MALCATA : ESTAR DENTRO DA FESTA OU FICAR DE FORA?
ACTUALIZAÇÃO DE VISITAS A ESTA PUBLICAÇÃO :
As perguntas são estas:
1- Como foi a festa deste ano?
2- Qual o verdadeiro sentido da Festa em Honra de S. Barnabé?
3- Se fosse mordomo o que propunha para a festa?
Hoje, uns dias depois do fim da festa deste ano, dou comigo a
recordar com alguma saudade as vivências do dia de festa na minha aldeia. Era
dia de festa, de alvorada com foguetes e “banda da música” ou filarmónica.
Neste dia a minha mãe preparava roupa nova, mesmo a estrear e havia mesa farta
ao almoço. Para este dia de festa o meu pai alegrava-se com a vinda de todos os
da família, havia sempre lugar para eles. Não era boa altura para receber
amigos, ele não tinha tempo livre nestes dias. A responsabilidade que assumira
de ser mordomo, estava sempre primeiro que tudo o resto. Ele e os outros
mordomos fartavam-se de trabalhar para que toda a festa corresse bem. Uma das
preocupações que os mordomos tinham era como ia estar o tempo no domingo.
Qualquer nuvem no céu lhes trazia preocupações e mesmo com as coisas preparadas
para a eventualidade da chuva, nem sempre as prevenções resultavam na sua
totalidade. A Missa e as procissões, o fogo, a música e o ramo concentravam toda
a atenção dos mordomos. Nesses primeiros anos, as receitas da festa eram obtidas
com peditórios à volta do povo, algum ou outro baile e muita contenção nas
despesas do fogo, que era onde eles podiam cortar alguma coisa. Depois havia um
apoio das famílias dos mordomos para abastecer o Ramo com bolos caseiros,
coelhos, cabritos, presuntos, chouriças, garrafas de bebidas…coisas feitas com
muito amor e suor durante a semana anterior ao dia da festa. E todas estas
ofertas iam parar ao Ramo da festa, o autêntico dinamizador dos apoios da
festa, era no Ramo que os mordomos apostavam para angariar dinheiro. Só mais
tarde veio a exploração do bar durante a festa.
Enfim, quando recordo estas coisas,
sinto o medo que eu tinha aos foguetes lançados muito próximo das pessoas, ali
na varanda da casa dos meus pais, enquanto tocava a banda da música e os
mordomos distribuíam nas bandejas os copos de vinho e doces.
No fim da missa do domingo a seguir à
festa, na altura dos avisos, os mordomos entregavam ao padre um papel com as
contas da festa e a lista dos próximos mordomos. E durante uns dias era o tema mais
falado na aldeia.
A festa tinha acabado.
Nota: dois dias após a festa deste ano ter terminado gostava de perguntar:
1-Como foi a festa deste ano?
2-Qual o verdadeiro sentido da
festa de Agosto, em Malcata, continuar a ser em
Honra de São Barnabé?
3- Se fosse mordomo(a) o que
propunha para uma Festa em Malcata?
Vamos então falar sobre as festas e como elas se enfarinham na vida de todos nós.
Esvaziar as nossas cabeças e dar tempo e tolerância é o que estamos a precisar. Agradeço todos os contributos e respostas.
José Nunes Martins
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