terça-feira, abril 15, 2025

MALCATA À ESPERA DA RESSURREIÇÃO

 


   Tem sido sempre assim. Já várias vezes abordei o assunto. Estamos mesmo
escondidos num buraco entre o castelo do Sabugal e a Machoca. Esta escuridão cerrada a que os malcatenhos estão obrigados por parte do poder autárquico e, neste caso, por parte da Junta de Freguesia, é disso prova. Questiono-me diversas vezes se eles, no fundo, querem mesmo que os malcatenhos, que não vivem na freguesia, permaneçam cada vez mais esquecidos das suas origens. Isto não pode ser e não deve acontecer. Será que sou o único malcatenho a sentir falta de notícias sobre a freguesia e as pessoas malcatenhas? Ou seja, mesmo não o desejando, somos obrigados a viver alheados e afastados da aldeia?
   É que a freguesia vive isolada do mundo e ninguém se preocupa com isso! O isolamento a que está votada deve ser preocupação de todos, dos que aí vivem e daqueles que vivem distantes.
   É incompreensível e até impensável que a nossa freguesia se esteja a deixar morrer desta forma e não ver nem sentir qualquer sinal de revolta, qualquer manifestação de
insatisfação. Quem visita as redes sociais, as páginas oficiais da nossa Freguesia, rapidamente verificará que na nossa terra nada acontece, está tudo na santa paz e harmonia, são um povo satisfeito e por isso, não mudam de vida!
   Isto é preocupante e se o não fosse, eu até brincava com a situação. O que se está a passar é de gente que não quer o melhor para as pessoas da nossa terra. Olham demasiado para os seus umbigos e esquecem que todos temos umbigo.
   O mundo não perdoará o tempo às pessoas. Os dias passam e tal como acontece com as borboletas, acaba mesmo tudo. Será que é isso que querem? Acabar com tudo? Há muito que o Amigo da Verdade, jornal semanal que muitos assinaram, deixou de ser lido porque acabaram com ele. Era o grande elo e informação que o concelho do Sabugal tinha e lia todas as semanas. Tem sido nos arquivos deste jornal que vou beber um pouco da história da nossa aldeia. Era neste jornal que os emigrantes, os soldados, os estudantes e os que viviam na aldeia, que ficavam a par da vida e das pessoas que viviam em seu redor. Nesses anos ainda nem se falava da internet e das suas virtudes. Hoje, a sociedade já não dispensa a internet, tudo se transmite, o bem e o mal nunca andaram tanto nas bocas do mundo. A internet é na verdade uma das melhores e mais rápidas ferramentas para o homem comunicar,
expressar aos outros os seus sentimentos, os seus problemas, os seus êxitos…
   Estamos em época Pascal e Páscoa é sinónimo de reflexão, de renovação, de sofrimento e de muito amor, de um desprendimento daquilo a que vivemos agarrados mesmo que esteja a fazer mal aos outros. As mudanças trazem renovações e ressuscitar é daquelas mudanças que todos queremos…novos sonhos, desejos, projectos, objectivos, caminhos, servir mais do que ser servido…e não precisamos de ser pregados na cruz para tudo mudar e ser diferente. É difícil abandonar hábitos, vícios, desejos, planos, para que os outros sejam mais felizes, mas muitas das vezes e algumas dessas coisas estão mais ao nosso alcance do que nós imaginamos…

quarta-feira, abril 09, 2025

MALCATA: PARA MEMÓRIA DE TODOS

   

Rui Chamusco e Zé Lucas em modo
de concerto à sua maneira.



   Para uma pessoa compreender o presente ela precisa também de conhecer o passado. Por isso, recordar ou observar o que foram durante muitos anos alguns lugares de Malcata, os costumes, as tradições, todas elas e não apenas aquelas que se gostaram ou se defendem agora:

Malcata-dados
- Corela- ACDM- Ribeira- Malhas do pão - Maçarocas de milho – Janeiras…
Festas e procissões-Acompanhamentos – Tabernas – Comércios...
Alcabuz – Raiola – Pião – Boneco de neve…Candeia…Vacas – Cabras…
  
Malcata-dados


   Mesmo que não pareça, sou da Beira, eu nasci na aldeia de Malcata. Os meus pais nasceram também em Malcata, trabalharam na agricultura e sempre estiveram ligados à aldeia, à vida do campo, tempos bem diferentes dos que hoje vivemos. Nos anos da minha infância a aldeia estava cheia de crianças, as pessoas iam e vinham do trabalho, tratavam da vida e ainda tinham tempo para se divertirem. Recordo-me que a vida na aldeia corria com alegria, com o barulho dos carros de vacas, com as galinhas em plena calçada ou mesmo nas ruas de terra batida, que naquele tempo, havia muitas ruas que no Inverno enlameavam os sapatos e no Verão enchiam-nos de poeira.  Eu nasci em Malcata mas, depois, com 12 anos mandaram-me a estudar para bem longe, mais longe que a Guarda e Coimbra, mesmo ao lado do Porto, para Vila Nova de Gaia.
   A aldeia, passados estes anos, está mais triste, já não se ouvem os carros de vacas, nem nas ruas se veem galinhas, cabras ou burros. Estes ruídos davam ainda mais prazer escutá-los misturados com as correrias dos garotos. São as memórias que ainda guardo na minha memória de infância.



Banda da música em dia de festa

  Se não tenho retratos desses tempos é porque não era de família abastada. Infelizmente, as máquinas fotográficas só estavam ao alcance de algumas pessoas. Na nossa aldeia havia algumas, eram pessoas com mais dinheiro, gente trabalhadora, gente boa. E como é que eu sei que tinham máquina fotográfica? Porque encontro muitas fotografias de há muitos anos, são registos dessas pessoas, das suas famílias, das suas vidas e dos lugares por onde viviam e vivem. São verdadeiros tesouros documentais e que muitos contribuem para matar saudades, para hoje as pessoas conhecerem a aldeia onde nasceram, ou os seus pais, avós…eu aqui neste espaço só desejo que quem o lê, compreenda a história da aldeia e das pessoas a ela ligadas e que estejam onde estiverem, têm coração malcatenho.



    



Porquê construir muros 
quando uma corda bastava?





Malcata presente e com ofertas
            
          PS: Quem tiver em sua posse imagens antigas, podem enviar para aqui e terei todo o gosto
                 em divulgar. Enviem via e-mail: josnumar@gmail.com ; por Messenger ou Face Book 
                 em mensagem privada e claro, com as vossas indicações a ditar o tratamento das imagens,
                  por exemplo, indicar os rostos a desfocar ou cortar na foto. Obrigado.

                                                             José Nunes Martins

domingo, abril 06, 2025

MALCATA: AS MINHAS PRIMAS QUE GOSTAM DE BORBOLETAS SEM NOME

 


   Há borboletas muito bonitas, há amarelas, brancas, castanhas, amarelas e castanhas, são tantas as cores que ao olhar para elas e para a sua leveza e beleza, fico em silêncio e atento aos seus movimentos. Dizem que as borboletas vivem pouco, um dia nascem e no fim desse dia, voam para o céu delas. É preciso ser corajoso e querer viver um dia.
   Sabem, tenho umas primas que apreciam muito a vida e gostam de apreciar o reino das borboletas. Gostam muito de viver e encontraram no reino das borboletas o sentimento maravilhoso de amar outras crianças, outras mães e pais. Tal como as borboletas que são corajosas e ultrapassam os problemas que aparecem na vida, as minhas primas amigas de borboletas construíram uma obra e foi a forma encontrada para partilhar o amor de viver alegre e feliz enquanto respiram neste grande jardim que é o mundo.  E a obra está muito bem desenhada, escrita, tem tantas janelas e portas que as borboletas entram e saem quando lhes apetece, é só desejar.
   Ah! Ainda não vos revelei que obra se trata, onde e como a podem conhecer?! Que falta de educação a minha! Se quiserem conhecer ou apenas espreitar pela frincha da porta, vejam por este buraquinho:
https://www.atlanticbookshop.pt/7-aos-10-anos/a-procura-da-borboleta-que-nao-tinha-nome


Malcata-terra das borboletas sem nome !


José Nunes Martins