19.9.07

A ESCOLA QUE O NOSSO PAÍS TEM HOJE

O ano escolar já começou. Este ano, o governo passou uma semana a entregar computadores e para isso mobilizou 21 ministros que não fizeram outra coisa se não entregar PC's a alunos e professores. Manuel António Pina, escritor bem nosso conhecido e colaborador, como cronista, no Jornal de Notícias, escreve hoje sobre esse assunto. Dado o interesse do tema e o facto de nem todos comprarem o JN, ou de através da net lerem a sua crónica, pensei em transcrevê-la para este blog. Então aqui vai:

«EM BANDA LARGA

A ministra da Educação chamou-lhe "revolução silenciosa". "Está a fazer-se uma revolução silenciosa nas escolas portuguesas", disse ela na Escola Secundária de Francisco Holanda, em Guimarães, onde lhe calhou fazer a distribuição de computadores do início do ano lectivo. Tudo o que é ministro, secretário de Estado e assessor cancelou nesse dia a agenda, deixou os conspícuos afazeres governamentais e andou a distribuir computadores pelas escolas do país no meio de dezenas de câmaras de TV, máquinas fotográficas e jornalistas de esferográficas em punho. Foi a mais barulhenta "revolução silenciosa" que há memória no início de um ano lectivo.Silenciosos, foram, porém, os números, dias depois, divulgados pela OCDE: Portugal é dos países (o 23º em 34) que menos investem em educação, pouco mais de 5000€/ano por aluno, para uma média de 6115€ entre os países da OCDE(os EUA e a Suiça por exemplo, gastam mais de 10.000). Portugal figura no topo apenas no "ranking" do...menor número de alunos que terminam o Secundário (só 26% portugueses acabam o 12º ano, contra 68% nos países da OCDE). Mas as revoluções, sobretudo as silenciosas, não se fazem de um dia para o outro. Continuaremos na cauda da Europa, mas há-de ser em banda larga
Obrigado a Manuel António Pina, homem que no seu dia a dia vai' esse sim, fazendo uma revolução silenciosa e que muitas vezes com as suas palavras escritas revoluciona as nossas mentes. Oxalá, com estas crónicas escritas,no Jornal de Notícias,ajudem a revolucionar as mentes dos nossos governantes.

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