2.2.23

A JANELA QUE NOS DAVA MÚSICA


  

Naquela janela
virada para a rua...




     Conheço uma janela de uma casa que mesmo fechada me faz pensar na pessoa que viveu na casa daquela janela voltada para a rua. Quando lá estava o seu dono, era de lá que ecoavam aquelas músicas tão conhecidas e tantas vezes fizeram grandes bailes ao Rossio e pelos largos parecidos pelas aldeias vizinhas da nossa. Às vezes ouvia-se a Rosa a arredondar a saia, o malhão malhão, aquela dos emigrantes que lá longe trabalhavam e as saudades os faziam regressar à sua amada terra...e outras mais mexidas que todos os dias se escutavam nos programas de rádio e tv. Muitos ouviam e diziam uns para os outros "olha, lá está o Carlos a tocar a concertina"! 
   Foi naquela casa modesta, tão modesta como ele sempre foi. A sala de jantar era também o seu sítio preferido para ensaiar as músicas que depois tocava nos bailes das tardes de domingo, ou na animação de um casamento ou outros eventos festivos. 
   A casa e a janela foram o seu porto de abrigo e sempre que o convidavam a animar uma festa, um casamento, uma festa no lar, estava sempre pronto a participar. Fica na minha memória a sua pronta resposta em querer participar no primeiro encontro dos naturais e descendentes do concelho do Sabugal. Quem teve a ideia de organizar esse encontro foi a Natália Bispo e surpreendeu-me que o Carlos e o José Lucas tivessem aceitado participar na animação.  Naquela janela virada para o mundo...

                                             José Nunes Martins

  

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