20.1.15

MALCATA PARA ONDE CAMINHAS?



Li o texto publicado pelo Cinco Quinas sobre as obras de ampliação do Parque Eólico de Penamacor ( Sub - Parque 3 B ) e não me espanta o retracto que o jornal quer fazer passar. Sou assinante do Cinco Quinas e sempre que posso leio os diversos textos que publicam. Mas depois de ler este artigo sobre a expansão do Parque Eólico, não posso ficar em silêncio. Está claro e evidente qual é a intenção do jornalista que se deslocou ( ou não ) a Malcata. O Cinco Quinas, jornal que assino na versão on line,  não foi o primeiro órgão de comunicação social. Antes dele já esteve já a Lusa e outros meios de comunicação social difundiram a noticia, tendo a SIC e a RTP solicitado entrevistas ao movimento “Malcata Pró-Futuro . E agora chegou a vez do jornal Cinco Quinas, que a par do Amigo da Verdade, continuam a ser publicados em papel e é através deles que todo o concelho do Sabugal é informado do bom e do mau que vai ocorrendo na nossa região. Apesar de hoje as notícias serem mais conhecidas pela internet, nas nossas aldeias e mesmo naquelas que usufruem da internet gratuita, são poucos os cidadãos que as utilizam. Portanto, muitas situações que acontecem não são do conhecimento de muitas pessoas, mas só daqueles que sabem navegar na internet e têm tempo e paciência para consultar informação acerca deste assunto. Lamento dizê-lo, mas é a verdade, muitos dos malcatenhos vão sabendo do desenrolar da história pelo que escutam na rua e nas conversas dos cafés da terra ou então quando vão à igreja e esperam pela leitura dos avisos à população.
Mas, voltando ao artigo do Cinco Quinas e sabendo eu que quem lê estas letras o faz através da internet, que conclusão tiro do artigo? O título escolhido pelo Cinco Quinas
“Malcata: ampliação de Parque Eólico gera polémica querem fazer crer que o povo de Malcata, afinal, está dividido e a maioria até a favor da obra. A frase não reflecte toda a verdade. É claro que há pessoas em Malcata que são a favor e outras que são contra, havendo até quem nem se interesse nada pelo assunto. E continuando a leitura do artigo, o leitor é levado a pensar que afinal apenas são seis ou sete pessoas que estão contra o alargamento e instalação de mais 6 eólicas a juntar às 19 já em funcionamento. E lendo as palavras dos/as entrevistados/as que sob anonimato foram transcritas pelo jornalista, a conclusão que o jornal quer difundir é que o assunto é que “Isto que está a acontecer é mesquinho e não tem razão para tanto alarido, pois o problema está desde a instalação do primeiro aerogerador na freguesia” e que os que não têm proveitos acabam por ficar invejosos dos que beneficiam de alguma coisa e daí todo este alvoroço, aproveitando-se de tudo para reivindicar “.
   Ora sejamos sinceros e claros nas acções e nas palavras. O Movimento "Malcata Pró-Futuro" é o representante de muitos malcatenhos e não se trata de um qualquer movimento clandestino, que de repente apareceu a gerar controvérsias e invejas. Houve uma reunião pública na Junta de Freguesia de Malcata e aos presentes foi-lhes apresentado pela primeira vez o “Malcata Pró-Futuro” e as razões da sua constituição: oposição à ampliação do parque eólico e a defesa do direito a uma vida saudável e tranquila, com acordo de todos os presentes. Pode ler aqui o resultado dessa reunião realizada no dia 13 de Dezembro de 2014:
http://malcataprofuturo.blogspot.pt/2014_12_01_archive.html
Que interesses mesquinhos são esses que um/a entrevistado/a refere? Inveja de quem tem um "ventoínha"e outros não? Sim, numa coisa eu concordo com a pessoa que diz ao jornalista que " o problema está desde a instalação do primeiro aerogerador na freguesia.”
Ora aqui está uma posição de cidadão consciente e com razão. E porque não houve essa oposição nessa altura? A resposta é mais uma vez dada pelo mesmo entrevistado quando afirma que , “quando os começaram a colocar, que até seria uma mais-valia para o local, que os terrenos abandonados iriam dar lucro e os proprietários iriam tirar partido dos seus terrenos e o local seria valorizado. “
Quem se importou ou quem se interrogou sobre as consequências e desvantagens deste investimento inovador e gerador de dinheiro? E porque não se publicou ou divulgou a obra que estava já programada para ser efectuada? Começaram com a instalação de 12 torres eólicas, depois vieram mais 7 ventoínhas. Mas os promotores desde sempre, sabiam que iam ser 19 torres eólicas. Porque agindo desta forma, aos soluços e aos poucos, alcançariam o objectivo final sem controvérsias, sem contestações e sem oposição de quem quer que fosse. Mesmo os promotores e outros intervenientes saberem que a instalação dos equipamentos na área prevista, iam colidir com as leis portuguesas e europeias, pois já nesse tempo a legislação existente exigia respeito pelo ambiente, pela paisagem e havia condicionantes a ter em conta. As obras de então iniciaram-se quase sem ninguém saber. Hoje, nesse aspecto pouco mudou, apenas a exigência da Câmara Municipal do Sabugal para que se fizesse um Estudo de Impacto Ambiental relativamente à expansão do Parque Eólico, ou seja, de mais 6 torres eólicas.
E foi a partir da publicação e durante o último período de consulta pública, dado pela Agência Portuguesa do Ambiente, que diga-se a verdade, quase ninguém dava por isso, não fosse a Sociedade Portuguesa de Protecção da Aves e uma pesquisa por mim levada a cabo na internet, as coisas aconteceriam na ignorância de todos os malcatenhos e do povo português. Mesmo apesar das posições que a seu tempo (talvez tarde demais ) a Junta de Malcata e alguns cidadãos assumiram em oposição à referida obra.
   Desta vez o povo acordou, talvez tenha andado adormecido tempo demais, mas agora anda mais alerta e mais atento ao que se vai passando à sua volta. Lembram-se do que se passou com a construção da barragem, da ideia de construírem aquele “hospital” lá para a Rasa ou das obras junto ao Cruzeiro de São Domingos?
   Eu não vivo em Malcata, mas nunca esqueço a terra que os meus olhos verdes viram em primeiro lugar. As memórias da minha infância são indestrutíveis e fico triste quando visito a aldeia e vejo a terra onde eu nasci. Olhando para a Serra, para a albufeira e para outros sítios, levanto os olhos para o céu e fixo o meu olhar naquele rasto de fumo branco do avião que ali passou, enquanto ouço os peixes que se divertem a saltar na água e as pás brancas rodam ao sabor do vento forte e frio.
E pergunto a mim mesmo: Malcata para onde caminhas?

8 comentários:

Malcata pró Futuro disse...

Obrigado José Nunes Martins pela clarividência do texto e pela sua atitude participativa de cidadania plena. Houvesse muitos assim e provavelmente o futuro de Malcata não estaria tão equacionado…
Gostaríamos, no entanto, se nos permite, de fazer uma correção em relação ao Município do Sabugal
Não foi a Câmara Municipal do Sabugal que determinou o Estudo de Impacto Ambiental, relativamente à expansão do Parque Eólico. Esse estudo passou, por determinação europeia, a ser obrigatório para Parques Eólicos com mais de 20 Torres. A Sociedade Portuguesa de Protecção da Aves teve ai um papel determinante.
Alias sobre a atitude dúbia e interesseira da Câmara e da Junta, sem respeito pelos que os elegeram, o Movimento vai proximamente informar o Povo de Malcata. Estejam atentos aos próximos dias…

Unknown disse...

Bonito texto José.
Ressalva-se o pormenor já mencionado no comentário do Malcata Pro-Futuro.
Obrigado.

Anónimo disse...

Quem tem medo do alarido,das notícias que os
meios de comunicação sociais vão dando sobre o descontentamento dos Malcatenhos em oposição à colocação de mais aerogeradores? Veja as coisas por este prisma. É no mínimo, otimo, pois faz com que a nossa terra se torne conhecida de muitas pessoas que, talvez nunca tivessem ouvido falar dela. Sejamos positivos e salvemos o que ainda resta de bom

Anónimo disse...

A todos que partilham e dizem que gostam de Malcata Pró-Futuro, no facebook, em Malcata.net e Malcata.net/ facebook, que para além de partilharem, dizer Gosto, deixem também um comentário. Todos somos necessários para salvarmos o que ainda há de bom, nesta nossa querida aldeia" Malcata" e para que todos os Malcatenhos cntinuem a usufruir desta bela paisagem, ar puro...Etc

Anónimo disse...

Os copos da fonte velha, não sei se alguém anda bebendo por eles!!! Que eles desapareceram, disso não há dúvida.Onde estão? Que responda quem de direito. Isso e outras coisas, revelam bem, como as coisas andam nesta terra. Somos pessoas de brandos costumes e é o que se vê "deixa andar"

Anónimo disse...

Deixo aqui uma correção ao que escreveu o anónimo anterior, no que respeita aos copos da fonte velha. Ainda que um pouco mal tratados e falte algum, estão lá colocados.

Anónimo disse...

À sua pergunta (dúvida) já respondeu o srº José Nunes Martins, com provas irrefutáveis contra o seu argumento. Mas para que fique de uma vez por todas, convicto de que o seu comentário é despropositado e sem razão de ser, que diz ao último abaixo assinado de 1o7 assinaturas? Também acha que é um grupinho de interesses? É de lamentar,não acha? Faço este comentário sob anonimato, pois sou independente, mas não deixo de ser Malcatenho/a . Informe-se 1º e depois diga e exponha as suas opiniões, pois todos temos direito a tal, mas sem termos de querer atingir quem quer que seja

Anónimo disse...

Srº José Maria Coelho, faço minhas as palavras do comentário supra. Quero acrescentar algo mais.Fizeram a barragem com a qual alagaram os nossos melhores terrenos,Projeto Eufélia, compra de terras ao desbarato. Parque de aerogeradores, 19 já existentes. Quem ganha com tudo isto?Que benefícios vieram para Malcata e Malcatenhos? Uns tostões? O parque foi sendo feito aos quinhões. Malcata fica com torres gigantes de ferro e suas consequências. As Câmaras de (Sabugal E Penamacor?)ficam com os milhões? Estamos fartos de ser expoliados e de nada receber em troca!!!!