MALCATA: HÁ COGUMELOS QUE SÓ SE COMEM UMA VEZ!

 

Chefe Valdir Lubave, aprendeu e ensinou
a apreciar cogumelos silvestres.


   Estamos no tempo das castanhas e dos cogumelos silvestres, dois sabores característicos do mundo rural e da nossa aldeia também. E porque é importante transmitir e divulgar o nosso comum, as tradições e os saberes dos nossos antepassados, venho chamar a atenção dos malcatenhos para a riqueza que são estes e outros produtos, como o mel e a batata e que ainda se vão encontrando na freguesia.
   A nossa aldeia é igual às outras terras vizinhas e há muitas coisas em comum, são saberes e costumes que foram transmitidos de geração em geração. Somos aldeias beirãs e as pessoas mantêm boas relações humanas e que se fortaleceram através dos casamentos e dos convívios ocasionais.
   Muitos costumes e tradições estão a desaparecer e não existem registos desse património, pois quando a pessoa morre leva com ela esses segredos. 
E é pena que se perca esta riqueza natural e tradicional, por não existir nenhum projecto que os preserve e guarde.
   

Engº Henrique Gravito, um amigo dos cogumelos silvestres,
pessoa com muitos conhecimentos científicos e experiências de campo
no vasto mundo dos cogumelos silvestres, em particular, as 
espécies existentes na nossa região beirã.

   
   A nossa freguesia devia fazer e ainda não fez o que já se falou em encontros e reuniões. Dar mais atenção a estes dois produtos deve ser uma das prioridades a ter em conta.  Com a castanha e os cogumelos silvestres e alguma imaginação e visão a longo prazo, podemos trazer mais desenvolvimento, mais negócios, mais bem-estar aos que vivem na freguesia. Com um pouco de imaginação e muita vontade, por exemplo, promover os percursos pedestres que existem na nossa aldeia, associar um grupo de pessoas e abrir uma espécie de cooperativa, com. as caminhadas e os passeios pelos castanheiros e pinhais e levar as pessoas à descoberta da castanha e do míscaro ou boleto. Tantas outras actividades que se  podem organizar! Podem ser aqueles projectos que há muito se fala e que ajudarão a melhorar as condições de vida, contribuindo para a manutenção e fixação de gente jovem e activa na região. 
   Lembro-me do meu tempo de criança que as pessoas se preocupavam com limpar os pinhais e as carvalheiras. Juntavam a caruma e a folha e levavam este material para os campos e substituíam os adubos e serviam para fazer a “cama” aos animais. E os míscaros, quando se via a terra gretada, a minha mãe espetava um pau aguçado na ponta e lá saltavam inteiros. Esta espécie de cogumelos são muito saborosos e bem cozinhados, a minha mãe dizia que sabiam bem melhor que alguma carne! São mesmo deliciosos!
   E se pensam que os cogumelos e as castanhas são dois produtos normais, pouco apreciados, ou que não existe pessoas que procuram estas iguarias gastronómicas, digo-lhes que por falta de conhecimento e informação, não sabem os sacrifícios que essa gente está disposta a passar! Alguns viajam centenas de quilómetros e vão de GPS ligado até aquele pequeno lugar, meio escondido, numa rua estreita e só a pé lá se entra, empurradas pelos aromas vindos da cozinha da casa lá do canto, sorrindo umas para as outras por não se terem perdido no caminho e desejam experimentar o famoso "arroz de míscaros" da Avó Bi - Sabores de Malcata"!
   Esta riqueza oferecida de forma quase gratuita pela Natureza, pode e deve merecer muito mais atenção e como todas as outras riquezas naturais, necessitam de ser cuidadas, respeitando o seu ciclo normal de vida. Por isso é importante aprender a conhecer e a respeitar o seu habitat, o seu mundo.
   E para que os recursos naturais, mesmo aqueles que crescem no campo, nos montes e florestas, onde não há poluição industrial ou lá despejada por homens, não sejam culpados e riscados da nossa alimentação, deixo aqui um conselho em forma de AVISO sério que as autoridades de saúde há muito que não se cansam de divulgar. É importante ler e seguir estes conselhos:
   
   
   

   



   

 

Comentários

Mensagens populares deste blogue

O CANTAR AS JANEIRAS EM MALCATA

COMPADRES À CONVERSA

ENERGIA EÓLICA E OS CONTRATOS DE ARRENDAMENTO