QUANTAS VEZES TEM DE TOCAR O CARTEIRO ?
AS RUAS QUE NOS DEVIAM FAZER LEMBRAR A HISTÓRIA
Hoje, parece que não
há rua ou bêco na nossa freguesia que não tenha uma placa com o seu nome. Numa
aldeia pequena, onde os residentes chegam a onde querem ir e não precisam de
olhar paras as placas, qual é a necessidade de lembrar por onde andamos? Qual é
a importância desses nomes que todos conhecem?
Noutros tempos, em que o correio
chegava sempre a meio da tarde ao comércio do Ti Varandas, muitas pessoas
enchiam o estabelecimento e ouviam-no em silêncio a ler o nome das pessoas que
tinham cartas, avisos, bilhetes postais, pacotes com alguma encomenda, enviado
pelos familiares que viviam fora da aldeia. Ora enquanto a distribuição do
correio foi assim, não havia necessidade de haver carteiro, placas com os nomes
das ruas e as portas também não eram numeradas. Mais tarde, introduziu-se em
Portugal o uso dos Códigos Postais, das placas toponímicas e os números nas
portas (nas Vilas e Cidades já lhes chamavam “número de polícia”). Desde o
momento que o Município do Sabugal foi obrigado a proceder à adopção destas
medidas, passou a ser obrigatório a sua colocação no início e no fim de cada arruamento.
E claro, a partir dessa mudança, o carteiro apareceu todos os dias na aldeia. E
foi para facilitar o trabalho ao carteiro que aplicaram estas alterações na
toponímia das freguesias. Ao princípio foi um pouco confuso, chegavam cartas
que não tinham o número da porta e o nome da rua. Como o carteiro não conhecia
as pessoas, alguma correspondência não era entregue e era devolvida. As pessoas
ficavam revoltadas, tristes e preocupados porque não sabiam o que fazer.
Antigamente, diziam os mais velhos, chegava sempre o meu vale e agora
perderam-no e tenho de pedir que mandem outro. O mesmo aconteceu com a carta
com a conta da luz…foi mesmo um problema.
Depois destes anos todos que passaram,
as placas das ruas nunca mais foram revistas. Algumas até já desapareceram,
outras estão mal colocadas e há vias sem qualquer nome e a isto juntamos alguns
nomes que foram atribuídos, mas sinceramente, ninguém sabe como foi escolhido,
mas se lermos alguns desses nomes, reparamos que não houve a mínima preocupação
e rigor nesse trabalho de dar nomes às ruas. Estranho é a população da nossa
freguesia não se queixar e nem sequer se interrogar sobre o assunto.
Não é a primeira vez que escrevo sobre
a toponímia da nossa aldeia. E já várias vezes alertei para alguns problemas,
mas tudo está na mesma. Eu pergunto aos moradores na nossa aldeia e à Junta de
Freguesia se não vão alterar o estado das coisas?
José Martins
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