3.8.14

HÁ FESTA NA ALDEIA

Festas de Malcata há muitos anos
 

   As festas em Malcata já são uma tradição de há muitos anos e pouco se diferenciam das festas das outras aldeias vizinhas. O mês de Agosto é escolhido pela maioria das aldeias para celebrarem os seus Santos e Santas. Com o passar dos anos vão ficando diferentes e cada vez mais compridas.
   Como é difícil aguentar os dias da festa de Malcata! São muitos, mas as coisas mais imprevisíveis vão acontecendo e os mordomos têm que estar sempre presentes.
   Ficar até às cinco ou seis da manhã, horas a que costumam terminar os bailes. Segue-se a tarefa de encher as arcas frigoríficas com minis, sumos e outras bebidas, para que estejam frescas quando forem abertas, muitas caixas para arrumar, varrer e lavar a Praça do Rossio e só depois  ir para casa tentar descansar umas horitas.
   Votos para que as festas deste ano corram bem e todos se divirtam.


24.7.14

ROUPA NOVA PARA A FESTA


 Festa de Malcata 2014



  A festa da aldeia está a aproximar-se. Este ano será dedicada ao Sagrado Coração de Jesus. Nos idos anos cinquenta, à medida que o dia festivo se abeirava havia o costume de ir comprar roupas novas e bonitas. Um dia, Sabino foi a Valverde Del Fresno comprar um par de meias para cada irmã. Ele sabia que as tinha que acautelar, o mais possível, porque os carabineiros eram intransigentes e não deixavam passar nada na fronteira, apesar de ser "cura".
   Vivia-se naquela altura em Espanha, fruto da guerra, um certo anticlericalismo exacerbado. Por isso, quis acautelar-me, não fosse o diabo tecê-las, pensou.
   No regresso a casa, parou para matar a sede, numa fonte manhosa e foi atrás de umas canaveiras, aproveitando para urinar e atar os três pares de meias de vidro à cintura.
   Mal se pôs de pé apareceram dois carabineiros que lhe colocaram a espingarda à cara, para denunciar todo o contrabando que trazia. Para além das meias atadas à cintura trazia um trigo espanhol e uma caixa de galhetas, tendo o Sabino de jurar ali mesmo que não trazia mais nada. O padre perante as várias ameaças e insultos dos carabineiros lá confessou:
   "Bem, bem de facto, da cintura para cima não trago nada...da cintura para baixo, tenho um presente que as mulheres gostam muito"...(tratava-se das meias, claro)!

in "Três Vidas Ao Espelho", de Manuel da Silva Ramos
 
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10.7.14

MALCATA: PASSADO E PRESENTE COM FUTURO


Crianças na Fonte da Torrinha



Malcata é uma terra cada vez mais conhecida e o seu nome vem quase sempre ligada à serra com o mesmo nome e ao Lince da Serra da Malcata.
As recentes mudanças e melhorias ocorridas na pacata aldeia do interior têm contribuído enormemente para manter viva uma aldeia bem portuguesa e as pessoas que nela vivem, ainda acreditam num futuro melhor.
Muitos de nós recordamos aqueles tempos, não muito longínquos, em que se ia à Fonte da Torrinha ou à Fonte Velha com os cântaros de barro buscar a água para cozinhar, para lavar o corpo, para beber e claro, também para o gado.
Agora a aldeia tem saneamento básico e água nas torneiras, as curvas perigosas da velha estrada para o Sabugal desapareceram e a viagem faz-se com mais segurança e conforto, graças às obras de requalificação da via. Com a construção da barragem, surgiu uma enorme albufeira que até agora só tem servido os agricultores da Cova da Beira e leva a água às casas de muita gente. Os Caminhos Rurais de Malcata para o Meimão e de Malcata para Quadrazais foram arranjados e permitem uma ligação bem melhor. Também as comunicações telefónicas e a internet são agora uma melhoria sentida por aqueles que quiseram ligar-se ao mundo. Mas apesar de ser uma ajuda para vencer distâncias, por si só, não estão a ser capazes os custos da interioridade manifestada num êxodo das suas gentes e que levou ao encerramento da creche-infantário, da escola primária, de comércios, da queijaria e agora o desemprego está a atingir quem trabalhava na construção civil. 




 Cemitério de Malcata(ampliação)


Lar da Assm-pólo a ser inaugurado brevemente


A triste sina de Malcata é assistirmos às obras de ampliação do cemitério e do Lar de idosos. As consequências desta realidade estão à vista: as crianças e os jovens são obrigados a sair da aldeia e acabam por ficar pelas cidades que lhes proporcionam um melhor futuro. Com a escola está desactivada e servindo agora para outros fins,  os pais das crianças têm que deixar levar os seus filhos para outras escolas abertas noutra terra e acabam por lá ficarem todo o tempo da escolaridade obrigatória, que são muitos anos, levando-as inconscientemente a optar por “esquecer” a sua aldeia e viver a sua vida em qualquer outro lugar que lhes ofereça melhores empregos e um futuro  mais risonho.
Perante tantas dúvidas e tantas incertezas pergunto:
 Malcata tem futuro?
O passado de Malcata é ou não importante para compreender o presente e projectar o futuro?