30.8.23

LÁ VAMOS ANDANDO COM A CABEÇA ENTRE AS ORELHAS

 

O importante é um lugar na mesa, não venham pedir
para sentar numa cadeira da Assembleia de Freguesia.

   Na nossa freguesia de vez em quando sente-se algum burburinho sobre algumas situações, obras à vista de todos, desleixos e por causa disso, há certas coisas que se alteram.
   Todos sabem que vai haver sempre pessoas revoltadas por situações que vão acontecendo, umas a favor e outras contra. E isso pode ser por dar a cara e toda a gente fica a saber a sua opinião, mesmo que seja contrária à maioria. Pela minha experiência,
continuamos a pregar no deserto. As opiniões só contam quando vêm dos amigos. Quanto aos outros, como estão fora, continuarão a “chover no molhado” porque a maioria dos habitantes está-se nas tintas e a borrifar para essas merdinhas.
   Por muita razão que haja, aqueles que publicamente dizem o que pensam, ficam a fazer parte da lista negra, passam a fazer parte das ovelhas negras, sempre os mesmos. E claro que quando isso se repete, acaba por desmotivar e transformam-se em “Maria que vai para onde as outras também vão e deixam de ser ovelhas ranhosas.
   Em Malcata ainda há alguns bons exemplos e são a réstia de esperança que me leva a não parar. Não falta gente a viver a sua vidinha, com todo o direito a viver sem se incomodar com os problemas da aldeia. E esta maneira de ver as coisas, faz-me recordar um médico pediatra que acompanhou as minhas filhas durante uns anos. O doutor entrava mudo no consultório e saía calado…era preciso fazer-lhe perguntas para sabermos mais sobre o estado das crianças.
   E é isto que acontece na nossa aldeia, havendo pouco a fazer contra quem silencia e faz caixinha de segredo. Quanto menos perguntas, menos há que explicar e afinal as maiorias absolutas legitimam as decisões que são tomadas e as que não são. Há quem
diga que é a democracia a funcionar e quem manda pode, quem está fora, racha lenha!
   Que importância tem não colocar a bandeira na sede da Junta de Freguesia? Ninguém se importa que lá não esteja! Para que serve uma piscina estragada e sem licença? No estado em que estava, o melhor é fazê-la desaparecer e quem quiser divertir-se dentro de água, basta dar uns mergulhos mais à frente. As crianças que chateiem os avós ou os pais para uns chapadolas na água. E se não estiver lá, acabam-se as chatices com os fiscais; não é preciso arranjar as escaleras da zona de lazer, quem quer ir à praia fluvial tem a outra rua; e qual é o mal em chamar Zona de Lazer em vez de Praia Fluvial? ;  que mal faz o homem pôr a porra do cartaz do café na torre do relógio? Os outros que pusessem também e pronto! Olha que o muro ali até fica bem, vamos ir à fonte e temos onde esperar a nossa vez, mas sentados! Ah, mas aquele rego ali, quando chover muito, no Inverno aquilo ali vai ganhar gelo e alguém vai partir uma perna;  também implicar com uma coisa de nada, um alto daqueles qualquer um passa e vai à sua vida e assim facilita a vida a quem mora nessas casas e quer entrar com o carro sem bater no chão…o mal já está feito, agora deixem ficar assim, a mim não me chateia; olha as cabras que venham quando eles quiserem, podes crer que não fui ainda ver o bardo novo e o que me disseram é que é grande, as cabras vão ter franqueza, dizem que não há pastores, não sei como se vão safar quando lá tiverem as cabras... ele que se amanhem como puderem!
   Rabugento, eu? Não senhor. 
   Falo pelos que não falam e queixo-me pelos que vivem na nossa terra, principalmente os idosos que há muito andam com a cabeça entre as orelhas, alguns ainda não sabem escrever, nem uma cruz no boletim e vão pedir ajuda a quem não devia dar.
   Sendo o mundo assim, anda tudo como dantes e tá-se bem!
                                                               José Nunes Martins
  

  

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