12.6.21

MALCATA: LUGARES E ESPAÇOS PÚBLICOS

Aguardando a abertura

 

      A aldeia de Malcata, pode até ser considerada aquela que apresenta a entrada mais bela e com uma fantástica paisagem. Mas a sua beldade também é feita de alguns pequenos pormenores. E quanto a dar importância às coisas, eu facilmente me perco e fixo neles, principalmente naquelas situações em que a grande diferença e os êxitos, por vezes, estão precisamente nos detalhes mais simples e mais pequenos. Para mim amar Malcata é também saber olhar para os pequenos detalhes, o que normalmente todos olham, mas são muito poucos os que deles falam.
   Os espaços públicos da nossa freguesia têm que existir e contribuir para atrair os habitantes da freguesia e quem a visita. Sempre que se pretende mexer nos espaços públicos, quem o faz, tem com certeza a ideia que vai melhorar ainda mais aquele lugar. Sabemos que quem governa a aldeia é que tem o poder de mandar executar. Vivendo nós numa democracia, ficava bem que algumas decisões, antes de aprovadas para execução, fossem colocadas em consulta pública e durante determinado espaço temporal as pessoas terem oportunidade de consultar e assimilar o que está em causa, dando até contributos para uma decisão mais abrangente.
    Desconheço como foi decidido a colocação do busto de Camões onde ele se encontra. O que sei é que a freguesia assimilou bem o novo ordenamento daquele espaço. A freguesia sentiu e continua a sentir-se agradecida pela homenagem que quiseram oferecer. Um lugar onde havia castanheiros, sem nome, sem identidade, a partir de 1965 passou a chamar-se “Camões”.
   E em Malcata tenho a certeza que há lugares e espaços públicos a precisar de serem valorizados, de se transformar em lugares atraentes. Não tenho dúvidas que a pintura do lince em Malcata, foi com a intenção de melhorar o Largo de Camões, atrair visitantes à freguesia e ser uma forma de lembrar uma das marcas identitárias da nossa aldeia. Se assim não foi, se foi simplesmente para imitar o que outras aldeias já têm, não querendo a nossa terra ficar para trás, então a coisa complica-se ainda mais. Gosto do lince e aprecio aquele lince pintado por Styler. A qualidade do artista e do seu trabalho é boa. gosto do colorido, tem vida de felino e os olhos dele seguem quem ali passa. Infelizmente já não consigo estar de acordo com a escolha daquelas paredes para o lince, mesmo até sabendo que a ideia foi dada pelo artista. Sabem, não consigo encontrar uma ligação, uma particularidade que ligue o Camões com o lince, ou dizendo de outra maneira, entre o que já existia e o que agora lá foi deixado. Ficou melhor o espaço? A pintura veio dar mais valor ao busto? Como se vê, são algumas das perguntas que eu me faço a mim mesmo. É que, por muito que imagine, aquele espaço não ficou melhor e está ali uma atração nova que ainda vai dar que falar. Não faltavam e não faltam espaços públicos na freguesia à espera de visibilidade e atração. Termino com uns pozinhos de ironia, sem maledicência, com um conselho aos futuros governantes: por favor, não mandem escrever os versos do Camões nas paredes do CILI, mas pelo menos, pintem coelhos!
                              José Martins


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