21.4.24

É URGENTE ACABAR COM AS PODAS DRÁSTICAS EM MALCATA

 

Cuidar das pessoas é tratar bem os seres vivos
                                        

   Já alguém reparou o estado em que deixaram as três árvores junto à entrada do cemitério?
   Para mim é gritante a falta de respeito pelas árvores e até diria que estamos perante um crime ambiental. Não há um único ramo digno desse nome e não há sombra que refresque nos dias de calor. É uma tristeza e um mau exemplo para uma freguesia que se quer afirmar Malcata, Naturalmente!
   Qualquer pessoa sabe que as árvores são seres com vida, dão sombra, abrigo e ajudam a purificar o ar. Tratar das árvores é cuidar delas. Não se cortam ramos das árvores de forma tão drástica. Onde está a copa e porque insistem nestas podas assassinas? Há erros que acontecem e compreendemos que todos erramos. Mas no que diz respeito a estes erros de podar árvores nos espaços públicos da nossa aldeia, repetem-se e ninguém se manifesta. Esta prática e esta tão “carinhosa” forma de cuidar do património comum, tem de acabar! Será que pensam que lhes estão a dar força e saúde ao tratá-las assim? Estes procedimentos só podem ser mandados executar por gente fraca, egoísta, sem coração e irresponsável. Podem até pensar que as árvores não deviam estar naquele local, ou que não embelezavam a entrada do cemitério, que tinham interferência no bom funcionamento dos portões de ferro. São três árvores públicas e fazem parte do património público, logo posso chamar-lhe um crime contra o património da freguesia e um crime ambiental. Acabaram por destruir um bem que tinha a função de colorir aquele local onde estão muitas saudades escondidas. Já aconteceu a mesma tragédia com o chorão verde do jardim da ponte. Lá continuam os cotos secos e com os cabos eléctricos a abraçá-los. Será por uma questão de ódio às árvores e os malcatenhos não temos direito a usufruir das árvores no espaço público?
   Deitar árvores abaixo é o que se tem feito. É um trabalho fácil e rápido e está à vista de todos e passando aquela ideia de se estar a fazer obra que se veja!
   Malditos homens das motoserras!
   Foi assim que encontrei as três árvores:






20.4.24

MALCATA: JÁ NÃO HÁ PACIÊNCIA

 

   Esta semana tive de vir à aldeia e tenho aproveitado para arrumar a casa onde viveram os meus pais. Como tenho uma carrinha tenho mais facilidade de tratar dos assuntos pessoais fora da freguesia. E é natural passar por vários caminhos e às vezes mais do que uma vez durante o dia.
   Desta vez encontro demasiadas coisas que me estão a perturbar a mente e não tenho memória de tanta desgraça!
    Atribuir responsabilidades das situações à oposição política está descartada logo à partida, porque não há oposição. Muito território e muitas estruturas para manter minimamente em bom estado de conservação e utilização e sem força humana capaz de responder às necessidades . Mas caros conterrâneos, que viveis durante o ano na aldeia, as situações anormais encontram-se à vista de toda a gente e não as devem avaliar como normais, naturalmente são tudo menos isso.
   Ora, perante as situações que já vi e algumas sendo em vias públicas e que pode causar perigo a pessoas e bens, tirei fotografias para ilustrar o que acabei de afirmar e deixar um aviso às pessoas para pressionar a autarquia a tomar medidas urgentes que resolvam estas perturbações.

  

























6.4.24

MALCATA ANTES DE ABRIL DE 1974

Merece uma visita.

 


   Este mês comemoramos 50 anos da Revolução de Abril que tem marcado a História dos portugueses quer vivam no país ou fora. É uma celebração da libertação do nosso país de um regime ditatorial para uma democracia participativa. Estes anos que passaram muitos de nós ainda têm dificuldade em compreender o que aconteceu e alguns ainda têm saudades dos tempos da “outra senhora”, principalmente do professor Marcelo Cetano.
   Quem se lembra como era a nossa freguesia de Malcata antes do 25 de Abril de 1974?
   Imaginem que são realizadores de cinema e a Junta de Freguesia escolheu-vos para escreverem uma redacção com o título:
“Como era a minha aldeia até 25 de Abril de 1974?”
   Algum de vós aceita o desafio de relatar a vida nas aldeias portuguesas, como viviam, como eram as casas, as ruas, o medo das autoridades, o que podiam fazer e o que o Estado proibia…a alimentação, o vestuário, a educação, a escola primária…a emigração,
as guerras nas Províncias Ultramarinas, etc…e terminar a redação com as mudanças que o 25 de Abril trouxe à nossa terra nestes 50 anos.

30.3.24

A LÓGICA DA FÉ DE MARIA

 


   O que aconteceu também acontece connosco quando passamos por momentos de sofrimento e de perda. Vemos e não queremos ver, as pessoas andam demasiado agitadas e a realidade de tudo o que está a acontecer parece um sonho, é como se não estivéssemos a participar. Sabemos que o levaram para um lugar escuro e descansados porque a chuva nem os cabelos pode molhar, continua o seu sono profundo. Muitas mulheres ficam com os lenços de pano completamente encharcados, menos molhados os lenços dos homens, convencidos que para ser homem não podem chorar.  Depois da cerimónia fúnebre todos regressam às suas casas, aos seus afazeres do costume. 
   O dia e a noite deste sábado custa a passar. E a impaciência vai ser tanta que as amigas de Maria combinam ir ao cemitério verificar se nada foi mexido ou derrubado.
   Viram a pedra da sepultura desviada para o lado, sinal que alguém entrou e apoderou-se de alguma coisa que no dia anterior lá foi deixada. A certeza é que a pedra foi retirada do seu sítio e qualquer pessoa entrava e saía. As mulheres entraram e viram que o morto desaparecera durante a noite. Mas que mistério…fugiram e correram como nunca tinham conseguido correr até à casa da mãe de Jesus.
- Maria, ó Maria anda cá depressa!
- Ó Maria, despacha-te e vem depressa!
   A Maria levantou o testo da panela e voltou a deixá-lo de maneira a sair os vapores da água do caldo que já estava quase prontinho. O que quererão aquelas mulheres de mim? O que terá pensado Maria enquanto desapertava o avental e abria a porta de casa?
   - Levaram o teu filho!
   - Ai mulher, só tu para nos acalmar, estamos todas aqui num nervosinho e tão aflitas,
e tu está aí tão tranquila! Vem com nós, levaram Jesus, não o encontrámos no túmulo!
   - Minhas queridas, onde estais com a cabeça? Porque estais assim tão aflitas e surpreendidas? Lembrai-vos das conversas destes últimos dias e ficareis tranquilas como eu estou. Olhai para mim, a comida está ao lume e espero por Jesus para nos sentarmos à mesa do costume para comer. Ide mas é à vossa vida, ide amanhar as vossas casas e tratar dos vossos homens e filhos. Se eu não acreditasse no meu filho,
quem vai acreditar? Sempre achei que era especial e ide porque eu ainda tenho mais coisas a preparar para a ceia. De qualquer forma, obrigadas pela vossa preocupação.
   - Madalena, deixa-a em paz e na companhia das panelas e alguidares, vamos cada qual para sua casa e logo pensamos o que fazer.
    Maria acenou com a mão direita e sorriu, voltou para a cozinha e as mulheres cada uma para sua casa.
  
   Nota: esta história é ficção, mas ajudou-me a esclarecer a importância de acreditar, de viver a fé. Esta é a explicação que tenho para justificar a decisão de Maria e não acompanhar as outras mulheres a verificar o sepulcro. Ela sabia e acreditava que Jesus regressaria a casa, não sabia como ou quando. 
    
   A vida é mesmo uma surpresa!
   
 

29.3.24

NINGUÉM SE SALVA SOZINHO

            Viver  a  vida  a  pensar  nos  outros


   O entardecer volta a cobrir a minha vida e recordo-me das trevas e do silêncio ensurdecedor, um vazio dentro de mim que não me deixava olhar sequer para o céu e isso ninguém viu porque estavam todos fechados nas suas casas porque a tempestade
era demasiado forte, inesperada e furibunda. Desorientei-me, as lágrimas não me deixavam ver o caminho e à porta do cemitério eramos cinco à espera de uma pessoa que não aguentou mais tempo confinado ao seu quarto, sem visitas, só entrava quem cuidava do seu corpo, porque a alma já a tinha oferecido aos que o amavam.
   Sempre respeitei a sua autonomia e a sua liberdade. Não lhe impus aquilo que eu pensava que seria o mais adequado para ele. Mas os decretos do Governo definiram que quem tivesse atendimento hospitalar e lá passasse a noite, regressava e tinha que ficar isolado dos outros utentes do lar. Nesse mês de Março de 2020, as missas eram proibidas e os funerais obedeciam a regras nunca antes decretadas. Os senhores da política até decretaram o número máximo de pessoas que podiam acompanhar os cortejos fúnebres e entrar nos cemitérios. Tudo porque não se podia fazer ajuntamentos de muitas pessoas. Como as missas estavam proibidas, os velórios deixaram de se realizar. As empresas funerárias encarregavam-se de todos os procedimentos necessários, cumprindo as determinações da Direcção Geral de Saúde.
Tinham o trabalho de ir aos hospitais e transportavam as urnas bem seladas directamente para o cemitério, onde os familiares mais chegados (máximo de 10) aguardavam a chegada, mantendo entre eles a distância que as autoridades aconselhavam. Sem grandes cerimónias, o Pe. Eduardo depois das orações e de umas breves palavras de aconchego, foi apressado para outro cemitério.
   Vivíamos todos em estado de emergência. Todos corriam o risco de ser apanhados de surpresa pelo vírus. A vida e a sociedade não estava preparada para tanto, ninguém estava habituado a sentir medo do presente e dos dias a seguir.
   Cada um penso que cumpriu o seu dever, mesmo aqueles que lhes foi imposto. E assim ajudámos o nosso país a levantar a cabeça. O mundo que quase parou, voltou ao seu habitual.
   Hoje, 29 de Março de 2024, estamos novamente a reflectir na morte de Jesus Cristo.
   Estamos todos no mesmo barco e a nossa fragilidade mostra-nos a falta das palavras do Mestre da embarcação “Não tenhais medo”. Somos chamados a remar juntos e confiar no nosso mestre para chegar a porto seguro.

José Augusto Martins
                 Hoje sinto que a vida começa a ficar mais normal, sem me sentir o único responsável pelo que aconteceu nos dias que antecederam o dia 29 de Março de 2020.
   A vida continua.
                                 Santa Páscoa a todos desejo.