VIDA LONGA, FRUTO GOSTOSO E VERSÁTIL, EIS O SR. CASTANHEIRO !
O castanheiro aguenta e muito! |
Quem olha para a árvore das castanhas, até pode pensar que se trata de um fruto de fácil colheita. Essa ideia muda de figura quando a pessoa conversar com alguém que tenha castanheiros e aprendeu a tratar deles. Quem nunca acompanhou o crescimento desta árvore até pode pensar que é muito fácil encher uma cesta com castanhas. Para chegar o dia de apanhar as castanhas é necessário tempo, muita paciência, vigilância, disponibilidade e também ter terra e algum dinheiro. Mas não é tudo, ainda a colheita está dependente das condições climatéricas, como é a chuva, o vento e as geadas inesperadas e fora de tempo. Outro factor que também tem influência na quantidade e qualidade da castanha diz respeito à saúde da árvore, por exemplo, não ser vítima daquela malina que destrói qualquer ser vivo, o terrível cancro, aqui conhecido como o "cancro do castanheiro", também há que vigiar os ataques que "a doença da tinta" provoca na árvore. São males tão cruéis que têm levado à morte de castanheiros.
Olhar para um castanheiro carregadinho de ouriços e ver as castanhas a espreitar o sol, deixa-nos alegres e felizes, porque sabemos que basta umas assopradelas de vento e vão parar ao chão. E apanhar o fruto para a cesta até é fácil. Esse trabalho complica quando cai o ouriço com as castanhas lá dentro. Raramente se consegue meter a mão à castanha sem levar umas picadinhas dos ouriços! Por isso, os nossos avós e pais usavam um maço de madeira, em forma de cunha aguçada, que facilitava a tarefa da recolha das castanhas de dentro dos ouriços.
Castanheiro centenário no lar da aldeia, árvore de interesse municipal! |
Tratando-se de uma árvore com tantas vantagens e que se adapta à nossa região, tendo também em conta a qualidade da sua madeira e o valor do seu fruto, não tenho memória que tenha existido grandes soutos, em quantidades que pudessem ser motores de desenvolvimento para as famílias locais. Apesar de haver famílias que possuíam um número apreciável de exemplares, para além de venda de alguns ramos aos madeireiros, a recolha da folha para estrume na lavoura e as castanhas que iam vendendo se alguém aparecesse na aldeia com boa oferta, quem possuía castanheiros, era um alívio na alimentação lá em casa e bom adubo para o chão. Não conheci família em Malcata que tivesse investido seriamente e com estratégia futura de obter rendimento financeiro. E foi pena, continua a ser difícil de entender não se apostar na cultura desta espécie de árvore, cuja nobreza e qualidade do fruto continua a enriquecer famílias em Bragança e outras regiões do nosso país.
José Nunes Martins
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