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16.2.20

MALCATA TEM MEMÓRIAS COM ALMA





    Em tudo na vida, de tempos a tempos, a pessoa precisa parar para ver, para ouvir, para conversar e reflectir sobre aquilo que se está a passar na zona onde ela se encontra. O mesmo devemos nós, os cidadãos que vivem ou têm alguma ligação importante a Malcata fazer uma pausa e olhar com mais cuidado e tempo para o que se vai passando na nossa aldeia. E esse olhar deve estender-se para lá do perímetro urbano, olhar para as zonas à volta da aldeia, porque também por lá aparecem situações que têm a ver com a alma da aldeia, com a história e a identidade das pessoas e dos lugares.
   Malcata é hoje uma aldeia com uma alma e uma identidade construída ao longo de muitos anos, pelas pessoas que nela nasceram, viveram e morreram. Também há que juntar a estes construtores todas as pessoas que nasceram e partiram em busca da felicidade. Todos juntos constituímos a alma da nossa pequena aldeia e ninguém deve ser ignorado nesta história.
   Estamos a viver o segundo mês deste ano de 2020 e precisamos de fazer uma pausa. Como vemos e sentimos o bater do coração da nossa aldeia? Há sinais de vitalidade ou de cansaço?
E como vamos de projectos? Que existem alguns projectos no papel e outros em andamento, nós até sabemos que é verdade. Trata-se de investimentos em favor da comunidade, como investimentos colectivos que são, vão consumir recursos económicos da comunidade, da freguesia. Há que ter alguns cuidados e não esquecer que todos os que residem na freguesia, que nela trabalham e também toda a gente que daqui saiu, precisam de estar ao corrente do que se está a pensar construir ou quase a começar. É importante as pessoas se identificarem com as obras que se estão a construir, porque são também essas obras que ajudam a construir a nossa freguesia, a servir de identificação da alma malcatenha. Não vamos repetir alguns erros do passado, por exemplo, com o que aconteceu aos moinhos, ao nicho da Senhora dos Caminhos, aos sinos da igreja Matriz ou ao relógio da torre.
   Há um património em Malcata que tem de ser preservado, custe o que custar, pois se não o fizermos, estamos a ignorar os lugares onde viveram as pessoas da nossa terra, estaremos a desrespeitar as nossas memórias e a negar as nossas origens.
   Veja-se o que se está a passar com o património edificado no centro mais antigo da aldeia, aquele quarteirão abrangendo a Rua de Baixo, o início da Rua do Cabeço, a Rua da Ladeirinha e a Rua do Meio. Sendo aquela zona a mais antiga da aldeia, se nada for feito, em poucos anos nada de identitário vai estar em pé. Por ignorância e falta de acompanhamento técnico especializado, a alma identitária da aldeia vai sendo substituída por almas de outros mundos.
E por muito pequena, baixa ou só com uma porta e um janelo, acreditem que é tão importante como uma fonte, uma torre ou um moinho. É que essas casas com chão em terra, telhas e lascas no telhado, apesar de pequenas e baixas, acolheram durante séculos os nossos antepassados, os construtores e guardiões da alma de Malcata.
   Por isso é tão importante a construção do Núcleo Identitário de Malcata e a obra tem mesmo de ser terminada. No seu espólio contam-se as memórias de pessoas, de objectos, de saberes e de crenças, de tradições e costumes.
   Tudo isto, mesmo que muitos achem que é velho e muito antigo, já não serve para nada a não ser para queimar no Inverno, merece o devido respeito, porque ainda lá moram as memórias de muitos malcatenhos.                          
                                                                                                                             José Martins



Escaleira da Ladeirinha. antes das obras.
Escaleiras da Ladeirinha, depois das obras.


17.8.16

UMA CARTA ESCRITA AOS MALCATENHOS

                                A Serra e Malcata não são apenas um nicho ambiental do lince,
                uma espécie em vias de extensão; são o ponto de chegada de um longo processo
                de acção antrópica em que os malcatenhos desempenharam ( e desempenham )
                um papel importante. José Rei, no livro "Malcata e a Serra - Passado Presente com Futuro"             
      Estimados Malcatenhos,
   Espero sinceramente que esta minha carta vos vá encontrar a todos de boa saúde. Eu estou bem, graças a Deus!
   O Futuro não existe e o Passado já lá vai.
   O Hoje é uma dádiva e é por isso que chamamos Presente.
   Sempre que não nos questionamos e nos mantemos na nossa zona de conforto, estamos a colocar limites à nossa inteligência criativa,à nossa lucidez e à nossa capacidade de genuinamente compreender os novos desafios e as novas oportunidades que nos vão aparecendo. Esta atitude do “politicamente correcto” impede as pessoas de compreender verdadeiramente os problemas e afastá-las das soluções mais adequadas e mais inteligentes.
   Aqueles que assumem a atitude do “politicamente correcto” vão variando e mudando de opinião ao sabor do momento e das conveniências de uns e de outros. Por vezes a hipocrisia pseudo-intelectual leva à proliferação de posturas impositivas de tentativa de pensamento único exercendo pressão psicológica sobre aqueles que desejam pensar objectivamente.
   O grande potencial de Malcata e dos malcatenhos é limitado por ideias e noções ultrapassadas de algumas pessoas.
   A falta de conhecimento, de visão estratégica, de boa informação, coloca as pessoas naquela atitude de nem sequer questionar, por exemplo, as acções ou inacções de quem preside às diversas instituições da nossa terra ou da nossa região. Comenta-se e arranjam-se guerrinhas por causa de uma árvore e não se tem uma ideia inteligente e estratégica sobre a floresta.
    Muitos de nós continuamos a viver agarrados ao passado. Não temos criatividade, nem frescura. Mas há uma oposição permanente daquelas pessoas que, erradamente, assumem a posição do politicamente correcto, assustando o povo e trazem com elas os medos do velho-do-restelo.
   Deixo no ar esta pergunta: é politicamente correcto que o poder local e institucional monopolize os cidadãos?
   Há potencial em Malcata e cada malcatenho possui o seu. O futuro de Malcata está no bom uso desse potencial, na audácia e estratégia, na imaginação e inteligência estratégica de desbravar o nosso território e criar novas oportunidades para todos.
   Malcata precisa de continuar a afirmar-se e a surpreender as outras aldeias vizinhas. Só assim podemos deixar de continuar a encaminhar os malcatenhos para fora da nossa terra. E um dos caminhos é aproveitar as oportunidades que estão a surgir, nomeadamente na Eficiência Energética e na Floresta.
  Em Malcata, de há um ano para cá, a Associação Malcata Com Futuro, através de várias iniciativas que apoiou, organizou e incentivou, promoveu o território da Malcata e de Malcata.
   O “politicamente correcto” e aquela atitude amorfa de “deixa correr, estamos aqui tão sossegados da vida”,  deu lugar a um tocar de ruidosos “despertadores”  acionados pela Associação Malcata Com Futuro, que levou os malcatenhos e muitos outros a tomar conhecimento e informação acerca da sua vida colectiva e individual e das consequências que a todos afectará, se as pessoas e as instituições continuarem a criar barreiras e obstáculos ao trabalho de pessoas que lutam pelo desenvolvimento económico, social, ambiental e cultural do território da Malcata.
Vosso conterrâneo,
José Nunes Martins
  
   

19.6.15

COSTUMES E TRADIÇÕES EM MALCATA

 Procissão na Fonte Velha(1984)

   O nosso planeta Terra está sempre em rotação e não pode parar de percorrer esse caminho porque as consequências seriam catastróficas e tudo acabaria para todos. E porque o mundo não pára, a vida continua, mesmo que a cada instante ocorram mudanças. Dou razão ao poeta que escreveu que “mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”.

   Toda e qualquer mudança afecta em maior ou menor escala a nossa consciência e depressa chegamos à conclusão que tudo neste nosso Mundo é transitório e nada é para sempre. E esta transitoriedade aplica-se aos regimes políticos, aos governantes, aos lugares, aos costumes e às pessoas e todos seres vivos.
   Aquilo que foi já deixou de ser. Aquele lugar, aquela rua ou aquela casa mudou, desapareceu e deixámos de ver como víamos, deixámos de ver como era. O mesmo no que respeita ao desaparecimento de pessoas, porque são mortais, mas pelo seu carácter, ensinamentos e originalidade de vida, deixaram marcas em Malcata; também desapareceram profissões e estilos de vida com o desaparecimento das pessoas que aprenderam uma arte e a invasão tecnológica ajudou a que fossem substituídas por ferramentas mais produtivas e mais ao alcance de mais pessoas. Também desapareceram algumas expressões e palavras que foram substituídas por outras, algumas até estrangeiradas e que acabaram com outras mais simples mas carregadas de realismo.
   Acredito que o tomarmos consciência de uma Malcata em desaparecimento, porque a nossa aldeia também está em constante mudança, torna-se urgente e importante salvaguardar os costumes, os usos e as memórias desta terra, destas pessoas. É importante salvaguardar o passado e esta coisa dos usos e costumes interessa a todos. Aos mais velhos, dá-lhes a oportunidade de reviver e lembrar as suas vidas e que ainda vivem quotidianamente; para as gerações mais jovens, esta salvaguarda e registo é mais uma ferramenta ou instrumento de contacto com as suas origens e em que assenta o seu presente e identidade; para os outros cidadãos desligadas de Malcata, mas interessados por alargar os seus conhecimentos, é a oportunidade de conhecer um conjunto de valores que levou à construção da comunidade malcatenha e que faz de cada pessoa,em especial, de cada malcatenho, aquilo que hoje é na vida.

Albufeira da Barragem do Sabugal
(Foto by Liliana Corceiro)

   

10.7.14

MALCATA: PASSADO E PRESENTE COM FUTURO


Crianças na Fonte da Torrinha



Malcata é uma terra cada vez mais conhecida e o seu nome vem quase sempre ligada à serra com o mesmo nome e ao Lince da Serra da Malcata.
As recentes mudanças e melhorias ocorridas na pacata aldeia do interior têm contribuído enormemente para manter viva uma aldeia bem portuguesa e as pessoas que nela vivem, ainda acreditam num futuro melhor.
Muitos de nós recordamos aqueles tempos, não muito longínquos, em que se ia à Fonte da Torrinha ou à Fonte Velha com os cântaros de barro buscar a água para cozinhar, para lavar o corpo, para beber e claro, também para o gado.
Agora a aldeia tem saneamento básico e água nas torneiras, as curvas perigosas da velha estrada para o Sabugal desapareceram e a viagem faz-se com mais segurança e conforto, graças às obras de requalificação da via. Com a construção da barragem, surgiu uma enorme albufeira que até agora só tem servido os agricultores da Cova da Beira e leva a água às casas de muita gente. Os Caminhos Rurais de Malcata para o Meimão e de Malcata para Quadrazais foram arranjados e permitem uma ligação bem melhor. Também as comunicações telefónicas e a internet são agora uma melhoria sentida por aqueles que quiseram ligar-se ao mundo. Mas apesar de ser uma ajuda para vencer distâncias, por si só, não estão a ser capazes os custos da interioridade manifestada num êxodo das suas gentes e que levou ao encerramento da creche-infantário, da escola primária, de comércios, da queijaria e agora o desemprego está a atingir quem trabalhava na construção civil. 




 Cemitério de Malcata(ampliação)


Lar da Assm-pólo a ser inaugurado brevemente


A triste sina de Malcata é assistirmos às obras de ampliação do cemitério e do Lar de idosos. As consequências desta realidade estão à vista: as crianças e os jovens são obrigados a sair da aldeia e acabam por ficar pelas cidades que lhes proporcionam um melhor futuro. Com a escola está desactivada e servindo agora para outros fins,  os pais das crianças têm que deixar levar os seus filhos para outras escolas abertas noutra terra e acabam por lá ficarem todo o tempo da escolaridade obrigatória, que são muitos anos, levando-as inconscientemente a optar por “esquecer” a sua aldeia e viver a sua vida em qualquer outro lugar que lhes ofereça melhores empregos e um futuro  mais risonho.
Perante tantas dúvidas e tantas incertezas pergunto:
 Malcata tem futuro?
O passado de Malcata é ou não importante para compreender o presente e projectar o futuro?

14.6.14

MALCATA E A SERRA

Assm, novo lar de Malcata


MALCATA E A SERRA

Passado Presente com Futuro

Malcata é uma terra cada vez mais conhecida e o seu nome vem quase sempre ligada à serra com o mesmo nome, Serra da Malcata.
As recentes mudanças e melhorias ocorridas na pacata aldeia do interior têm contribuído enormemente para manter viva uma aldeia bem portuguesa e as pessoas que nela vivem ainda acreditam num futuro melhor.
Muitos de nós recordamos aqueles tempos, não muito longínquos, em que se ia à Fonte da Torrinha ou à Fonte Velha com os cântaros de barro buscar a água para cozinhar, para lavar o corpo, para beber e claro, também para o gado.
Agora a aldeia tem saneamento básico e água nas torneiras, as curvas perigosas da velha estrada para o Sabugal desapareceram e a viagem faz-se com mais segurança e conforto, graças às obras de requalificação da via. Também as comunicações telefónicas e a internet  são agora uma melhoria sentida por aqueles que quiseram ligar-se ao mundo. Mas apesar de ser uma ajuda para vencer distâncias, por si só, não estão a ser capazes os custos da interioridade manifestada num êxodo das suas  e que levou ao encerramento da creche-infantário, da escola primária, de comércios, da queijaria e agora o desemprego está a atingir quem trabalhava na construção civil. A triste sina de Malcata é assistirmos às obras de ampliação do cemitério e do Lar de idosos. As consequências desta realidade estão à vista: as crianças e os jovens são obrigados a sair da aldeia e acabam por ficar pelas cidades que lhes proporcionam um melhor  futuro.
Perante tantas dúvidas e tantas incertezas pergunto:  Malcata tem futuro? O passado de Malcata é ou não importante para compreender o presente e projectar o futuro?