CABRITO ASSADO EM MALCATA
Há confrarias pelo país todo e algumas são autênticos clubes privados, associações de pessoas que se unem a defender os mesmos interesses de grupo, de sociedade e mesmo pessoais, usando a confraria para se manterem na onda.
Louvo os confrades da Irmandade das
Almas, da Confraria de Santo António, da Confraria da Senhora do Rosário e do
Santíssimo. Eram confrades para voluntariamente servirem e ajudar quem
precisava.
Quanto às confrarias gastronómicas
todas se reclamam defensoras de algum produto, tradição, costume e sempre que
reúnem convidam outras confrarias para a festa. Ou seja, vestem as suas capas e
outros complementos que pode ser um chapéu, uns bordões de madeira, um copo,
muitos “pins” presos com alfinetes e estão prontos a desfilar e a mostrar-se
aos outros confrades e convidados.
Andei a observar alguns cartazes que
as confrarias divulgam quando se reúnem em Capítulo. Apercebi-me que na sua
grande maioria contam com a presença dos presidentes das Câmaras Municipais,
dos Presidentes das Juntas de Freguesia, de outros políticos, engenheiros,
doutores e professores, empresários, uns no activo e outros a viver as suas
agradáveis reformas. Todos diferentes e de lugares distintos, alguns foram os
responsáveis de se ter perdido certas tradições e identidades, abandono do
património e do território e que pouco fazem hoje para defender o que de bom
existe. E alguns afirmam solenemente que estão nas confrarias para defender e
promover o que de bom e do melhor existe e se produz no território que a
confraria diz defender e promover.
Será que os confrades se apercebem do
que se passa na freguesia de Malcata? Que informação lhes é transmitida sobre a
freguesia, sobre os produtos com valor, com qualidade, quem os produz e em que
condições os comercializa? Saberão eles quem merece o apoio e quem é apoiado,
levado para todas as feiras e mercadinhos e ignoram os artistas e empreendedores fazer o seu próprio percurso criativo e artístico,
lá partem para eventos, feiras, worshops, formações e com a aldeia no coração e no pensamento, vão às suas custas sem qualquer mimo das
entidades públicas da terra, nomeadamente da autarquia, que tem o dever de
defender e apoiar quem se propõe acrescentar mais valor à freguesia, divulgar a sua riqueza natural, os seus produtos. Eu, sinceramente, custa crer que o que acabei de falar seja do conhecimento dos que amanhã estejam na freguesia e se dizem defender o
território do Sabugal. Questiono-me sobre o que irá ser transmitido amanhã quando os confrades fizerem a pergunta sagrada ao anfitrião da freguesia:
Quando podemos preparar, distribuir pelas famílias da aldeia de Malcata um cabrito do rebanho das cabras serranas, que depois de bem confecionado, possa ser oferecido gratuitamente a quem visitar a freguesia num 19 de Outubro como o deste ano?
É uma pergunta difícil de responder,
mas se todos os confrades a fizerem a si próprios, penso que estaria encontrada uma via para o escoamento da produção do bom e do melhor cabrito na brasa do concelho do Sabugal.
Isto de oferecer carne de cabrito por
toda a freguesia parece utopia da minha parte e sei que muitos se estão a rir
da ideia. E se quem degustar um naco de cabrito, um bocado de pão e um copo a
ajudar, achar que é óptimo, saboroso, único, ambiente agradável, despretensioso
e o deixa feliz da vida, voltar mais vezes e disser boca a boca que o melhor
cabrito assado na brasa, o mais natural e que é “algu” do Sabugal, se encontra
na aldeia de Malcata, ali aos pés da Serra e da Reserva Natural da Serra da
Malcata?
Assim é que respeitamos e defendemos o
que é nosso, da freguesia, do concelho, saberes e sabores que os nossos
antepassados nos deixaram.
Espero ter boas notícias sobre o IV
Capítulo da Confraria do Cabrito na Brasa-Sabugal e sinceramente, tenho
esperança que assim aconteça.
Comentários
Enviar um comentário
Comentários: