terça-feira, dezembro 23, 2025

A FOGUEIRA DO NATAL

 


 A noite de 24 está a poucas horas de acontecer. Vou fazer mais uma viagem na máquina do tempo e contar-vos como se vivia a época natalícia na nossa aldeia,
quando eu era criança.
 As minhas filhas não faziam ideia que era assim e não acreditavam, que as prendas eram mais simples, não havia telemóveis, jogos ou computadores como hoje o Pai Natal traz às crianças. As prendas, eram deixadas no sapatinho que as crianças deixavam junto à chaminé e havia que deitar cedo para acontecer a magia e o Menino Jesus descesse pela chaminé com as prendas. No Natal, para além das prendas, dois ou três dias antes, os rapazes juntavam-se e iam à procura da madeira para a fogueira de Natal. Procuravam os troncos dos castanheiros velhos, que juntamente com outra lenha como o carvalho e as giestas, a fogueira dificilmente se apaga e fica toda a noite em brasas.
  A madeira era carregada nos carros de vacas e transportada até ao adro da igreja. Só na noite de 24 é que lhe deitavam fogo, e dava para aquecer o Menino Jesus deitado num berço de palhinhas. A fogueira é uma tradição muito antiga e ainda hoje é feita e só arde na noite da consoada, horas antes da missa do galo. No final da missa, as pessoas juntavam-se à volta da grande fogueira e todos entoavam as tradicionais cantigas de Natal, acompanhadas com os tocadores de concertina.

    Com o avançar da noite, os rapazes aproveitavam para assar e comer umas chouriças e pão que as pessoas tinham oferecido durante a tarde, como forma de agradecer o trabalho que tiveram e manter viva a tradição da fogueira de Natal.
 As noites de Dezembro são sempre frias e depois de barriga satisfeita, a alegria continuava pelas ruas da aldeia. Os rapazes, acompanhados dos tocadores de concertina, percorriam as ruas da nossa aldeia a cantar e a desejar as boas festas.
Para saber mais:
 
https://aldeiademalcata.blogspot.com/2018/12/malcata-fogueira-de-natal-esta-perder.html

 https://aldeiademalcata.blogspot.com/2013/12/dia-24-de-dezembro-noutros-tempos.html

 


 

É NATAL E FESTA

BOAS FESTAS PARA TODOS 



segunda-feira, dezembro 22, 2025

O JOÃO MOSTROU COMO SER AGRADECIDO

Alegria no Lar



 


 Há uns dias, aqui nas redes sociais, li que logo pela manhã, ia andar pelas ruas da nossa aldeia um senhor à procura de qualquer coisa, queria conhecer a aldeia e as gentes que nela vivem. Esse senhor andaria acompanhado por câmaras de televisão que gravariam tudo e todos os que andavam na rua. Na página oficial da autarquia, a mensagem era mais um convite à população para nesse dia 19, com chuva e frio, se juntassem porque “precisamos de mostrar ao João que ainda existe vida nas aldeias do Interior do País e na nossa em especial”.

 A mensagem/convite foi para as redes sociais no dia 13 e imediatamente começaram a partilhar, acabando por cair na minha página pessoal.
 Ui! O que se vai passar na terra? Deixa-me cá ver…
 Li e reli a publicação.
 Depois da primeira parte da mensagem, continuei a ler que na freguesia havia que mostrar “gente bem-disposta, alegre e com a garganta afinada, para desafiar o João a cantar uns cânticos natalícios. Contamos com todos”.
 
Portanto, a freguesia tinha que mostrar ao ilustre visitante uma aldeia de sonho, imaginária e onde se vive de cara alegre, há gosto e
 interesse pela música coral, seja de índole religiosa ou popular.
 E lá aconteceu o que tinha pensado a equipa de apoio da Casa Feliz: o João feliz e sempre bem-disposto a mostrar o forno do Rossio e depois as deliciosas filhós feitas na Corela, ali ao lado do Carvalhão.
 Não estive a ver o programa em tempo real. Só mais tarde me sentei e graças à tecnologia da NOS revi a reportagem. O João é mesmo um homem querido por todos, então aqueles afectos e carinhos que mostra com os idosos no lar, é mesmo ternura e amor ao próximo. Pessoa muito alegre, muito extrovertida e todos sentem que aquele artista é uma pessoa com alma, com coração aberto e é Natal, verdadeiramente Natal.
 Ele, o João mostrou aos malcatenhos o que é ser/ estar bem-disposto, alegre, com sorriso nos lábios e ainda canta e encanta os Traquinas da Concertina que também animaram a festa.



 

sábado, dezembro 20, 2025

O NATAL NÃO É COMO O HOMEM QUER

 



“O dia 25 de Dezembro não celebra o aniversário histórico do nascimento de Jesus de Nazaré. Foi a Igreja de Roma que fixou esta data como réplica pastoral à festa solar pagã do Natalis Invicti, festa de Inverno no Hemisfério Norte.

 Foi uma bela astúcia. Procurava destronar a heliolatria, o culto ao sol, pela celebração do nascimento de Jesus Cristo, o verdadeiro Sol Invencível, a luz da justiça e da graça.
 Se o Natal é decisão romana, a Epifania, a 6 de Janeiro, é de origem oriental: celebram ambas a mesma realidade, a manifestação do Deus humanado”.

Frei Bento Domingues O.P.

 Nos nossos dias, a sociedade em geral vive o Natal centrado na figura bonacheirona do Pai-Natal. Tudo se vende e o comércio cria emprego, gera lucros para as empresas e receita de impostos para o Estado. O que todos os empresários querem é atrair multidões de pessoas e através de marketing comercial levar a um aumento do consumo.
 Desde crianças que todos nós somos levados a gostar do Natal, seja pelas prendas, pelos almoços da empresa, da distribuição de subsídios, da entrega de cabazes alimentares, festas de Natal com desfiles, comboios, animações, iluminações, mercados e feiras, divertimentos gratuitos…das boas refeições em casa com a presença da família, das batatas e do bacalhau, rabanadas, filhós, sonhos e aletrias, creme e muitos bolos, mais o bolo-rei, o bolo rainha, o bolo escangalhado…
 A vida dá tantas voltas que os anos vão correndo e o Natal deixa de ser tão especial como era quando tinha menos de 10 anos. O Natal não desapareceu e quero conservar um pouco do espírito do Natal da minha infância.
 A 25 de Dezembro foi quando a minha mãe faleceu, estava internada no Hospital da Guarda e partiu por volta das 20h, a confiar nas palavras que ouvi no telefone da extensão 1481 do Hospital de São João, no Porto. Aguentei a perda, escondi a dor e as lágrimas até à meia-noite. Era dia de Natal e as enfermarias estavam cheias de homens a precisar de cuidados de saúde e palavras de conforto. Não aguentei mais e depois da primeira ronda pelas enfermarias, simplesmente desabafei com a equipa de enfermagem e
num gesto de solidariedade e carinho, convenceram-me a ir para onde tinha que ir e estar. Mais, asseguraram que fosse em paz e com coragem para viver o acontecimento, eles, os enfermeiros(as), tratavam dos doentes e do que fosse preciso. Nunca vou conseguir pagar-lhes este gesto. Foram uma espécie de anjos que vieram ao meu auxílio e me ofereceram o que outros poderosos se recusaram a dar. Nesse Natal de 25 de Dezembro não dormi e não dormiu ninguém em nossa casa, partimos de noite e antes do amanhecer, chegámos junto do lugar onde a minha mãe se encontrava. Um frio de me fazer tremer, mas também a certeza da tranquilidade e paz em que a minha mãe estava.
 O Natal é igual todos os anos, mas também cheio de contradições e é uma festa desgastante, mesmo que para muitos seja uma quadra de forte angústia.
 É assim que eu sinto o Natal de 2025, um Natal mais familiar, com a família.

sexta-feira, dezembro 19, 2025

ASSEMBLEIA DOS COMPARTES DE MALCATA

 


  

 Os baldios de Malcata, contam com uma Assembleia de Compartes.
 Graças ao acordo, aprovado em reunião de assembleia de compartes,
as competências relativas ao Conselho Directivo dos Baldios, ficou sob a responsabilidade da Junta de Freguesia de Malcata.
 As Assembleias de Compartes são convocadas, através de Edital, pelo Presidente de Mesa da Assembleia de Compartes. Até aqui tudo bem e normalidade total. 
 É preciso deixar claro que, não é pelo facto da Junta de Freguesia, através do seu executivo, ser responsável pela administração dos baldios, não se tornou proprietária de todos os baldios e não deve apoderar-se dos rendimentos que os baldios têm, nem fazer alterações, investimentos ou distribuição de sobrantes da floresta, sem que previamente obtenha autorização da Assembleia de Compartes. Não compete à Junta de Freguesia e nem à Assembleia de Freguesia tomar decisões de execução nos baldios, sem antes haver uma deliberação por parte dos compartes reunidos em assembleia. 
 Está marcada para este mês de Dezembro a Assembleia de Compartes. Tenho pena de não poder estar presente nessa assembleia porque tinha algumas perguntas para esclarecer e também sugestões a apresentar. 
 Como comparte, gostava de saber como se encontra o Caderno de Recenseamento dos Compartes da Freguesia de Malcata, actualizado de preferência;
 Outra informação, que interessa a todos é: saber qual vai ser a previsão de receitas para o ano de 2026?
 No orçamento e no plano de actividades 2026, que vão apresentar à assembleia para deliberar e votar, gostava de fazer uma sugestão:
 - Distribuição de sobrantes (lenha) aos compartes:
  a lenha resultante da limpeza e desbastes executados pela Equipa de Sapadores Florestais, se procedesse a uma distribuição gratuita aos compartes mais idosos e mais necessitados de apoio. Com um limite a uma inscrição por casa, havendo necessidade de inscrição prévia, destinado a compartes com mais de 65 anos. A inscrição a fazer no Conselho Directivo (que é a Junta). E a acção, seria a entrega de lenha na casa dos compartes inscritos, começando pelos mais idosos. 
 

 Distribuir lenha aos mais idosos e carenciados, para além de ser um apoio social, é uma ajuda na própria retirada dos ramos e sobrantes das limpezas das florestas, dos baldios nomeadamente. 
 Trata-se de uma daquelas acções que se enquadram nas próprias funções e objectivos sobre o papel dos baldios e é também um gesto de solidariedade que fortalece a união dos cidadãos, no caso, a comunidade dos compartes. 
 
 Termino com o desejo de Boas Festas.

 
 
 
 
 

SABUGAL NATAL A QUE CUSTO?


 Todos sabemos que as festas não são gratuitas!

 Todos adoram ir visitar o Presépio Natural que a Câmara Municipal do Sabugal (e bem) vem construindo estes últimos anos por altura do Natal.
 Para os que quiserem consultar os valores que o Município do Sabugal diz ser “investimento”, podem aceder ao Portal Base, local onde o Estado Português centraliza todos os contratos públicos de iluminação e eventos de Natal.
 Se há Câmaras que podem pagar 749.500 euros (Lisboa),
Braga com 450.000 euros, Matosinhos gasta 307.000€,
Santarém destinou 300.000€…
Quanto gasta o Sabugal?
Consulte aqui:

https://www.base.gov.pt/Base4/pt/pesquisa/?type=contratos&texto=+506811662&tipo=0&tipocontrato=0&cpv=&aqinfo=&adjudicante=&adjudicataria=&sel_price=price_c1&desdeprecocontrato=&ateprecocontrato=&desdeprecoefectivo=&ateprecoefectivo=&desdeprazoexecucao=&ateprazoexecucao=&sel_date=date_c1&desdedatacontrato=&atedatacontrato=&desdedatapublicacao=&atedatapublicacao=&desdedatafecho=&atedatafecho=&pais=0&distrito=0&concelho=0~

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MALCATA: ALDEIA DO PÃO, DO QUEIJO E DOCES

   Estes são três dos produtos gastronómicos que durante muitos anos
identificavam a riqueza gastronómica da aldeia de Malcata:
  

1. O Pão de Forno a Lenha

   O pão caseiro cozido no forno a lenha, não era um pão qualquer e só se tinha "pão quente" no dia em que se fazia a fornada. Era com uma fornada que a família se alimentava de pão durante uma a duas semanas. Ou seja, na aldeia o forno comunitário, era acendido de 15 em 15 dias e havia que precaver as necessidades de cada casa para que nesse período de intervalo, houvesse sempre pão em casa. E a verdade é que o pão durava o tempo todo sem se estragar. O segredo de tantos dias a comer pão encontrava-se na técnica de preparação, desde o grão que era colhido pelo lavrador, enviava para moer, guardava a farinha, amassava com água natural, bons fermentos, boa lenha, algumas cruzes em cada pão e rezas, resultavam numa fornada que enchia o tabuleiro que a mulher punha em cima da cabeça e ia até casa, onde o guardava na arca de madeira. Parece fácil fazer pão artesanal, mas requer conhecimentos e experiência e muito tempo para aprender a cozer um pão bom e saboroso. 

  

2.O queijo de cabra
Com o leite, ordenhado manualmente, a dona da casa ou uma das suas filhas, tratavam de o guardar numa vasilha e depois de lhe juntar um pouco de cardo natural, esperavam umas horas até o leite coalhar. 
Quando a coalhada alcançava o seu ponto, com a ajuda da francela e do acincho, a queijeira retirava o leite coalhado da panela e deitava-o dentro do acincho que antes tinha posto em cima da francela. Com as mãos ia calcando a coalhada e esse gesto de pressão, fazia com que o
soro líquido saísse pelos furos do acincho de lata, escorrendo pela francela até cair dentro do recipiente colocado no seu devido sítio. 
O processo de fazer o queijo era todo feito manualmente e sem pressas. O queijo é uma delícia quando ainda está fresco, mas para algumas pessoas, depois de curado e bem seco, o queijo de cabra duro, rijo como uma pedra e com um cheiro intenso, é qualquer coisa de sublime e simplesmente uma experiência única.  


3.Os doces ou esquecidos

Estes doces, também chamados "esquecidos", são bolos tradicionais na nossa aldeia. Sempre que há uma festa na comunidade ou para momentos especiais, este é um doce que está sempre na mesa. São uma delícia e 
toda a gente aprecia esta singela forma de juntar água, farinha, ovos e açúcar, tudo batido com amor e carinho para mais tarde saborear. 
O seu nome "esquecidos" vem da forma como se coziam no forno a lenha.
Depois de cozido o pão, para se aproveitar o calor do forno a lenha,
as mulheres espalhavam a massa, com a ajuda de uma colher, numa chapa lisa e salpicada com farinha e colocavam-nas dentro do forno ainda quente, deixando-os "esquecidos" a cozer lentamente.  

  Voltarei com este assunto.
  Boas Festas

quarta-feira, dezembro 17, 2025

O NATAL NÃO ESTÁ CANCELADO

 


 A Comissão de Mordomos das Festas de Malcata 2026 cancelou o Jantar de Natal previsto para o próximo dia 20 de Dezembro.

 Em publicação divulgada na página Festas Malcata, os mordomos justificaram esta decisão com a baixa adesão nas inscrições.
 Nessa mesma publicação, a comissão de festas acrescenta que “contamos com o apoio e compreensão em futuras iniciativas”.
 Terminam agradecendo a todos os que demonstraram interesse e se inscreveram.


 O mês de Dezembro é um tempo cheio de eventos, seja jantar ou almoço de Natal das empresas, das instituições/associações. E tanta quantidade de realizações festivas ou de angariação de fundos, por vezes torna difícil que as pessoas participem em todos. E ainda, quando é para pagar, sabendo as pessoas que existem outras realizações gratuitas, mesmo quando se trata de jantar de angariação de dinheiro para a festa, optam pelo mais barato!
 O cancelamento do Jantar de Natal que a comissão de mordomos das Festas de  Malcata não é um fracasso dos mordomos, mas consequência das circunstâncias e das dificuldades das pessoas em marcar presença em todos os eventos.

Jantar de Natal cancelado

 Não vai realizar-se o jantar, mas houve iniciativa e trabalho que deve ser reconhecido. Há que seguir em frente e tomar outras iniciativas com o mesmo objectivo. Mostraram ter vontade de fazer alguma coisa pela própria freguesia e não devemos criticar negativamente os mordomos pelas insuficientes inscrições. E cancelamentos estão a acontecer noutras aldeias, vilas e cidades, portanto, a culpa não é da comissão de mordomos, pois não são eles que controlam a vida das famílias e das pessoas. A festa é o grande dia e será no mês de Agosto. Poupem as vossas cabeças e vontades e o que realmente interessa é aprender a melhorar o planeamento das iniciativas futuras. Sugiro que os mordomos se unam, se reúnam eles mesmos para conviver e conhecerem-se uns aos outros e porque não à volta duma mesa com boa comida e deliciosos doces de Natal?
 Olhem, gostei e apreciei a informação que deram sobre o cancelamento, da maneira simpática como agradeceram aos que se tinham inscrito e a porta que deixaram entreaberta para os próximos meses.
 O meu desejo é que todos sintam que, apesar do percalço, a Mordomia da Festa está unida e com vontade de trabalhar.
 Boas Festas.
 



segunda-feira, dezembro 15, 2025

QUEM VAI EMBARCAR RUMO AO FUTURO?

  

  




  A nossa aldeia é em quase tudo, igual a outras aldeias vizinhas.
    Cada ano que passa, vive menos gente, aumenta o número de pessoas a precisar de descansar, por ser de idade avançada e só souberam trabalhar durante a vida. 
  Os casamentos diminuíram e também baixou o número de nascimentos.       O 
crescimento não avança como noutras eras da história, não há condições para criar muitos filhos e hoje em dia, vivem o presente com preocupação. 

   Nesta terra, a vida é levada com muita calma, sem grandes preocupações e as notícias só aquelas que as televisões e redes sociais divulgam a toda a hora. Mas às vezes, lá aparece uma notícia local, que diz  respeito à nossa terra, à nossa freguesia e ao  mundo calmo e tranquilo, dos que nasceram aos pés da serra. 
  
 Quando isso acontece é porque alguma coisa e pouco habitual, aconteceu ou está para acontecer.  Até compreendo o entusiasmo e os sentimentos de alegria  das pessoas e aumentam as esperanças e os desejos em participar e estar presente,  ajudar a difundir essa boa notícia. Até a própria autarquia (junta)tem necessidade de anunciar a notícia, em forma de apelo à participação, à união das pessoas e assim, garantir que a Freguesia consegue mostrar ao mundo a vida bela que se tem na aldeia esquecida.
  Pergunto a todos se a vida normal na aldeia, é a que estão a querer mostrar numa manhã de Dezembro?
   Sempre que um paisano anda pelas ruas poucos se aproximam e apenas observam os seus passos. Ouve-se um bom dia ou boa tarde e pouco mais do que essas palavras. Portas e janelas mantêm-se encerradas e fazem com que o paisano se sinta estranho, um estrangeiro que  não compreende esta gente da serra e do interior profundo. 
 É bom e compreendo até certos limites o interesse manifestado pela Junta de Freguesia, em preparar bem o evento do próximo dia 28 de Dezembro. Recusar esta oportunidade que a Câmara Municipal oferece, era bem pior que correr contra o tempo e fazer tudo o que estiver ao alcance para Malcata fazer boa figura. Há certamente um compromisso com o Município e agora é necessário chamar as pessoas a colaborar com a Junta e  um canal de televisão, para fazer acontecer um momento especial e marcante para todos. Empenho vai haver e de coração aberto, haverá gente disponível para o que for preciso, nem que seja para aplaudir ou pegar na pá do pão e esperar que o calor do forno coza bem. Fico feliz se as pessoas colaborarem e desfrutarem do momento que ajudaram a criar.
 Bem diferente, é aceitar que a união, a colaboração, a ajuda e participação se pode mostrar como um valor identitário da nossa aldeia, pois mesmo mostrando as  tradições, que mais não são as memórias da vivência dos nossos antepassados, cujo êxito e longevidade se devem às suas vivências de verdadeira união,  amor ao genuíno e à força  comum. Promover os valores, tão fundamentais da vida comunitária, como a união, a alegria, as cantigas, as tradições, só quando há a presença da televisão, é querer fazer esquecer que há mais vida e mais dias do ano que também é preciso  mostrar por palavras e obras como são os beirões.
 O dia 28 vai ser um dia especial, marcante para a freguesia, para os que nela vivem todos os dias do ano e para as crianças. Também é satisfação para os malcatenhos que longe seguem o pulsar da vida da nossa terra. Valha a existência da internet e de diversas ferramentas de comunicação, é graças a elas, que todos sabem que vai acontecer a magia natalícia na aldeia.  Quem conhece o dia a dia na freguesia, sabe bem que é diferente e quase  não acontece nada, porque se acontece alguma coisa boa ou má, dali não sai e ninguém se dispõe a divulgar. Não  interessa ser divulgada ao mundo. Eu o que não compreendo é a mudança das pessoas em relação aos mensageiros dos nossos dias. Quem foi assinante e leitor do semanário "AMIGO DA VERDADE", que trazia um suplemento dedicado ao concelho do Sabugal, lembrar-se-á do desejo de receber esse jornal em casa e não descansava para ler as novidades das aldeias e da nossa Malcata. Tudo era importante publicar para se dar a conhecer ao mundo. Aquele suplemento dedicado às aldeias do Sabugal, comparo-o aos actuais blogues ou publicações nas redes sociais, com maior lentidão mas sabiam bem à alma e matavam muitas 
saudades dos que viviam longe a trabalhar ou a cumprir o serviço militar. 
 Há que aprender a caminhar com os pés no chão e ao mesmo tempo subir ao cimo da torre do relógio ou ir ao alto da Machoca e 
observar o que a vista alcança, entender as mudanças no mundo.

    Vai ser uma manhã excelente e aplaudo a decisão demonstrada pela  Junta . Ficamos a saber que sempre que há uma oportunidade e interesse, o mundo sabe o que se passa na aldeia. Saibamos todos retirar bons conselhos e lições para o futuro da freguesia.
   Construir uma comunidade unida, forte, aberta à inovação, com visão e ambição de alcançar êxitos que a todos beneficie, é o que nos pode impulsionar a nossa canoa e se não queremos ir à toa, temos de decidir para onde vamos. São os malcatenhos que, como comunidade, não querem continuar no cais porque são eles que têm de tomar a decisão para onde querem ir. 

                              José Nunes Martins

FESTAS NATALÍCIAS EM MALCATA

Praça do Rossio

 
Igreja Matriz

Rua da Estrada


Senhora dos Caminhos

      Fotos retiradas das redes sociais este mês de Dezembro.