DALAI LAMA PENSA E AGE SEM MEDO



OS ENSINAMENTOS PARA VIVERMOS MAIS FELIZES





Dalai Lama, deu uma entrevista ao "Público" de hoje, domingo, 16 de Setembro de 2007. Dada a importância e a sabedoria que lhe é reconhecida, não queria deixar passar esta oportunidade de divulgar algumas partes da entrevista.






«A nossa energia e o nosso tempo devem ser passados mais tempo
em devoção, em orações e em servir os outros».

«Os valores materiais dão-nos a falsa esperança
de que o dinheiro resolve todos os problemas».

«O stress, a ansiedade ou as crises na mente
surgem da nossa própria atitude».


«Chegou a altura de dar mais atenção aos valores interiores».

«Precisamos de facilidades materiais, novas tecnologias e ciência moderna, que são uma grande ajuda. Mas, se as consideramos como sendo o mais importante, estamos a cair no erro.

A grande causa de problemas são as emoções. Se alguém tiver um problema por causa das suas emoções e for ao supermercado, não encontrará soluções para resolver a crise. Se for a um psicoterapeuta, talvez ele tenha algumas soluções, mas não será 100% eficaz.

Quanto à cirurgia, é impossível. Pode ser que um dia, através da cirurgia, todos os nossos problemas materiais acabem. Seria bom, mas é quase impossível.Temos que encontrar meios de lidar com os problemas que começam na nossa mente, através das emoções. Precisamos, por isso, de ter mais conhecimento sobre as emoções, a mente e o conflito que nela existe, para podermos transformar as nossas emoções negativas».


O TIBETE E DALAI LAMA

Jornal Público:Em que ponto estão as negociações entre o Tibete no exílio e a China?

Dalai Lama: "A sua descrição está correcta: os contactos são entre a comunidade no exílio e a China. Mas este é um assunto dos seis milhões de tibetanos, não só dos 150 mil da comunidade tibetana no exílio.Mas como no Tibete não há liberdade de expressão, não lhes é possivel falar.Se alguém criticar a política chinesa, irá parar à prisão e pode ser submetido a torturas severas.

Há três meses encontrei um tibetano que esteve seis anos no Gulag chinês(campo de trabalhos forçados)como prisioneiro político. Recentemente foi libertado e veio ter comigo. Perguntei-lhe sobre a tortura que tinha sofrido. Ouvi explicações de partir o coração. Sabiamos que usavam eléctrodos e magoavam as pessoas nos ossos. No seu caso, arranjaram um novo instrumento com electricidade, que lhe colocavam nos dedos, e todo o corpo ficava em sofrimento.

As pessoas dentro do Tibete não podem dizer o que querem e o que sentem. Os Tibetanos não podem fazer nada pelo seu bem-estar.


Jornal Público: Mas as negociações continuam?

Dalai Lama:O objectivo destas reuniões tem sido construir confiança, as negociações a sério ainda não começaram...o que pretendemos para o futuro não é a independência. Porque a ligação à China é a melhor maneira de assegurar o desenvolvimento material do Tibete.

A China deve dar-nos autonomia, porque essa é a melhor garantia de preservar a nossa cultura, incluindo a língua e a espiritualidade.


Jornal Público: Querem preservar a herança cultural?

Dalai Lama: Sim. Porque hoje, em muitas zonas do Tibete, a população chinesa tornou-se maioritária. O estilo de vida da minoria local tibetana começou a mudar. Nas suas actividades diárias, tem que usar mais o chinês que o tibetano. Intencionalmente ou não, está em curso um genocídio cultural.

Importante é também a questão ambiental, muito delicada. Os estragos que estão a ser feitos, quer na paisagem quer nos recursos naturais, terão consequências que vão afectar milhões de seres humanos em toda a Ásia Central.


Jornal Público:O Governo português não o recebeu, mas já foi recebido por vários governos.Esses países sofrerão algumas retaliações do Governo Chinês?

Dalai Lama:Na maioria dos casos, não. Em algumas universidades americanas, antes das minhas visitas acontecerem, os chineses ameaçam que podem cancelar os intercâmbios de professores e estudantes que essas universidades têm com as chinesas. As universidades protestam e o que acontece é que ainda recebem mais convites da China.


Jornal Público:Pensa na sua sucessão?Isso é uma preocupação para si?

Dalai Lama: Não, não me preocupa. Desde 1969, deixei bem claro que a decisão sobre se a instituição do Dalai Lama deve continuar, tem que ser do povo. Se os tibetanos sentirem que a instituição deixou de ser relevante, ela cessará automaticamente.

Costumo dizer que, se eu morrer ainda refugiado, a minha tarefa não foi cumprida.

Se eu morrer agora, a reencarnação deve vir de fora do Tibete».

in "Jornal Público"16/09/2007, António Marujo e Isabel Coutinho
O meu comentário:
Todos os portugueses têm na memória o que o povo timorense passou até alcançar a sua independência. Durante anos, por todos os meios possíveis e imaginários, o povo timorense mereceu o apoio dos governos portugueses e de toda a nação lusa. Timor era lá longe, assim como o Tibete é para lá do Atlântico. Porque será que os políticos portugueses, os empresários portugueses( excepto aqueles que não abdicam dos seus valores e das suas convições) se mantêm tão sossegados e caladinhos enquanto o Dalai Lama anda por cá?
Deixo aqui o meu apreço ao empresário português Henrique Neto, dono da Iberomoldes, que disse sem papas na língua e sem temer os prejuizos econòmicos:
"É bem maior o prejuizo de não sermos respeitados. Ter princípios, é funcionar de acordo com eles, funcionado ponto de vista político e económico. Somos um país pequeno, se optyarmos por ser seguidistas em vez de abraçarmos os nossos princípios, é como se não existissemos.E se nem precisou de haver pressões da China, pior ainda!A grande censura é aquela que nós fazemos".

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