MALCATA: NATAL SEM PINHEIRO

 



   Fui apanhado de surpresa pelo ruído das motoserras que naquela manhã de sábado se ouviam na freguesia. Uma pessoa amiga disse-me que estavam a cortar o pinheiro existente no jardim da junta. Também me contou que a Junta de Freguesia estava a cortar a árvore por causa dos estragos que está a causar ao “muro e aos canos da rua”.

   Sou contra o abate de árvores e a favor da floresta, dos espaços verdes e das relações sensatas entre o homem e o arvoredo em geral.

O pinheiro manso começou por ser uma das árvores daquele espaço e hoje parece que se transformou num problema. Naquele tempo em que ali foi plantada, com as crianças a ajudar, todos pensaram na sombra e na beleza que a árvore iria oferecer. 

   Por muito boa intenção e vontade que eu possa ter, não devo plantar ou mandar plantar uma árvore em espaços públicos. Esta acção requer algum cuidado e o respeito pelas leis em vigor. É que nem todas as árvores são as adequadas para serem plantadas nos espaços urbanos, as distâncias têm regras e devem ser respeitadas para proporcionar um correcto desenvolvimento e também para evitar situações de perigo.

   E o pinheiro manso é uma das árvores que não deve ser plantada sem ter os devidos cuidados.

   O pinheiro em causa estava mesmo a pôr em causa a segurança das pessoas, dos moradores, do muro e dos canos?

   A árvore abatida vai ser substituída?

   Será que o pinheiro manso não contava para nada?

   Não conhecendo bem toda a história deste pinho, como cidadão e malcatenho que se interessa pelo que acontece na nossa aldeia, vou dar a minha modesta opinião acerca deste abate que me coloca algumas perguntas às quais eu vou tentar responder. 

   Começo por perguntar as razões do silêncio e da falta de informação da autarquia à Assembleia de Freguesia e ao povo? É que para além dos sinais de trânsito que colocaram na rua, ninguém sabia de mais nada! Será que o povo não merece um AVISO, uma publicação nas redes sociais, espaço que a autarquia muito recorre para colocar informações relativas a acções recreativas e gastronómicas?

   Aquele espaço há muito tempo que anda esquecido e tendo em conta os cuidados que a autarquia lhe tem dado, recordo-me de outra árvore que existia ao lado das escadas e teve o mesmo fim do pinheiro manso. A continuar assim, quando chegarmos a Outubro de 2021, restará a “capoeira em rede verde” porque não têm meios para retirar a pesada sapata cinzenta de cimento.

   Lembro que a Junta de Freguesia tem o direito e o dever de fazer obra, obras necessárias para a freguesia. Isso não lhe dá o direito e não lhe foi passado cheque em branco para fazer tudo e mais qualquer coisa, sem ter de informar quem de direito. 

   Eu tive a oportunidade de registar, para memória futura, algumas imagens que ilustram o abate do pinheiro manso. Observando o tronco, verifico que estava de boa saúde, o muro não me pareceu em iminência de cair e a calçada também me pareceu normal. A árvore  não estava doente e isso parece ser um facto. Estava muito crescido, com uma copa muito alta e apreciável. Então porque abatê-lo já? Eu olhava para aquele pinheiro e admirava-lhe a sua copa e a sombra que ás vezes me refrescava em dias de mais calor. Pelos vistos, outras pessoas olhavam para a mesma árvore e viam um grande estorvo.

   Democracia participativa, já ouviram falar em Malcata?

   

   

                                                   José Nunes Martins

Fotos:







 





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