MALCATA: SÃO JOÃO É NA MOITA
Festejar para não esquecer |
Recordo-me dos
meus tempos de garoto na aldeia, onde se celebrava o São João, popular santo e
que o povo gostava de festejar. Nesses anos sessenta, na aldeia sentia-se e
vivia-se aquele espírito de “povo unido” e pronto para festa ou trabalho.
Talvez por esses motivos as festas eram tão alegres e divertidas.
E o São João, esse popular
festivaleiro, punha toda a aldeia em alvoroço durante pelo menos um mês antes
de 23 de Junho. As noites eram para cada rua juntar os seus moradores e fazerem
os arcos mais bonitos e mais vistosos para a festa. O empenho era muito e todo
o trabalho era feito em segredo, isto para que as outras ruas não copiassem as
ideias da nossa! Noite após noite, à luz das candeias e dos candeeiros, entre
montes de papeis coloridos, tesouras e cordões, a sala ou lá onde fosse,
transformava-se num atelier de costura e artesanato de papel. Era preciso
muitos cuidados na Confecção e principalmente no enrolar dos arcos. Um mal
enrolado podia resultar num arco partido, emaranhado e tirava a pessoa do sério
quando andava a enfeitar a rua.
E no dia da festa, todos apareciam no
Rossio para dar um pé de dança ao som do tocador de concertina!
São João para
ver as moças
Fez uma fonte de prata
As moças não vão a ela
São João todo se mata.
José Nunes Martins
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