15.4.22

A PÁSCOA E AS TRADIÇÕES

   SONS DA PÁSCOA

   A Semana Santa está cheia de sinais e sons que ainda hoje alguns nos fazem arrepios. Esta é uma semana carregada de simbologia, de sofrimentos e de penitência. Em tempos não muito longínquos, a Igreja Católica pegou numa série de símbolos e sinais que remetia os fiéis para momentos incríveis e até com alguns medos. E as matracas, que substituíam o tocar dos sinos, faziam-se ouvir pelas ruas da aldeia. Som estranho, som incómodo quando o sacristão passava na minha rua.
    Em sinal de luto, não se tocavam os sinos e todos os altares da igreja eram tapados com panos roxos, dando ainda mais uma imagem triste, sombria, mesmo de terror.
   Pelas ruas da nossa aldeia o sacristão chamava as pessoas para as cerimónias que iam decorrer na igreja e à volta do povo. Não dava para esconder o ambiente pesado e macambúzio que se vivia na aldeia até ao Sábado de Aleluia. Eram rostos de tristeza e pesar que se viam pelas ruas da povoação e quando a noite se aproximava na sexta-feira, o momento de ir "fazer o enterro do Senhor" arrepiava qualquer criança. A igreja ficava diferente, para além de serem tapadas as imagens dos altares, o Cristo do altar Mor era (e ainda hoje) retirado da cruz e colocado num enorme e pesado caixão de madeira que se coloca em cima do altar e depois percorre as ruas da aldeia num cortejo fúnebre, como se tratasse de um funeral de verdade.

O sacristão a tocar as matracas

  


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