coitada da fonte que quase passa despercebida desde que lhe ergueram aquela parede de cimento mesmo atrás das suas costas; e os emaranhados de cabos, fios e postes mais parece ser cordas de um estendal público que só serve para perturbar a vista dos ponteiros do relógio. Ah, e ainda há bancos de pedra e outro de cimento. São duros mas todos os dias neles descansam as pernas homens e mulheres de Malcata!
   Ao longo destes treze anos fizeram-se obras, umas boas e outras menos boas, porque nesta terra as obras pecam quase sempre porque são feitas em cima do joelho, ou seja, olhando para os resultados finais, algumas é bem visível a ausência de critérios, de planeamento e sem o cuidado estimativo e valor imaterial que elas merecem. Lembram-se do muro de suporte e das escadas das hortas do Vale da Fonte? Quem é o homem ou mulher que consegue subir ou descer esses degraus para ir tratar da sua horta? Algum dos arquitectos experimentou subir aquelas escadas com uma cesta de pimentos ou cenouras? As mãos seguram-nos aos ferros, levar os legumes à cabeça é certo que vão cair. Não sei como imaginaram a coisa...cá para mim estavam com as cabeças no ar e nem pensaram na utilidade das escadas. Mandaram fazer, é para fazer, mesmo que não sejam para melhorar o acesso dos donos às hortas. Que percam o medo e subam e desçam as vezes que forem precisas, pior era como estava antes...
   Bem, hoje ficamos por aqui, amanhã tratarei da barroca ali mesmo ao lado.
                                                                                                     José Martins
   
   


10.7.14

MALCATA: PASSADO E PRESENTE COM FUTURO


Crianças na Fonte da Torrinha



Malcata é uma terra cada vez mais conhecida e o seu nome vem quase sempre ligada à serra com o mesmo nome e ao Lince da Serra da Malcata.
As recentes mudanças e melhorias ocorridas na pacata aldeia do interior têm contribuído enormemente para manter viva uma aldeia bem portuguesa e as pessoas que nela vivem, ainda acreditam num futuro melhor.
Muitos de nós recordamos aqueles tempos, não muito longínquos, em que se ia à Fonte da Torrinha ou à Fonte Velha com os cântaros de barro buscar a água para cozinhar, para lavar o corpo, para beber e claro, também para o gado.
Agora a aldeia tem saneamento básico e água nas torneiras, as curvas perigosas da velha estrada para o Sabugal desapareceram e a viagem faz-se com mais segurança e conforto, graças às obras de requalificação da via. Com a construção da barragem, surgiu uma enorme albufeira que até agora só tem servido os agricultores da Cova da Beira e leva a água às casas de muita gente. Os Caminhos Rurais de Malcata para o Meimão e de Malcata para Quadrazais foram arranjados e permitem uma ligação bem melhor. Também as comunicações telefónicas e a internet são agora uma melhoria sentida por aqueles que quiseram ligar-se ao mundo. Mas apesar de ser uma ajuda para vencer distâncias, por si só, não estão a ser capazes os custos da interioridade manifestada num êxodo das suas gentes e que levou ao encerramento da creche-infantário, da escola primária, de comércios, da queijaria e agora o desemprego está a atingir quem trabalhava na construção civil. 




 Cemitério de Malcata(ampliação)


Lar da Assm-pólo a ser inaugurado brevemente


A triste sina de Malcata é assistirmos às obras de ampliação do cemitério e do Lar de idosos. As consequências desta realidade estão à vista: as crianças e os jovens são obrigados a sair da aldeia e acabam por ficar pelas cidades que lhes proporcionam um melhor futuro. Com a escola está desactivada e servindo agora para outros fins,  os pais das crianças têm que deixar levar os seus filhos para outras escolas abertas noutra terra e acabam por lá ficarem todo o tempo da escolaridade obrigatória, que são muitos anos, levando-as inconscientemente a optar por “esquecer” a sua aldeia e viver a sua vida em qualquer outro lugar que lhes ofereça melhores empregos e um futuro  mais risonho.
Perante tantas dúvidas e tantas incertezas pergunto:
 Malcata tem futuro?
O passado de Malcata é ou não importante para compreender o presente e projectar o futuro?

17.6.20

AS PLACAS E UM CÓDIGO QR DESLIGADO

                                       
                                                 

   A Junta de Freguesia de Malcata instalou um conjunto de placas informativas junto aos principais edifícios da aldeia. O objectivo é servirem de orientação para as pessoas que visitam a freguesia, valorizando o património existente, pois era uma necessidade detectada há bastante tempo. Como já se devem ter apercebido, colocaram uma placa junto à porta do Forno Comunitário, ao lado da Fonte da Torrinha e da Fonte Velha, outra ali ao Calvário, na Rua da Ladeirinha, no adro da Igreja e na Capela de São Domingos, ao lado do Cruzeiro ali existente desde os tempos do padre Miguel. Em cada placa as pessoas podem ler uma breve descrição do monumento ou lugar e está disponível em quatro línguas: português, francês, inglês e espanhol. A esta breve descrição, o visitante também pode ligar à página oficial da Junta de Freguesia disponibilizada na internet. Basta que utilize o telemóvel e apontar a máquina de fotos para o Código QR inserido nas placas e seguir as indicações dadas. Não sei se me esqueci de referir alguma das placas que foram espalhadas por toda a aldeia.
   Sem dúvida que a Junta de Freguesia deu a entender que há necessidade de oferecer mais informação a quem nos visita. Estas placas tiveram um custo e são para alargar a informação, dignificar e valorizar o património da freguesia. Até aqui, estamos de acordo. O trabalho já está terminado? Para que serve o Código QR se depois não consigo a ligação à página da Junta de Freguesia? Há que concluir o que ainda não está feito e devia estar. Outra acção a desenvolver é informar a população residente na freguesia a utilidade destas placas e porque as colocaram onde estão e não noutros lugares, bem como chamar Fonte das Bicas e não Fonte da Torrinha, como vulgarmente ela é mais conhecida no povo.
   Já agora, que estamos a falar sobre placas, o que pensa a Junta de Freguesia fazer em relação às restantes placas informativas existentes na freguesia, algumas apresentam erros ortográficos e riscos, outras com informação e indicação de serviços que já não existem, outras a precisar de reescrever as palavras que entretanto descolaram e voaram com o vento? Para além do aspecto de desleixo e desactualização, transmite uma imagem negativa da freguesia no seu interesse pela conservação e preservação da freguesia.
            Dois bons exemplos de valorização do património da freguesia e respeitando
   a cultura popular dos malcatenhos que nos legaram estes nomes e estes lugares.
           

                                                                                                                     
   

10.3.24

O FUTURO DA ÁGUA EM MALCATA

Há que fazer alguma coisa para a água vir à tona
                         

   A forma de utilizarmos a água na nossa aldeia vai ter que mudar e deve ser uma das prioridades da autarquia melhorar o abastecimento de água para consumo humano à nossa freguesia, bem como a sua utilização na agricultura e nos espaços verdes da freguesia.
   Na nossa aldeia estamos acostumados à abundância deste recurso natural, mesmo durante os meses de mais calor não tem havido constrangimentos para ninguém.
   Mas os tempos são outros e o clima está a mudar. No que diz respeito à água para consumo humano, é do conhecimento de todos que os bombeiros voluntários têm transportado a água num camião-cisterna para encher o reservatório de água para a rede de abastecimento público
da nossa terra. Houve já necessidade de efectuar esse reforço duas vezes por semana. As causas da escassez da água estão relacionadas com as altas temperaturas e a falta de chuva que estão a secar as nascentes naturais.
   Na nossa freguesia há falta de planos para reaproveitar a água, para armazenar os milhões de litros que saem nas duas bicas da fonte, deixando fugir a água ruas abaixo. Podem dizer que não tem havido desperdício, que a água vai acabar por chegar à albufeira. Eu pergunto aos malcatenhos porque deixamos a água correr para a barragem em vez de a armazenarmos em reservatórios para futura utilização pela freguesia, pelos que necessitam dela para as regas?
   Já bastou a obra da barragem do Sabugal que sem dó nem piedade nos deixaram sem rio Côa!
   Não há nada que nos pague esse bem e esse recurso, como era o rio e as terras que o acompanhavam. Lembrem-se que na nossa região só existe água doce e investimentos para aproveitar a água do mar está fora de questão. Ora isso dá-nos argumentos para olharmos para a água que até é natural, de nascentes e também merecemos ajudas financeiras para manter
este recurso tão importante.
   Estes dias li que o concelho do Sabugal fazia parte dos municípios que mais desperdiçava água nas redes de abastecimento público. Os números estão escritos num relatório da entidade que regula a água em Portugal. Chama-se ERSAR e neste documento relatório da ERSAR ficamos a saber que o concelho do Sabugal desperdiçava, em 2022, 70,2% da água. Trata-se de água que existe e que não chega ao consumidor e por diversas razões: rupturas, avarias e desvios. Ora se há dois anos mais de metade da água era desaproveitada, logo não rendia um cêntimo, diz-nos que há muito trabalho a realizar.
   Então como será o futuro da água em Malcata?
   Será que a APAL-SIM (Águas Públicas em Altitude – Serviços Intermunicipalizados) vai resolver os problemas no concelho do Sabugal?
   Deixar de fazer alguma coisa não é opção! Pagar e continuar a pagar a água que se utiliza na rega? É uma possibilidade e sabemos que quem rega com a água dos tanques da Fonte da Torrinha, paga-se uma taxa por cada vez que se esvazia o tanque grande. E está certo que assim seja, pois eu não acredito que haja alguém que se recuse a pagar. Com certeza que na nossa freguesia não vamos brincar aos transvases para outras terras. Por curiosidade, li que os agricultores da Cova da Beira, que regam com a água da barragem do Sabugal, vão este ano pagar mais caro a água para rega! E em Fevereiro houve escaramuças e tubos cortados por desentendimentos por causa da água.
    Deixo aqui um alerta: olhem para as vossas próximas facturas da água e vejam o volume de água consumido e leiam também a segunda página. Digam o que viram e o que pensam.
   Obrigado


    

De 1937-2024 sem parar de deitar água





Ler a factura da água segundo a Deco
      

   

Trabalhos na nascente em Malcata 


                                        
                   Foto CMGuarda -Assinatura da constituição da Apal-Sim

    Saiba mais sobre a nova entidade das águas e saneamento:

   https://capeiaarraiana.pt/2024/02/19/sabugal-integra-sistema-intermunicipal-de-gestao-da-agua/