BEBER ÁGUA DA BARRAGEM SEM MEDO

 

Albufeira da barragem do Sabugal

   Na freguesia de Malcata houve uma época em que se vivia numa luta por causa da água destinada às regas. A população para ter água potável em suas casas, tinha de ir encher os cântaros de barro às fontes da aldeia. Uma dessas fontes era abastecida da água que nascia na mina, que foi aberta no sítio das Eiras e custou grandes sacrifícios à população, principalmente aos homens que lá tiveram de trabalhar.

   Uns bons anos depois, o Município do Sabugal construiu a Rede de Abastecimento Público de Água ao domicílio e o saneamento básico. Com a entrada em funcionamento dessa rede de abastecimento, todos os habitantes passaram a ter água própria para consumo humano nas suas casas. Para que isso fosse possível a Junta de Freguesia em exercício nessa altura chegou a um acordo com a Câmara Municipal para que a aldeia passasse a ser abastecida com água proveniente do furo a construir no sítio do Vazão e bombeada para o depósito existente na Rasa. A Junta de Freguesia apresentou as suas razões e o povo aprovou, ou pelo menos consentiu que a nossa água não viria da albufeira da barragem, pois na aldeia havia boas e fartas nascentes, com água em abundância e muito melhor que a da barragem.
   Durante muitos anos Malcata foi uma terra onde não faltava a água. O aumento da população na aldeia, o aumento das épocas de calor, a água passou a faltar nas torneiras lá de casa. Os bombeiros eram chamados para abastecer de água o depósito da aldeia, chegando a fazê-lo duas vezes por semana.  A rede de abastecimento de água de Malcata nem sempre funcionava de igual forma para todas as zonas da freguesia. Algumas pessoas, que vivem em lugares mais altos, passaram anos sem uma gota de água nas torneiras e não tinham ligação ao saneamento básico. A Câmara Municipal justificou esta situação irregular porque os proprietários tinham assinado um documento. Para que o sistema funcionasse na perfeição também foi necessário construir uma ETAR ( Estação de Tratamento para as Águas Residuais) tendo sido escolhido o lugar do Vazão.
   Desde que a Rede de Abastecimento de Água Pública foi aberta,  já passaram passaram alguns anos. Desde que isso aconteceu, já se registaram algumas faltas de água e uma das maiores operações de melhorias no abastecimento foi realizada em 2021, com a entrada em funcionamento de dois grupos de bombas que estão a garantir uma pressão mais precisa e que veio melhorar a circulação da água e finalmente todos têm água em casa.
   Há dois dias, com data de 31 de Outubro, li um aviso do Município, dirigido aos cidadãos residentes em Malcata, alertando-os para redobrar os cuidados na utilização da água fornecida pela Câmara Municipal. E nos meus ouvidos soaram alguns alarmes e que pensei úteis num futuro próximo. É mais que sabido que a nossa aldeia tem direito a um serviço de abastecimento público de água própria e segura para consumo humano.
   A pergunta que tenho para fazer é esta;
   Porque Malcata ainda é abastecida com recurso a um furo e a um depósito em vez de ser fornecida água de qualidade com origem na albufeira da Barragem do Sabugal?
   A freguesia esteve tantos anos à espera da rede de abastecimento e quando chegou em 2008, eu acreditei que seria um benefício para todos poder ter tanta água, que depois de tantos incómodos e sacrifícios passados, que a aldeia teve de passar, o mínimo era passar a receber água com qualidade,  tratada devidamente,  respeitando todos os parâmetros que a lei exige e poder beber com confiança, era mesmo a cereja no topo do bolo da festa. Infelizmente esse meu pensamento estava enganado e a notícia que divulguei aqui  
 https://aldeiademalcata.blogspot.com/2007/12/qual-melhor-gua.html
vinha a confirmar isso mesmo.

   Hoje ainda estou à espera de colocar a deliciosa cereja no bolo e celebrar com os malcatenhos a ligação da Rede de Abastecimento Público de Água de Malcata à Rede Pública de Abastecimento de Água ao concelho do Sabugal e a outros concelhos vizinhos. Seria a melhor cura para todos. Quem se atreve a responder à pergunta que fiz?
                                                                             
                                                      José Nunes Martins
  

  

 










 



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