17.8.16

UMA CARTA ESCRITA AOS MALCATENHOS

                                A Serra e Malcata não são apenas um nicho ambiental do lince,
                uma espécie em vias de extensão; são o ponto de chegada de um longo processo
                de acção antrópica em que os malcatenhos desempenharam ( e desempenham )
                um papel importante. José Rei, no livro "Malcata e a Serra - Passado Presente com Futuro"             
      Estimados Malcatenhos,
   Espero sinceramente que esta minha carta vos vá encontrar a todos de boa saúde. Eu estou bem, graças a Deus!
   O Futuro não existe e o Passado já lá vai.
   O Hoje é uma dádiva e é por isso que chamamos Presente.
   Sempre que não nos questionamos e nos mantemos na nossa zona de conforto, estamos a colocar limites à nossa inteligência criativa,à nossa lucidez e à nossa capacidade de genuinamente compreender os novos desafios e as novas oportunidades que nos vão aparecendo. Esta atitude do “politicamente correcto” impede as pessoas de compreender verdadeiramente os problemas e afastá-las das soluções mais adequadas e mais inteligentes.
   Aqueles que assumem a atitude do “politicamente correcto” vão variando e mudando de opinião ao sabor do momento e das conveniências de uns e de outros. Por vezes a hipocrisia pseudo-intelectual leva à proliferação de posturas impositivas de tentativa de pensamento único exercendo pressão psicológica sobre aqueles que desejam pensar objectivamente.
   O grande potencial de Malcata e dos malcatenhos é limitado por ideias e noções ultrapassadas de algumas pessoas.
   A falta de conhecimento, de visão estratégica, de boa informação, coloca as pessoas naquela atitude de nem sequer questionar, por exemplo, as acções ou inacções de quem preside às diversas instituições da nossa terra ou da nossa região. Comenta-se e arranjam-se guerrinhas por causa de uma árvore e não se tem uma ideia inteligente e estratégica sobre a floresta.
    Muitos de nós continuamos a viver agarrados ao passado. Não temos criatividade, nem frescura. Mas há uma oposição permanente daquelas pessoas que, erradamente, assumem a posição do politicamente correcto, assustando o povo e trazem com elas os medos do velho-do-restelo.
   Deixo no ar esta pergunta: é politicamente correcto que o poder local e institucional monopolize os cidadãos?
   Há potencial em Malcata e cada malcatenho possui o seu. O futuro de Malcata está no bom uso desse potencial, na audácia e estratégia, na imaginação e inteligência estratégica de desbravar o nosso território e criar novas oportunidades para todos.
   Malcata precisa de continuar a afirmar-se e a surpreender as outras aldeias vizinhas. Só assim podemos deixar de continuar a encaminhar os malcatenhos para fora da nossa terra. E um dos caminhos é aproveitar as oportunidades que estão a surgir, nomeadamente na Eficiência Energética e na Floresta.
  Em Malcata, de há um ano para cá, a Associação Malcata Com Futuro, através de várias iniciativas que apoiou, organizou e incentivou, promoveu o território da Malcata e de Malcata.
   O “politicamente correcto” e aquela atitude amorfa de “deixa correr, estamos aqui tão sossegados da vida”,  deu lugar a um tocar de ruidosos “despertadores”  acionados pela Associação Malcata Com Futuro, que levou os malcatenhos e muitos outros a tomar conhecimento e informação acerca da sua vida colectiva e individual e das consequências que a todos afectará, se as pessoas e as instituições continuarem a criar barreiras e obstáculos ao trabalho de pessoas que lutam pelo desenvolvimento económico, social, ambiental e cultural do território da Malcata.
Vosso conterrâneo,
José Nunes Martins
  
   

1 comentário:

rui chamusco disse...

Boa tarde João. Li com redobrada atenção e subscrevo sem qualquer relutância o artigo que escreveste e tiveste a coragem de publicar. O futuro dirá quem tem razão. Tenho receio quem mais uma vez, Malcata "perca o comboio" do desenvolvimento ao recusar projetos credíveis que lhe garantam um futuro possível e uma vida melhor. De certeza que haverá outras terras a querer aproveitar o que Malcata rejeita. Depois nada adianta lamentar-nos. Entretanto, pode ser que a justiça seja feita porque, como diz o ditado "Deus escreve direito por linhas tortas. Abraço